Questionado, Jefferson reforça questionamento ao Ideb de Campos

 

Jefferson de Azevedo, Wladiir Garotinho, Eduardo Shimoda, George Gomes Coutinho e Gilberto Gomes (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

“O resultado do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, confira aqui e aqui) é mais uma maquiagem do governo Wladimir Garotinho (PP) e a educação do município continua nas piores colocações do Norte Fluminense, mesmo com um orçamento gigantesco”. Foi o que disse hoje (22) o professor Jefferson de Azevedo, ex-reitor do IFF e candidato do PT a prefeito de Campos. Que foi além em sua avaliação crítica:

— Diferentemente do que foi afirmado pelo ex-secretário de educação, o maior valor de aprendizagem, medido pelo Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) em português e matemática na nossa rede municipal, foi em 2007, com um valor de 6,23, o que supera o de 2023, no valor de 5,74. Porém, o único valor histórico que poderia ser anunciado em forma de ‘petáculo’ deveria ser o da taxa de aprovação, que, em 2023, foi de 95%, ultrapassando até mesmo a marca de 91% do período da pandemia, quando todas as escolas estavam fechadas.

Divulgado no dia 14, o aumento da nota de Campos no Ideb foi comemorado na semana passada por Wladimir, em vídeo postado (confira aqui) no Instagram. Que foi mostrado em vídeo de Jefferson (confira aqui) também postado no Instagram, ironizando e questionando o prefeito.

Os questionamentos de Jefferson, no entanto, foram questionados (confira aqui) não por adversários políticos, mas por dois colegas seus da academia: Eduardo Shimoda, professor de Estatística e de Indicadores de Qualidade da Educação no Mestrado e Doutorado em Planejamento Regional e Gestão da Cidade da Universidade Candido Mendes; e o cientista político George Gomes Coutinho, professor da UFF-Campos.

— O Ideb de Campos não mostrou resultado muito bom, mas de fato melhorou. O município era o 85º entre 91 municípios fluminenses na nota Saeb de 2021. E, em 2023, passou para 69º entre 92 municípios. ‘Pedalada’ seria aumentar o nível de aprovação, que em Campos subiu muito pouco, de 91% a 95%. Se os alunos passassem sem saber, seria inútil, porque o Ideb tenderia a cair em 2025. A aprovação não é a causa do aumento do Ideb. Foi a nota Saeb, ao subir de 5,13 a 5,74, demonstrando uma proeficiência melhor dos alunos, que aumentou a aprovação. Não foi maquiagem, os alunos é que estão sabendo mais — analisou tecnicamente Shimoda. Ele também advertiu:  “o resultado será explorado politicamente em ano de eleição municipal”.

Questionado ontem, Jefferson reforçou hoje seus questionamentos:

— Não se trata de uma questão de estatística, muito menos de crítica ao modelo de cálculo do Ideb. O que houve foi manipulação de uma das dimensões de cálculo do Ideb, por meio da aprovação automática, estendida do período da pandemia para os anos de 2022 e 2023. Agora, se calculássemos o Ideb de 2007, usando o Saeb de 2007 (6,23) e a taxa de aprovação maquiada de 2023 (0,95), chegaríamos ao valor de Ideb de 5,9, muito superior aos 5,4 anunciados. Aí sim, este seria o maior índice histórico, porém os dois fatores deste produto despertam suspeição — contra-argumentou o candidato do PT a prefeito de Campos. E foi adiante:

— Aproveito para tristemente informar que, de acordo com o novo índice do MEC de Alfabetização na Idade Certa de crianças até os 7 anos, Campos apresenta a vexatória penúltima posição do Norte Fluminense, com 39% das crianças até 7 anos alfabetizadas, enquanto a média nacional é de 56%. Se continuarmos assim, não só o presente, mas nosso futuro estará muito comprometido — advertiu hoje Jefferson. Que, ontem (21) teve sua posição nos questionamentos também questionada politicamente:

— O PT de Campos só não explicou por que, se há problema no Ideb, ele não está no instrumento de avaliação do MEC? Que está nas mãos do PT, o (ministro) Camilo Santana é um quadro do PT. Ao tentar desmoralizar o prefeito, se desmoraliza o instrumento. O PT local resolveu, por tática eleitoral, atacar Wladimir. Se houver um hipotético 2º turno sem o PT, ele vai apoiar a candidatura de Madeleine, de extrema-direita de fato? São 5.565 municípios no Brasil. Se maquiar é tão simples, por que não tivemos a explosão no Ideb Brasil afora? — indagou o cientista político George Coutinho.

Pré-candidato a vereador e secretário de Comunicação do PT de Campos, Gilberto Gomes também se posicionou hoje sobre os questionamentos de Shimoda e George, feitos ontem, aos questionamentos de Jefferson ao aumento na nota de Campos no Ideb:

—Penso que neste momento eleitoral, além da análise dos dados do Ideb como importante indicador, pesa também a questão propositiva de uma candidatura como a de Jefferson, ligada diretamente ao tema da educação. Enquanto candidatos que somos, não é possível deixar de analisar o conteúdo político para adotar apenas uma leitura técnica sobre os dados do Ideb. Politicamente, concordo com Jefferson que a educação de Campos deixa muito a desejar, quando deixou de pautar, por exemplo, a educação em tempo integral e reduziu a carga horária de português e matemática. Ou mesmo com o fechamento de escolas em áreas rurais — disse Gilberto. Que foi além:

— Os dados do Ideb conflitam com a própria percepção dos professores em sala de aula, que reclamam de pressão por parte da secretaria de Educação para aprovação automática e não reconhecem investimentos na valorização profissional. Isso, além da ausência de concursos, que mantém o quadro de servidores da educação defasado e com alguns professores já contratados em regime de RPA. Cabe a um candidato a prefeito analisar todos estes aspectos para confrontar a comemoração em torno de um dado que, por si só, não é capaz de analisar todo desempenho da educação municipal — ponderou Gilberto.

 

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