Fabio Bottrel — Em Busca de Nilo Peçanha

 

Sugestão para escutar enquanto lê: Alvorada – Antônio Carlos Gomes

 

 

 

 

 

“A verdade é filha do tempo e não da autoridade.”

Galileu Galilei

 

Nilo Peçanha

Estava frio quando o telefone tocou de manhã, do outro lado Chico, dileto amigo, contava a impressionante história de Nilo Peçanha, a quem iríamos em busca, num vilarejo próximo chamado Morro do Coco.

Meus olhos brilharam quando relembrei o interior onde cresci, Bom Jesus (tanto do Norte quanto do Itabapoana), ao tocar com pés extasiados a primeira vez em solo presidencial. As cores vigorosas, o sabor da natureza, o clima ameno e os olhares sorridentes anteciparam de pronto as palavras que o tempo matura para nascer: “Como eu gostaria de morar aqui.”

Fomos até o seu Oswaldo, pela árvore genealógica traçada corria em seu sangue a história do Brasil, cunhada em alto relevo em sobrenome de outrora: Peçanha. Seu Oswaldo foi surpreendido com a nossa visita, mesmo assim, poucas vezes na vida vi uma recepção tão sincera e calorosa: com doces da terra como se quisesse que levássemos dentro de nós a sua própria essência; com histórias vistas sobre ombros gigantes cujas nuvens filtram a luz que ofusca os olhos; com um dos melhores queijos que já provei; o licor de fruta típica com sabor eterno regando a flor que frutifica a amizade.

No dia seguinte retornamos, estava ansioso por respirar o ar do interior novamente, entreguei ao seu Oswaldo o primeiro exemplar do meu livro Uma Palavra Escrita com Lágrimas cujas crônicas e contos havíamos conversado no dia anterior. Fomos à fazenda onde teria morado Nilo Peçanha, à igreja onde teria sido batizado e os arredores, refazendo o trajeto onde Nilo pisou. É interessante reviver a história com seus próprios olhos, estar no lugar onde originou grandes marcos de nossa nação aumenta, um tanto, o sentimento de pertencimento e valorização cultural.

Na volta tive a oportunidade de conhecer outros vilarejos como Conselheiro Josino, e conversar com quem pulsa tuas comendas. Ao apagar a luz e deitar sobre a cama, fiquei a observar pela minha janela a cidade iluminada, pensei: “que coisa boa morar aqui.”

 

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