Nota 7,5 ao primeiro ano do governo Wladimir

 

Nota 7,5. Esta foi a avaliação do primeiro ano do governo Wladimir Garotinho (PSD) em Campos, feita por seis representantes da sua sociedade civil organizada. Em ordem alfabética: o arquiteto e empresário Edvar Júnior, presidente eleito da CDL-Campos; a servidora municipal Elaine Leão, presidente do Siprosep; o cientista político e sociólogo George Gomes Coutinho, professor da UFF-Campos; o especialista em finanças Igor Franco, professor do Uniflu; o professor Jefferson Manhães de Azevedo, reitor do IFF; e o médico infectologista Nélio Artiles, professor da FMC. A análise dos seis passou pelo combate à pandemia da Covid e Saúde Pública, adiamento do Restaurante Popular de Guarus, o desafio do transporte público posto como “o maior”, ruas esburacadas e anúncio de R$ 78 milhões para solução, projeção de novos corredores logísticos ao Porto do Açu, crescimento das receitas petrolíferas, retomada da vocação agropecuária, adoção do pregão eletrônico nas compras públicas, parceria do município com suas universidades, a cidade nas rotas aéreas comerciais internacionais e o processo de metropolização da região da Bacia de Campos, aumento da geração de dividas a partir das notas ficais emitidas pelos CNPJs do município, abono ao servidor e incapacidade aritmética de pagar sua folha com receita própria, racha na base governista na Câmara de Vereadores e retomada do poder político do setor produtivo, além das eleições de outubro a deputado estadual, federal, governador e presidente.

 

Edvar Júnior, Elaine Leão, Geroge Gomes Coutinho, Igor Franco, Jefferson Manhães de Azevedo e Nélio Artiles (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Folha da Manhã – Como avalia o enfrentamento à pandemia da Covid-19 em Campos no governo Wladimir? Além de ter as vacinas, com que a gestão Rafael Diniz (Cidadania) não contou, e da descentralização do atendimento antes concentrado no Centro de Controle e Combate ao Coronavírus (CCC), na Beneficência Portuguesa, destacaria alguma outra diferença?

Edvar Júnior – Foi muito bem-vindo o Gabinete de Crise, com reuniões pertinentes e não tanto prolixas. Visto que estamos diante de uma situação epidemiológica inédita, difícil citar um governo totalmente certeiro. Destaque para a participação do setor produtivo, que pode opinar e sugerir, e para atuação muito profissional de Drª Vera Cardoso de Melo. Obviamente temos que ressaltar todos da linha de frente.

Elaine Leão – O governo Wladimir começou com a vacinação já anunciada em todo Brasil. O fato de descentralizar o atendimento para a Covid foi, sim, uma excelente decisão do setor de Vigilância Epidemiológica. A vacinação no início estava muito desorganizada. Os profissionais sem suporte e a população sofrendo nas enormes filas. Destacaria como ponto positivo o agendamento e vacinação noturna, bem como o setor de comunicação das redes sociais da Prefeitura, que foi importante na divulgação do calendário, assim como os pontos de vacinação diários, evitando assim a propagação do vírus.

George Gomes Coutinho – A gestão não incorreu, assim como no caso da gestão Diniz, no pior erro possível na pandemia: o populismo negacionista genocida. Tentou administrar os grupos de pressão, especialmente os comerciantes, tanto quando possível, fazendo gestão acompanhada dos números e do que, na média, são os parâmetros definidos pelas autoridades sanitárias. Ressalto que justamente a obtenção das vacinas, a ampla cobertura de imunização em Campos, é absolutamente relevante. Há cidades que não conseguiram vacinas ou a cobertura que a gestão alcançou. A ausência neste tópico: políticas mais amplas de assistência social para a população.

Igor Franco – Acredito que a gestão municipal em ambos os governos foi uma surpresa muito positiva quanto ao aspecto técnico das decisões e procedimentos. Campos, com deslizes toleráveis, tomou medidas pautadas pela ciência, visando o bem-estar da população e rejeitando aderir à polarização ideológica que transformou certos políticos em aliados do vírus. Talvez uma diferença a ser levantada tenha sido a articulação política do atual prefeito com outros entes da Federação que, no pico da pandemia, garantiu o envio de leitos adicionais de UTI para a cidade, quando enfrentávamos um momento delicado da pandemia.

Jefferson Manhães de Azevedo – Não há dúvida alguma de que o advento da vacina contra Covid-19, aliada à cultura de adesão à vacinação da população brasileira mudaram, definitivamente, o perfil da pandemia no Brasil. O declínio da necessidade de hospitalizações e da gravidade dos casos de Covid em Campos permitiu uma nova abordagem de descentralização, que me pareceu muito acertada. Destacaria, também, o número de pontos de vacinação e sua dispersão no município, além do comprometimento dos profissionais de saúde ao longo de todo o processo pandêmico e de vacinação, que têm se mostrado muito eficientes no atendimento aos munícipes.

Nélio Artiles – O enfrentamento à pandemia de Covid neste ano foi adequado e dentro dos limites conhecidos de nosso sistema de saúde local. Nestes dois anos observamos situações diferentes, tendo inicialmente um impacto do início, onde foi importante a mobilização inicial no governo Rafael Diniz com a necessária criação do CCC, que cumpriu de forma relevante a demanda inicial. No segundo momento, foram possíveis e necessárias a descentralização e a implantação de um programa de vacinação competente e eficaz. Vejo em ambos gestores, ações de responsabilidade frente ao grande desafio, apesar dos limites de nossa estrutura de saúde.

 

Folha – Em entrevistas ao Folha no Ar, respectivamente, nos últimos dias 16 e 17, o subsecretário de Atenção Básica Charbell Kury e Wladimir disseram que o retorno às aulas até o início de fevereiro é irreversível na rede municipal, com a exigência aos pais da vacinação contra Covid dos alunos. E, no último domingo, o prefeito anunciou que não cobrará prescrição médica para vacinar as crianças, como quer o governo federal Jair Bolsonaro (PL). Como você vê?

Edvar – O risco a saúde física que a Covid e variantes trazem as crianças é muito menor que os danos mental e educacional ao mantermos as escolas fechadas. Quanto ao fato de não exigir avaliação médica para vacinação das crianças, penso que tais decisões têm de ser centralizadas, sendo o ministério da Saúde a autoridade máxima quanto a isso.

Elaine – Vacinas salvam vidas. A decisão de não exigir prescrição médica é muito importante. Primeiro porque o governo Bolsonaro mostra o quanto é negacionista. Segundo, mostra o fato de não conhecer a realidade do Brasil, pois a maioria das famílias não tem acesso ao médico pediatra com facilidade; e aqui em Campos não é diferente. Terceiro, isso nunca foi necessário para nenhuma vacina: sarampo, catapora, caxumba, gripe, HPV e tantas outras; então, simplesmente, não faz sentido! Quanto a volta às aulas, com o cenário decrescente na doença, é importante buscarmos voltar à normalidade e retomar as rotinas, mas sempre nos cuidando.

George – A decisão do prefeito de se recusar a colocar mais uma etapa para a imunização das crianças é plenamente acertada. É notório que, neste caso, ao se colocar um procedimento prévio para a vacina, o que se pretende é diminuir a cobertura, o quantitativo de crianças vacinadas. O objetivo não é tornar a vacina mais segura para faixa etária indicada. O objetivo é sabotar a política de Saúde Pública. Já sobre o retorno das aulas, considero ainda temerário ser tão assertivo em termos de data. A pandemia se demonstrou inegavelmente dinâmica e pode trazer cenários não previstos neste momento.

Igor – A notícia é extremamente positiva. A maior aliança do Governo Federal não é com o Centrão, militares ou qualquer outro campo político, mas com o coronavírus. É extremamente importante a sinalização de governos estaduais e municipais, independentemente do apoio ao Governo Federal, de posicionarem-se contra às incompreensíveis decisões de Bolsonaro em relação à pandemia. Reforçando o ponto anterior, a postura estritamente técnica da Saúde de Campos, desde o ano passado, deve ser comemorada e reconhecida.

Jefferson – Com a dose de reforço e a iminente ampliação para as crianças de 5 a 11 anos, apesar do alto grau de transmissibilidade da nova variante Ômicron, tudo indica que os casos graves e letais continuarão em patamares baixos e decrescente. Portanto, não há, do ponto de vista científico, justificativa para o não retorno presencial às atividades letivas nas escolas, desde que observados os protocolos de biossegurança e a preparação dos profissionais da educação, assim como a obrigatoriedade de toda a comunidade escolar estar vacinada. A exigência da prescrição médica para a vacinação das crianças, infelizmente, é parte do rol das protelações.

Nélio – Vejo com acertada essa proposição, considerando que o prejuízo já instalado às nossas crianças precisa ser mitigado, após um tempo muito longo de ausência escolar, promovendo verdadeiras sequelas, não só na esfera educacional, mas também social e psicológica. A vacinação de crianças já é uma obrigação em território nacional, pois há muito que se exige um cartão vacinal completo para as matrículas escolares, devendo ser com a vacinação de Covid e Influenza. É um verdadeiro absurdo cobrar uma prescrição médica para uma vacina segura, eficaz e já aprovada por todos os órgãos de regulação, nacionais e internacionais.

 

Wladimir e governador Cláudio Castro formalizam parceria para a reforma do HGG

 

Folha – E na Saúde Pública em termos gerais? A relação com os hospitais contratualizados melhorou? No Folha no Ar no último dia 17, Wladimir fez o balanço do seu primeiro ano de governo. E destacou o fim dos pacientes nos corredores dos hospitais municipais, além da reforma do Hospital Geral de Guarus (HGG), com aporte de recursos estaduais, cuja nova ala prometeu entregar em abril. Qual a sua avaliação?

Edvar – Estamos observando essa evolução. Quanto ao Hospital Geral de Guarus, acho fundamental sua manutenção e abastecimento, mantê-lo equipado e com atendimento pleno, para contribuir na descentralização. E gostaria muito que todos os investimentos na saúde se mantivessem mesmo com o controle da pandemia, com o setor se mostrando relativamente mais eficaz a cada dia. Afinal a Covid-19 escancarou o sucateamento do setor de saúde do nosso país.

Elaine – Os hospitais contratualizados não estão oferecendo vagas necessárias para zerar a fila. Agora, a fila é virtual. As pessoas estão há meses esperando a marcação de cardiologista, reumatologista e outros. Quanto aos corredores vazios, de fato estão. Porém, os pacientes foram realocados em espaços mínimos e macas desconfortáveis, muitas sem manutenção, gerando esforço do servidor para movimentá-las. Como representante sindical e servidora do HGG, desejo muito que de fato os recursos sejam destinados para a reforma do hospital. A população e os servidores de Campos merecem um hospital com condições humanas.

George – Neste caso eu não tenho como avaliar e uma perspectiva sóbria sobre o tema pode contar, sem maiores dificuldades, com a comparação entre os dados da atual gestão e a anterior. Mas, na hipótese de comprovação tanto do cenário descrito pelo prefeito, quanto na confirmação da promessa para abril, há avanços; limitados, mas há avanços. De todo modo, sem incrementos de gestão, recursos humanos e dotações financeiras, não há milagre na Saúde Pública.

Igor – Tenho a percepção de que a Saúde tem melhorado com o aporte de recursos. Esse setor, inclusive, é praticamente dependente da contínua injeção de capital, dada a utilização de insumos, manutenção de equipamentos, alto custo da mão de obra. A articulação por aportes de outros entes e de emendas vem sendo um traço distintivo deste governo, que também é ajudado pela melhor substancial no caixa estadual. Esse alívio de caixa permitirá descomprimir as pressões por melhorias no setor. Mas, sem uma mudança mais ampla na produtividade e nos processos de todo o serviço público municipal, permaneceremos dependentes de períodos de bonança financeira.

Jefferson – O sistema de saúde sempre é desafiador para as gestões públicas, especialmente com tantas assimetrias, mazelas de infraestruturas de moradia e saneamento, e com qualidade de vida e alimentação inadequadas. A rede hospitalar (contratualizada) é muito importante para os casos de maior complexidade, especialmente em uma cidade polo como Campos, que atende à região. Porém, a política de saúde deve privilegiar a atenção básica e preventiva, evitando a sobrecarga da rede hospitalar, além de ser pensada articulada a outras ações de bem-estar e que estimulem uma vida saudável, como o esporte e uma política de segurança alimentar, por exemplo.

Nélio – A minha avaliação é que, apesar de toda crise ainda presente em nossa estrutura de atendimento público, foi possível sair de uma situação de estagnação que vínhamos presenciando e sofrendo. Vejo como positiva as ações do governo municipal no sentido de uma boa articulação política, trazendo novos aportes financeiros para pequenas e importantes correções. Sou testemunha da diminuição do indigno acúmulo de pacientes em corredores das emergências. Há muito que melhorar, seja em insumos ou medicamentos, mas houve sem dúvida uma sinalização de esperança.

 

Folha – Em 7 de agosto, em entrevista à Folha enquanto estava em Campos, o governador Cláudio Castro (PL) prometeu o Restaurante Popular de Guarus para novembro deste ano. O prazo não foi cumprido, segundo Wladimir disse ao Folha no Ar, por atraso burocrático na licitação. Mas ele também disse que o prédio já está definido, faltando apenas pintura e parte elétrica. E que o Restaurante será aberto em 2022. Como viu esse adiamento e que impacto social projeta?

Edvar – Essa burocracia em que o poder público muitas vezes esbarra é uma tortura para nós, da iniciativa privada. Sou favorável ao Restaurante Popular, pois fome é uma das piores condições em que um ser humano pode se encontrar. Fico feliz por ser mais um projeto em parceria com o Governo do Estado. Só gostaria que os projetos assistenciais fossem mais amplos e completos.

Elaine – Gosto muito de falar no sindicato, para os meus pares, que não prometa o que não pode cumprir. A situação do país está drástica e a de Campos não está diferente. A fome voltou a assombrar as pessoas; isso nos revolta: fome! É muito cruel, desumano. Vai abrir Restaurante Popular, legal, mas está longe de resolver o problema. Precisamos gerar mais empregos em Campos, trazer dignidade às pessoas, levar condição de sustento às famílias, ampliar o comércio e a indústria. Esse será nosso desafio em 2022. Escolher direito para termos comida, emprego, dignidade e, onde for necessário, ação social de verdade.

George – Em sua primeira pergunta eu assinalei que, no escopo pandêmico, faltam políticas sociais e de assistência de maior abrangência no município. A pobreza aumentou dramaticamente no Brasil e em Campos. Isto implica o aumento importante da insegurança alimentar. Há dados que indicam que mais de metade das famílias em nosso país passaram por esse flagelo ano passado. Então, sim, é urgente. O Restaurante (Romilton Bárbara) jamais deveria ter sido fechado (no governo Rafael). Sobre o atraso, é desesperador. Mas, vale averiguar se é derivado de razões licitatórias que se justifiquem. E, caso sejam, não economizar nos esforços para saná-las.

Igor – No Brasil, nos habituamos a nos admirar por entregas públicas no prazo e de qualidade, quando isso deveria ser o padrão. O adiamento, infelizmente, é parte da paisagem na execução de obras e projetos públicos. Quando ao impacto social, no curto prazo, entendo como positivo, considerando a degradação econômica e social da população mais pobres, após a eclosão da pandemia. Porém, ter o Estado administrando um Restaurante Popular não me parece uma boa política pública no longo prazo.

Jefferson – Em um país que voltou para o mapa da fome e em uma região com tantas fragilidades sociais, a retomada do Restaurante Popular e a ampliação de ações que visem à garantia de uma alimentação mais adequada à população tornam-se imperativas. No entanto, a administração pública tem ritos necessários que, muitas vezes, dificultam a celeridade das ações.

Nélio – O maior empobrecimento de nossa gente tem sido notado, não só em Campos e região, mas em todo país. Enquanto a classe política mobiliza cifras milionárias para projetos pessoais e eleitoreiros, vejo em minha atividade diária doenças da fome, como o aumento impressionante da tuberculose, desnutrição adulta e infantil. Ações de políticas públicas no sentido de mais emprego, maior distribuição de renda, deveriam ser uma prioridade, sem desfocar da importância de ações sociais de cuidado e assistência aos necessitados.

 

Página 2 da edição de hoje da Folha da Manhã

 

Folha – Ao Folha no Ar, Wladimir disse que “o maior desafio atual de Campos é o transporte público”. Concorda? Em que o governo municipal agiu para superar esse desafio? E o que, em seu entender, teria que fazer e não fez?

Edvar – Urge pensar em uma integração: ônibus, micro-ônibus e vans com bilhete único, ou cartão recarregável, promovendo uma união entre os meios de transporte e uma maior cobertura da nossa malha viária, diminuindo as distâncias neste extenso município. O transporte coletivo bem resolvido e de acesso a todos é fundamental para redução da poluição e auxílio no controle do aquecimento global. Como sugestão: implementar políticas que incentivem o uso da bicicleta, com benefícios na aquisição, uma boa malha de ciclovias e Bike Parking, proporcionando segurança e conforto ao usuário deste meio de transporte.

Elaine – Concordo que é um grande desafio, mas o maior acredito ser a Saúde Pública. Eu acredito que pela extensão territorial e pelo valor do combustível, necessitamos de um bom plano viário com excelente fiscalização. Há muitos anos o transporte em Campos não funciona. Entra governo e sai governo e isso não melhora. Acredito na integração como existe em Macaé, com terminais bem estruturados e respeito à população. Temos também como exemplo a cidade de Maricá, que não se preocupa em de lucrar muito sobre o trabalhador que usa transporte público.

George – Eu e o prefeito discordamos parcialmente. O transporte público é uma face setorial de uma questão outra, o problema da desigualdade de oportunidades em nossa cidade, onde o transporte público se apresenta como uma expressão. Eu particularmente não trabalho com a questão urbana, ou com o que podemos resumir como o debate acerca do “direito à cidade”, o que inclui o deslocamento dos cidadãos. Mas, intuo que uma via seria buscar em outras cidades de médio porte latino-americanas soluções viáveis tecnologicamente e financeiramente para uma cidade que ainda goza da boa fortuna de estar em uma planície.

Igor – Discordo (do prefeito). O alívio momentâneo de caixa não pode tirar de vista que o maior desafio da cidade é a sustentabilidade de suas contas no longo prazo. Dito isso, o transporte público é uma dor para a população há muito tempo. O governo anterior teve um plano ambicioso que não funcionou e, parece-me, o resultado acabou sendo pior que o modelo anterior. Não sou especialista no setor, mas, do ponto de vista econômico, o problema de transporte público parece muito maior que a logística. Temos informalidade, denúncias de parte do setor dominada por forças paralelas ao Estado, empresas em estado falimentar, problemas de segurança pública etc.

Jefferson – Um transporte público eficiente e adequado às necessidades da população em um município extenso como o nosso, com uma grande aglomeração urbana e uma dispersão geográfica dos distritos e localidades, é muito complexo. É um bom indicador à ciência dos desafios, mas não o suficiente. Vejo grande fragilidade do governo nas respostas urgentes a esta questão, porém não há soluções simples para problemas complexos. Há muito por fazer.

Nélio – Este tem sido um grande desafio para os gestores, sem uma solução que possa melhorar o deslocamento das pessoas na cidade. Há necessidade de um estudo profundo na logística do transporte em Campos, não só no Centro da cidade, como no entorno, além de melhorar o acesso de tantos trabalhadores que precisam disso para sobreviver. Não vejo projetos voltados para o incentivo do uso de bicicletas, patins ou patinetes, com poucas ciclovias, e as que têm, faltando iluminação adequada, segurança e manutenção. Estas ações promovem não só uma melhoria no transporte urbano, como levam a um estímulo à atividade física da população.

 

Folha – Desde o governo Rafael, os buracos se multiplicam em quase todas as ruas e avenidas da cidade. Wladimir admitiu à Folha FM ser algo que o incomoda pessoalmente, mas alegou que a Prefeitura tem atuado. E prometeu R$ 78 milhões em 2022 para esse fim, R$ 70 milhões de verba estadual, mais R$ 8 milhões de uma emenda do senador Carlos Portinho (PL). Vê o município trabalhando para enfrentar o problema? Como projeta a entrada desses recursos?

Edvar – Sempre cito que o governo tem que fazer o “dever de casa”, tipo ruas e avenidas com qualidade, sem buracos, limpas, bem sinalizadas e iluminadas. Campos é uma cidade onde o capim nasce no asfalto. Mas 2022 bate na porta e já temos 78 milhões de motivos para resolver esses problemas.

Elaine – É um valor expressivo para reparo das vias públicas. Campos é uma cidade linda por natureza, com cachoeiras, lagoas, morros, prédios históricos e fora do roteiro cultural devido à péssima qualidade das vias de acesso. Para o cidadão comum, escutar que vão gastar 78 milhões para tapar buracos parece piada, pois é muito dinheiro. O Governo Estadual tem projetado esses valores absurdos num processo de pré-campanha escancarada, a partir dos recursos da venda da Cedae, que foi criminosa. A gente quer ver a cidade andar para frente, asfalto, rua bonita, bairro limpo, sem lixo na rua, praças arrumadas, espaços públicos funcionando.

George – Sou morador da cidade. Igualmente me incomoda a deterioração das vias públicas campistas. Incluo aí a ciclovia que também conta com buracos. Em uma destas, em parte da avenida Arthur Bernardes, próximo da Uenf, até mesmo tampas de ferro foram roubadas. Bem, há urgências apresentadas que se impõe. De todo modo, em termos de sustentabilidade, essas vias urbanas precisam de manutenção rotineiramente. A questão é sobre o orçamento municipal. Não há receitas suficientes e constantes que tornem sustentável cuidar desta demanda? Qual a justificativa da busca por recursos de fora do município?

Igor – Dentre todas as melhorias possibilitadas pela melhor situação financeira, a situação de diversas ruas da área central da cidade é a que parece ter recebido menor atenção. Pessoalmente, a percepção é de que as operações “tapa-buracos” são insuficientes, de longe, para corrigir os buracos que se multiplicam pela cidade. Porém, a emergência de resolver essa situação não pode afastar a necessidade de um planejamento para impedir que as novas obras se deteriorem rapidamente, como sempre ocorreu na cidade em outras ações do tipo.

Jefferson – Os últimos anos sacrificaram muito a infraestrutura de nossa cidade. O Brasil tem experimentado uma crise econômica aguda, sendo no Estado do Rio, especialmente na cidade de Campos, o que impossibilitou investimentos na infraestrutura viária e de mobilidade urbana e sua consequente manutenção. Apesar de a crise nacional não apresentar melhoras significativas, o orçamento público do Estado do Rio e o de nossa cidade apontam em uma direção diferente, a curto prazo pelo menos, especialmente com a melhora do preço internacional do petróleo e a venda da Cedae. Que não desperdicemos, mais uma vez, essa “oportunidade orçamentária”.

Nélio – As nossas vias públicas estão bem danificadas e precisam não só de consertos, mas de algo mais estrutural. A crise econômica que assola nosso município talvez tenha impedido uma ação mais consistente nessas reformas, já que o foco tem sido o enfrentamento da pandemia. É sem dúvida uma boa quantia de recursos, que poderá ser aplicada em melhorias e em algumas novas propostas, para uma melhor mobilidade urbana.

 

Wladimir em entrevista ao Folha no Ar (Foto: Folha da Manhã)

 

Folha –  Também no Folha no Ar do último dia 17, Wladimir anunciou o desvio, fora da cidade de Campos, do fluxo de caminhões ao Porto do Açu, em obra estadual de R$ 400 milhões. E também garantiu que “em breve” será anunciado o início da EF 118, também com destino ao Porto do Açu. Como Campos e São João da Barra devem cobrar e acompanhar essas promessas? Como o próprio Porto, que impacto elas terão aos dois municípios e à região?

Edvar – Sem dúvida essas são duas obras muito importantes para melhorar o trânsito da nossa cidade. Seus impactos serão muito positivos, fortalecendo cada vez mais a realidade do Porto em nossa região. Essa logística é essencial, mas continuo achando o acesso rodoviário ao Porto muito tímido.

Elaine – Quero saber de geração de emprego na cidade, isso é o que nos importa de verdade. Se esses projetos estiverem em um planejamento que aponte a curto, médio e longo prazo para ações de geração de emprego e desenvolvimento industrial, tirar o fluxo de caminhões e grandes carretas da área urbana é de fato uma urgência. Como representante sindical, torço para que os recursos entrem nos cofres públicos o quanto antes, com isso teremos mais impostos e logo, reposição salarial, que estamos há quase sete anos esperando.

George – As obras são complexas, se desenvolvem em etapas e agregam atores em diferentes níveis de tomada de decisão. Seria preciso ter acompanhamento do cronograma, dos processos licitatórios e seria algo que caberia ao poder local e à sociedade civil campista. A EF 118 mesmo é projeto que nasce ainda no governo Dilma, em 2015, e tem encontrado diversas dificuldades de implementação, até mesmo de aporte de recursos. De todo modo, são importantes iniciativas de natureza logística e podem trazer ganhos diretos para os setores envolvidos, com impactos negativos que precisam ser mitigados.

Igor – Os corredores logísticos são uma carência urgente da cidade. Fluxo de caminhões e cargas por dentro da cidade reduz enormemente a eficiência da operação e causa transtornos aos cidadãos. Mas uma ressalva precisa ser feita. Os caixas estaduais estão irrigados, por diversos motivos, como há muito tempo não se via. A multiplicação de obras anunciadas precisa ser acompanhada de perto. Há menos de 10 anos, tivemos o Estado do Rio transformado em grande canteiro de obras por ocasião da euforia com a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Parte dos canteiros jamais foi desfeito, o dinheiro secou e as obras ficaram pela metade.

Jefferson – O complexo portuário do Açu traz inúmeras possibilidades e desafios à nossa região, sendo um vetor econômico de primeira grandeza. Infelizmente, os benefícios, historicamente, são partilhados por poucos e suas mazelas democratizadas. O que não é intransponível quando se busca um diálogo dos diferentes atores sociais para um desenvolvimento sustentável. É notório a todos que se deslocam de Campos ao litoral sanjoanense o crescente fluxo de caminhões e, pelas projeções, haverá intensificação. As duas propostas são essenciais, pois potencializarão o empreendimento, diminuindo os impactos negativos na mobilidade urbana.

Nélio – Em meu olhar de cidadão, vejo como um grande avanço este desvio do fluxo pesado de veículos do centro da cidade, que vem trazendo lentidão, riscos maiores de danos nas vias públicas e possibilidades maior de acidentes urbanos. A construção de uma Estrada de Ferro para desaguar no Porto do Açu será de grande importância para o avanço da infraestrutura e economia dos dois municípios, desde que não seja apenas para “desaguar” produtos provenientes de outros estados.

 

Folha – Em série da Folha com 11 painéis sobre a crise econômica de Campos, feita com 34 representantes da sociedade civil entre julho a setembro de 2020, a projeção para 2021 não era boa. Expectativa que se reverteu, sobretudo, por conta do aumento de 97,7% nas receitas de royalties e Participações Especiais (PEs) do petróleo, no comparativo dos 12 meses entre 2020 e 2021, fruto da conjuntura internacional. Wladimir deu sorte? Está sabendo aproveitá-la?

Edvar – Acredito em arauto de boas novas. Da mesma forma que acredito que o desejo de todos é que o prefeito arrume a casa e saiba aproveitar esses benefícios que nosso município pode no momento usufruir. Esperamos por obras importantes e de impacto em nossa cidade.

Elaine – Em 2021, o barril de petróleo subiu, as Participações Especiais tiveram uma crescente, com aporte do Governo do Estado, além da autorização do TAG (Termo de Ajustamento de Gestão do município) pelo Tribunal de Contas (do Estado, TCE) para o uso dos royalties para pagamento com os servidores. Isso tudo favoreceu muito à gestão de Wladimir; sorte ou não, ele conseguiu surfar essa onda. Ao longo de um ano anunciou que o pagamento dos servidores “está em dia”, fato que não condiz com a realidade, pois apenas efetuou três pagamentos no mês. Os demais nove pagamentos foram efetuados depois do quinto dia útil.

George – Temos aí uma questão muito interessante. A Prefeitura pode contar com o aumento expressivo deste tipo de receita e isto implica boa fortuna. Mas, é o mesmo petróleo que apresenta impactos macro e microeconômicos absolutamente negativos para a economia brasileira. Para a maioria da população, premida por pressões inflacionárias, talvez seja jogo de soma zero. De todo modo, é importante avaliarmos se estes recursos implicam de fato investimentos, inclusive no próprio pessoal da Prefeitura, ou se este excedente é dragado por embaraços fiscais.

Igor – No geral, acho que a postura do governo municipal vem sendo positiva frente ao aumento de receitas. A situação do caixa estadual e a aliança do prefeito com o governador também vem potencializando em esse bom momento de caixa. Mas o alívio não pode tirar de vista a necessidade de um ajuste de longo prazo, principalmente no crescimento da folha de pagamento. Como frisei em outras oportunidades, uma Reforma Administrativa em âmbito federal seria de grande ajuda, mas, a esta altura do mandato do Executivo, ninguém espera que isso aconteça.

Jefferson – Prefiro, ao termo sorte, a perspectiva de que estamos vivenciando, em nosso estado e em nosso município, uma conjuntura orçamentária pública muito positiva, porém com lastros de curto e, no máximo, de médio prazo. Espero que saibamos estender de maneira menos provisional os seus benefícios e sua longevidade. O prefeito tem se mostrado muito habilidoso na relação com o Governo do Estado, o Governo Federal e os parlamentares.

Nélio – Vejo que a competência de um gestor envolve muitos aspectos, entre eles suas relações internas e externas. Percebo que o governo Wladimir tem sido feliz na articulação política global, permitindo uma injeção maior de verbas para o município. A crise econômica é mundial e tem sido agravada por uma política nacional equivocada. Porém, alguns aspectos ocorrem a favor, contra a corrente da desvalorização de nossa moeda e da imagem de nosso país, que se bem aproveitados, serão muito positivos para a nossa região.

 

Página 11 da edição de 5 de setembro 2020 da Folha da Manhã

 

Folha – Naquela mesma série de 11 painéis da Folha, a despeito das muitas diferenças de formação e interesse entre os 34 representantes da sociedade ouvidos (confira aqui, aquiaquiaqui, aqui, aquiaqui, aqui, aquiaqui e aqui), três alternativas foram consensuais para Campos sair da crise: retomada da sua secular vocação agropecuária, parceria do poder público com as universidades e adoção integral do pregão eletrônico nas compras do município. Passado um ano, como o governo Wladimir avançou nelas?

Edvar – Não consigo dimensionar o avanço, mas posso afirmar a grande importância da adoção das três alternativas, que devem ser consideradas com total atenção. Para não dizer que não falei das “frutas”, gosto da volta do Ceasa e não posso esquecer de insistir no turismo.

Elaine – As parcerias com as universidades ainda são tímidas, podemos mais, visto que somos uma cidade universitária. Temos o IFF, a UENF, e a UFF com reconhecimento nacional e não exploramos todo o nosso potencial. Gostaria muito de ver parceria das escolas públicas municipais com os laboratórios das universidades. Quanto à questão agropecuária, também foi tímido o avanço. Acredito que tenha a ver com a falta de manutenção das estradas vicinais e limpeza dos canais. Campos têm muito potencial agrícola e tecnológico, precisamos usar de todos os recursos possíveis para sair da dependência dos royalties.

George – Na primeira questão vejo com bons olhos a atuação do professor Almy Junior que, da parte da pasta que ocupa (Agricultura), detém expertise para a tarefa. Sobre o “agro realmente existente” a questão é bem outra e envolve as práticas do setor, setor este bastante heterogêneo e dotado de inúmeras contradições, não obstante a sua inegável importância. Quanto ao pregão, há a implementação, que parece gradual e vale já uma primeira avaliação sobre os seus resultados. Com as universidades vejo boa vontade, incluindo o Legislativo local, o que pode redundar em um conjunto de medidas benéficas nos próximos tempos. A conferir.

Igor – No último painel, em (23 de) outubro, frisei a necessidade de publicidade de medidas nesse sentido, dada a relevância do assunto e o consenso a respeito dos temas. No primeiro ano de gestão, o governo parece ter dado mais foco a questões urgentes de curto prazo. E, dado a pandemia, não poderia ser diferente. Os assuntos em tela parecem ter sido colocados, até aqui, em segundo plano. Mas a nossa cidade carece de soluções de longo prazo, que possam elevar a produtividade da nossa economia e reduzir a dependência dos influxos de dinheiro de royalties. Todas as iniciativas elencadas caminham nesse sentido e precisam de atenção e planejamento.

Jefferson – Há crescente diálogo e estabelecimento de parcerias com as instituições de educação superior e de educação profissional e tecnológica de nossa cidade, nas diferentes pastas do governo. Creio que seus resultados vão se mostrar muito profícuos em breve. Vejo também com esperança as ações na área agrícola. Quanto ao pregão eletrônico, tenho percebido avanços do seu uso nas diferentes secretarias. Porém, no estágio atual da governança e das ferramentas tecnológicas, é possível avançar muito mais. Vejo essa motivação e esforço nas secretarias com que dialogo, como, por exemplo, a de Educação, Ciência e Tecnologia.

Nélio – Não percebi o avanço nestas áreas neste primeiro ano. Mas creio que são alternativas fundamentais, considerando nossa vocação, tendo em vista um crescimento de nossa economia, uma maior geração de empregos e melhoria de nossa infraestrutura. Podemos nos tornar uma das maiores economias do país, pois temos extensão territorial, riquezas naturais, um ensino superior consistente, história e cultura fortes e ricas, e, particularmente gente muito trabalhadora.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

Folha – Campos teve outros indicadores econômicos positivos em 2021, como a retomada dos seus voos e da vizinha Macaé aos EUA, e a abertura de uma inédita linha aérea das duas cidades à Europa. Para o geógrafo campista William Passos, com especialização em estatística e desenvolvimento regional, isso é consequência do processo de metropolização da região da Bacia de Campos, que ele estuda em sua tese de doutorado na UFRJ. Como você vê?

Edvar – Quanto mais modais de transporte avançarem e se qualificarem, melhor para o desenvolvimento regional. O transporte aéreo urge por crescimento. Recentemente, recebemos na CDL a deputada Alana Passos (PSL), que preside a comissão de Turismo da Assembleia Legislativa, e ficamos muito confiantes em uma nova revitalização da malha aérea.

Elaine – Nossa cidade está entre as maiores do estado e, nas regiões Norte e Noroeste, é referência. Crescer é preciso, mas esse crescimento precisa vir da base da pirâmide social para cima, e não o inverso. Não adianta ter voo direto para os EUA e para a Europa com o desemprego assolando a cidade, falta de atendimento adequado em hospitais, famílias morando embaixo de marquises, fome, ruas esburacadas e sem asfalto, violência, saneamento precário e caro, transporte público ruim e custo de vida absurdo. Vamos olhar as pessoas, olhar a nossa comunidade, nossa sociedade, o espaço onde nossos filhos estudam e crescem.

George – Concordo com o colega William. Campos parece já entrar em fase de metropolização e isto, em uma sociedade local com amplos problemas de inclusão, deve ser mais sinal de preocupação do que de comemoração. Me guio pela perspectiva da qualidade do desenvolvimento e se o mesmo é capaz de incluir sua população em seus benefícios ou não. Afinal, vale lembrar que diversas cidades mantêm voos regulares internacionais e, ao mesmo tempo, toleram condições sub-humanas para suas maiorias.

Igor – A notícia me parece menos importante que à primeira vista. A Azul, operadora que atua na cidade, possibilita a realização de conexões para a Europa em praticamente todos os aeroportos onde opera, de pequenas a grandes cidades, passando pelas de médio porte, como Campo e Macaé. O que, obviamente, não significa dizer que nossa região não seja estrategicamente importante para o estado ou para o país.

Jefferson – Os modais de transporte são fundamentais e estratégicos para o desenvolvimento dos territórios. Com o fortalecimento da malha aérea nacional e internacional em nossa região, aliada ao transporte marítimo, nacional e internacional, pelo Porto do Açu, e à ampliação das malhas rodoviária e ferroviária como previstos, esperanças de dias melhores se renovam.

Nélio – Nossa região é potencialmente forte, em vários setores, sendo natural essa possibilidade de conexões aéreas entre grandes centros nacionais e internacionais. Hoje em dia a globalização é uma realidade, principalmente em uma cidade onde a ciência e a academia são destacadas e atuantes, apesar de atualmente enfraquecidas pela falta de estímulos, em nível federal e estadual.

 

Página 3 da edição de hoje da Folha da Manhã

 

Folha – Outra notícia que indica a recuperação econômica goitacá, apesar do cenário de crise nacional, é a geração própria de divisas em notas fiscais de serviço emitidas pelos CNPJs do município. Em 2020, elas geraram R$ 1,6 bilhão, valor que, segundo o próprio Wladimir, chegou a R$ 3,19 bilhões em 2021.  Pode ser a luz no final do túnel que não seja a do trem vindo na direção contrária?

Edvar – Prefiro dizer que é um bom gerador de energia que irá converter em luz além do túnel. Com a pandemia vencida pela vacinação em 2022, se desenha uma saída do túnel, clareando um resultado bem melhor que o ano de 2021. Quem sabe chegaremos a Pasárgada, nossa cidade dos sonhos.

Elaine – É preciso alimentar o comércio local, fazer o dinheiro circular, gerar renda. E isso só se faz com emprego! Uma cidade deste tamanho tem capacidade de reação diante crise, mas precisamos compreender que isso passa por implantar a política certa, ter objetivos planejados e concretos, e ter uma política nacional que atenda os interesses do estado e da cidade. Hoje não temos, mas podemos mudar isso em 2022 e voltar a crescer como país.

George – Concordo com o diagnóstico feito por você, embora que de maneira moderada. Há um avanço importante neste âmbito e não temos sociedade civilizada sem que se tenha algum tipo de sofisticação tributária, o que inclui eficiência, eficácia e efetividade deste aparato. Agora precisamos ver a mesma sofisticação no lado redistributivo do poder local, se o mesmo vai conseguir entregar serviços e investimentos com a mesma sofisticação e pautado por critérios objetivos de justiça. É bom sinal, sim. Vai jogar mais bonito ainda ampliando transparência, diminuindo nossas desigualdades sociais e apresentando a sustentabilidade de seu aparato.

Igor – A principal arrecadação de atividade econômica feita pelos municípios vem da cobrança do ISS, que incide sobre serviços. No ano passado, a pandemia praticamente paralisou esse setor, fazendo com que o volume de notas fiscais emitidas despencasse. O aumento exponencial na comparação anual é efeito da retomada da normalidade. Além disso, tivemos um impacto inflacionário muito alto em 2021. Uma análise técnica mais adequada precisaria analisar uma série histórica mais longa e, preferencialmente, em valores reais, descontada a inflação.

Jefferson – O ano de 2020 não é uma boa referência para comparações econômicas, pois nele estão contidos os maiores impactos da grande recessão das economias regional, nacional e mundial, em virtude da pandemia. Acredito que a nitidez e precisão da análise dos avanços e/ou retrocessos de nossa economia se darão a partir dos resultados de 2022. É certo que houve um aquecimento do mercado de trabalho em nossa cidade, de janeiro a outubro, porém ainda é cedo para saber sua densidade e longevidade.

Nélio – Sou otimista e prefiro, ao invés de apenas esperar, trazer a mensagem do educador Paulo Freire, que falava em esperançar por um tempo melhor. Temos um enorme potencial de crescimento em todos os setores de produção e serviços. Este aumento de receitas só nos dá um sinal de que os tempos irão mudar. Se soubermos aproveitar nossas vocações, Campos terá um futuro promissor.

 

Folha – Uma questão polêmica no final deste ano foi o abono de R$ 2 mil a cada servidor municipal na ativa, que os da educação entendiam ser apenas deles. Wladimir também admitiu as perdas salariais do servidor com a volta da inflação de dois dígitos, mas projetou que só em 2023 poderá debater reajuste. Ele também deu outro alerta: as receitas próprias de Campos não pagam a folha. E o limite para adequar isso é 2025. Como resolver esse dilema?

Edvar – Se não é possível dar um aumento, diante do momento que passamos, um abono ajuda a amenizar as perdas salariais dos servidores. Quanto ao fato das receitas próprias não pagarem a folha, Reforma Administrativa urgente.

Elaine – Os profissionais da educação reconhecem a importância e defendem o abono para todos, o que eles não entendem é o cancelamento do auxílio tecnológico, que tem caráter compensatório diferente da natureza do abono, bem como fontes de custeios diferentes. Os servidores necessitam de reposição inflacionária e é preciso lembrar que os servidores trazem verba federal para a cidade. É preciso sair do discurso e mostrar as contas e a abrir a caixa preta, além de tornar o Portal da Transparência acessível a todos.

George – Vale verificar a origem das verbas do abono, se a verba era de fato destinada aos servidores da educação, ou, se estamos falando de verba sem restrição orçamentária. De todo modo, tocando no cerne de sua questão, os mais de 5000 municípios brasileiros lidam com o problema de lidarem na ponta com as demandas de políticas públicas e nem sempre terem aporte próprio para tal. A descentralização está prevista na CF 88. Não é problema só de Campos. E, apontando para algo que vale também para os outros municípios, a saída envolve eficiência tributária com eficácia redistributiva da aplicação dos tributos. Não vejo outra saída.

Igor – A demanda por reajustes em todas as categorias vai se intensificar nos próximos meses. A carestia intensifica ainda mais a percepção da perda de padrão de vida observada por grande parte da população. Em contrapartida, temos um problema crônico da folha de pagamento da cidade, que consome recursos vultosos e comprime outras despesas, gerando um ciclo vicioso difícil de ser equacionado. Dado que a política é, ou deveria ser, a arte de compatibilizar o desejável com o possível, a bonificação alivia, por ora, as pressões por aumentos salariais que seriam extremamente preocupantes para as contas públicas.

Jefferson – O abono dado não é o ideal, mas, com certeza, é um reconhecimento ao importante trabalho desenvolvido pelos servidores públicos municipais. O ideal é ter carreiras bem definidas e estruturadas e uma política salarial adequada. Entretanto, as realidades econômica e orçamentária do município impõem limites e as demandas sociais pressionam os investimentos públicos. Não é uma equação fácil de se resolver, caso não haja uma expansão das receitas municipais a partir de uma ampliação da atividade produtiva e um olhar criterioso das prioridades da aplicação e otimização do orçamento municipal.

Nélio – Este é um dos maiores desafios de um gestor público, visto que um passado político tradicional, costuma insuflar a folha de pagamento, a partir de promessas de campanhas, com contratações sem justificativas técnicas, ultrapassando o limite tolerável para a saúde financeira do município. E sem, portanto, projetar uma boa estrutura previdenciária. Infelizmente, a única forma de assegurar o balanço positivo para investimentos e ampliação de serviços e empregos é racionalizar o número de servidores, fazendo um estudo profundo e técnico.

 

Folha – Wladimir iniciou 2021 com 22 dos 25 vereadores. Mas após o envio da proposta do novo Código Tributário, na sessão da Câmara de 25 de maio, teve um racha em sua base, que de lá até hoje oscila entre 14 e 15 edis. Como o novo Código acabou não passando, valeu a pena? E como vê a retomada da força política do setor produtivo da cidade, que foi considerada fundamental para a derrota do governo, aliado a vereadores que também são empresários?

Edvar – No caso do novo Código Tributário, não é questão de vitória ou derrota, mas uma questão de crise financeira, em que venceu a população. Quanto a força política, eu quero o crescimento de  Campos e região com a união de políticos, empresários e entidades.

Elaine – Há tempo a Câmara dos Vereadores é considerada um puxadinho do Executivo, e as pautas de interesse da população não são votadas e fiscalizadas. O Código Tributário só não passou devido à pressão das entidades comerciais e dos comerciantes. Os vereadores entenderam o recado das ruas e, em sábia decisão, votaram contra. Assim como a mudança na Lei Orgânica que estão tentando aprovar. A Prefeitura deveria se atentar e diminuir a carga tributária para gerar mais emprego, trazer mais empresas e com isso arrecadar mais.

George – Eu também penso que se coloca a reformulação da questão tributária com urgência urgentíssima nos diferentes níveis de governo. É preciso corrigir as deficiências e injustiças de nosso conjunto de opções de tributação. Contudo, creio que concordo com um diagnóstico implícito na sua pergunta. É preciso timing e processos de legitimação para enfrentar os lobbies e demais grupos de pressão e impetrar as mudanças. A proposta tributária do governo tem, sim, seus méritos. Mas careceu de habilidade política para ser vitoriosa e produziu debandada importante no Legislativo. Debandada que não foi mortal. Mas, sim, foi importante.

Igor – Dado o esfriamento do tema derivado da melhora no caixa do município, é provável que os vereadores que se afastaram mantenham a coesão na votação dos interesses do governo. Quanto ao setor produtivo, é importante haver coesão e entendimento entre eles, dado que a economia de qualquer local só sobrevive pelo dinamismo da iniciativa privada; só é preciso o cuidado para que a atuação não favoreça apenas interesses corporativistas, mas o interesse pelo desenvolvimento econômico da região. O protagonismo de novas lideranças, com da CDL Jovem, por exemplo, parece trazer ares modernos à visão do empresariado local.

Jefferson – Wladimir vem mostrando sua capacidade de escuta, qualidade pouco observada em gestores que preferem o falar e, não poucas vezes, o se impor. Governar exige a competência do decidir, optar e priorizar, mas a partir da escuta dos diversos atores sociais. É natural a discordância nos interesses e demandas dos diferentes atores sociais. O diálogo pressupõe a autonomia dos que dialogam, pois, caso contrário, é um monólogo. A Câmara dos Vereadores deve ecoar as diferentes vozes da sociedade. É legítimo e necessário esse processo de convergências e divergências. Mostra que nossos parlamentares estão exercendo seu papel.

Nélio – O prefeito Wladimir, apesar da idade, tem um bom histórico parlamentar. E com isto fez uma boa articulação no Legislativo no início, bem favorável à sua administração. Porém, em um regime democrático, a oposição de ideias é fundamental e necessária, abrindo novas visões e novos caminhos. A taxação de impostos é bem antipática em todos os setores e certamente discutível no atual cenário. Esse enfraquecimento de apoio político era uma questão de tempo, mas creio que a cidade precisa agora, mais que nunca, aproveitando o sopro do vento das oportunidades, de união para voltarmos ao esperado crescimento e estabilização econômica.

 

Folha – Na entrevista ao Folha no Ar do dia 17, Wladimir projetou que seu grupo político deve lançar, em Campos, dois candidatos a deputado federal e dois a estadual às urnas 2022. Por sua vez, no Folha no Ar de 19 de novembro, o vice-prefeito Frederico Paes (MDB) pregou uma campanha para que os eleitores de Campos e do Norte Fluminense votem em candidatos locais a deputado. Que chance de sucesso eleitoral projeta para as duas proposições?

Edvar – Primeiro queremos a real indicação dos candidatos para depois fazer as avaliações. Mas, como sou bairrista, vejo como salutar votar em candidatos locais para melhor acesso e interlocução, vide Rodrigo Bacellar (SD), que vem fazendo um belo trabalho.

Elaine – Na minha visão, isso se chama continuísmo. Será que isso é o melhor para nossa cidade? Penso que necessitamos de gente com coragem, de sangue novo, de gente com vontade de construir de verdade. A política de Campos precisa de uma boa arejada, é o filho de um contra o filho de outro, famílias que se intercalam no poder. Campos precisa de um respiro de modernidade política, precisa de povo na política, precisa de gente pensando em gente, precisa humanizar essa discussão.

George – O pleito de 2022 lida com mudanças nas regras do jogo que ainda não foram testadas, o que se traduz nas federações partidárias e mudanças nas cotas dos legislativos. Por esta perspectiva eu considero uma ousadia o prefeito cravar números tão precisos para um pleito com novidades nas regras do jogo. Já sobre a saída local proposta por Frederico Paes, ela me parece desconsiderar a complexidade da formulação de preferências do eleitorado. Em suma, me parecem propostas de negociação dura com a realidade.

Igor – Desejável seria se conseguíssemos eleger o máximo de candidatos oriundos da região, independentemente do grupo político de origem. Porém, dado o contexto atual, com uma boa gestão municipal até aqui e o conforto momentâneo no caixa municipal e estadual, é provável que o prefeito consiga eleger os deputados apoiados por ele no ano que vem.

Jefferson – Pela avaliação do primeiro ano de gestão, acredito que o grupo político do prefeito ampliará sua base eleitoral. Comungo com aqueles que reconhecem a necessidade de uma representação parlamentar regional. Naturalmente, nosso município, pela sua densidade demográfica e importância no território, deve ter representações locais, com visão de representação regional, assim como será salutar ter representações políticas de outros municípios que compõe nosso espaço territorial, comungando com esse olhar regional. A atuação política conjunta nos fortalece.

Nélio – A sugestão do vice-prefeito Frederico Paes é bem interessante, pois precisamos neste momento de assentos no Legislativo estadual e federal para carregar a bandeira de nossa região, tão importante no cenário produtivo de nosso estado e país. A voz do interior costuma se perder no cenário político nacional. Com deputados locais eleitos, teremos essa oportunidade de levar nossas importantes demandas com mais forças e possibilidades.

 

Cláudio Castro e Wladimir na reinauguração do Restaurante Popular Romilton Bárbara (Foto: Supcom)

 

Folha – Na eleição a governador, Wladimir endossou ao Folha no Ar do dia 17 seu compromisso com o governador Cláudio Castro para 2022. Já sobre a eleição presidencial, ficou em cima do muro entre os dois principais pré-candidatos em todas as pesquisas, o ex-presidente Lula (PT) e o presidente Bolsonaro. O prefeito só deu uma certeza: “não apoiaria (Sergio) Moro (Podemos)”. Como projeta o município e a região nesses dois pleitos?

Edvar – Enquanto representante de entidade de classe, me reservo a não opinar. Mas continuo na torcida pelo surgimento de uma nova liderança.

Elaine – Não só a região, mas o Brasil não aguenta ficar mais quatro anos sem presidente. Espero que possamos fugir da polarização e dos discursos vazios, para discutir uma política que atenda às necessidades das pessoas, que gere emprego, acabe com a fome, que valorize a vida, a qualidade de vida, que traga o sorriso no rosto do povo. O governo Bolsonaro tem sido cruel com o serviço público, vide a PEC 32 (da Reforma Administrativa, parada desde setembro na Câmara Federal), com as universidades, com pesquisas, com vacinação, com investimento, com o crescimento do país. E isso reflete diretamente na vida de todos.

George – Eu realmente prefiro aguardar as pesquisas dos próximos meses. Campos, se pegarmos os dois (pré-)candidatos que neste momento estão no topo das pesquisas nacionais, apresentou votação relevante tanto para Lula quanto para Bolsonaro em duas conjunturas francamente diferentes. Sobre a opção do prefeito em apoiar de maneira explícita o projeto do governador Cláudio Castro, penso que pode ser uma boa ocasião para vermos se há transferência de voto de Wladimir para Castro. Para apoiadores ou adversários, eis aí um experimento interessante para vermos a quantas anda o capital político do prefeito.

Igor – O desejável é que qualquer posição do prefeito resguardasse os interesses do município. Do ponto de vista prático, importa que consigamos direcionar emendas, verbas federais e incluir a cidade nos planos de investimento de outros entes da Federação. Assim, manter o apoio “em aberto” pode ser estratégico e interessante politicamente para o prefeito, mas também para os cidadãos. Porém, aos olhos do interesse nacional e de uma visão mais ampla, que não necessariamente atende aos interesses imediatos da municipalidade, é trágico que caminhemos para uma disputa entre o saque sistemático aos cofres públicos e o desprezo pela vida.

Jefferson – É compreensível seu alinhamento com o governador e institucional sua relação na esfera federal. Pela sua condição de prefeito e diante das necessidades municipais, vejo como razoáveis seus posicionamentos.

Nélio – Será sem dúvida um ano difícil, com uma disputa acirrada entre dois polos políticos nacionais. Todas as prioridades e necessidades do país entrarão em estagnação, e nosso município deve se cuidar para que possamos continuar nossa caminhada para a recuperação fiscal, de produção e de serviços. Espero que o prefeito tenha esse cuidado especial com a nossa cidade. Este país precisa sair urgente do marasmo em que entramos, deixando para trás de vez o negacionismo, não só na ciência, mas também na falta de percepção da realidade de miséria do nosso povo.

 

Folha – De 0 a 10, que nota daria ao primeiro ano do governo Wladimir? Por quê?

Presidente da Alerj, André Ceciliano; reitor da Uenf, Raul Palacio; e o prefeito de Campos, Wladimir Garotinho, em parceria pela restauração do Arquivo Público de Campos (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

Edvar – Hoje vamos de nota 8. Apesar do 7 que de demos na última entrevista ao Folha no Ar (em 30 de novembro). Nossa entidade desenhou com o poder público municipal uma boa parceria no Natal, foram iniciadas as obras no calçadão e eu, como arquiteto e preservacionista, fiquei muito feliz com o anúncio das obras no Arquivo Público (instalado no Solar dos Jesuítas, construído no século 18 e tombado pelo Iphan, que teve R$ 20 milhões para sua reforma anunciados em parceria entre a Prefeitura, a Alerj e a Uenf). Tenho certeza de que em 2022 temos muito a realizar rumo à nota máxima.

Elaine – Como cidadã, gostaria de dar nota maior, pela abertura das UBS, abertura do Restaurante Popular, abertura de alguns polos esportivos, pela construção da reestruturação da cidade, mas dou nota 7, pois, como presidente do Siprosep, não vejo avanço nas pautas dos servidores. Precisamos de calendário de pagamento ao menos respeitando a sumula nº 381 do TST, necessitamos de reposição inflacionária, mais transparência nas verbas federais, como Fundeb e verbas da Saúde, mais estrutura na Segurança Pública e valorização dos nossos aposentados, que tanto fizeram por esta cidade.

George – Dou nota 7. Em termos comparativos com o governo anterior, a gestão tem se demonstrado maior capacidade e até mesmo nos entregou boas notícias. Mesmo imprevistos, vide a questão do petróleo, sopraram a favor. Também a busca por “dinheiro de fora” tem sido bem-sucedida na formação de parcerias, algo que eu considerava crível ainda pelo candidato a prefeito em campanha. Mas, acho que há espaço avanços em termos estruturantes e minha nota fica como incentivo. Pelo bem da população eu realmente gostaria de dar pontuação máxima em futuras análises. Torço que o estafe consiga e nos surpreenda positivamente.

Igor – O governo começou com um ímpeto muito grande, lembrando os mutirões popularizados por João Doria na capital e, posteriormente, no estado de São Paulo. A boa articulação política é um traço distintivo e vem gerando benefícios concretos à população. Sem dúvidas, o governo foi ajudado por circunstâncias econômicas alheias, mas há méritos na gestão municipal. A perda da urgência no ajuste das contas, a situação das ruas e o transporte público são, sem dúvidas, temas que precisam de um endereçamento mais urgente, assim como um choque de ordem no trânsito campista. “Tudo somado e subtraído”, o resultado é positivo. Atribuo nota 8 ao primeiro ano.

Jefferson – Repetirei a que dei nos 100 dias de governo: nota 8. Porém, o primeiro 8 foi na aposta de futuro. A nota 8 atual já tem bases mais sólidas a partir do que percebi, mas ainda na expectativa do que virá. Espero que em seu segundo ano a administração pública municipal possa consolidar tais expectativas e, como sugestão, priorize o transporte público de nossa cidade, para além, é claro, e não poderia ser diferente, fortaleça nosso tecido educacional.

Nélio – Minha nota para o prefeito Wladimir é 7,5. Continuo vendo como positiva sua administração, tendo muito ainda que melhorar, mas demonstrando sua vontade e energia para levar Campos dos Goytacazes para um tempo melhor.

 

Página 4 da edição de hoje da Folha da Manhã

 

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Este post tem um comentário

  1. CRICIO MANHAES PINTO

    7,5 ??/ ESTA NOTA EU, TINHA QUANDO NÃO ESTUDAVA PARA FAZER PROVA E AINDA TEM MAIS!! ESTUDAVA Á NOITE CANSADO APÓS TRABALHO DURANTE DIA!! NO GOVERNO MAIORIA SE QUER MEDE ESFORÇOS PARA ELABORAR PROJETO SERIEDADE EM PROL POPULAÇÃO E A CIDADE CAMPOS/RJ!!! ROYALTIES MILHÕES E MILHÕES E NADA INFRAESTRUTURA AVANÇAR E SAÚDE/EDUCAÇÃO CADA VEZ PIOR!!! SERÁ TEM GESTÃO?????

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