Genial/Quaest: Lula lidera e Bolsonaro para de crescer

 

(Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

Menos badaladas do que a Datafolha, que deve trazer sua nova pesquisa presidencial amanhã (1º), as pesquisas Genial/Quaest trazem a mesma metodologia de entrevistas presenciais, num trabalho que serve de referência aos analistas sérios. Sua nova pesquisa presidencial, divulgada hoje (31), foi feita entre a quinta (25) e o domingo (28). Não pegou o debate entre os presidenciáveis da Band, na noite de domingo, mas pegou o efeito das sabatinas dos quatro principais candidatos no Jornal Nacional: o presidente Jair Bolsonaro (PL) no dia 22, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) no dia 23, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no dia 25 e a senadora Simone Tebet no dia 26. A 32 dias das urnas de 2 de outubro, Lula fecha agosto com a manutenção dos seus 12 pontos de vantagem sobre Bolsonaro. Na consulta estimulada ao 1º turno, o petista vencia o capitão por 44% a 32% em 3 de agosto, por 45% a 33% em 17 de agosto e voltou a 44% a 32% neste 31 de agosto. Bem distante dos dois líderes, quem vem crescendo é Ciro, dos 5% de 3 de agosto, aos 6% de 17 de agosto aos 8% de hoje.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

 

SEGUNDO TURNO E REJEIÇÃO

Na projeção de 2º turno de 30 de outubro, o ex-presidente venceria o atual por 51% a 37%. Índice considerado fundamental à definição do 2º turno, a rejeição continua sendo liderada por Bolsonaro, que cresceu 1 ponto e hoje tem 56% dos eleitores que não votariam nele de maneira nenhuma. Lula caiu 1 ponto e hoje tem 43% de rejeição. A margem de erro da pesquisa Genial/Quaest é de 2 pontos para mais o menos, com a liderança de Lula fora dela no 1º e 2º turnos, assim como a liderança de Bolsonaro na rejeição. Em consulta da nova Genial/Quaest análoga à rejeição, as coisas também se mostram mais difíceis ao presidente: 47% dos eleitores têm mais medo da continuidade de Bolsonaro, contra 39% que têm mais medo da volta do PT ao poder.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

 

ESTABILIDADE E TETO

Após boa parte das pesquisas do final de julho em diante terem registrado um crescimento lento, mas consistente do capitão, as quatro pesquisas desta semana retrataram a estabilidade na disputa. Foi assim na BTG/FSB e na Ipec (antigo Ibope) de segunda (29), na CNT/MDA de terça (30) e na Genial/Quaest de hoje. O que parece indicar que, como Lula fez desde janeiro, oscilando de lá para cá entre 44% e 46%, Bolsonaro também pode ter encontrado agora o seu teto de intenções de voto, batendo os mesmos 32% nas pesquisas presenciais do Ipec e da Genial/Quaest desta semana. Com 65% dos eleitores dizendo que seu voto a presidente é definitivo, percentual que sobre para 76% entre os eleitores de Lula e para 75% entre os de Bolsonaro, o espaço para mudanças vai se estreitando.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

 

ONDE BOLSONARO VINHA CRESCENDO

O crescimento de Bolsonaro nas pesquisas a partir do final de julho vinha se operando em três faixas: 1) no voto evangélico, com fake news dizendo que Lula fecharia tempos se voltasse a ser presidente, assim como os ataques neopentecostais da primeira-dama Michelle Bolsonaro, associando o PT ao diabo; 2) no voto da classe média, a partir da sensação de diminuição do preço dos combustíveis; e 3) no voto do eleitor pobre, por conta do novo Auxílio Brasil de R$ 600,00 que começou a ser pago desde o último dia 9. E, nessas três faixas do eleitorado, o crescimento do presidente parece ter se estagnado.

 

VOTO EVANGÉLICO E DA CLASSE MÉDIA

Entre os evangélicos, Bolsonaro liderava com 48% das intenções de voto na Genial/Quaest de 3 de agosto, cresceu a 52% na de 17 de agosto e caiu para 51% na deste 31 de agosto. No mesmo período Lula registrou duas quedas de 1 ponto, dentro da margem de erro: de 29%, a 28%, aos atuais 27%. Na classe média, que tem de 2 a 5 salários mínimos como renda domiciliar mensal, o petista oscilou dentre da margem de erro nas três últimas pesquisas Genial/Quaest de agosto: de 42% a 41% mantidos, enquanto o capitão cresceu 4 pontos de 3 a 17 de agosto, fora da margem de erro, passando de 33% a 37%. Mas caiu a 35% neste dia 31 do mês. Diferente, por exemplo, do que mostrou a Datafolha da última quinta (25), Lula hoje lidera nas intenções de voto da classe média, pela Genial/Quaest.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

 

AUXÍLIO BRASIL NO VOTO DOS POBRES

Já entre os eleitores pobres que recebem o Auxílio Brasil, depois que ele começou a ser pago no novo valor no último dia 9, Bolsonaro, no lugar de crescer, caiu dentro da margem de erro. Passou dos 27% das intenções de voto na Genial/Quaest de 17 de agosto para 25%, no dia 31. Lula mantém sua liderança isolada nessa faixa, mas também registrou queda, e fora da margem de erro. Passou, nas duas últimas Genial/Quaest, de 57% a 54% das intenções de voto. Uma outra consulta feita pela pesquisa indica como deve ser difícil ao capitão transformar em votos o aumento do Auxílio Brasil de R$ 400,00 a R$ 600,00. Sabendo desse reajuste, ele não faz diferença nas chances de votar em Bolsonaro para 41%, diminuem para 35% e só aumentam para 22%.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

 

William Passos, geógrafo com especialização doutoral em Estatística no IBGE

ANÁLISE DO ESPECIALISTA

— A importância da pesquisa Genial/Quaest é que ela usa a mesma metodologia do IBGE, com entrevistas presenciais domiciliares, o padrão-ouro das pesquisas sobre a população. Esta metodologia também é usada pelo Ipec, ex-Ibope. O levantamento divulgado hoje confirma a estabilidade do cenário eleitoral presencial já apontado pelas pesquisas BTG/FSB, Rede Globo/Ipec e CNT/MDA. Lula e Bolsonaro mantêm exatamente os mesmos percentuais de intenção de voto de 3 de agosto, tanto no primeiro turno (44% a 32%), no caso da pesquisa estimulada, quanto no segundo turno (51% a 37%), indicando que, no eleitorado em geral, não houve alteração na decisão do voto, segundo a amostragem dos 2 mil eleitores entrevistados. Na simulação espontânea do primeiro turno (Lula caiu de 33% para 32% e Bolsonaro caiu de 27% para 25%) e na rejeição (Bolsonaro subiu de 55% para 56% e Lula caiu de 44% para 43%), os dois candidatos oscilaram dentro da margem de erro de 2 pontos. Dos eleitores ouvidos, 65% já decidiram o voto, enquanto apenas 33% declararam que ainda podem mudá-lo, caso alguma coisa aconteça até as eleições, mesmos percentuais de 3 de agosto. Outro dado importante é que a pesquisa Genial/Quaest também não mostrou efeito eleitoral do pagamento do Auxílio Brasil em favor do presidente, pelo menos neste mês de agosto. Desde o início do mês, a intenção de voto em Bolsonaro caiu abaixo da margem de erro entre os beneficiários do programa, de 29%, em 3 de agosto, para 25%, agora, no dia 31. Lula, por outro lado, oscilou dentro da margem, saindo de 52%, no início do mês, para 54%, agora no encerramento de agosto, após ter atingido 57%, na pesquisa divulgada no dia 17 pelo mesmo instituto — analisou William Passos, geógrafo com especialização doutoral em Estatística do Setor Público, da População e do Território na Escola Nacional de Ciências Estatísticas (Ence) do IBGE.

 

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