Campanha da CDL com aumento dos casos de Covid e sem Hospital de Campanha

 

Debate entre a campanha da CDL pela flexibilização do fechamento do comércio e o adiamento sem data do Hospital de Campanha envolveu o procurador José Paes Neto e o líder lojista Marcelo Mérida, entre as cobranças ao governos Wilson Witzel e Rafael Diniz (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

Presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado do Rio de Janeiro (FCDL-RJ), Marcelo Mérida foi criticado ao final do Folha no Ar da manhã de ontem (27) pelo procurador-geral do município, José Paes Neto. Que destacou no programa da Folha FM 98,3  o fato do líder lojista ter aderido à campanha da CDL-Campos “Prefeito, apoiamos o combate ao coronavírus, mas não mate o comércio!!!”, pela flexibilização do fechamento do comércio na cidade (confira aqui) para combater a pandemia da Covid-19, sem que o setor produtivo local faça a mesma cobrança ao governador Wilson Witzel (PSC). Que ainda não entregou o Hospital de Campanha de Campos, cujo prazo inicial de 30 de abril já foi  adiado duas vezes e ainda não tem data definida (confira aqui) para entrar em funcionamento. A despeito do PSC do governador ser presidido no município por Mérida, pré-candidato do partido a prefeito de Campos:

— Ainda nessa ponderação de preservação das vidas e preservação das atividades comerciais, a gente precisa manter o foco na preservação das vidas. Compreendo a angústia dos comerciantes, compreendo a angústia das instituições de classe, que estão sofrendo uma pressão muito grande. Mas acho até que essa campanha da CDL poderia ser mudada para “governador, não deixe o comércio morrer”. Porque o prefeito vem fazendo a sua parte, vem ampliando a capacidade do município (confira aqui) de fazer os atendimentos. Agora, as instituições de classe precisam também cobrar ao governador. Alguns representantes dessas instituições são, inclusive, muito próximos ao governador. Marcelo Mérida é presidente do partido do governador, conta com o apoio do governador nessa pré-candidatura (a prefeito). Acho que tem que cobrar ao prefeito (Rafael Diniz), mas que se faça campanha para cobrar também ao Governo do Estado (…) A gente sabe que essas medidas que estão sendo tomadas (pelo governo municipal) não são as mais agradáveis, mas são as mais necessárias. Mas da mesma maneira que se chama o governador aqui (em Campos) para almoços, para eventos, para inaugurações, no momento que tem que se cobrar, que tem coisas aparentemente equivocadas acontecendo, é preciso se cobrar de todos os atores, não só do poder público municipal — observou o procurador.

Com contato tentando desde ontem, logo após o Folha no Ar com José Paes, Marcelo Mérida retornou após a cobrança por sua posição ser reforçada publicamente no Folha no Ar da manhã de hoje, com o deputado estadual Bruno Dauaire, correligionário do líder lojista no PSC do governador. Mérida admitiu estar apoiando e participando da campanha da CDL-Campos. E disse não ver contradição em cobrar ao prefeito e ser presidente municipal do partido de Witzel:

— Antes de ser político, sou empresário. Foi por conta da condição de líder lojista que entrei na vida pública. A reabertura do comércio de Campos não é um pleito individual, mas coletivo. O principal é salvar vidas, mas não podemos deixar o comércio morrer. Nunca preguei desobediência civil aos decretos municipais, mas o diálogo. O Hospital de Campanha é essencial, não só para Campos, mas para toda a região. É preciso colocá-lo em funcionamento o mais rápido possível. O seu adiamento gera insegurança para as autoridades de saúde, para a população e também ao setor produtivo. Mas a atmosfera administrativa do Governo do Estado não está ao alcance da sigla partidária. Em Campos, as instituições do setor produtivo vêm pedindo diálogo. O comércio, a indústria e seus trabalhadores estão na insegurança. A gente vê isso no município e no Estado do Rio. Inciativas como a ampliação de leitos no CCC (Centro de Controle e Combate ao Coronavírus de Campos) precisam se ampliar. A CDL foi feliz ao dizer que é favorável ao combate à Covid-19, mas que não pode deixar o comércio morrer — pregou Mérida.

Lançada na mesma terça em que Campos bateu recorde de casos da pandemia — com 71 novos doentes registrados (confira aqui) nas 24 horas anteriores, superado no dia seguinte (confira aqui) com mais 79 novas confirmações de Covid —, a campanha da CDL-Campos pela flexibilização do comércio gerou questionamento e apoio nas redes sociais. Na postagem do link da matéria na página do Folha1 no Facebook (confira aqui), vários leitores comentaram:

—  Dizemos sim ao isolamento social, dizemos sim à depressão, ao desemprego, à violência por conta do desemprego, e por aí vai… todas as pessoas desorientadas por conta desse difícil momento em que vivemos. Por isso não podemos fazer críticas — argumentou Adriana Chagas.

— Só leio lorotas e mais lorotas! Esqueçam a recuperação do comércio, aproveitem as liquidações que vão acontecer, pois logo após vão fechar as portas — disse Henrique Pereira.

— Será que vão aceitar crediário? Quero ver receber dos falecidos da Covid… — indagou Fábio da Silva.

— Isolamento é o que temos. Se o comércio abrir não vai ter quem vá comprar enquanto não acalmar essa quantidade de infectados. CDL não entendeu isso???? — interrogou Ana Cancio.

— Que o comércio abra e só vá à rua quem precisar comprar. Caso contrário, em muito pouco tempo, a crise financeira vai trazer inúmeros prejuízos, inclusive à saúde de todos — analisou Daniel Aguiar.

— Tem que abrir sim, pois se ficar mais tempo com as portas fechadas não morrerão do vírus e sim de fome — alertou Eunice Porto.

— Só estão pensando no dinheiro — opinou Janete Mendes.

— Abre que vocês vão ver se tem quem compra ou não. O povo já está nas ruas sem comércio. Imagina com o comércio aberto — projetou Edvaldo Moreira.

— Sem contar que corre o risco da força de trabalho adoecer — advertiu Reginaldo Genecy.

— Quem quiser trabalhar, que trabalhe. Quem não quiser, que fique em casa. Simples assim! — simplificou Glayson Almeida.

— É só quem está em casa com bucho cheio e contas pagas, dinheiro certo por mês e sem precisar ir à rua, ficar em casa. Simples. Mas não critique quem realmente precisa para sobreviver. Entendam uma coisa nem todo mundo é igual. Há pessoas que vendem almoço para comer na janta, um leão por dia. É só continuar em casa que não irá se contaminar — tentou separar Leandro Pessanha.

— Os dias do comércio, como o do Centro, estão com os dias contados. E não é só por conta da Covid — analisou Giselya Morais.

— Os caras acham que estão sustentando a humanidade. Tenho pena. Se vocês saírem do mercado, outros substituirão. O capitalismo é assim. Vocês mais do que ninguém deveriam entender isso. Quantas empresas quebram e outras substituem? Sempre foi assim e sempre será. Pessoas perdem o emprego o tempo todo, isso faz parte da vida. Quem está preocupado com a própria vida, não está nem aí para lenga-lenga — analisou Rose Menezes.

— Salvar vidas é essencial! — priorizou Rosangela Jesus.

— Hora ótima para abrir! Curva ascendente 50 novos casos/dia uma cidade com poucos leitos e transporte urbano de última. É isso: extermínio geral! — resumiu Felipe Tilio.

— Se precisar de alguma UTI deixa pro pessoal que tá respeitando o isolamento — propôs Ricardo Curty.

— É muito difícil entender que quem está estrangulando a economia é o vírus, não a Prefeitura? Se abrir tudo amanhã, vai aumentar o contágio e o movimento não vai voltar ao normal de qualquer maneira — explicou aqui Leandro Rabello Monteiro, professor de biologia evolutiva da Uenf. Que, na sua condição de especialista, tinha sido entrevistado no Folha no Ar (confira aqui) de 13 de maio.

 

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