Odisséia da Câmara ao Ministério Público

Encontro de hoje entre o advogado Cleber Tinoco e a vereadora Odisséia Carvalho, no gabinete desta na Câmara (foto de Leonardo Berenger)
Encontro de hoje entre o advogado Cleber Tinoco e a vereadora Odisséia Carvalho, no gabinete desta na Câmara (foto de Leonardo Berenger)

 

Como adiantado em matéria do jornalista Renato Wanderley, no Folha Online (aqui), o encontro entre a vereadora e blogueira Odisséia Carvalho (PT) e do advogado e blogueiro Cleber Tinoco, na manhã de hoje, no gabinete da petista na Câmara. Cleber deve auxiliar juridicamente Odisséia, que vai dar entrada no Ministério Público (MP) acerca de três pedidos de informação negados pela bancada governista na sessão da última terça-feira, dia 16: a construção de 5,1 mil casas populares, pelo Grupo Odebrecht, no valor de R$ 357, 8 milhões; a construção das habitações dentro da Lagoa Maria Pilar, dentro de área de proteção ambiental, e sobre a concorrência pública referente às obras do programa Bairro Legal em Donana e Ururaí, no valor total de R$ 56 milhões, que beneficiaram as construtoras Avenida e Construsan, cujos proprietários colaboram na campanha da prefeita Rosinha Garotinho (PMDB).

Odisséia quer dar entrada no MP já na próxima segunda-feira, dia 22. Para tanto, ela só espera a ata da sessão de terça, comprovando que os pedidos foram negados. O documento está sendo providenciado pela assessoria jurídica que herdou junto com o mandato e as bandeiras do falecido vereador Renato Barbosa.  

Anunciado com exclusividade pelo blog (aqui), a reunião de hoje com Cleber, segundo a própria Odisséia, partiu de um sugestão feita a ela feita pelo jornalista e blogueiro Alexandre Bastos.

Passado antevê o futuro

A partir das pertinentes lembranças dos leitores Thais e Joselio (aqui), a série recordações do blog volta para fechar o dia de hoje em edição especial. Afinal, dentro e fora do PT, só pode se arriscar a antever o futuro quem não se esquece do passado, sobretudo o bem recente…

 

Respostas de Odisséia, Diniz, Anomal e Makhoul

Por Aluysio, em 11-12-2009 – 22h08

A boa matéria feita e assinada pelo Alexandre Bastos, publicada na edição de hoje da Folha, impressa e online (aqui), intitulada “Contra a covardia virtual”, já estaria de bom tamanho. Aliás, talvez tenha sido até exagero para retratar a pequenez dos atos de um grupo francamente minoritário no PT de Campos, especializado em perder eleições.

De qualquer maneira, como a gênese do assunto abordado se deu neste blog (aqui), incoerente seria não reproduzir aqui as opiniões dos petistas Odisséia Carvalho, Hugo Diniz, Hélio Anomal e do ex Makhoul Moussallem sobre as tentativas de ridicularização pública tramadas por essa turma do próprio PT, definida ainda em vida pelo saudoso vereador Renato Barbosa: “São uns canalhas!”

 

Odisséia Carvalho

“Tentam desqualificar as pessoas. Uma tática de baixo nível. Se fosse feita por quem assina, já seria ruim. Sendo feita por quem se esconde, se torna ainda mais baixa. Tentam ofender, acusar sem fundamento. Tudo sem aparecer. Isso não é democracia, é covardia”.

 

Hugo Diniz

“Algumas pessoas usam blogs para caluniar, difamar e debochar. Além disso, liberam comentários anônimos. Ou seja, está tudo errado. O que seria uma importante para um bom debate acaba virando uma espécie de espaço sem regras. de qualquer maneira, não costumo ler blogs. Não tenho tempo”.

 

Hélio Anomal

“Existem ‘companheiros’ que usam uma estratégia covarde. Temos hoje um grande desafio em nossa cidade. Precisamos enfrentar algumas figuras covardes. O que tenho vontade de falar, falo na cara ou então assino. Mas, infelizmente, nem todos agem assim. Se quiserem aparecer, para falar na minha cara, estou pronto”.

 

Makhoul Moussallem

“É impossível discutir com quem se esconde. Soube que fizeram chacota com o meu nome em um blog. Mas como vou debater com quem usa um pseudônimo? O cara não aparece, não assina. Isso para mim não passa de covardia, de idiotice. Nem perco o meu tempo tentando saber quem é o imbecil que faz isso”.

Sem escola, 900 crianças brincam nas ruas do Pq. Prazeres

Com a única escola pública do Parque Prazeres fechada para reforma, brincar nas ruas do bairro é a opção para as 900 crianças matriculadas (foto de Leonardo Berenger)
Com a única escola pública do Parque Prazeres fechada para reforma, brincar nas ruas do bairro é a opção para as 900 crianças matriculadas (foto de Leonardo Berenger)

 

Já que o governo muncipal, felizmente, se apressou em suspender a suspensão do Plano de Cargos e Salários dos professores da rede pública municipal (aqui), poderia demonstrar a mesma celeridade na reforma de escolas que ainda não abriram, já a caminho de fechar a terceira semana de aulas, após o início do ano letivo. A previsão da reforma da Escola Municipal Custódio Generoso Vieira, única no Parque Prazeres, é de só abrir para os alunos no final do mês. Enquanto isso, como mostra a foto, resta às 900 crianças matriculadas brincar nas ruas de um dos bairros mais violentos de Campos:

— Eu fico preocupada com essa demora e ainda não sei quando as aulas começam. Enquanto isso, meus quatro filhos ficam brincando na rua mesmo — desabafou a dona-de-casa Ceziane Graça, 29 anos.

Chuva causa desabamentos na Formosa e Tira-Gosto

Mãe observa com o filho o estrago provocado no quarto das crianças pela queda de uma árvore na Tira-Gosto (foto de Antonio Cruz)
Mãe observa com o filho o estrago provocado no quarto das crianças pela queda de uma árvore na Tira-Gosto (foto de Antonio Cruz)

 

Com a chuva que caiu sobre Campos na madrugada de hoje, uma casa desabou na esquina da rua Tenente Coronel Cardoso (Formosa) com Álvaro de Lacerda, enquanto uma árvore de mais de 20 metros caiu sobre duas residências na comunidade da Tira-Gosto. O primeiro imóvel era antigo e estava desabitado. Já a queda da árvore se deu sobre duas casas ocupadas por famílias. Numa delas, só não ocorreu uma tragédia porque o cômodo mais afetado estava vazio. Ele era ocupado por três crianças que estavam dormindo no quarto da mãe.

Além das cenas impressionarem, fica o alerta à Defesa Civil, já que as chuvas prometidas para o verão, mas concentradas apenas em São Paulo, parecem estar chegando só agora à região. Desde a semana passada, as chuvas e o vento já desalojaram 80 famílias, com uma morte já registrada no distrito de Santo Eduardo.

 

Chuva na madrugada desabou a casa antiga e felizmente desabitada na Formosa (foto de Mauro de Souza)
Chuva na madrugada desabou a casa antiga e felizmente desabitada na Formosa (foto de Mauro de Souza)

Pezão confia em Lula

Vice de Cabral, Luiz Fernando Pezão falou hoje à Folha, para confirmar que confia no compromisso assumido por Lula, a despeito das suas declarações na Jordânia (foto de Rodrigo Silveira)
Vice de Cabral, Luiz Fernando Pezão falou hoje à Folha, para confirmar que confia no compromisso assumido por Lula, a despeito das suas declarações na Jordânia (foto de Rodrigo Silveira)

 

Ouvido agora há pouco pelo jornalista e blogueiro Alexandre Bastos (aqui), para reportagem da Folha na edição de amanhã, o vice-governador Luiz Fernando Pezão pareceu endossar o raciocínio do blog em relação àquilo que, de fato, pode estar por trás da declaração do presidente Lula, na Jordânia, em relação à partilha dos royalties:

— Até agora o presidente cumpriu com tudo que foi combinado com o estado do Rio de Janeiro — disse Pezão, se referindo ao acordo do presidente com o governador Sergio Cabral, pela manutenção dos royalties pós-sal para os estados e municípios produtores (aqui e aqui), deixando a divisão só para o pós-sal.

A esperteza de Lula

Lula falando hoje na Jordânia sobre a paz no Oriente Médio, região do petróleo, enquanto no Brasil continua a batalha pelos royalties (foto de Ricardo Stuckert)
Lula falando hoje na Jordânia sobre a paz no Oriente Médio, região do petróleo, enquanto no Brasil continua a batalha pelos royalties (foto de Ricardo Stuckert)

 

À pergunta feita no post abaixo, o blog se arrisca aqui a uma interpretação. Mesmo aqueles que não habitam a esmagadora maioria da população brasileira que tem em Lula uma liderança inconteste, não podem negar sua aguda esperteza política, herança dos anos na atividade sindical.

Não é segredo que, dada a ruidosa reação dos estados e municípios produtores de petróleo, sobretudo no Rio de Janeiro, o próprio deputado federal Ibsen Pinheiro (PMDB/RS), autor da emenda da partilha dos royalties aprovada na Câmara, já tem procurado o Senado, onde o texto será agora votado, para propor formas de compensação aos principais afetados. Ou seja: o próprio algoz tenta abrir possibilidades de acordo. 

Ocorre que os principais afetados são apenas duas unidades da Federação: Rio de Janeiro e Espírito Santo — São Paulo, que já recolhe a maior parte do ICMS do petróleo, por concentrar seu refino, tem apenas uma parte veiculada à exploração, mas em jazidas futuras. Em outras palavras, com a atual divisão de cadeiras no Congresso Nacional, Rio e Espírito Santo estão condenados à derrota em qualquer embate num tema de interesse econômico direto e contrário dos outros 24 estados federados, mais o distrito federal. Isso é inexorável, quer seja na Câmara, quer seja no Senado.

Todavia, é fato também que a polêmica da partilha dos royalties, mesmo se aprovada no Congresso, quer Lula vete ou não, acabaria sendo resolvida no Supremo Tribunal Federal (STF), por envolver questão constitucional, numa brecha da sua interpretação que a emenda de Ibsen tenta aproveitar.

Levado em consideração tudo isso, a declaração de Lula na Jordânia —  “a bola (dos royalties) agora está com o Congresso” —, no lugar de um rompimento da palavra no acordo pelo veto que Cabral afirmou ter com o presidente (aqui e aqui), endossado no dia da votação da emenda na Câmara (aqui), pelo líder do governo, deputado Cândido Vacarezza (PT/SP), sinaliza mais para uma costura governista no Senado, com aval do próprio Ibsen, para lá mesmo garantir os termos do tal acordo com o governador do Rio: manutenção do pós-sal integral para estados e municípios produtores e divisão do pré-sal com todos os demais.

Esperto como poucos políticos na história deste país, com isso Lula se pouparia do desgaste que um veto lhe traria num ano eleitoral, diante da maioria dos estados e municípos brasileiros, que  não produzem petróleo e nem arcam com os impactos naturais e sociais da sua extração, mas dele também querem sua fatia de recursos.

Royalties — Lula lava as mãos???

Administrar uma redação de jornal e dois blogs ao mesmo tempo, um deles com atualização bem aquém do desejado, é tarefa prazeroza, mas não das mais fáceis. Não por razão diversa, apenas agora podemos atualizar este Opiniões, que sempre tem andado na frente na cobertura dos royalties, acerca da declaração do presidente Lula(aqui), hoje, em visita a Jordânia, de que não vai se meter mais na decisão do Senado brasileiro, a quem caberá analisar e votar a partilha dos recursos do petróleo aprovada na Câmara Federal na última quarta-feira, dia 10:

— O presidente da República já apresentou o projeto. Está na mão do Congresso Nacional. O Congresso que resolva o problema. Eu já cumpri a minha parte. Apresentei (a proposta sobre os royalties) como o resultado de um acordo. A bola agora está com o Congresso — disse hoje o presidente.