Morre a médica pediatra e poeta Ângela Sarmet, aos 82

 

Médica pediatra e poeta Ângela Sarmet (Foto: Divulgação)

Morreu hoje, aos 82 anos, a médica pediatra e poeta Ângela Maria Sarmet Moreira. Ela estava internada há cerca de 20 dias no Hospital Prontocardio, com problemas cardíacos e infecção pulmonar, vindo a óbito por falência múltipla dos órgãos. Seu velório se inicia às 14h, na Capela F do Cemitério Campo da Paz, onde será sepultada às 17h.

Ângela dedicou cerca 50 anos da sua vida ao exercício da medicina, cuidando da saúde das crianças. Formada nos anos 1960, só parou de clinicar em 2020, por conta da pandemia da Covid-19. Escreveu dois livros de poesia, “Eu só sei falar de amor” e “Rumando ao infinito”. Deixa também os filhos Pedro, Marcos e Matheus, e sete netos: Mariana, Daniel, Maria Clara, Isabela, Krislley, Lívia e Ângela, a mais nova, de 6 anos, batizada em homenagem à avó.

Filho, mãe e médicos Pedro e Ângela Sarmet

Seu filho mais velho, o também médico Pedro escreveu sobre a mãe:

— Hoje me despeço da pessoa física, dessa mãe que, desde a tenra idade, me ensinou os valores cristãos, principalmente o amor ao próximo. Dividi minha mãe com outras tantas crianças que necessitaram de seus cuidados e até mesmo de seu amor, abraçou meus amigos como se fossem seus próprios filhos. Apoiou-me nas minhas decisões mais difíceis, inclusive quando deixei seu seio para viver meu sonho de exercer minha profissão de médico na Amazônia. Me entregou sempre nas mãos do Criador… hoje você me deixa a certeza que sua missão aqui encerrou, mas seus ensinamentos ficarão internalizados em mim e farei jus ao seu último pedido: “cuidar das pessoas com o zelo com que sempre cuidou dos que estavam ao seu redor”. Te amo, até o nosso reencontro, mãezinha!

Amante das artes de maneira geral, Ângela também integrou o grupo musical “Boa Noite, Amor”. Que se manifestou hoje sobre a perda:

 

Ângela Sarmet se apresentando no grupo “Boa Noite, Amor” (Foto: Antônio Filho)

 

— O “Grupo Boa Noite, Amor” tem hoje a dolorosa missão de se despedir de uma das suas mais preciosas integrantes, a amada Dra. Ângela Sarmet. Deus a acolheu de volta, mas a eternizou em nossos corações em forma de admiração e saudade. Os inspiradores versos da sua poesia, que abrilhantaram as nossas apresentações durante tantos anos, serão agora as nossas melhores e inesquecíveis lembranças. Que o Céu seja para Ângela a nova fonte de inspiração. Deus a receba! — disse a nota assinada por Ana Maria, Janilce Simões, Amália Marins, Lúcia Maria, José Assad e Luiz Omar Monteiro, integrantes do grupo “Boa Noite, Amor”.

Sou amigo de Pedro Sarmet, primogênito de Ângela, desde o início do ensino fundamental, curso primário naquela passagem dos anos 1970 a 1980, na Escola Santo Antônio, onde hoje fica o Hortifruti da Formosa. Conheci e convivi com a mãe dele, a quem tratava quando criança de tia, desde que me entendo por gente. E sempre tive por ela admiração e carinho.

Mãe zelosa, era também conselheira dos amigos dos filhos, sempre com cuidado geracional de nos compreender, no lugar de tentar se impor. Médica vocacionada, o que é cada vez mais raro no mundo de hoje, tinha o mesmo carinho com todas as crianças que cuidou como pediatra, tratando-os de maneira maternal. Profissional e pessoalmente, era uma humanista convicta.

Na última vez que fui a Atafona, caminhando com o cachorro entre dunas e ruínas, passei na casa de praia que foi de Ângela, Pedro, Marcos e Matheus. Hoje à mercê do avanço do mar, foi palco de incontáveis verões, brincadeiras, conversas, comidas, porres, carnavais e pescarias, sobretudo no mangue do antigo Pontal hoje aterrado de areia. A casa dos Sarmet em Atafona sempre foi um porto seguro para os amigos. E isso vinha muito de Ângela.

Na minha vida adulta, chegamos a trocar algumas impressões sobre poesia, quando nos cruzávamos eventualmente em eventos de literatura na cidade. Mas meu convívio com ela, desde que Pedro foi morar em Niterói, depois em São Paulo e, finalmente, em Roraima, ficaram mais escassos.

Ângela nasceu fevereiro em 1942, em plena II Guerra Mundial (1939/1945), quando os nazistas ainda levavam a melhor. Ela é fruto de uma geração, a mesma dos meus pais, que viveram e legaram pela cultura oral seus testemunhos vivos de histórias e da História. E, na ausência física gradual deles, corremos o risco de repetir erros que não deveríamos mais cometer.

Hoje, quando soube da sua morte, liguei imediatamente a Pedro. A quem transmiti meu mais sincero sentimento de solidariedade e pesar, extensivo a todos os seus familiares e amigos, antes de tomar informações para anunciar jornalisticamente sua morte, seu velório e enterro. Mas não poderia deixar de falar da um pouco da sua vida. A vida de uma grande mulher! Que deixa exemplo, legado e saudade.

 

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Este post tem um comentário

  1. Janilce Simoes

    Obrigada pela publicação da nossa despedida, assim como pelos demais depoimantos emocionantes sobre a nossa querida Angela Sarmet.
    Janilce Simões em nome do Grupo Boa Noite Amor

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