Feijoada da Folha — Um outro olhar: Campos, SJB, SFI e Quissamã

 

(Arte: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

“Na dinâmica do jogo político, uma só ocasião pode ter vários recortes, e cada recorte abre margem a interpretações diversas. Como nenhum analista é onipresente e nem toda roda de conversa conta com ‘passarinhos verdes’, certamente há muito mais a ser contado sobre o que rolou nos bastidores da Feijoada e os caminhos que levam às urnas de outubro. Até lá, e também depois, fiquemos com o bom exemplo da Folha, que se faz democrática do bom jornalismo à promoção do amplo convívio social”, definiu o jornalista Matheus Berriel a Feijoada da Folha do último sábado.

— Da região, Campos é a cidade com maior número de pré-candidatos a prefeito. No cargo e líder na única pesquisa registrada, Wladimir Garotinho talvez seja, entre os que compareceram, o mais otimista. Seu grupo aposta na vitória já no 1º turno. Ele não esconde que vê a possibilidade de crescer nas próximas sondagens, com a saída de Carla Machado. Wladimir circula bem na classe empresarial, mesmo sem ser unanimidade. Entre seus aliados, estava no evento o que talvez tenha sido o principal responsável por quebrar, em parte, a resistência ao garotismo na “pedra”: seu atual vice e pré-candidato à reeleição Frederico Paes — registrou o jornalista Arnaldo Neto. Que abriu o leque:

— Quem também circulou bem, apesar de estreante na política, era Madeleine Dykeman. Nome conhecido na “pedra”, por sua atuação como delegada, encontrou com pessoas do seu convívio profissional, como delegados, advogados e juízes. A pré-candidata apoiada pelo presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, diz estar convicta de que haverá 2º turno em Campos. O professor Jefferson de Azevedo, ex-reitor IFF, é outro nome já conhecido. Ele afirmou que a hora é de botar o bloco na rua. No primeiro evento como único pré-candidato petista, estava com outros nomes importantes da sigla. O PT, segundo dirigentes, dará o tempo necessário a Carla para avaliar o papel dela na futura campanha municipal— complementou Arnaldo.

— Caminhar por entre as alamedas da Feijoada é circular entre tribos distintas que, vez por outra, acabam se encontrando. Ou se evitando. É o momento de falar, pedir, conversar, encontrar, articular. Tudo isso num ambiente de festa e, por isso, mais descontraído. A política rodeava as mesas, integrando num mesmo espaço, direita, esquerda, oposição, situação, aliados e ex-aliados. Como a eleição não deve trazer muitas surpresas no resultado ao Executivo, o foco da maioria ficou por conta do Legislativo — ressaltou a jornalista Suzy Monteiro. Ela seguiu:

— Wladimir que, com a agenda lotada na pré-campanha, ficou bem menos tempo que nos anos anteriores. Seu até então chefe de Gabinete Thiago Ferrugem, já de malas prontas para deixar o cargo e coordenar com Mauro Silva a campanha, projetava eleger 18 vereadores da base. Perto de Wladimir, o ex-prefeito e ex-desafeto dos Garotinho, Arnaldo Vianna, que irá apoiar Dr. Maninho, enquanto o filho Caio, que não foi, está firme na pré-campanha de Dudu Azevedo — enumerou Susy, antes de circular a bola da ponta canhota à destra:

— Mais à esquerda, a mesa congregava o professor Jefferson, pré-candidato a prefeito de Campos, Luciano D’Angelo, Odisseia Carvalho, Gilberto Gomes, entre outros petistas. Odisseia acredita que não só o PT irá conquistar uma cadeira no Legislativo, como conseguirá, junto a outras candidaturas de oposição, levar a eleição ao 2º turno. A delegada Madeleine Dykeman também seguiu o manual: circulou, conversou, tirou fotos e dançou, mostrando leveza na pré-candidatura. Aliás, como tem feito também nas ruas — comparou a jornalista.

Além de Wladimir, Madeleine e Jefferson, outros prefeitáveis de Campos bateram ponto na Feijoada da Folha:

— A princípio com pré-candidaturas a prefeito de menor expressão, Jorge Magal e Fabrício Lírio foram outros presentes. A lista de políticos também contou com o vice-prefeito e candidato à reeleição na chapa de Wladimir, Frederico Paes; o secretário estadual de Habitação, Bruno Dauaire; e os ex-prefeitos de Campos Sérgio Mendes, Arnaldo Vianna e Alexandre Mocaiber. Confirmando o caráter regional do evento, marcaram presença a prefeita de Quissamã, Fátima Pacheco, bem como pré-candidatos de Quissamã, São João da Barra e São Francisco de Itabapoana — elencou Matheus Berriel.

 

(Foto: Vilson Correia)

 

De fato, a política de Campos não foi o único jogo jogado na Feijoada da Folha:

— De São João da Barra, a principal conversa política era sobre a nova composição da Câmara. Com cinco cadeiras a mais que a atual, a expectativa é que os vereadores de mandato larguem na frente, mas naturalmente haverá espaço para novos e até mesmo o retorno de alguns. Da disputa ao Executivo, a ampla vantagem da prefeita Carla Caputi nas pesquisas, deixa a cobertura da outrora acirrada disputa eleitoral sanjoanense, no mínimo, sem graça. De repouso, nos últimos dias de gestação, ela foi representada na Feijoada por vereadores da base e representantes do governo — narrou Arnaldo, antes de passar à oposição:

— Danilo Barreto, que abriu mão de uma promissora eleição a vereador para tentar a prefeito, marcou presença. Segue otimista com a construção atual e, certamente, projetos futuros. No evento, confirmou a professora Maria Adriana Abreu, estreante nas urnas, como futura vice na chapa. Apesar de dialogar bem com atores políticos da região, em alguns momentos ele parecia isolado. Reflexo do que acontece em SJB: diante do peso da máquina e do perfil agregador da prefeita, o grupo de Danilo carece de nomes já reconhecidos e com votos consolidados. Talvez seja uma estratégia, de tudo ser novo. Mas quem acompanha política de perto sabe que não funciona assim — advertiu o jornalista sanjoanense.

De São João da Barra, Suzy virou o jogo a Quissamã:

— Em uma mesa era possível ver a sempre pragmática Fátima Pacheco, prefeita de Quissamã, junto com seu vice e pré-candidato a sucedê-la, Marcelo Batista, além da pré-candidata a vice, Tania Magalhães. Trabalhando para fazer nove das 11 cadeiras na Câmara, a situação terá quatro nominatas de vereadores: PP, PSD, PDT e PT: “Nossa expectativa é muito boa”, disse Batista. E falou da responsabilidade de ser o nome a suceder uma figura tão marcante na política regional: “Ainda bem que já fiz um estágio com ela e se Deus quiser tudo vai dar certo” — registrou a jornalista, antes de inverter o jogo à oposição quissamaense:

— Enquanto essa conversa rolava na mesa de Fátima e Marcelo, não muito distante, o ex-prefeito de Quissamã Armando Carneiro cumprimentava seu ex-secretário de Comunicação, atual no mesmo cargo em São João da Barra, Rodrigo Florêncio. Armando revelou à Folha que acredita na união da oposição para reconquistar o Executivo — completou Suzy.

De Quissamã, perto da Região dos Lagos, Arnaldo subiu o litoral político do Norte Fluminense até São Francisco de Itabapoana, na fronteira costeira com o Espírito Santo:

—  Da outra margem do Paraíba, a vereadora Yara Cinthia, pré-candidata a prefeita dos governistas em São Francisco, aproveitou o sábado para demonstrar bom trânsito com atores políticos da região. Não é uma figura desconhecida, já tem três mandatos na Câmara e foi secretária municipal de Educação. Na Feijoada, como no que se percebe, ao observar de longe o cenário político do antigo sertão, ela circulou com a vantagem de já estar definida como pré-candidata, enquanto a oposição ainda não tem uma convicção, por questões políticas e jurídicas — comparou Arnaldo.

— Como já disse, comecei a frequentar a Feijoada na 10ª edição, entre a sempre presente política e a “Curva do Rio”, meu antigo espaço de crônicas no jornal Folha da Manhã. Este ano, da mesa 10 às margens do Paraíba, entre jornalistas e intelectuais, foi possível constatar que algumas coisas mudam, outras alteram o roteiro, mas o sabor e o tempero continuam os mesmos — concluiu Suzy.

 

Página 3 do caderno especial “Feijoada da Folha — Um outro olhar”, publicado hoje na Folha da Manhã (edição: Aluysio Abreu Barbosa/diagramação: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

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