Obra de José do Patrocínio contra a escravidão é relançada

 

Armado da pena da sua escrita na luta contra a escravidão negra no Brasil, o campista José do Patrocínio retratado em charge de Pereira Neto, publicada em 29 de outubro de 1888, cinco meses após a abolição da escravatura no Brasil Império

José do Patrocínio (1853/1905) talvez seja o filho mais ilustre de Campos, ao lado do ex-presidente Nilo Peçanha (1867/1924) e do ex-craque de futebol Didi (1928/2001). Frutos da mãe de obra trazida escrava de África aos canaviais do “viridente plaino goitacá”, os três eram negros.

Jornalista e político, Patrocínio ficou mais famoso como abolicionista. Embora também tenha sido figura de proa na proclamação da República — como outro jornalista de Campos, o Edmundo Siqueira, lembrou aqui.

Parte da  luta de Patrocínio, o “Tigre da Abolição”, pela emancipação dos negros no Brasil e perenizada em seus escritos, está sendo resgatada. Em publicação das editoras britânica Penguin e brasileira Companhia das Letras.

Com o título “Panfletos abolicionistas”, o lançamento será em 11 de junho, na versão impressa (R$ 69,90) e em Kindle (R$ 39,90).  Em ambas, sua pré-venda já está sendo feita aqui, pela Amazon.

O livro reúne textos de Patrocínio com outro negro abolicionista, o engenheiro André Rebouças (1838/1898). Além do diplomata, político, advogado e historiador aboliconista Joaquim Nabuco (1849/1910), o “Leão do Norte”.

São publicações de 1883, cinco anos antes da libertação dos escravos negros no Brasil Império. De Patrocínio e Rebouças, “O Manifesto da Confederação Abolicionista”. De Nabuco, “Reformas nacionais: o abolicionismo”.

No texto que a Amazon disponibiliza na pré-venda do livro, sua melhor definição e relevância: “são documentos de uma época, mas ainda falam de um Brasil que, em muitos pontos, permanece o mesmo”.

Abaixo a sua íntegra:

 

Abolicionistas José do Patrocínio, André Rebouças e Joaquim Nabuco (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

 

“A campanha pela abolição foi mais longa e arriscada do que em geral se imagina, envolvendo muita ação e política, mas nunca prescindiu da propaganda escrita. Os textos aqui reunidos resgatam essa imensa mobilização, tão distante da idílica imagem da canetada da ‘princesa redentora’.

De 1868 a 1888, centenas de homens e mulheres se engajaram em ações antiescravistas, criando associações civis, fazendo viagens de propaganda, promovendo eventos artísticos, lançando candidaturas eleitorais e pensando rotas de fugas para os cativos. Também escreveram um sem-número de poemas, romances, peças, artigos… e panfletos — dois dos quais coligidos neste volume.

Produzidos no calor do momento e publicados em 1883, ano de grande aceleração da mobilização abolicionista, esses textos defendem o fim do trabalho escravo. O primeiro, de Joaquim Nabuco, ganhou muitas edições subsequentes, tornando-se um clássico. Ficou conhecido por ‘O abolicionismo’, ainda que originalmente tenha sido publicado como ‘Reformas nacionais: o abolicionismo’, título recuperado aqui.

O segundo é assinado por André Rebouças e José do Patrocínio, outras duas figuras resplandecentes da campanha abolicionista. O ‘Manifesto da Confederação Abolicionista’, nunca republicado, apresenta as questões debatidas por quinze associações abolicionistas do Rio de Janeiro, reunidas em assembleia em maio de 1883.

Obras abertas a interpretações, estes ‘Panfletos abolicionistas’ são documentos de uma época, mas ainda falam de um Brasil que, em muitos pontos, permanece o mesmo”.

 

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