Gustavo Alejandro Oviedo — Sobre o ajuste municipal

 

“O Príncipe”, de Maquiavel, o manual para governantes que ainda está vigente

 

 

“O homem esquece mais facilmente a morte do pai do que a perda do patrimônio”

 

Apesar de ter quase 500 anos, a famosa frase de Maquiavel parece que não foi o suficientemente lembrada pelo governo municipal, a julgar pela enxurrada de reclamações que está recebendo por conta dos aumentos da contribuição da iluminação pública, do IPTU (e dentro dele da Taxa de Coleta de Lixo) e do serviço de fornecimento de água e esgoto.

Em condições normais, um aumento de tarifas sempre gera aborrecimento. Em Campos, os incrementos acontecem num momento onde os serviços estão sendo prestados de forma paupérrima e cara. Há meses que não há manutenção dos postes de iluminação; o estado das praças e das ruas revela como a empresa responsável pela limpeza pública adaptou o seu rendimento à redução do contrato; em relação ao serviço de saneamento, Campos paga aproximadamente 30% a mais pelo metro cúbico de água do que se paga em Niterói, tendo as duas cidades a mesma fornecedora (o grupo Águas do Brasil).

Nesse panorama, supor que a enxurrada de aumentos não fosse gerar uma onda de impopularidade seria excessivamente ingênuo. Talvez não restasse nenhuma outra opção, frente à brusca queda orçamentária que sofrera o município em 2017, e a administração tenha optado por sofrer as consequências simplesmente por não ter outro caminho.

No entanto, os sinais da crise financeira já podiam ser previstos desde que os Garotinho começaram a endividar o município, bem antes da eleição de 2016. A queda do preço do petróleo, naquele ano, também vaticinava menos royalties para o seguinte.

Por sua vez, o duvidoso critério para definição de prioridades, que por um lado corta o Restaurante Popular, e por outro contrata empresa para exibir cinema nas escolas a um custo de 16 mil por exibição (640 mil reais ao todo), em muito dificulta a tarefa de convencer à população da necessidade do ajuste.

O que se revela por trás de toda esta crise local, além da imperícia demonstrada pelos governantes anteriores em poupar recursos quando estes eram fartos, é a impossibilidade de manter uma superestrutura de governo que se encontra excessivamente inchada com secretarias, superintendências, fundações, institutos e empresas públicas, muitos dos quais não tem razão de existir, a não ser para funcionar como cabides de emprego.

Esse gigantismo na maquina pública municipal não apenas é oneroso, mas também é prejudicial para o próprio funcionamento daqueles setores que deveriam ser considerados vitais, como saúde, por exemplo. Como se aceita que falte gaze num hospital, enquanto se banca um parque de diversões?

A cultura do estatismo e do paternalismo governamental ultrapassa esta administração – curiosamente chamada pelos seus detratores de ‘neoliberal’ (?). Está arraigada na opinião pública, a qual acha que eliminar um setor ineficiente do estado é uma afronta, ainda que mantê-lo afete todo o resto.

Voltando à questão do aumento de tarifas, se tivesse a capacidade de dar conselhos – que não tenho, mas… – diria ao pessoal do governo que, se acham que o ajuste é fundamental, que o defendam com coerência e competência, mostrando o mais rápido possível como essa grana extra será bem aplicada em favor da cidade, e não da prefeitura.

Uma sugestão final, desta vez aos vereadores que foram bater a porta da prefeitura para discutir o aumento da contribuição da iluminação pública: se questiona ANTES de votar, não depois.

 

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Este post tem 5 comentários

  1. Alexandre Buchaul

    Perfeito!

  2. Savio

    A omissão dos vereadores não passa desapercebida pelos eleitores, e a omissão referente à Taxa de Iluminação Pública, idem à Taxa de Lixo. O Rafael “Hood” quer “estar em dia” com as dívidas da Prefeitura adquiridas no governo anterior no qual ele era um dos vereadores. E pega pesado, aumentos extorsivos e desproporcionais partindo de, pelo menos, 600%, e ainda temos a “caixinha de surpresa” sobre o misterioso IPTU 2018 que está vindo por aí.

    No fundo, o que presenciamos espantados, é a atual “situação” adotar os mesmos critérios criticados da gestão anterior. Sou obrigado a repetir a frase do meu saudoso pai: “Todo político é igual, veste-se de inocente ovelha nas suas promessas da campanha política, mas por debaixo da pele sobressai a velha raposa ou a hiena faminta, covarde e traiçoeira”. __Dito e feito!

  3. Stela

    Mudar é possível desde que haja eficiência na administração e priorização dos serviços essenciais . O que estamos presenciando é uma
    Equipe de governo incompetente pra administrar o município . Qualquer dona de casa mais experiente sabe fazer orçamento. Compra o que é essencial e deixa os supérfluos pra quando tiver uma grana extra .

  4. cesar peixoto

    Rafael cade as promessas de campanha o povo já não aguenta mais,a saúde está péssima a cidade está um lixo,chega de mentiras são treze meses e nada mudou

  5. cesar peixoto

    O que tem que fechar e a camara de vereadores e não os hospitais, cade Marcão,Fred que só sabe falar mal de Rosinha.O povo já não aguenta mais esse desgoverno de Rafael

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