Wladimir a deputado federal e Rodrigo a governador?

 

Presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar é pré-candidato a governador e o prefeito Wladimir Garotinho, a deputado federal (Foto: Divulgação)

 

 

Wladimir a deputado e Rodrigo a governador?

É quase certo que o prefeito Wladimir Garotinho (PP) sairá do cargo até 4 de abril de 2026. É possível que o presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (União), assuma o governo do estado até a mesma data. Wladimir hoje tem mais chance de concorrer a deputado federal em 4 de outubro de 2026. Rodrigo, sobretudo se já no cargo, seria candidato a governador.

 

Vice de Paes ou apoio a Rodrigo?

Wladimir tem outros cenários à vista. Mantém aberta a porta para vice do prefeito carioca Eduardo Paes (PSD) a governador. Como para apoiar Rodrigo ao mesmo cargo. Nesta possível parceria eleitoral entre os dois maiores políticos de Campos da sua geração, o município teria investimentos estaduais. Como teve enquanto durou a pacificação entre Garotinhos e Bacellar.

 

Opções de Rodrigo

Com ou sem apoio de Wladimir, Rodrigo tem também outras opções. Pode tentar ser deputado federal ou se reeleger a estadual. Embora não pudesse se candidatar numa 2ª reeleição a presidente da Alerj, nela manteria muito poder. Ou pode virar conselheiro no Tribunal de Contas do Estado (TCE) do RJ, seu objetivo antes de subir o sarrafo a governador.

 

Quem senta na cadeira de Castro?

A vaga de conselheiro do TCE-RJ hoje pode ter outra finalidade a Rodrigo. Serviria para ofertar ao vice-governador Thiago Pampolha (MDB). Para que este abrisse vaga ao presidente da Alerj assumir a cadeira de governador. Da qual Cláudio Castro (PL) também sairá até 4 de abril de 2026, para concorrer seis meses depois a senador ou deputado federal.

 

Lados A e B de Pampolha

Como a coluna revelou (confira aqui) em 12 de março: “Quem conhece a política fluminense, mas trabalha na oposição a Bacellar, diz que Pampolha é a encarnação da marchinha ‘Daqui não saio, daqui ninguém me tira’. Quem conhece a política fluminense e trabalha com Bacellar, aposta que o vice-governador só está valorizando o passe”. Hoje, a aposta maior é na segunda opção.

 

Paes com Lula ou Tarcísio?

Até as candidaturas serem homologadas nas convenções partidárias entre julho e agosto de 2026, tudo serão especulações. E há várias nos bastidores. Há quem, por exemplo, aposte que Paes não seria candidato a governador em apoio nacional a Lula. Mas à eventual candidatura presidencial de Tarcísio de Freitas (REP), atual governador de São Paulo.

 

Rejeição a Lula no RJ

Todas as pesquisas estaduais de 2025, como das eleições municipais de 2024 no RJ, apontam que Lula hoje tem uma aprovação entre o eleitor fluminense consideravelmente menor que a do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Isso seria um empecilho a Paes. Que teria que esconder o presidente candidato à reeleição na sua campanha a governador.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

A variável Kassab (I)

O governador de São Paulo tem entre seus maiores aliados Gilberto Kassab. Que é presidente nacional do PSD e secretário de Governo de Tarcísio. Se este concorresse a presidente, certamente teria o apoio de Kassab. O que, até partidariamente, levaria Paes pelo mesmo caminho. Em apoio a um presidenciável com rejeição menor do que Lula entre o eleitor do RJ.

 

A variável Kassab (II)

Por outro lado, na correlação entre as eleições estaduais e nacional, há quem aposte que Kassab trabalha para que Tarcísio se candidate à reeleição como governador de São Paulo. Em que, hoje, é considerado franco favorito. E com Kassab de vice. Da qual sairia para tentar se reeleger governador já sentado na cadeira em 2030, quando Tarcísio sairia a presidente.

 

No RJ, Flávio e quem ao Senado?

No RJ, o caminho de Castro ao Senado pode não ser tão fácil quanto apontam as pesquisas, que hoje o colocam em 2º lugar na corrida. Se ninguém discorda que Flávio Bolsonaro (PL) é favorito à reeleição ao Senado, na 1ª das duas cadeiras fluminenses em 2026, a disputa real pela 2ª também pode guardar surpresas. E elas podem sair de onde menos se espera.

 

Bené e Crivella ao Senado?

Caso Tarcísio não se lance agora a presidente, a aliança de Paes com Lula poderia trazer ao Senado no RJ não só a hoje deputada federal Benedita da Silva (PT), 3ª colocada nas pesquisas, mas também Marcelo Crivella (REP). Ex-adversário figadal de Paes, que tirou Crivella da Prefeitura do Rio em 2020, as conversas entre os dois estão abertas em 2025 para 2026.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Crivella, Kassab e Tarcísio em Dilma

Paes se lançaria a governador com dois nomes a senador: Benedita, sua cota na aliança com Lula; mas para tentar driblar a rejeição deste no RJ, também Crivella. Que, antes de o bolsonarismo capturar o eleitorado neopentecostal em 2018, já foi ministro da Pesca de Dilma Rousseff (PT). De quem Kassab foi ministro das Cidades e Tarcísio, diretor-geral do Dnit.

 

Bolsonaro mira Senado contra STF

Há mais dificuldades à candidatura de Castro a senador. Com a possibilidade de condenação e prisão de Bolsonaro, réu por tentativa de golpe de Estado no Supremo Tribunal Federal (STF) e já inelegível até 2030, o bolsonarismo passou a ter como objetivo crescer sua bancada e tentar chegar à presidência no Senado. Que é onde o STF pode ser constitucionalmente enfrentado.

 

Flávio, Eduardo e Michelle ao Senado?

Bolsonaro pode achar que Castro não tem perfil, se senador, para encarar um ministro do STF como Alexandre de Moraes. Para isso, além de Flávio no RJ, o ex-presidente pode lançar seu filho 03, Eduardo (PL), senador em São Paulo; e a esposa, Michelle (PL), senadora em Brasília. Isso caso nenhum deles se arrisque a presidente, ou vice numa chapa encabeçada por Tarcísio.

 

União com PP favorece Rodrigo

Aliado de Castro, enquanto também busca o apoio de Bolsonaro, Rodrigo tem a curto prazo outro trunfo em sua pré-candidatura a governador: nesta terça (29), seu União e o PP de Wladimir têm marcada em Brasília a oficialização da Federação dos dois partidos. Que reunirá não só a maior bancada federal, mas também mais de 1/3 de todos os prefeitos fluminenses.

 

Publicado hoje na Folha da Manhã.

 

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