Não foi na técnica pela qual o time de Jorge Jesus se marcou. Foi na raça e no drama, marcas da história do Flamengo. Herói do jogo com os dois gols na virada nos últimos minutos do jogo, Gabigol acabou expulso por ter feito gestos obscenos à torcida do River. O que reforçou o caráter épico da conquista da Libertadores da América, como se regido pela torcida: “Pra cima deles, Mengo!”
O time argentino mandou no primeiro tempo. E abriu o placar aos 15 minutos com um gol do atacante colombiano Borré, numa jogada pela direita. A bola cruzou a defesa flamenguista, que voltou a apresentar o preocupante apagão dos 4 a 4 contra o Vasco. O erro coletivo foi coroado com a falha individual de Willian Arão, que teve atuação muito ruim.
Completamente perdido, o volante rubro-negro personificou o nó tático que Marcelo Gallardo aplicou em Jesus na etapa inicial. Ao marcar sob pressão no campo do adversário, o River deu ao Flamengo uma dose do seu próprio veneno. Com atuação monstruosa de Enzo Pérez, ganhou o meio de campo, dificultou a saída de bola do time carioca, cortou suas linhas de passe e explorou os espaços dos seus laterais. Gallardo deu o xeque, mas não o mate.
Se o time portenho sobrou no primeiro tempo, Gallardo errou ao fazer substituições no segundo, quando o Flamengo conseguiu igualar as ações. Supôs que poderia garantir o 1 a 0, a quinta Libertadores ao River e sua terceira como técnico. Faltou combinar com Bruno Henrique, sempre ele, que inventou aos 43 a jogada do primeiro gol, marcado por Gabigol após ótimo passe de Arrascaeta.
Após empatar o jogo, que levaria a final à prorrogação, o mérito da virada histórica foi todo de Gabigol. Ganhou uma disputa de bola aérea com dois jogadores mais altos dentro da área do River e fuzilou de canhota. Literalmente aos 46 minutos do segundo tempo. Ao tirar a camisa para comemorar o gol, levou o cartão amarelo. Que depois seria completo pelo vermelho.
Não foi uma exibição de gala, como sua apaixonada torcida queria. Mas como sua alma foi forjada.