Declaração de voto a presidente e governador

 

A dois dias da eleição, penso ser a hora de declarar meus votos neste domingo (28).

A presidente, farei opção inédita desde minha primeira eleição, em 1989: anularei o voto. Quem alegar que com isso delegarei minha decisão a outro: concordo! Mas, qualquer que seja, não será a minha decisão. Estou com o velho Otto Von Bismarck: “política é a arte do possível”. Mas não vejo possibilidade de votar em Jair Bolsonaro (PSL) ou Fernando Haddad (PT).

Não sou capaz de dar a anuência do meu voto ao defensor de um torturador condenado, capaz de negar a existência da ditadura militar, preconceituoso com as minorias, contrário à equidade salarial entre os gêneros, estatista convertido em liberal para fins eleitoreiros, que ameaça publicamente seus opositores políticos com exílio ou cadeia, pregador de “Deus acima de todos” e da resolução dos problemas laicos do país à bala.

Tampouco darei meu voto a um gestor público rejeitado no primeiro turno em sua tentativa de reeleição, que não é dono dos próprios votos e tem que buscá-los na porta da cadeia, por um partido que enfiou o Brasil na pior recessão econômica da sua história, cercado de protagonistas do maior escândalo de corrupção da Terra, que tem como projeto de governo o controle da imprensa, da Justiça, do Ministério Público e dos Tribunais de Contas.

Se o eleito me supreender e fizer um governo com respeito à Constituição e à democracia, que promova as reformas necessárias ao país, apoie o combate à corrupção e apresente alguma melhora nas situações calamitosas da economia e da segurança pública, me submeterei à realidade. Não tenho compromisso com o erro, só com minha consciência.

 

 

A governador, votarei em Eduardo Paes (DEM). Ele não foi minha opção no primeiro turno, como também não foi Wilson Witzel (PSC). Mas entre o que já sabia do ex-prefeito do Rio, fico com sua experiência como administrador. À parte qualquer crítica, quem frequenta a capital do Estado pode perceber claramente as melhorias físicas na cidade após a sua administração.

Pesa contra Paes sua ligação íntima com o ex-governador Sérgio Cabral (MDB), que agora alega ter sido meramente institucional. Além da delação do seu ex-secretário de Obras Alexandre Pinto sobre recebimento de propina. Em contrapartida, Witzel celebrou a destruição da placa da ex-vereadora assassinada Marielle Franco (Psol), ensinou como juiz aos colegas de toga a acumular gratificação e tem ligações no mínimo suspeitas com o advogado Luiz Carlos Cavalcanti Azenha, preso ao tentar dar fuga ao traficante Nem da Rocinha.

Se Paes tem (ou teve) o apoio de Cabral, Witzel tem o dos líderes evangélicos, incluindo o atual prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB). Nada contra os evangélicos, cuja leitura teológica respeito, assim como sua valorização sociológica ao êxito profissional e econômico do indivíduo. Mas considero luciferina a promiscuidade entre política e religião, que trata eleitor como gado.

Apoio por apoio, Cabral está preso. Livre, Crivella faz péssimo governo na capital. Eleger Paes, embora difícil pela grande vantagem de Witzel, seria saudável ao equilíbrio político do Estado.

 

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Este post tem um comentário

  1. Johnatan França de Assis

    Olá, meu caro. Antes de tudo venho demarcar que respeito teu voto, como o de todos, pelo direito democrático que o é.
    Para efeito do direito ao contraditório venho fazer uma apologia ao meu candidato neste segundo turno, e quem sabe, fazê-lo entrar no fenômeno da virada.
    Quanto a ser “gestor público rejeitado no primeiro turno em sua tentativa de reeleição” há que se considerar que em 2016 se vivia o auge de aderência social ao anti-petismo (mais do que hoje ainda) e também era o auge da Lava Jato, em toda a ação espetáculo da mídia e judiciário. Apesar da impopularidade a gestão de Haddad trouxe muitos feitos impressionantes e inovadores para a cidade de São Paulo (ciclovias, hospitais, 200mi recuperados de gestões passadas numa controladoria inédita numa prefeitura), inclusive ganhando prêmios internacionais pela melhor gestão da América Latina.
    Sobre “não [ser] dono dos próprios votos e [ter] que buscá-los na porta da cadeia”, isso foi bem verdade no primeiro turno, mas é algo bem óbvio se pensamos na questão da transferência de votos. Agora que rebate as fake news, e boa parte da população sabe que se Presidente Haddad NÃO distribuirá nenhuma mamadeira cujo bico tem formato de pênis, muito menos será ensinado algum kit gay (seja lá o que isso signifique, sou pansexual autodidata), agora Haddad cresce nas pesquisas. Se a eleição fosse em duas semanas acredito que a vitória seria certa, mas, não temos 2 semanas, apenas dois dias.
    Sobre o PT ser “um partido que enfiou o Brasil na pior recessão econômica da sua história”, isso é uma inverdade. Primeiro que acredito que te lembres da hiperinflação que os milicos deixaram, perto daquilo a nossa recessão é fichinha. Outro paralelo histórico pode ser buscado, talvez um pouco forçosamente, nos esforços entorno da Guerra do Paraguay, e certamente na política de emissão de dinheiro maluca de Floriano. E voltando ao PT para aprofundar ainda mais na questão, é claro que a gestão Dilma tomou decisões econômicas que fizeram gerar o clima recessivo, mas muito mais contribuiu pra isso o fim do super-ciclo internacional dos commodities. E sabemos hoje que a recessão se mantém exatamente pela falta de investimento público na geração de empregos e etc, só se culpa o PT, mas estando o PT no poder as soluções que já teria tomado, certamente. Nisso te convido a conhecer o programa econômico de Haddad, muito diferente desse projeto de desindustrialização da Ponte Para o Futuro de Michel Temer e PMDB, “O Brasil Feliz de Novo” é o melhor projeto nacional para saída da recessão e o único que garante a soberania nacional.
    Por fim, achei caricato o comentário “cercado de protagonistas do maior escândalo de corrupção da Terra, que tem como projeto de governo o controle da imprensa, da Justiça, do Ministério Público e dos Tribunais de Contas.”. Bem, deixo o plano de governo ao fim para esclarecimentos maiores, mas desde já garanto que não há nenhuma censura à imprensa, o controle é dos meios cruzados, para pluralizar a mídia e não termos mais tantas famílias como a do Sarney que detêm TV, Rádio e Jornal no MA. Quanto ao judiciário, MP, CGU e TC, assim como a PF, sabemos que essas instituições tiveram autonomia durante o PT, acho um exagero achar que elas seriam coibidas agora. Apesar de não citaste, o projeto é de expansão da PF, inclusive.
    Falei pra caramba, mas acho que pude acrescentar ao debate. Segue o link para o .pdf de “O Brasil Feliz De Novo”.
    disponível em: http://divulgacandcontas.tse.jus.br/candidaturas/oficial/2018/BR/BR/2022802018/280000629808/proposta_1536702143353.pdf

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