Minha segunda casa
Por Luiz Costa(*)
Rua Carlos da Lacerda, 75. O endereço, no Centro de Campos, não é o meu… mas bem que poderia ser. É ali, entre as ruas Aquidaban e Oliveira Botelho que fica a sede da Folha da Manhã, meu primeiro emprego, de carteira assinada, como jornalista, e que, durante muitos anos, foi meu segundo domicílio. Cheguei ao jornal no início dos anos 90, por indicação do meu querido tio Nilson Maria, que comentou com o então diretor de redação do periódico, o saudoso Aluysio Cardoso Barbosa, “sobre um sobrinho que acabara de ser formar pela Universidade Gama Filho”. Meus dias iniciais, como foca, foram na editoria de Geral, acompanhando os plantões de polícia. A primeira matéria publicada, cobrindo o irrequieto Waldelan Paes, abordou o roubo a uma loja de material de construção, em Guarus. O ladrão, por descuido, derrubou uma lata de tinta no chão e suas pegadas ficaram marcadas, facilitando o trabalho da polícia na elucidação do caso, já que o malfeitor morava a poucas quadras.
Na Folha, com o passar dos anos, entre idas e vindas, fiz de tudo um pouco. Fui repórter, chefe de reportagem, editor de Geral, Política, Economia e Esportes, repórter especial, além de Editor Geral. A relação ultrapassou a questão profissional. Seu Aluysio foi meu mestre, fonte de inspiração. Me mostrava na prática a teoria que pautou a insossa faculdade. Era preciso na abordagem, direto nos conselhos e puxões de orelha, rico como exemplo e um dos mais profundos conhecedores da rotina da planície.
Na redação, conheci Diva, Christiano e Aluysio Abreu. Com o último, estabeleci uma parceria diferenciada. O vi adolescente nos corredores do jornal. Acompanhei seu envolvimento mais direto com o jornalismo e sua opção de estagiar no Rio, no mesmo JB que teve seu pai em suas trincheiras; seu crescimento em todos os sentidos. Em um dos momentos mais conturbados da minha vida, há mais ou menos 7 anos, a Folha foi meu porto seguro, abrigo dos meus filhos e Aluysio, um amigo leal, atento e presente.
Recentemente, no início do dezembro, com meu irmão internado com um quadro infeccioso grave, logo após o falecimento do meu pai, recebo um telefonema de Aluysio. Ele me pedia um texto sobre os 40 anos da Folha. Naquele instante, uma série de fatos vieram à mente…
Como traduzir o trabalho inovador realizado em quatro décadas? A trajetória do jornal e seu olhar não apenas para Campos, mas à região, como um todo, respondem a esses questionamentos. Aos 50 anos, com 30 de atividade na área, ainda apaixonado pela mídia impressa e com grande dificuldade de me adaptar à superficialidade que impera na era digital, me orgulho de fazer parte dessa história. Obrigado, Folha!
(*) Jornalista, assessor de comunicação da Prefeitura de Quissamã e ex-editor-geral da Folha da Manhã
Publicado hoje (09) na Folha da Manhã