Comando do combate à Covid em Campos fala sobre falta da vacina Coronavac

No último sábado (1º), intitulado “Entre Getúlio e Juscelino, travestis e generais, Covid do Brasil a Campos”, um meu artigo publicado na Folha da Manhã fazia um apanhado da pandemia da Covid-19 no país. Em muito agravada pelo negacionismo do governo Jair Bolsonaro (sem partido) e sua seita, o texto de opinião trazia críticas também à não reserva da segunda dose da vacina chinesa Coronavac em Campos.

Como jornalismo e a própria vida só existem com contraditório, o espaço para se manifestarem sobre a crítica foi aberto e ofertado aos médicos infectologistas Charbell Kury e Rodrigo Carneiro, que comandam o combate ao coronavírus em Campos. Como a posição deles só chegou no final da noite de sexta (07), foi impossível a publicação no mesmo espaço do jornal impresso de ontem (08). Mas segue hoje (09) abaixo, neste blog. Que renova sua aposta na capacidade e comprometimento dos dois profissionais de saúde:

 

Charbell Kury e Rodrigo Carneiro lideram o combate à pandemia da Covid em Campos (Arte: Eliabe de Souza / montagem: Joseli Mathias)

— A pandemia por Covid-19 em Campos dos Goytacazes tem em suas linhas epidemiológicas de crescimento de casos, óbitos e pressão na rede assistencial uma reflexão fidedigna da epidemiologia da grande maioria dos estados e municípios brasileiros. Assim, verificamos diversos momentos em que houve crescimento de casos, óbitos e ocupação de leitos desde 2020, mas consideramos os meses de março e abril de 2021 os piores momentos da epidemia no Brasil. A maior prova desta teoria se deve à constatação de que o número de óbitos em 2021 já é maior do que todo ano de 2020. De forma mais amiúde, Campos dos Goytacazes teve iniciado o pior momento da infecção na semana de 17 a 24 de março. Quando da sinalização da equipe de vigilância/estatística através do sistema de algoritmo de previsão de atraso que demonstrava o crescimento exponencial de casos nas próximas semanas, culminando com a elevação em uma semana do escore de gravidade do amarelo para o vermelho, permanecendo assim por 5 semanas.

Nesse período, diversas intervenções foram utilizadas, tais como restrições/lockdown; aumento do número de leitos clínicos e de UTI, bem como a aceleração da vacinação. Sobre este último tema, o ministério da Saúde, em seu último documento técnico, já recomendava a utilização da 2ª dose da vacina Coronavac como 1ª dose para assim alcançarmos o maior número de pessoas protegidas. Estudos chilenos com a vacina Coronavac demonstram que a 1ª dose já demonstra alguma proteção, mas é ideal termos as duas doses. Entretanto atraso na remessa do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) da China levou a atraso na programação da 2ª dose em metade dos municípios do Brasil que adotaram a antecipação de doses. Ocorre que neste período os óbitos se reduziram, os casos e as ocupações de leitos também e no, dia 7 de maio, foi alcançada a marca de 100.000 pessoas vacinadas em Campos, 1/5 de nossa população protegida com uma dose, enquanto aguardamos a chegada da Coronavac para completarmos a 2ª dose.

Estamos perseguindo a vacinação para o maior número de pessoas, pois acreditamos ser este o melhor caminho para a proteção e eliminação do vírus.

 

Dr. Charbell Miguel Haddad Kury, subsecretário de Atenção Básica, Vigilância e Promoção da Saúde, médico infectologista pediátrico 

 

Dr. Rodrigo da Costa Carneiro, diretor de Atenção Básica, médico infectologista

 

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Este post tem 3 comentários

  1. Ana Celina A R de Azevedo

    Bom dia Aluysio!
    A população deve ser informada, sobre o tempo de imunidade para quem tomou a primeira dose da Coronavac, pois se isso não for observado, a segunda dose em atraso, pode ser ineficiente. Se há um tempo de pausa de 21 a 28 dias entre as doses, previsto pelo laboratório e esse prazo se expande muito além, algum prejuízo de eficácia deve haver, concorda?
    Solicito portanto do Grupo Folha, que torne público esclarecimentos de profissionais capacitados, quanto ao assunto.
    Desde já lhe agradeço.

  2. Cesar Peixoto

    É conversa afiada eu enviei os meus dados para o whatsapp , e até agora não obtive resposta.

  3. Cesar Peixoto

    A verdade é, que está faltando transparência na divulgação da segunda dose da vacina coronavac, aqui em Travessão não saiu lista nenhuma do último lote da vacina.

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