Estrada aquarela da Folha
Por Cristina Pereira(*)
Oito de janeiro de 1978. Ainda antes começava a minha história dentro dessa história.
O começo nasceu através do meu pai, Pereira Júnior, que me chamou , um ano antes, em 1977, para fazer parte de um grande sonho de se fundar um jornal com o jornalista Aluysio e sua mulher Diva, que tinha sido minha professora da cadeira de cultura brasileira do curso de comunicação social da Fafic.
Conheci e vivi com eles o resultado de muita preparação e trabalho duro, dia a dia feito com dedicação, garra, talento, inspiração e responsabilidade: “A diferença está na qualidade”.
Meu pai, Pereira Junior, se apaixonou pela ideia apostou e investiu naquele sonho com otimismo e muita garra como quem soubesse profetizar o futuro de agora, 40 anos depois. “O Rei da Propaganda”, o realizador de sonhos sempre caminhou com passos largos, com um entusiasmo contagiante, sem igual. Inesquecível. Tenho muitas saudades da sua presença.
Convite feito e aprovado pelos demais sócios, lá ia eu viver, aprender e vivenciar na empresa Plena Editora Gráfica Ltda. — Folha da Manhã — coisas importantes, valiosas e inesquecíveis para a minha vida pessoal e profissional.
Assim eu via o nascer da Folha da Manhã: não “numa folha qualquer” , lembrando Toquinho, para falar com romantismo da amizade. Num bar em Ipanema, a folha pintou-se em sonho dos amigos.Mas um sonho com realismo, unindo o talento do jornalista Aluysio, o entusiasmo de Pereira Junior, a poesia e o instinto comercial da professora Diva, que foram contornando a imensa curva ou o ciclo da vida, num barco à vela navegando e com uma folha desenharam o navio de partida como “bons amigos bebendo de bem com a vida”, tudo em volta preto no branco. O mundo os pertencia para um belo futuro.
Casei no mesmo ano do nascimento da Folha. E assim nossas comemorações se fundem num mesmo espaço de tempo. Por isso, brindamos essa trajetória, “voando e contornando a imensa curva norte-sul (…) viajando Havaí, Pequim ou Istambul (…) E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar/ Não tem tempo nem piedade, nem tem hora de chegar/ Sem pedir licença muda a nossa vida/ E depois nos convida a rir ou chorar”. E assim, seguimos, desfilando numa estrada de aquarela, com nossos sonhos, nossas vontades, nossas qualidade e defeitos.
Valeu, Folha! “Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel/ Num instante imagino uma linda gaivota voar no céu”. E com o tempo criar novas lembranças para o novo ciclo: “Basta imaginar que ele está partindo (…) E se a gente quiser ele vai pousar”.
(*) Empresária de comunicação e ex-sócia da Folha da Manhã
Publicado hoje (07) na Folha da Manhã