Lula tem vinda a Campos programada na segunda para inaugurar o novo prédio da UFF em Campos (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estará em Campos nesta segunda-feira, dia 14. Ele virá inaugurar oficialmente o novo prédio da UFF na cidade, na rua Santiago Carvalhido Filho, nº 80, que já teve duas datas marcadas em 17 de março e 10 de abril, ambas (confira aqui) adiadas. A presença de Lula foi confirmada em cerimônia às 15h, no auditório do novo prédio da UFF.
Além da inauguração do novo prédio da UFF em Campos, a agenda do presidente na segunda inclui a assinatura da autorização de publicação do Edital do Cpop/Cursinhos Populares, um termo de autorização para abertura de vagas para o PartiuIF e ProJovem, a assinatura da OS do novo campus Magé (IF Fluminense), a assinatura de termos de autorização para construção obras do PAC e a assinatura de termos de aprovação de obras do pacto pela retomada de obras da educação básica.
Como a Folha (confira aqui), a mídia carioca e nacional anunciaram na tarde de segunda (07), não há nenhuma novidade na eleição a governador do RJ. A pouco mais de 1 ano e 5 meses da urna de 6 de outubro de 2026, o prefeito carioca Eduardo Paes (PSD) segue nadando de braçada. Na pesquisa Paraná deste mês de abril, ele tem hoje quase 50% das intenções de voto.
Adversários sem dois dígitos na pesquisa
Feita entre 31 de março e 4 de abril, com 1.680 eleitores e margem de erro de 2,4 pontos, a pesquisa Paraná evidenciou como é folgada a vantagem de Paes. Com a possibilidade de liquidar a fatura no 1º turno, se a eleição a governador fosse hoje, nenhum dos adversários testados em dois cenários de consulta estimulada alcançou dois dígitos de intenção de voto.
No 1º cenário a governador
No 1º cenário testado, Paes teve 48,9%. Ele veio seguido de longe pelo deputado federal Tarcísio Motta (Psol), com 8,7%; pelo ex-presidente do Flamengo Rodolfo Landim, com 8,5%; pelo presidente da Alerj, o campista Rodrigo Bacellar (União), com 8,2%; pelo vice-governador Thiago Pampolha (MDB), com 3,6%; e pelo médico bolsonarista Ítalo Marsili, com 1,0%.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
No 2º cenário a governador
No 2º cenário da Paraná a governador do RJ, Paes teve 49,9%. Ele veio seguido, também à longa distância, pelo ex-prefeito de Duque de Caxias Washington Reis (MDB), com 9,5%; por Landim e Tarcísio, empatados com 8,9% cada; e por Marsili, com 1,6%.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Bacellar e Pampolha ou Washington Reis?
A mudança básica foi substituir Bacellar e Pampolha, no 2º cenário estimulado a governador, por Reis. Que foi o que mais se aproximou dos dois dígitos de intenção, ainda que distante de Paes. Mas o político de Caxias está hoje inelegível no Supremo Tribunal Federal (STF).
Bacellar fora da disputa?
Concluída na sexta (04) e divulgada na segunda, a Paraná veio após site carioca Diário do Rio anunciar na quinta (confira aqui): “Rodrigo Bacellar fora da disputa”. Em três notas, intituladas “Vai desistir”, foi vago na explicação. Mas disse: “É pule de 10 entre jovens especialistas da política do Rio que o Todo-Poderoso Rodrigo Bacellar não será candidato a governador este ano”.
Só se for candidatura do grupo
Da parte de Bacellar, no entanto, nada teria mudado. Sua pré-candidatura a governador seguiria como antes e em torno do mesmo eixo: “só sairá se for do grupo. Não só de (Cláudio) Castro (PL, governador e considerado principal aliado do presidente da Alerj), mas também de Reis e Pampolha, de quem Rodrigo se mantém amigo e tem conversado”, disse uma fonte.
Rachas no grupo (I)
Da importância do vice-governador a Bacellar, a coluna adiantou desde 12 de março (confira aqui): “É dado como certo que Castro deixará o cargo de governador até abril de 2026, para se candidatar a senador, na 2ª vaga de Flávio (Bolsonaro, PL), ou a deputado federal. Se Pampolha também saísse, Bacellar se candidataria a governador já no cargo, com a máquina na mão”.
Rachas no grupo (II)
Poucos dias depois, Pampolha e Castro trocaram farpas (confira aqui) pela imprensa. No dia 14, o governador disse que só cederia sua cadeira ao vice “se morrer ou infartar”. Por sua vez, no dia 27, Pampolha bancou a réplica: “Vou disputar as eleições ao governo do estado do Rio”.
Rachas no grupo (III)
No dia 28, Castro deu a tréplica: “Ele (Pampolha) não faz parte do meu grupo para que eu o apoie a governador. Preciso viabilizar meu candidato, que é o Rodrigo Bacellar”. Pela roupa suja lavada fora de casa por governador e vice, a questão do grupo, da qual Bacellar precisaria para viabilizar sua candidatura ao Palácio Guanabara em 2026, parece hoje complexa.
Flávio Bolsonaro favorito a senador
De volta aos números da pesquisa Paraná, ela não trouxe surpresa na liderança também isolada na corrida majoritária pelas duas cadeiras que o RJ elegerá ao Senado da República em 2026. Com 41,7% das intenções de voto, Flávio parece tão ou mais favorito à reeleição a senador do que Paes a governador.
Castro 2º a senador
A novidade foi a boa colocação de Castro na disputa pela 2ª cadeira ao Senado. Na qual o atual governador teve 31,3% na pesquisa, seguido da deputada federal Benedita da Silva (PT), com 27,1%; de Alessandro Molon (PSB), com 15,6%; da ministra da Igualdade Racial Anielle Franco (Psol), com 15,2%; e de outro deputado federal, Pedro Paulo (PSD), aliado de Paes, com 12,6%.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Aprovação do governo Castro
A boa colocação de Castro a senador, na consulta Paraná, parece vir da sua avaliação de governo: aprovado por 48,3% e reprovado por 47,4%. O empate técnico na margem de erro foi melhor ao governador do que na pesquisa Quaest de fevereiro. Que não fez consulta a senador, mas deu o governo estadual desaprovado por 48% e aprovado por 42%.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Cenários de Paes e Castro
“A 1 ano e meio das urnas de 2026, Eduardo Paes lidera com folga nos dois cenários testados pela pesquisa Paraná, com cerca de 50% das intenções de voto. Detalhe que chama atenção é a avaliação do governo Cláudio Castro, aprovado por 48,3%, com desaprovação de 47,4%”, resumiu o geógrafo William Passos, com especialização doutoral em estatística no IBGE.
Governador/senador?
“Apesar da aprovação de governo empatada tecnicamente com a desaprovação, Castro aparece como um dos favoritos na pesquisa Paraná às duas vagas a senador no pleito de 2026. O governador aparece na 2ª colocação na corrida, com 31,3% das intenções de voto, atrás de Flávio Bolsonaro, com 41,7%, e à frente de Benedita da Silva, com 27,1%”, completou William.
Em queda de aprovação em todas as pesquisas, o presidente Lula (PT) permanece favorito à reeleição em 6 de outubro de 2026? No resumo de uma análise superficial da pesquisa Quaest divulgada em duas partes, quarta (aqui) e quinta (aqui), pode parecer que sim. Mas, em análise detida e na comparação com pesquisas anteriores, a projeção sem paixões pode ser diferente.
Governo em queda livre de aprovação
Feita entre 27 e 31 de março, a pesquisa Quaest foi a primeira após o Supremo Tribunal Federal (STF) considerar, no dia 26, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) réu por tentativa de golpe de Estado. A despeito disso, a desaprovação ao governo Lula cresceu 7 pontos: de 49% em janeiro à atual maioria de 56% em março. Como a aprovação caiu 6 pontos: de 47% a 41%.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
AtlasIntel confirma Quaest (I)
Os dados da Quaest revelados na quarta foram relativos à avaliação de governo. Que confirmaram as tendências de todas as outras pesquisas nacionais. No dia anterior, a AtlasIntel revelou na terça (aqui) que a reprovação ao governo Lula cresceu 2,2 pontos de janeiro a março: de 51,4% a 53,6% dos brasileiros — só 2,4 pontos menor que os 56% da Quaest.
AtlasIntel confirma Quaest (II)
Ainda na AtlasIntel, a aprovação ao governo Lula caiu 1 ponto de janeiro a março: dos 45,9% aos 44,9% — 3,9 pontos maior que os 41% da Quaest. Na comparação entre as duas pesquisas, com metodologias distintas, são números muito próximos. E colhidos com diferença de poucos dias. O que confirma os dados de uma e da outra.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Lula atrás de Bolsonaro, Tarcísio e Marçal (I)
Ocorre que, além de avaliação de governo, a AtlasIntel divulgou junto, na mesma terça, também seu levantamento eleitoral. No qual Lula ficou à frente na consulta estimulada ao 1º turno. Mas, nas projeções de 2º turno, ficou numericamente atrás de Bolsonaro, do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (REP), e até do influencer Pablo Marçal (PRTB).
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Lula atrás de Bolsonaro, Tarcísio e Marçal (II)
Pela AtlasIntel, Lula teria no 1º turno 41,7% de intenção de voto, contra 33,9% de Tarcísio, enquanto nenhum dos outros presidenciáveis alcançou dois dígitos. Mas, nas simulações de 2º turno, o petista ficou atrás não só do mesmo Tarcísio (46% a 47%), como de um Bolsonaro inelegível (46% a 48%) e de Marçal (46% a 51%).
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Quaest difere da AtlasIntel (I)
Mas, após trazer na quarta números muito próximos aos da AtlasIntel na avaliação de governo, na quinta a Quaest divulgou a 2ª parte da sua pesquisa. Que, focada só na eleição, trouxe uma perspectiva bem diferente: mesmo em queda de aprovação, Lula liderou as simulações de 2º turno não só com Bolsonaro, mas com os 7 outros nomes da oposição testados.
Quaest difere da AtlasIntel (II)
Na projeção de 2º turno da Quaest, Lula ficou à frente numericamente de Bolsonaro, por 44% a 40%, mas ainda no empate técnico. E, fora da margem de erro da pesquisa, bateria no 2º turno a Tarcísio (43% a 37%), a Marçal (44% a 35%), à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL, 44% a 38%) e ao deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL, 45% a 34%).
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Projeção eleitoral x avaliação de governo?
A disparidade na projeção eleitoral da Quaest não só com a AtlasIntel, como com a avaliação de governo da própria Quaest, gerou questionamentos. Entre bolsonaristas e lulopetistas, já é até normal. Questionam pesquisas para depois chorarem no quente da cama com o resultado da urna. Como os lulopetistas no 2º turno de 2018. Ou os bolsonaristas no 2º turno de 2022.
O piso de Lula
Do tamanho real de um e outro lado, a Quaest trouxe números elucidativos. Para 62% dos brasileiros, Lula não deveria se candidatar à reeleição. O que poderia gerar a pergunta: como, então, liderou todas as projeções no 2º turno à reeleição? Na dúvida, os 35% que acham que ele deve tentar parecem ser o piso de Lula. Que ainda não foi batido pela queda de aprovação.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Bem maior que o PT
A Quaest também perguntou com que partido o eleitor mais se identifica. E 17% responderam que com o PT. É mais de duas vezes menos do que os 35% identificados com a reeleição de Lula. O que evidencia que este, como há muito se fala abertamente, é bem maior que o PT.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
O tamanho da direita
Com o PL, se identificam 8% dos eleitores. É um terço a menos do que os 12% que se encaixam como bolsonaristas. Enquanto estes, na mesma medição, são pouco mais da metade dos 21% que dizem não ser bolsonaristas, mas de direita. Ou seja, bolsonaristas e não bolsonaristas somam 33% à direita. São quase os mesmos 30% dos que se assumem como antipetistas.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Brasil dividido em terços
Com questionamentos válidos à diferença que trouxe entre avaliação de governo e projeção eleitoral numa mesma pesquisa, a Quaest também confirmou que o Brasil continua dividido em terços praticamente iguais: 33% de direita (12% bolsonaristas + 21% não bolsonaristas), 31% de esquerda (19% de lulopetistas + 12% não lulopetistas) e 33% ao centro.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Centro definiu em 2018 e 2022
Em 2018, a direita só venceu com Bolsonaro porque ele conseguiu atrair mais os eleitores do centro, por conta do grande desgaste do PT, após 13 anos no poder. Em 2022, a esquerda só venceu com Lula porque ele conseguiu atrair mais os mesmos eleitores do centro, por conta do grande desgaste de Bolsonaro, após 4 anos no poder.
Tarcísio antes do boné de Trump
Nomes radicalizados como Michelle, Eduardo e Marçal teriam pouca chance de atrair o centro. Dificuldade que, entre os nomes da oposição mais bem cotados nas intenções de voto, pode ser menor a Tarcísio. Que, antes de ser ministro da Infraestrutura de Bolsonaro e de vestir o boné de Donald Trump em 2025, foi diretor-geral do Dnit no governo Dilma Rousseff (PT).
Espaço para crescer
Numericamente à frente de Lula no 2º turno da AtlasIntel, Tarcísio tem uma potencial vantagem na Quaest: 42% dos brasileiros não o conhecem. É mais espaço para crescer do que os 33% de Marçal, os 22% de Michelle, os 21% de Eduardo e os 6% de um Bolsonaro inelegível. Ou os 4% que disseram ainda desconhecer um Lula em queda de aprovação.
Lula e o general grego Pirro, que se opôs aos romanos na Itália, onde batizaria o termo “vitória de Pirro”, triunfo momentâno que causa perdas insustentáveis
William Passos, geógrafo com especialização doutoral em estatística no IBGE
Lulismo de Pirro?
Por William Passos
Na semana passada, o IBGE e o ministério do Trabalho divulgaram os números do mercado de trabalho. Os resultados são ótimos. Ao todo, o país gerou 576.082 empregos com carteira assinada somando janeiro e fevereiro. Nesse momento, o Brasil registra máxima histórica de trabalhadores com CLT, a renda média dos trabalhadores ocupados bate recorde, a informalidade recuou e o desemprego, em 6,8%, foi o menor para fevereiro em toda a história do país, desde que a taxa de desocupação começou a ser monitorada.
Entretanto, esses resultados não têm se refletido em melhoria da aprovação do governo Lula. Que, na medição (confira aqui) de terça-feira (01) da Latam Pulse, Bloomberg e AtlasIntel, com margem de erro de 1 ponto percentual para mais ou menos, caiu para 44,9% em março de 2025. É sua menor aprovação desde o início da medição em janeiro de 2024, quando a aprovação foi apurada em 51,2%.
Com alta confiabilidade e testada em diferentes países, esta metodologia inovadora, que coleta o humor do eleitorado através de técnicas estatísticas sofisticadíssimas, com tecnologia de ponta e baseada em big data, aferiu 53,6% de desaprovação ao terceiro mandato do sindicalista e metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva. Que é um dos símbolos da luta em favor da democracia e contra o Regime Militar do país, num contexto ainda de Guerra Fria, que dividia o mundo entre a influência ideológica e militar dos EUA e URSS.
A alta da desaprovação de um dos principais líderes populares da história recente da democracia da América Latina, politicamente forjado no ABC Paulista, uma das veias do coração da indústria de substituição de importações brasileira, também foi captada pela Genial/Quaest (confira aqui) de quarta-feira (02). Que, com entrevistas presenciais, o padrão-ouro das pesquisas de opinião, e margem de erro de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, dimensionou em 56% a insatisfação do eleitorado brasileiro.
Dessa reprovação, são 46% no Nordeste e 45% entre aqueles que ganham até dois salários mínimos, justamente as duas bases de sustentação da vitória apertada de Lula em 2022. Contra um capitão reformado do Exército simpatizante de autocratas e regimes de exceção.
Com o salário-mínimo necessário calculado pelo Dieese em R$ 7.229,32 (direito, em tese, assegurado pelo Artigo 7° da Constituição Federal de 1988), exatos R$ 5.711,32 a mais que os R$ 1.518,00 do salário-mínimo federal, o terceiro mandato de Lula é marcado por um carrinho de supermercado mais vazio para a classe trabalhadora. O café, item elementar da nutrição do brasileiro, acumula alta de 66,57% entre fevereiro de 2024 e fevereiro de 2025, em números corrigidos pelo INPC, do IBGE. O óleo de soja, outro item indispensável na cozinha, alcança 23,61% de aumento no mesmo período.
A despeito da promessa, na última campanha eleitoral, do acesso a picanha com cerveja, o preço médio das carnes foi a 21,52%, no acumulado dos últimos 12 meses medidos pelo IBGE, com os valores do sal e condimentos acumulando alta média de 12,04%. Ainda na cozinha, os mais pobres viram as aves e os ovos subirem 10,23%, com o preço do leite e derivados aumentando em 9,10%.
Outro item com impacto dramático no orçamento das famílias mais pobres com acesso a automóvel, o combustível acumulou alta de 11,26%, com o preço da gasolina elevando a 10,59%. O etanol, por sua vez, cada vez mais proibitivo, viu seu preço subir a 20,36%, enquanto o transporte por aplicativo, uma alternativa emergencial ao transporte público, viu seu preço acrescer em 17,77%.
Num país com uma classe trabalhadora geracionalmente diferente daquela dos anos 1980, muito menos sindicalizada, sonhando menos com os direitos da CLT e muito mais aberta ao trabalho por conta própria e ao microempreendedorismo individual, a inflação dos alimentos e o tamanho do carrinho dos supermercados continuam sendo fatores decisivos para a reeleição (ou não) de presidentes. Sejam eles de esquerda ou de direita.
O fenômeno, no entanto, ganha contornos internacionais quando são observadas outras democracias liberais organizadas em torno de economias de mercado pelo mundo. No epicentro do capitalismo, Joe Biden enfrentou um pico de inflação de 9,1% em junho de 2022, com a inflação dos alimentos ultrapassando os 25%, segundo o Bureau of Labor Statistics (BLS), secretaria de Estatísticas do Trabalho dos EUA.
A situação nos EUA levou muitos trabalhadores a se endividarem para comprar comida, inclusive democratas de longa data de estados importantes como a Pensilvânia. Como sabemos, aliada a outras razões, a pressão inflacionária levou a desistência de Biden no meio da campanha eleitoral, em favor de sua vice, Kamala Harris. Que sofreu uma dura derrota nas urnas para o ex (e agora também atual) presidente Donald Trump.
No Brasil, num contexto de desaprovação crescente do Lula 3, a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro cacifa o governador Tarcísio de Freitas ao Palácio do Planalto. Diretor-geral do Dnit no governo Dilma (2011 a 2015) e ministro da Infraestrutura de Bolsonaro (2019 a 2022), o perfil pró-entregas do carioca Tarcísio agrada às elites de São Paulo. Que anseiam pela retomada da agenda neoliberal interrompida desde o Lula I, mas ensaiada por Temer e Paulo Guedes, o ministro da economia de Bolsonaro.
A cerca de um ano e oito meses do fim do Lula 3, em sobrevoo raso, dois olhares de diferentes origens se alinham em voo de cruzeiro. Sob o olhar europeu do jornalista Philipp Lichterbeck, correspondente da DW radicado no Rio de Janeiro, o Brasil de Lula está (confira aqui) preso ao passado, travado por abordagens nostálgicas e ultrapassadas.
Sob os olhos do paulista de nascimento André Singer, filho de pai austríaco, o “sonho rooseveltiano” de erradicação da miséria e diminuição das desigualdades sociais, inspirado no 32º presidente dos EUA e que deu sentido ao “lulismo” — isto é, a criação, no curto espaço de alguns anos, de um país onde as maiorias pudessem levar uma “vida material reconhecidamente decente e similar” — pode não ter passado, na verdade, como o título do quinto capítulo do último livro da trilogia do autor, de “Uma vitória de Pirro”.
Deputado federal de Campos, Caio Vianna (PSD) é o convidado para fechar a semana do Folha no Ar nesta sexta (04), ao vivo, a partir das 7h da manhã, na Folha FM 98,3.
Ele falará da sua aliança política com o prefeito Wladimir Garotinho (PP) em 2024, com quem disputou um acirrado 2º turno pelo governo de Campos em 2020, e analisará os três primeiros meses da segunda gestão no município.
Caio também falará da sua atuação por Campos e região na Câmara Federal, bem como do ambiente que nela sente para a proposta de anistia, tentada pela oposição, para a tentativa de golpe de Estado no Brasil entre 2022 e 2023.
Por fim, com base nas pesquisas e movimentação de bastidores, ele tentará projetar as eleições de 6 de outubro de 2026 a presidente (confira aqui, aqui, aqui e aqui), governador (confira aqui, aqui e aqui), senador e deputados.
Quem quiser participar ao vivo do Folha no Ar desta sexta pode fazê-lo com comentários em tempo real, no streaming do programa. Seu link será disponibilizado alguns minutos antes do início, nos domínios da Folha FM 98,3 no Facebook e no YouTube.
Apesar da erosão de popularidade em todas as pesquisas, Lula (PT) se reelegeria hoje no 2º turno da eleição presidencial em 2026. Numericamente, ainda que em empate técnico, ele ficaria à frente do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado à inelegibilidade até 2030. Que teria 40% de intenção de voto, contra 44% do presidente em um eventual 2ª turno.
Ainda assim, perguntados se o presidente deveria se candidatar à reeleição, 62% acham que não, com apenas 31% dizendo que sim. A rejeição que marcou a eleição presidencial de 2022, na qual Lula bateu Bolsonaro no 2º turno por apenas 1,8 ponto, continua presente para 2026: 44% dos eleitores tem mais medo da volta do capitão ao poder, contra 41% que temem mais a permanência do petista. Na rejeição, é outro empate técnico entre ambos.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Com mais vantagem e fora da margem de erro de 2 pontos para mais ou menos da pesquisa Quaest, cuja parte eleitoral só foi divulgada hoje, o petista também bateria outros sete pré-candidatos nas simulações do 2º turno para 2026. Entre eles, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (REP); e o influenciador digital Pablo Marçal (PRTB).
As duas partes da mesma pesquisa Quaest, feita com 2.004 eleitores entre 27 e 31 de março, foram divulgadas separadamente. Ontem, na de avaliação do governo, a tendência de queda de Lula em todas as pesquisas foi confirmada (confira aqui) na aprovação de 41%, contra a maioria dos 56% que hoje desaprovam. Mas, hoje, na parte eleitoral da pesquisa, o presidente teve 44% de intenção de voto, contra 38% de Michelle, em um eventual 2º turno de 2026.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Além de Jair, em empate técnico, e Michelle, Lula também ficou à frente de Eduardo Bolsonaro (45% a 34%), Tarcísio (43% a 37%) e Marçal (44% a 35%) na projeção do 2º turno presidencial da Quaest. No qual o petista também superou os governadores, respectivamente, do Paraná, Ratinho Júnior (PSD, por 42% a 35%); de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo, por 43% a 31%); e de Goiás, Ronaldo Caiado (União, por 44% a 30%).
Pré-candidato à reeleição em 6 de outubro de 2026, daqui a 1 ano e meio, o presidente Lula (PT) segue em queda livre nas pesquisas. Foi o que mostrou ontem (confira aqui) a pesquisa AtlasIntel e, hoje, a nova pesquisa Quaest. Na qual Lula cresceu 7 pontos de desaprovação nos dois últimos meses: dos 49% de janeiro à maioria dos 56% dos brasileiros em março. Como caiu, no mesmo período, 6 pontos na aprovação: de 47% aos atuais 41%.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Desaprovado pela maioria da população nas regiões Sudeste (60%), Sul (64%) e Centro-Oeste/Norte (52%), a aprovação da gestão Lula3 teve queda acentuada até na região Nordeste. No tradicional reduto eleitoral petista, caiu 7 pontos de aprovação nos últimos dois meses: de 59% aos atuais 52% dos nordestinos. Enquanto os que desaprovam o Governo Federal, no mesmo período, cresceram 9 pontos na região: dos 37% de janeiro aos atuais 46%. Hoje, Lula tem só 6 pontos a mais de aprovação sobre a sua desaprovação no Nordeste.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Feita com 2.004 eleitores, com margem de erro de 2 pontos para mais ou menos, entre os dias 27 e 31 de março, a pesquisa Quaest foi a primeira realizada integralmente após o Supremo Tribunal Federal (STF) colocar, no dia 26, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na condição de réu por tentativa de golpe de Estado. Mas não parece ter afetado sua popularidade. Entre os dois governos, 43% dos brasileiros consideram o de Bolsonaro melhor que o Lula3, que é melhor para 39%.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Apesar do empate técnico, no limite da margem de erro, na comparação direta entre os dois governos, é a primeira vez que o de Lula foi numericamente considerado pior que o de Bolsonaro. Isso, dentro da série histórica de sete pesquisas Quaest, desde junho de 2023.
De fato, o Lula3 ficou numericamente atrás não só de Bolsonaro, como dos dois primeiros governos Lula, entre 2003 e 2011. A maioria de 53% dos brasileiros, crescimento de 8 pontos desde os 45% de janeiro, considera a gestão atual pior que as do passado. Como despencou 12 pontos, nos últimos dois meses, os que consideram o terceiro governo melhor que os dois primeiros: de 32% dos eleitores aos apenas 20% atuais.
Praça do Liceu (Foto: Rodrigo Silveira/Folha da Manhã)
Ato antirracista contra veto do prefeito
Às 17h desta quinta (03) está marcado (confira aqui) o ato “Juventude por uma Educação Antirracista” na Praça do Liceu, tanto na Câmara Municipal, quanto na sede da OAB-Campos. O objetivo é protestar contra o veto do prefeito Wladimir Garotinho (PP) à Lei Municipal 9.490, relativa ao projeto “Por uma Infância sem Racismo” às escolas municipais, do vereador Abdu Neme (PL).
Dois dias antes do ataque à juíza
A manifestação seria também motivada pelo repúdio aos ataques racistas do advogado José Francisco Barbosa Abud contra (confira aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui) a juíza Helenice Rangel Gonzaga Martins, da 3ª Vara Cível de Campos. O caso ganhou repercussão nacional no dia 20. Só dois dias depois do veto do prefeito a um projeto de um vereador da base ser mantido (confira aqui) na sessão da Câmara do dia 18.
Wladimir questiona
“O veto foi feito porque não existe previsão orçamentária e nem estudo de impacto financeiro, como manda a lei orgânica do município. Colocar-me no mesmo patamar de um ato racista contra a magistrada não é correto”. Questionou ontem o prefeito Wladimir Garotinho (PP). Enquanto informações da organização do ato davam conta de dificuldade na mobilização.
A questão orçamentária
Em 15 de maio de 2024, o veto tinha sido publicado em Diário Oficial (DO). Com a justificativa reforçada ontem pelo prefeito: “A execução da campanha proposta demandaria recursos significativos, os quais não foram devidamente previstos na legislação, podendo comprometer o equilíbrio financeiro do município”.
A questão da “discriminação positiva”
O problema foi a justificativa anterior, também publicada no DO de 15 de maio e questionada pelos movimentos antirracistas da cidade: “A promoção de rotinas de atendimento específicas para famílias indígenas e negras no âmbito do Poder Público Municipal pode gerar segmentação e discriminação positiva” — esta também conhecida por ação afirmativa.
Casca de banana
Não há relação direta entre o veto do prefeito à lei antirracista e as ofensas racistas à juíza de Campos. Mas, além do tema comum, a associação foi temporal: dois fatos de 2024 que vieram à tona quase juntos em março de 2025. O que tornou a “discriminação positiva” no DO uma casca de banana ao governo. Que deveria ter sido evitada desde maio do ano passado.