Com a conclusão da apuração das urnas de domingo (6) pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), todos esses 10 candidatos antecipados pela Folha foram eleitos prefeitos. No particular de Campos, além da reeleição de Wladimir em turno único, foi projetado que esta se daria entre 64% a 74% dos votos válidos. E ele teve 69,11%. Como foi projetado que a Delegada Madeleine (União) teria entre 17% e 27% dos votos válidos. E ela teve 24,22%. Como se projetou que o teto do Professor Jefferson (PT) seria de 7% dos votos válidos. E ele teve 4,75%.
Negadas, sonegadas, desaparecidas e até fraudadas (confira aqui e aqui) na eleição de Campos, as pesquisas eleitorais se confirmaram na urna da cidade e de outros 9 municípios do Norte e Noroeste Fluminense e Região dos Lagos. Enquanto quem apostou no chavão “a pesquisa que conta é a das ruas”, como quase sempre, chora desde ontem no quente da cama com o resultado da urna.
Promotor eleitoral de Campos, Fabiano Rangel Moreira fez um balanço do trabalho de fiscalização do Ministério Público Eleitoral (MPE) no processo eleitoral até a decisão soberana e secreta do eleitor na urna de hoje (6). A missão do MPE, segundo ele, “é manter a imparcialidade e garantir que sua atuação não seja indevidamente utilizada para perseguições políticas ou para provocar injustiças. Cabe à instituição zelar pelo equilíbrio do pleito, respeitando as disputas legítimas travadas entre as partes, sem que sua intervenção favoreça um lado em detrimento do outro. Essa ponderação deve ser feita cuidadosamente em cada caso, e, na maioria das vezes, baseia-se em situações semelhantes já analisadas pelos tribunais superiores, essencial à segurança e equilíbrio. Neste cenário, há muitas situações que consideramos ‘injustas’, mas não há o que ser feito”, lamentou o promotor. Que, entre as irregularidades combatidas, destacou: “a ampliação do uso de plataformas digitais e de reclamações relacionadas às fake news, que agora constituem uma parcela significativa das demandas processadas. Dentre as irregularidades mais graves, as denúncias envolvendo abuso no uso de recursos financeiros e candidaturas patrocinadas por organizações criminosas”.
Folha da Manhã — Qual avaliação pode fazer sobre o processo eleitoral até o momento?
Fabiano Rangel Moreira — O Ministério Público entende que o processo eleitoral vem se mantendo dentro da legalidade, sobretudo na verificação da propaganda eleitoral, no registro de candidaturas e na apuração de denúncias. No entanto, há uma série de questões novas, algumas de maior complexidade, como o uso inapropriado de meios tecnológicos, o interesse de organizações criminosas na ocupação de espaços políticos e situações não previstas em leis ou resoluções do TSE.
Folha — O que mais pesou no trabalho do MPE nas eleições deste ano em Campos e região?
Fabiano — A vasta extensão territorial de Campos, aliada à acirrada rivalidade política entre partidos e candidatos, configura um cenário particularmente desafiador. Um dos maiores obstáculos enfrentados pelo Ministério Público Eleitoral é manter a imparcialidade e garantir que sua atuação não seja indevidamente utilizada para perseguições políticas ou para provocar injustiças. Cabe à instituição zelar pelo equilíbrio do pleito, respeitando as disputas legítimas travadas entre as partes, sem que sua intervenção favoreça um lado em detrimento do outro. Essa ponderação deve ser feita cuidadosamente em cada caso, e, na maioria das vezes, baseia-se em situações semelhantes já analisadas pelos tribunais superiores, essencial à segurança e equilíbrio. Neste cenário, há muitas situações que consideramos “injustas”, mas não há o que ser feito. Um dos exemplos é a interpretação, por muitos considerada leniente, da Lei da Ficha Limpa. Além disso, o Ministério Público Eleitoral precisou enfrentar questões práticas de grande relevância, como a fiscalização em áreas de difícil acesso, situações de desvio ou não da máquina pública, o abuso de poder econômico e político nas mais diversas formas, a crescente utilização de mídias digitais e formas de materialização da prova, dentre outras.
Folha — O número de denúncias foi maior ou menor em comparação com a última eleição municipal? Destacaria as mais comuns e as mais graves?
Fabiano — Não temos dados ou sistema que contextualize denúncias entre eleições, sobretudo em razão de haver muitas disparidades entre as matérias. Foi possível perceber uma ampliação do uso de plataformas digitais e de reclamações relacionadas às fake news, que agora constituem uma parcela significativa das demandas processadas. Dentre as irregularidades mais graves, as denúncias envolvendo abuso no uso de recursos financeiros e candidaturas patrocinadas por organizações criminosas.
Folha — Houve muita fake news na campanha eleitoral? Qual a maneira mais eficaz de combatê-las?
Fabiano — A proliferação de fake news se destacou como uma das maiores preocupações neste período eleitoral, exigindo ações do Ministério Público, da Justiça Eleitoral e das plataformas digitais. A Resolução nº 23.610 do TSE oferece ferramentas para uma resposta rápida a conteúdos falsos, incluindo o direito de resposta e a remoção imediata de materiais fraudulentos. A parceria com empresas tecnológicas, como o grupo Meta (Facebook e Instagram), o papel proativo dos advogados eleitorais e a atuação integrada com a Polícia Federal são elementos cruciais no combate à desinformação, reforçando a transparência e a legitimidade do processo eleitoral.
Folha — Quais as principais irregularidades identificadas pelo MPE nas eleições de 2024 em Campos e região?
Fabiano — A maioria das irregularidades verificadas até o momento está relacionada ao uso indevido de recursos de campanha em propagandas digitais, sem a devida comunicação à Justiça Eleitoral. Muitos candidatos não declararam a intenção de utilizar redes sociais para fins eleitorais, mas realizam impulsionamentos pagos, o que viola as regras de transparência previstas na legislação eleitoral.
Folha — Na questão da cota de gênero houve muita diferença entre candidaturas femininas e masculinas?
Fabiano — A cota de gênero, que prevê a reserva mínima de 30% das candidaturas para mulheres, tem sido fiscalizada rigorosamente pelo MPE. Contudo, ainda persiste uma clara disparidade na participação feminina, com indícios de candidaturas laranjas sendo investigadas.
Folha — A fiscalização da lei eleitoral se destaca da cível e da criminal pela celeridade das ações. Como conjugar celeridade com eficiência e capacidade de resolução?
Fabiano — A celeridade da Justiça Eleitoral é assegurada por procedimentos próprios que agilizam a tramitação de ações, como as representações eleitorais e as ações de investigação judicial eleitoral. O uso de sistemas eletrônicos, aliados à estrutura híbrida do Ministério Público, permite uma atuação rápida e eficiente, sem que isso comprometa a qualidade. Isso não impede que haja interpretações divergentes, como em todas as demais esferas processuais.
Folha — Qual sua expectativa do processo eleitoral até as urnas de 6 de outubro?
Fabiano — A expectativa é que, com o fortalecimento das ações de fiscalização e a cooperação com entidades de monitoramento digital, o processo eleitoral se desenvolva de forma mais transparente e com menor interferência de práticas ilícitas. Prevemos um aumento nas denúncias, principalmente relacionadas à propaganda irregular e ao abuso de poder econômico. A principal dificuldade enfrentada pelo MPE é a análise de denúncias anônimas, muitas vezes sem fundamentação jurídica suficiente, o que dificulta as investigações da Polícia Federal, da equipe de fiscalização e do grupo de agentes policiais que auxilia os promotores. Nosso objetivo é garantir que o processo eleitoral seja justo, seguro aos eleitores e transparente, assegurando que o eleitor tenha plena liberdade para votar de forma livre.
Folha — Qual o papel do MPE no exercício e manutenção da democracia através do voto popular?
Fabiano — O Ministério Público Eleitoral desempenha um papel essencial na preservação da democracia, assegurando a legalidade e a integridade do processo eleitoral. Desde a fiscalização das candidaturas até o combate à corrupção eleitoral, o MPE atua em todas as fases, garantindo que o voto seja exercido de forma livre e consciente. A independência do Ministério Público e a imparcialidade da magistratura são fundamentais para resguardar o voto, para que o processo eleitoral continue se desenvolvendo em conformidade com os princípios democráticos.
George Gomes Coutinho, cientista político, sociólogo e professor da UFF-Campos
Eleições 2024, a questão democrática e Campos
Por George Gomes Coutinho
O ano de 2024 foi aguardado com indisfarçável ansiedade por politólogos de todo mundo. De janeiro até o presente ocorreram inúmeras eleições em diferentes continentes e países, em níveis variados (eleições locais, regionais, nacionais, transnacionais) e tipos (plebiscitos, eleições majoritárias, proporcionais, por vezes tudo ao mesmo tempo).
De maneira geral o que une tantas eleições em diferentes pontos do globo terrestre é o diagnóstico dos riscos para a democracia representativa. Nosso século trouxe a ressurgência dos movimentos de extrema-direita dotados da capacidade de atrair as massas. Além da sedução, também se mostraram bons de voto e vitoriosos, derivando em desastres como o Brexit ou gestões homicidas, vide o caso brasileiro na pandemia que ajudou a produzir o número de 700 mil concidadãos mortos sem direito a luto.
O abalo das instituições se dá, dentre outros vetores, pela imoderação destes líderes e de seus liderados, todos dotados de discursos e práticas que ferem de morte um princípio basilar das sociedades democráticas: o pluralismo, o que envolve o acordo tácito coletivo pela preservação e respeito da diversidade realmente existente de nossas populações. O objetivo dos extremistas é produzir uma homogeneidade artificial, imposta pelo uso de diferentes tipos de violência, onde só é “povo” quem é igual aos seus próprios pares. Uma sociedade das supostas “maiorias”, como vociferou Bolsonaro em dada ocasião. Restaria nesta distopia da extrema-direita uma única forma de professar a fé, amar, se relacionar e imaginar o mundo, tudo isso temperado com um patriotismo fajuto que se prostra diante do primeiro tirano estrangeiro que seja objeto de libido dessa gente.
Portanto, me unindo a outros colegas de continentes diversos, interpreto que estas eleições de 2024 são moduladas pelo antagonismo campo democrático versus extrema-direita. E no campo democrático há, por óbvio, espaço para esquerda e direita, o que explica os diferentes movimentos de frente ampla alhures. O que uniria democratas dos dois lados do espectro político? A defesa das regras do jogo e dos princípios morais, valorativos e civilizatórios de uma sociedade democrática.
As eleições municipais brasileiras, que tem seu primeiro turno hoje, estão imersas, de maneira mais ou menos explícita, nesta disputa entre autoritários de direita e democratas de ambos os lados do espectro político. São eleições fundamentais para antevermos a correlação de forças que irá dar o tom das nossas eleições de 2026.
Indo direto para Campos, é curioso que neste pleito de 2024 parte da esquerda nativa tenha se fixado em outro par de oposição, o velho e conhecido garotismo ou anti-garotismo. É um vício interpretativo que já produziu a aliança de setores politicamente conservadores com quadros partidários do petismo, em um vale tudo contra o “Senhor das Moscas”, tudo temperado com contradições programáticas e ideológicas constrangedoras. Vale dizer que este é um risco genético dos movimentos anti-garotismo. Afinal, o garotismo é filho do embate justamente com as oligarquias que dominaram a cidade por décadas até caírem podres na esteira dos movimentos de redemocratização dos anos 1980. Parte do petismo local, ao eleger como grande e eterno alvo a família Garotinho, só poderia ser arrastado pelas forças gravitacionais mais tradicionais locais.
O meu leitor petista que aposta na aliança de conservadores e “esquerda esclarecida” em uma luta de vida ou morte com os Garotinho, pode estar a pensar sobre qual a saída possível. Por enquanto sugiro que compreenda como os Garotinho se encontraram, mesmo que de forma insuficiente, com as demandas populares concretas locais. Para além de querer regrar os interesses desta camada da população, o caminho seria pelo diálogo franco e respeitoso com estes ofertando mais do que os Garotinho já foram capazes de fazer, algo ainda apenas esboçado nos melhores momentos da campanha do professor Jefferson de Azevedo. Até porque, vale pensar qual lugar era ocupado pelas demandas populares nos tempos de dominância política, administrativa e simbólica das oligarquias latifundiárias, o que ajuda a entendermos a persistência da popularidade da família Garotinho. Um projeto progressista local digno desse nome só pode partir dos Garotinho e ir adiante, superá-lo. Jamais ir ao ponto histórico-político anterior para buscar aliados de ontem ou de hoje.
E Wladimir? Tudo indica que será reeleito hoje, confirmando a tese da vantagem do incumbente cujo governo é bem avaliado. Fez um governo aprovado por amplos setores da população, onde entra aí o mérito político-administrativo individual do prefeito e o contraste com impopular governo Rafael Diniz. O segundo governo provavelmente manterá a configuração plural deste primeiro mandato, incluindo em seu estafe nomes de esquerda e da direita, desautorizando classificar Wladimir apressadamente como um “palhaço macabro”, termo utilizado por Caetano Veloso para classificar lideranças de extrema-direita. Contudo, nós, democratas, podemos sim ressaltar criticamente os sinais de “semilealdade” ao projeto democrático por parte do prefeito reeleito ao confraternizar com lideranças de extrema-direita, mesmo que sem muita convicção e sob desconfiança da direita local organizada. Então prefeito, de qual lado o senhor estará neste segundo mandato? Torço que aproveite a ocasião para reafirmar seu compromisso intransigente com a democracia.
Hoje é o dia da decisão soberana e secreta do voto. Até ele, tudo pode mudar. Mas a partir da análise de mais de 30 pesquisas eleitorais registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e de consumo interno das principais campanhas, é possível projetar: os prefeitos Wladimir Garotinho (PP) em Campos, Carla Caputi (União) em São João da Barra, Welberth Rezende (Cidadania) em Macaé, Geane Vincler (União) em Cardoso Moreira, Léo Pelanca (PL) em Italva, Valmir Lessa (Cidadania) em Conceição de Macabu, Marcelo Magno (PL) em Arraial do Cabo e Fábio do Pastel (PL), em São Pedro da Aldeia, chegam hoje como favoritos à reeleição.
Aprovação de governo = intenção de voto
Com mais ou menos vantagem nos números, esses 8 prefeitos da região têm seu favoritismo à reeleição baseado em premissa simples: todos têm governos bem avaliados pela maioria da população, com reflexo direto em intenção de voto nas consultas estimulada e espontânea de todas as pesquisas. Reforçada por outro fato estatístico: nenhum deles lidera na rejeição. Não é exclusividade das eleições a prefeito do Norte e Noroeste Fluminense e Região dos Lagos. Tende à regra em qualquer outro pleito do Brasil ou democracia representativa do mundo, na qual seja permitida a reeleição: aprovação de governo = intenção de voto.
Oposição favorita em C. Frio e Rio das Ostras
A equação se reforça em confirmação ou por antítese. Entre os municípios com pesquisas eleitorais analisadas pela Folha, há dois em que a desaprovação popular ao governo faz com que o favorito a prefeito seja da oposição. Em Cabo Frio, quem lidera com folga a corrida é o deputado estadual Dr. Serginho (PL), contra a candidatura à reeleição da prefeita Magdala Furtado (PV), com governo reprovado pela maioria da população. E em Rio das Ostras, onde o favorito é o ex-prefeito Carlos Augusto Balthazar (PL), contra o candidato Maurício BM (União), apoiado pelo governo Marcelino Borba (sem partido), também reprovado por maioria popular.
Tendência cristalizada em 18 meses
Entre esses 10 municípios da região, só Campos tem mais de 200 mil eleitores, condição necessária à existência do 2º turno. A não ser que um candidato tenha, já no 1º turno, o mínimo de 50% + 1 voto entre os válidos — descontadas abstenções, votos em branco ou nulos. Tudo até aqui leva a crer que será o caso de Wladimir. Que tem o mínimo para definição em turno único projetado em todas as pesquisas eleitorais feitas em Campos, desde a GPP de março de 2023. Com mais duas pesquisas no ano passado e outras seis pesquisas registradas no TSE em 2024, é tendência cristalizada em 1 ano e meio de levantamentos.
Independe do adversário
Nestes últimos 18 meses medidos por 9 pesquisas, Wladimir foi apontado como favorito, com aprovação da maioria da população ao seu governo refletida na liderança isolada das intenções de voto, em todas. Desde que seus possíveis principais adversários eram o ex-deputado federal Caio Vianna, hoje no MDB e aliado do prefeito; o presidente da Câmara, vereador Marquinho Bacellar (União); e a deputada estadual Carla Machado (PT). Até a que foi confirmada em convenção: Delegada Madeleine (União). São quatro nomes bem diferentes. E Wladimir permaneceu favorito à reeleição em turno único nas pesquisas contra todos.
Tendências ao turno único
Nada disso valerá se da urna surgir um eventual 2º turno. Mas isso parece improvável. Não só por Madeleine não ter chegado até aqui aos 20% de intenção em nenhuma pesquisa, contra mais de 60% a Wladimir. Mas também pelo fato de que nenhum outro candidato a prefeito, entre Professor Jefferson (PT), Thuin (PRD), Fabrício Lírio (Rede), Dr. Buchual (Novo) e Pastor Fernando (PRTB), chegou sequer próximo aos 2 dígitos de intenção de voto em nenhuma das 9 pesquisas eleitorais de Campos. Que, no conjunto dessas tendências, dão hoje à urna do 1º turno a aparência de impossibilidade matemática a turno extra.
Big Data, Paraná e Quaest
Pesquisas não são infalíveis ou bola de cristal. Mas revelam tendências, como retratos do tempo presente de um filme em movimento. Cujo “the end” só vem com a totalização da apuração pelo TSE. Mas, negadas, sonegadas, desaparecidas e até fraudadas na atual corrida a prefeito de Campos, pesquisas são a forma mais objetiva e impessoal de se acompanhar o processo eleitoral. Sobretudo quando feitas por institutos sérios e de conceito nacional, como Real Time Big Data, Paraná e Quaest. Este, com três pesquisas, inclusive uma fechada ontem, sem registro no TSE. O fato é que nenhuma delas projetou surpresa para hoje.
Tetos de Wladimir, Madeleine e Jefferson?
Sem o mesmo conceito que Big Data, Paraná e Quaest, a Prefab Future sempre apontou, desde 2023, os maiores índices de intenção de voto a Wladimir em 2024. Inclusive no seu último levantamento, divulgado ontem, em que deu 77,8% de intenção de voto válido ao prefeito. No cruzamento das pesquisas Big Data, Paraná e Quaest (mesmo sem poder revelar os números desta), o resultado mais factível parece ser a reeleição entre 64% a 74% dos votos válidos. Como Madeleine entre 17% e 27%. E, com base no resultado da eleição de Campos em 2020, projetar o teto de 7% dos válidos a Jefferson. Daqui a pouco saberemos.
Até que os votos sejam depositados na urna amanhã, na decisão soberana e secreta do eleitor, tudo pode mudar. Mas a partir da análise de mais de 30 pesquisas eleitorais registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e de consumo interno das principais campanhas, o que é possível projetar hoje, sem paixão ou expressão de desejo, sobre as eleições a prefeito de Campos e de outros 9 municípios do Norte e Noroeste Fluminense e Região dos Lagos:
CAMPOS (onde um teto, se alcançado, achata os demais)
Prefeito Wladimir Garotinho (PP) — Reeleito com piso de 64% dos votos válidos e teto de 74%.
Prefeito de Macaé, Welberth Rezende (Cidadania) ampliou seu favoritismo à reeleição na urna do domingo (6), daqui a apenas 2 dias. Nas duas pesquisas do instituto Paraná, realizadas em agosto e no início deste mês de outubro, ele oscilou 1,6 ponto para cima na consulta estimulada, de 70,3% aos atuais 71,9% de intenção de voto. Na consulta espontânea, que revela o voto cristalizado, Welberth oscilou 2,8 ponto para cima, de 43,2% a 46% de intenção.
Dados da nova pesquisa — A nova pesquisa Paraná ouviu 680 eleitores macaenses entre os dias 30 de setembro (última segunda-feira) e 3 de outubro (última quinta), com grau de confiança de 95% e margem de erros de 3,8 pontos para cima ou para baixa. E foi registrada como RJ-09601/2024 no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Consulta estimulada — Bem atrás dos 71,9% de Welberth na intenção de voto, vieram na estimulada o ex-prefeito Dr. Aluizio (PDT), com 11,2%; o ex-vice-prefeito Danilo Funke (PSB), com 4,7%; o ex-deputado federal Felício Laterça (PP), com 1,5%; e Fábio Pereira Passos (Avante), com 0,7%. Outros 5,6% disseram que votarão em nenhum/branco/nulo, enquanto 4,4% não souberam responder.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Consulta espontânea — Também bem atrás dos 46% do prefeito na intenção de voto cristalizada, vieram na espontânea Dr. Aluizio, com 4,1%; Danilo Funke, com 1,5%; Felício Laterça, com 0,3%; e Fábio Pereira Passos, com 0,1%. Outros 41%, no entanto, disseram não saber responder em quem votarão, enquanto 5,9% optaram por nenhum/branco/nulo.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Rejeição — Em 2º lugar nas consultas estimuladas e espontânea, Aluizio lidera na rejeição: 43,8% dos macaenses não votariam nele de jeito nenhum. Bem atrás no índice negativo vieram Danilo, com 20,6%; Laterça, com 19,1%; Fábio, com 14,1%; e Welberth com a menor rejeição: apenas 10,3%. Outros 19,1% não souberam responder, enquanto 7,2% poderiam votar em todos os cinco candidatos a prefeito.
(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
William Passos, geógrafo com especialização doutoral em estatística pelo IBGE
Análise do especialista — “A Paraná Pesquisas entregou um trabalho com alta excelência técnica. Para as urnas do próximo domingo, dia 6 de outubro, o instituto projetou a reeleição do prefeito Welberth, que aparece com 46,0% de intenção de voto espontâneo, subindo a 71,9% na estimulada. A pesquisa não mediu a aprovação do governo do atual prefeito do segundo maior município do Norte Fluminense, mas apontou que, na comparação com os concorrentes, de todos os candidatos, Welberth é o que tem a menor rejeição: apenas 10,3% dos eleitores entrevistados afirmaram não votar nele de jeito nenhum. Com 182.529 eleitores habilitados a votar no próximo domingo, Macaé não tem 2º turno”, ressaltou William Passos, geógrafo com especialização doutoral em estatística no IBGE.
Outra pesquisa fake a prefeito de Campos foi barrada pela Justiça Eleitoral. Após a Iguape suspensa na terça (1º) por adulteração metodológica (confira aqui) para tentar projetar o 2º turno à eleição, hoje foi a vez do juiz Leonardo Cajueiro D’Azevedo, da 76ª Zona Eleitoral (ZE) de Campos, suspender a pesquisa do desconhecido F & N Empreendimentos Comerciais Ltda. Que tem como sócio o cunhado do deputado estadual Thiago Rangel (PMB), apoiador da candidata a prefeita Delegada Madeleine (União).
Como foi com a Iguape, adulteração da margem de erro foi novamente destacada pela magistrado para deferir liminar favorável a suspensão da nova pesquisa. Que não tinha nem estatístico registrado Conselho Regional de Estatística (Conre) no Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Rio de Janeiro (TRE-RJ) à frente do levantamento:
— Temos pesquisa eleitoral com equivocada declaração de margem de erro ao TRE (3,7%) não correspondendo à margem explicitada na metodologia (3,0%). Temos pesquisa eleitoral modelada por profissional sem registro na área de jurisdição do TRE-RJ. Estamos na semana imediatamente anterior à votação e temos pesquisa com discrepâncias entre o questionário e o plano amostral, bem como divulgação de margem de erro equivocada maior até que a margem metodologicamente comunicada ao TSE — detalhou o juízo da 76ª ZE de Campos.
Embora não tenha considerado em sua decisão, a lminar citou outra pesquisa impugnada do instituto e o fato desse não ter atuação pregressa em pesquisa eleitoral:
— Afirma (o pedido de impugnação da pesquisa), ainda, que a empresa representada, F & N Empreendimentos Comerciais Ltda, tem como sócio cunhado de notório apoiador de candidato inserido na pesquisa o que representaria abalo na lisura da pesquisa (…) Sem prejuízo, há também, notícia nos autos que o mesmo instituto de pesquisa foi alvo de impugnação no
Processo n.º 0600550-86.2024.6.19.0156, em pesquisa na qual se constataram falhas metodológicas e de coleta de dados. As alegações de que a empresa responsável pela pesquisa existe há 15 anos e nunca atuou na área, sua composição societária e seu objeto social vasto e variado, não serão levadas em conta para fins da presente liminar uma vez não amparadas em documentos anexos à inicial. Facultando-se os interessados em providenciarem a juntada posterior — projetou o magistrado.
Campos tem a singularidade de ter dois bispos da Igreja Católica Romana. Um diocesano, o progressista Dom Roberto Ferrería Paz, e um da Administração Apostólica São João Maria Vianney, o conservador Dom Fernando Rifan. Os dois são os convidados para encerrar a semana do Folha no Ar nesta sexta (4), ao vivo, a partir das 7h, na Folha FM 98,3.
Dom Roberto e Dom Fernando falarão sobre do papel da religião na política dentro do Estado laico. Com base nas pesquisas, eles também tentarão projetar as eleições a prefeito de São Paulo, Rio de Janeiro, Norte e Noroeste Fluminense e Região dos Lagos. Como as eleições a prefeito (confira aqui e aqui) e vereador de Campos do domingo (6), daqui a apenas 3 dias.
Quem quiser participar ao vivo do Folha no Ar desta sexta pode fazê-lo com comentários em tempo real, no streaming do programa. Seu link será disponibilizado alguns minutos antes do início, nos domínios da Folha FM 98,3 no Facebook e no YouTube.