Desde maio de 2009 na relação entre Garotinhos e Odebrecht

 

 

 

 

 

“Ponto Final” à frente

Escrito na noite de terça, o “Ponto Final” de ontem (aqui) foi feito sem conhecimento do teor da delação da Odebrecht contra o casal Garotinho. Sabia-se apenas que os dois estavam citados na temida “delação do fim do mundo”, que envolve vários políticos brasileiros. Ainda assim a coluna adiantou que Benedicto Barbosa da Silva Júnior e Leandro Andrade Azevedo, executivos da empreiteira, estavam por trás das denúncias contra os ex-prefeitos de Campos. Afinal, os dois assinaram o contrato do “Morar Feliz”, no valor total de quase R$ 1 bilhão dos cofres públicos do município, maior contrato dos seus 182 anos de história.

 

Desde maio de 2009

A bem da verdade, o “Ponto Final” adiantou desde 29 de maio de 2009, ainda no primeiro dos oito anos de governo Rosinha Garotinho (PR), que a Odebrecht venceria a primeira licitação do “Morar Feliz”. O resultado, confirmando a coluna, foi publicado em Diário Oficial (DO) em 23 de setembro de 2009, enquanto o contrato foi celebrado com pompa e circunstância em 1º de outubro daquele mesmo ano. Na ocasião, Rosinha não se importou em posar às câmeras ao assinar, ao lado de Leandro Andrade de Azevedo, o contrato que já vinha sido previamente assinado também por Benedicto Barbosa da Silva Júnior.

 

Com o jornalista Aluysio Cardoso Barbosa ainda à frente da coluna, o “Ponto Final” adiantou em quase quatro meses que a Odebrecht venceria a licitação do “Morar Feliz” (Reprodução)

 

Dinheiro aos Garotinho

Pois ontem, enquanto a coluna recontava toda a história, foi revelado o que os mesmos Leandro e Benedicto delataram (aqui) ter sido a contrapartida para que a Odebrecht levasse exatos R$ 996.434.912,43 do dinheiro do campista, destinadas à construção inacabada de 6,5 mil casas, com qualidade, planejamento e preços bastante questionáveis: repasses da empreiteira às campanhas de prefeita de Rosinha, em 2008 e 2012, e de Garotinho (PR) a governador em 2014, quando não foi nem ao segundo turno. Sem a divulgação dos valores, forma de pagamento e origem do dinheiro, a informação foi divulgada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

 

Deu no JN

Ontem, Jornal Nacional, da Globo, reforçou o que esta coluna e reportagens deste jornal vêm mostrando desde março do ano passado.  Com as delações revelando dinheiro da Odebrecht nas campanhas de Rosinha e Garotinho, o JN também destacou que os valores não foram contabilizados nas prestações de contas declaradas ao TSE. Se antes as informações das planilhas que apontam o clã Garotinho eram consideradas extraoficiais, agora constam em documentos oficiais e podem virar alvo de inquéritos a qualquer momento, por mais que os citados tentem transparecer tranquilidade.

 

Gravações

A expectativa é que com a revelação das gravações feitas com os delatores a pressão aumente ainda mais sobre o casal Garotinho, como já começou acontecer, desde ontem, com o teor revelado principalmente sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Boa parte das declarações já está sendo disponibilizadas pela mídia nacional e o que foi dito por Benedicto Barbosa da Silva Júnior e Leandro Andrade Azevedo pode fazer a casa cair de vez para os Garotinho. A assessoria do casal salienta que “qualquer acusação tem que ser baseada em provas”. No entanto, não dá detalhes sobre a não declaração dos repasses.

 

Convocação

E se desde que assumiu a presidência da Câmara de Campos, Marcão Gomes (Rede) já tinha garantido que nenhuma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) iria se sobrepor à da Lava Jato, com as novas revelações é mais do que certo as investigações, inclusive com a convocação dos delatores da Obebrecht (aqui) que assinaram com Rosinha o “Morar Feliz”.  Quando foi proposta na legislatura passada, a CPI da Lava Jato em Campos acabou indo para o fim da fila, ficando atrás de outras que também nunca deram quaisquer resultados.

 

Cerco se fecha

A previsão é que dentro de nove dias, a contar de hoje, comecem os trabalhos não só da CPI da Lava Lato, mas também a CPI das Rosas, ambas propostas por Marcão, sendo a última relativa aos contratos do governo Rosinha Garotinho (PR) com a Emec Obras e Serviços Ltda, que mesmo em período de crise financeira recebeu R$ 76 milhões dos cofres públicos de Campos. A mesma Emec doou à campanha de Garotinho. As duas CPIs serão iniciadas tão logo recebam as análises da comissão de Obras, feita em conjunto com a Procuradoria da Câmara. A comissão é composta pelos vereadores Fred Machado (PPS), José Carlos (PSDC) e Genásio (PTC), todos governistas.

 

Com a colaboração dos jornalistas Rodrigo Gonçalves e Arnaldo Neto

 

Publicado hoje (13) na Folha da Manhã

 

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