Dois turnos a presidente e governador
A contar de hoje, faltam 67 dias para as urnas das eleições nacionais de 2 de outubro. Até aqui, todas as pesquisas de julho projetam o 2º turno de 30 de outubro, entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL). Assim como para governador do Rio, entre o atual, Cláudio Castro (PL), e o deputado federal Marcelo Freixo (PSB). A diferença está no resultado do 2º turno. A governador, o cenário projetado é a incerteza do empate técnico, na margem de erro. A presidente, fora da margem de erro, todas as pesquisas apontam a vitória final de Lula.
Duas novas pesquisas nacionais
No sábado (23), a coluna analisou três pesquisas: a PoderData e a Exame/Ideia foram nacionais; e a Ipec, só no RJ. Na segunda (25), mais duas pesquisas nacionais foram divulgadas: a XP/Ipespe, feita de quarta (20) a sexta (22); e a BTG/FSB, de sexta a domingo (24). Ao 1º turno, a BTG/FSB deu Lula com 44% das intenções de voto, contra 31% de Bolsonaro. Com a vitória do petista no 2º turno, com 54% contra 36% do capitão. Ao 1º turno, a XP/Ipespe deu Lula com 44%, contra 35% de Bolsonaro. Com a vitória do petista no 2º turno, com 53% contra 36% do capitão.
Vantagem de Lula no 1º e 2º turno
A BTG/FSB e a XP/Ipespe ouviram, cada uma, o mesmo quantitativo de 2.000 eleitores e via Cati (entrevistas telefônicas assistidas por computador). Nas projeções do 1º turno, a vantagem de Lula para Bolsonaro ficou em 13 pontos na BTG/FSB. E em 8 pontos na XP/Ipespe. Nas simulações do 2º turno, a vitória de Lula sobre Bolsonaro se daria por 18 pontos de vantagem na BTG/FSB. E por 17 pontos na XP/Ipespe. Na margem de erro de 2 pontos (FSB) ou 2,2 pontos (Ipespe) para mais ou menos, as duas pesquisas viram coisas próximas no 1º turno. E o mesmo no 2º turno.
Vantagem cresce ou diminui? (I)
Com muitas semelhanças na metodologia e na projeção dos resultados do 1º e 2º turnos presidenciais, ambos com liderança de Lula, BTG/FSB e XP/Ipespe têm também diferenças. Comparada com a XP/Ipespe anterior, de 1º de junho, a de ontem revelou queda de 1 ponto de Lula, que foi de 45% a 44% de intenções de voto no 1º turno. Como o crescimento de 1 ponto de Bolsonaro, de 32% a 33%. Comparada com a BTG/FSB anterior, de 11 de julho, a de segunda registrou crescimento de 3 pontos de Lula, de 41% a 44% no 1º turno. E a queda de 1 ponto de Bolsonaro: de 32% a 31%.
Vantagem cresce ou diminui? (II)
Em intervalo de tempo menor, de apenas 14 dias, as duas últimas BTG/FSB revelaram aumento da vantagem de Lula sobre Bolsonaro no 1º turno: de 9 pontos para os atuais 13 pontos. Em intervalo de tempo maior, de 55 dias, as duas últimas XP/Ipespe registraram queda da vantagem de Lula a Bolsonaro no 1º turno: dos 11 pontos de junho aos 9 pontos de julho. Antes da XP/Ipespe e da BTG/FSB, a pesquisa presidencial anterior foi a Exame/Ideia de quinta. Que trouxe aumento da vantagem de Lula sobre Bolsonaro: dos 9 pontos de junho (45% a 36%) aos 11 pontos de julho (44% a 33%).
Eleição cristalizada
Todas essas diferenças estão na margem de erro das pesquisas, como as evoluções dos demais presidenciáveis, o que demonstra a estabilidade do quadro. O que difere essa eleição presidencial de todas as demais desde 1989, quando passaram a ser em dois turnos e voltaram a ser pelo voto popular, são os altos índices de intenção espontânea desse voto. Que revela como a eleição de outubro já está cristalizada. Da boca do eleitor, sem que lhe sejam apresentados os nomes dos candidatos, ele já dá os mesmos 40% a Lula e 30% a Bolsonaro, na BTG/FSB e na XP/Ipespe espontâneas.
RJ/Brasil
Tão perto das urnas, o que serve para projetá-las é a consulta estimulada, com os nomes dos candidatos. Na pesquisa Ipec de quinta a governador do Rio, Castro teve 20% de intenção de voto na estimulada do 1º turno, com 14% a Freixo. Já na espontânea, Castro não foi além dos 12%, com 8% a Freixo. A diferença proporcional entre espontânea e estimulada, como geralmente ocorre, ainda é grande. Já Lula, com 40% na espontânea, só chega a 44% nas estimuladas BTG/FSB e XP/Ipespe. Por sua vez, com 30% na espontânea, Bolsonaro só chega a 31% na estimulada BTG/FSB. E a 35% na XP/Ipespe.
As desvantagens de Bolsonaro
O que as pesquisas revelam, qualquer um pode notar: quem vota em Lula, já vota; quem vota em Bolsonaro, também. Mas o presidente tem três desvantagens. A primeira é o piso eleitoral inferior. A segunda, que fixa o teto de crescimento no 2º turno, é a rejeição. Bolsonaro a lidera na BTG/FSB e na XP/Ipespe, com 58% que não votam nele de maneira nenhuma. Lula tem 42% de rejeição na BTG/FSB, e 43% na XP/Ipespe. A terceira desvantagem são os ataques do capitão à democracia e à urna eletrônica. Que só agradam ao voto que já tem. E crescem quem não vota nele de maneira nenhuma.
Publicado hoje na Folha da Manhã.