Eleição a prefeito de São Paulo
Amanhã, domingo de 27 de outubro, o eleitor definirá o 2º turno a prefeito em 51 municípios brasileiros — 15 capitais de estado entre eles. Nenhum é mais importante que São Paulo, maior cidade do Brasil e América do Sul. Em postagem de 13 de outubro, 13 dias atrás, o blog Opiniões projetou com base em todas as pesquisas eleitorais: “Por que Ricardo Nunes (MDB) será reeleito prefeito de São Paulo?” De lá para cá, a vantagem de Nunes para Guilherme Boulos (Psol) nas intenções de voto diminuiu. Mas, como essa vantagem continua em cerca de 2 dígitos em todas as pesquisas, a perspectiva da reeleição se mantém.
Vantagem de Nunes sobre Boulos (I)
Hoje, serão divulgadas as duas últimas pesquisas antes da urna paulistana: Quaest e Datafolha. O último levantamento Quaest, divulgado na quarta (23), projetou a menor vantagem de Nunes: 44% de intenção de voto na consulta estimulada, contra os 35% de Boulos. A diferença, portanto, seria de 9 pontos ao atual prefeito. Mas puxando ao máximo a margem de erro de 3 pontos, a mais para Boulos e a menos para Nunes, os mesmos 3 pontos poderiam ser a diferença. Na Datafolha divulgada na quinta (24), essa diferença apareceu muito maior: 14 pontos, dos 49% de intenção de voto de Nunes aos 35% de Boulos.
Vantagem de Nunes sobre Boulos (II)
Outros três institutos de renome nacional trouxeram pesquisas a prefeito de São Paulo na semana. Na segunda (21), a AtlasIntel deu 54,8% de intenção de voto a Nunes e 42,2% a Boulos, 12,6 pontos atrás. Na terça (22), pesquisa do instituto Paraná deu o prefeito com 51,7% e 39,6% do psolista, 12,1 pontos atrás. Na quarta, além da Quaest, saiu também a Real Time Big Data, com 51% a Nunes e 40% de Boulos, 11 pontos atrás. Assim, antes das novas Quaest e Datafolha de hoje, a vantagem do prefeito na intenção de voto girou entre 9 e 14 pontos. Não é insuperável. Mas, a 24 horas da urna, parece pouco provável que seja batida.
Desvantagem de Boulos a Nunes
Uma eleição em dois turnos gira sempre entre dois eixos: no 1º turno, uma disputa de pisos; no 2º, uma disputa de tetos. E o que fixa cada um destes tetos é a rejeição. Além de Nunes ter, para além da margem de erro, o piso de intenção mais elevado em todas as pesquisas, Boulos também tem a maior rejeição em todas. Pela Atlas, 59% dos paulistanos têm imagem negativa dele, contra os 44% que têm de Nunes, com 15 pontos a menos. Na pesquisa Paraná, 48,1% disseram não votar no psolista “de jeito nenhum” e 37,3% no prefeito, com 10,8 pontos a menos. Na Big Data, Boulos teve 53% de rejeição e Nunes teve 36%, 17 pontos a menos.
Da desvantagem à única fresta a Boulos
Na Quaest, como nas intenções de voto, foi onde Boulos teve o menos pior na rejeição: 40% dos eleitores têm imagem negativa dele e 36% têm do prefeito. O que são apenas 4 pontos de diferença e um empate técnico na margem de erro. Na Datafolha, no entanto, a rejeição do eleitor ao psolista foi de 55% e 37% de Nunes, com 18 pontos a menos. Se os números da Atlas, da Big Data e da Datafolha estiverem corretos, todos lhe creditando mais de 50% de rejeição, a eleição de Boulos é matematicamente impossível. Pela Paraná, também é muito difícil. A única fresta, de uma janela estreita, é na Quaest.
O Castro e o Freixo de São Paulo
Antes do 1º turno, todas as pesquisas projetavam: a melhor chance de Boulos seria disputar o 2º turno contra Pablo Marçal (PRTB). Como a melhor chance deste seria o turno extra contra Boulos. Considerados radicais de esquerda e direita, a rejeição aos dois é imensa. A despeito dos erros e virtudes no governo que herdou da morte do ex-prefeito Bruno Covas, Nunes é um político insosso e moderado de direita. Mas a quem o acaso sorriu. É uma espécie de Cláudio Castro (PL) paulistano. Tanto quanto Marcelo Freixo (hoje, PT) pode ser considerado, no mesmo perfil ideológico e grande rejeição ignorada pela esquerda, um Boulos fluminense.
Tarcísio ativo, Bolsonaro passivo e votos de Marçal
Com a máquina na mão, o apoio passivo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ativo do governador Tarcísio de Freitas (REP), Nunes também herdou, pelas pesquisas, entre 70% e 80% dos mais de 1,7 milhão de votos que Marçal teve no 1º turno. Esnobado por Nunes no 2º turno, por determinação de um Tarcísio que bancou o prefeito enquanto Bolsonaro se acovardou diante de Marçal, este fez ontem uma live com Boulos. Em que ambos impressionaram pelo clima amistoso, depois que o ex-coach usou uma carteira de trabalho para fazer jogo de gato e rato com o psolista e o acusou de consumir cocaína nos debates.
São Paulo a Campos: pagas da esquerda
Recusado por Nunes, o convite de Marçal foi atendido por Boulos, numa linha auxiliar inversa entre extrema-direita e esquerda à que se deu no 1º turno a prefeito de Campos. Antes, o psolista já tinha aderido no 2º turno ao discurso de empreendedorismo e prosperidade às periferias. Que, demonizado pela esquerda, foi uma das principais causas do fenômeno Marçal. Em Campos, a “paga” do PT foi ver sua deputada estadual Carla Machado apoiar a prefeita a Delegada Madeleine (União), tiete assumida do ex-coach. Na cidade de São Paulo, a “paga” para Boulos na live de Marçal foi a declaração deste: “Não voto na esquerda jamais”.
Publicado hoje na Folha da Manhã.
Não estava de férias?
Ah, entendi, pra (trecho excluído pela moderação)
Espero que a moderação não demore a liberação do comentário, boas férias…
Caro Almyr Sarmet (IP: 177.26.84.0),
Não são férias, mas dedicação a um projeto pessoal. Quanto ao tempo, foi o suficiente para as urnas paulistanas confirmarem ontem mais um resultado eleitoral aqui antecipado, com base na análise objetiva e impessoal das pesquisas.
No mais, vc talvez entendesse melhor se soubesse ler: “Como estava previamente planejado, farei um hiato do jornalismo nos próximos meses. Em jornal, rádio, TV, site e neste blog. Que só será quebrado em questões pontuais, como o 2º turno das eleições municipais brasileiras de 27 de outubro, onde eles ainda existirão, e a eleição a presidente dos EUA em 5 de novembro”.
Para tentar ajudá-lo, é o primeiro parágrafo da postagem: https://opinioes.folha1.com.br/2024/10/13/apos-taxa-de-acerto-nuca-antes-vista-pausa-para-projeto-pessoal/
Grato pela chance de reforçar o que já tinha sido escrito.
Aluysio