“A Constituição de 1988 definiu o Estado Democrático de Direito no âmbito do qual escolhemos viver e construir o Brasil (…) Mais de três décadas de liberdade e pluralismo, com alternância de poder em eleições legítimas (…) O Brasil é muito maior e melhor do que a imagem que temos projetado ao mundo. Isto está nos custando caro e levará tempo para reverter”. O puxão de orelhas ao governo Jair Bolsonaro (sem partido) foi feito hoje publicamente. Mas não pela oposição. E, sim, por um dos setores tradicionalmente mais ligados ao bolsonarismo: o agronegócio.
Em defesa da harmonia entre os Poderes, sempre posta à prova pelos ataques de Bolsonaro ao Judiciário e ao Legislativo, assinaram o manifesto sete entidades do setor agroindustrial: 1) a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), 2) a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), 3) a Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo), 4) a Associação Brasileira de Produtores de Óleo De Palma (Abrapalma), 5) a CropLife Brasil (entidade ligada a pesquisa, desenvolvimento e inovação nas áreas de germoplasma, biotecnologia, defesa vegetal e agricultura), 6) o Instituto Brasileiro do Algodão (Ibá) e 7) o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg).
A pouco mais de uma semana do 7 de setembro, quando o bolsonarismo promete manifestações pelo país, o agronegócio brasileiro assumiu seu compromisso com a democracia. E riscou uma linha no chão aos apoiadores do presidente que, com seu estímulo, deliram com invasão ao Congresso e ao STF. Mas acabaram ainda mais sós do que já revelam todas as pesquisas, tanto de avaliação de governo, quanto da eleição presidencial de 2022. Não por acaso, hoje (30) os bolsonaristas recuaram no discurso das redes sociais para 7 de setembro, trocando os ataques ao STF pelo mote “liberdade”.
Em bom português: o agronegócio não rasga dinheiro, perdido com a péssima imagem do Brasil no exterior, e nem vai bater palma para maluco dançar. Quem pagar para ver, se arrisca ao mesmo destino que o líder da oposição na Câmara Federal, deputado Alessandro Molon (PSB/RJ), advertiu o atual presidente da República, em entrevista ao programa Folha no Ar, da Folha FM 98,3, na última terça (25): “Se Bolsonaro insistir, vai terminar preso”.
Na dúvida, leia abaixo a íntegra da advertência do agronegócio, pilar das exportações e da balança comercial do país:
Manifestação de entidades do setor agroindustrial
As entidades associativas abaixo assinadas tornam pública sua preocupação com os atuais desafios à harmonia político-institucional e, como consequência, à estabilidade econômica e social em nosso país. Somos responsáveis pela geração de milhões de empregos, por forte participação na balança comercial e como base arrecadatória expressiva de tributos públicos. Assim, em nome de nossos setores, cumprimos o dever de nos juntar a muitas outras vozes responsáveis, em chamamento a que nossas lideranças se mostrem à altura do Brasil e de sua História agora prestes a celebrar o bicentenário da independência.
A Constituição de 1988 definiu o Estado Democrático de Direito no âmbito do qual escolhemos viver e construir o Brasil com que sonhamos. Mais de três décadas de trajetória democrática, não sem percalços ou frustrações, porém também repleta de conquistas e avanços dos quais podemos nos orgulhar. Mais de três décadas de liberdade e pluralismo, com alternância de poder em eleições legítimas e frequentes.
O desenvolvimento econômico e social do Brasil, para ser efetivo e sustentável, requer paz e tranquilidade, condições indispensáveis para seguir avançando na caminhada civilizatória de uma nacionalidade fraterna e solidária, que reconhece a maioria sem ignorar as minorias, que acolhe e fomenta a diversidade, que viceja no confronto respeitoso entre ideias que se antepõem, sem qualquer tipo de violência entre pessoas ou grupos. Acima de tudo, uma sociedade que não mais tolere a miséria e a desigualdade que tanto nos envergonham.
As amplas cadeias produtivas e setores econômicos que representamos precisam de estabilidade, de segurança jurídica, de harmonia, enfim, para poder trabalhar. Em uma palavra, é de liberdade que precisamos —para empreender, gerar e compartilhar riqueza, para contratar e comercializar, no Brasil e no exterior. É o Estado Democrático de Direito que nos assegura essa liberdade empreendedora essencial numa economia capitalista, o que é o inverso de aventuras radicais, greves e paralisações ilegais, de qualquer politização ou partidarização nociva que, longe de resolver nossos problemas, certamente os agravará.
Somos uma das maiores economias do planeta, um dos países mais importantes do mundo, sob qualquer aspecto, e não nos podemos apresentar à comunidade das Nações como uma sociedade permanentemente tensionada em crises intermináveis ou em risco de retrocessos e rupturas institucionais. O Brasil é muito maior e melhor do que a imagem que temos projetado ao mundo. Isto está nos custando caro e levará tempo para reverter.
A moderna agroindústria brasileira tem história de sucesso reconhecida mundo afora, como resultado da inovação e da sustentabilidade que nos tornaram potência agroambiental global. Somos força do progresso, do avanço, da estabilidade indispensável e não de crises evitáveis. Seguiremos contribuindo para a construção de um futuro de prosperidade e dinamismo para o Brasil, como temos feito ao longo dos últimos anos. O Brasil pode contar com nosso trabalho sério e comprovadamente frutífero.
Abag
Abiove
Abisolo
Abrapalma
CropLife Brasil
Ibá
Sindiveg
Quantas toneladas de soja esse grupeco de sindicatos que escreveu a cartinha a mando do PT produz por ano?
Caro Ralf,
Responsável por 27% do PIB brasileiro, afirmar que o agronegócio do país está a mando do PT é como dizer que a cloroquina cura Covid.
Grato pela chance de dimensionar seu delírio!
Aluysio
Onde, nesta mensagem, há alguma palavra contra àqueles que querem celebrar o 7 de Setembro como um bom patriota? Onde, nesta carta, existe alguma repudia ao presidente da república e ao que ele defende?
Pelo contrário, os brasileiros de bem querem manter sua liberdade celebrando o dia da independência de forma ordeira e civilizada, diferentemente de alguns esquerdistas radicais que sempre terminam seus protestos com vandalismo e selvageria;
e o presidente, sempre defendeu a ideia de mostrar o melhor do Brasil lá fora. Diferentemente de uma elite intelectual improdutiva e a grande imprensa militante que são adeptos do “quanto pior, melhor” e querem derrubar aquele que foi eleito democraticamente e se mantem defensor e fiel à democracia.
Caro Murilo Rodrigues,
Pensei que bastava ler. Diante da sua aparente dificuldade cognitiva, tentarei ajudar:
Agronegócio do Brasil — “A Constituição de 1988 definiu o Estado Democrático de Direito no âmbito do qual escolhemos viver e construir o Brasil com que sonhamos. Mais de três décadas de trajetória democrática, não sem percalços ou frustrações, porém também repleta de conquistas e avanços dos quais podemos nos orgulhar. Mais de três décadas de liberdade e pluralismo, com alternância de poder em eleições legítimas e frequentes”.
Convocação para “celebrar o 7 de Setembro como um bom patriota” pelo cantor sertanejo Sérgio Reis — “Se em 30 dias eles não tirarem aqueles caras (ministros do STF), nós vamos invadir, quebrar tudo e tirar aqueles caras na marra. Pronto. É isso que você quer saber? É assim que vai ser. Pronto”.
Convocação para “celebrar o 7 de Setembro como um bom patriota” pelo coronel da reserva dos Bombeiros do Ceará, Davi Azim — “Ninguém pode ir a Brasília simplesmente para passear, balançar bandeirinhas e tão pouco ficarmos somente acampado (…) Como todos devem saber, nós teremos vários reservistas lá e R2, pessoas que têm conhecimento de como podemos fazer formações de grupamento para nos organizamos e adentrarmos ao STF e ao Congresso (…) caso haja reações, vamos ter que enfrentar”.
Convocação para “celebrar o 7 de Setembro como um bom patriota” pelo ex-deputado federal, preso pelo Mensalão do PT e presidenta nacional do PTB, Roberto Jefferson — “Nós temos que agir agora. Concentrar as pressões populares contra o Senado, e, se preciso, invadir o Senado e colocara para fora da CPI a pescoção. Porque moleque a gente trata a pescoção”.
Agronegócio do Brasil — “O desenvolvimento econômico e social do Brasil, para ser efetivo e sustentável, requer paz e tranquilidade, condições indispensáveis para seguir avançando na caminhada civilizatória de uma nacionalidade fraterna e solidária, que reconhece a maioria sem ignorar as minorias, que acolhe e fomenta a diversidade, que viceja no confronto respeitoso entre ideias que se antepõem, sem qualquer tipo de violência entre pessoas ou grupos. Acima de tudo, uma sociedade que não mais tolere a miséria e a desigualdade que tanto nos envergonham”
Jair Bolsonaro, presidente do Brasil — “O CAC (Caçador, Atirador e Colecionador de armas) está podendo comprar fuzil. O CAC, que é fazendeiro, compra fuzil, o 7,62. Tem que comprar é… tem que todo mundo comprar fuzil, pô. O povo armado jamais será escravizado. Eu sei que custa caro. Tem um idiota: ‘ah, tem que comprar é feijão’. Cara, se não quer comprar fuzil, não enche o saco de quem quer comprar”.
Grato pela chance de evidenciar o contraste!
Aluysio
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