Aqui, na democracia irrefreável das redes sociais, o advogado, blogueiro e diretor de Controle de Licitações do Observatório Social de Campos (conheça-o aqui), Cleber Tinoco se posicionou contrário à proposta feita pelo deputado estadual Roberto Henriques (PSD) ao governador Sérgio Cabral, divulgada aqui, de transformar a Fenorte numa secretaria do Norte e Noroeste Fluminense. Elucidativo, como sempre, conheça abaixo os motivos do Cleber:
Cleber Tinoco
Com todo respeito ao Dep. Roberto Henriques, mas a sua proposta de transformar a Fenorte numa Secretaria de Estado não me parece boa. Primeiro, porque a divisão de competências entre as Secretarias do Estado é feita com base no critério material e não territorial, como propõe o Deputado. Segundo, porque a proposta implica despersonalizar a Fenorte, transformando-a em órgão e tornando-a incapaz de adquirir direitos e contrair obrigações, suprimindo, pois, sua autonomia financeira e patrimonial. Por fim, apenas para ficar com três razões, porque a proposta supõe que a Fenorte deixaria de estar vinculada a outra Secretaria para estar subordinada diretamente ao Governador, mas isso não conduz a nenhuma vantagem imediata para a realização da missão pensada para a Fenorte pelo Dep. Henriques, exceto pelo fato de se poder falar direto com o Governador.
Não foi só a oposição que reagiu (aqui) ao que disse Paulo Feijó (PR) em entrevista à Folha da Manhã, publicada aqui no último domingo (23/02), sobre a pré-candidatura de Anthony Garotinho (PR) a governador, a análise das gestões Rosinha (PR) na Prefeitura e da oposição ao casal em Campos. Citada na entrevista como puxadora de voto do PR, a deputada estadual Clarissa Garotinho, em visita ontem à Folha, também comentou algumas declarações do colega de legenda e adversário na corrida por uma cadeira na Câmara Federal. Confira abaixo, na apuração e redação do jornalista Alexandre Bastos, que deu aqui mais detalhes dos planos da deputada e seu partido para outubro:
“Dessa vez vou poder caminhar e pedir votos em minha cidade. E isso não atrapalha a candidatura do deputado federal Paulo Feijó, que também tem força em diversos municípios da região e conta com aliados em Campos. Nossa meta é eleger 10 deputados federais. Quero a minha eleição, mas também torço pela vitória do Feijó. Até porque, se for eleita, conto com a experiência dele ao meu lado em Brasília. Estamos todos cientes de que a nossa principal meta é a volta do deputado Garotinho ao governo do Estado. Caminho ao lado dele em todas as partes do estado e constatamos a necessidade de uma mudança de verdade. E o trabalho fica mais fácil em Campos, pela qual hoje a Rosinha é a prefeita melhor avaliada em todo o Estado. Comparando Campos com outros municípios do estado podemos notar que existem avanços em áreas de suma importância como saúde, educação e transporte. Na saúde a cidade é referência na área da imunização e na educação, apesar da última colocação no Ideb, que é uma herança dos governos passados, os números mostram avanços significativos. Já na questão do transporte, que é um problema em diversas cidades por conta do alto preço das passagens, foi implementado o Cartão Cidadão, com passagens a R$ 1,00. Os ônibus, por exemplo, poderiam ser bem melhores. Porém, como se trata de concessão, o que o governo pode fazer é pressionar. Inclusive, a prefeita chegou a cogitar a possibilidade de municipalizar o transporte. Reconheço a importância da oposição em uma democracia. Em muitos casos, ao apontar problemas e oferecer soluções, a oposição é fundamental. Sobre os oposicionistas de Campos, o que podemos notar é que ela encolheu nas urnas. A população escolheu eleger uma maioria governista. Essa é a voz das ruas que reflete na grande bancada governista”.
Duas declarações do deputado Paulo Feijó (PR) em entrevista à Folha publicada ontem (23/02) aqui, provocaram reação hoje de políticos da oposição local ao grupo do Garotinho. Na primeira, o deputado em busca de reeleição em outubo afirmou: “hoje considero Rosinha a prefeita de melhores resultados na história do município de Campos”. Na segunda, Feijó alfinetou as chances eleitorais dos opositores na sucessão municipal de 2016: “Essa oposição não vai se consolidar em curto prazo”.
Abaixo, como reagiram alguns dos principais líderes oposicionistas:
Nahim
“Eu diria que o resultado da eleição de 2014 será o rascunho do quadro a ser pintado em 2016 em Campos. A consolidação de qualquer oposição pode acontecer se as vaidades pessoais forem deixadas de lado e houver a união de todos. O discurso para a população tem que ser propositivo. O campista quer mudança , mas quer alguém que trabalhe para o desenvolvimento da cidade, que teve avanços, sim, mas que está bem longe de ser o que desejamos, pelo orçamento bilionário que temos.Alguém que priorize, de verdade, a saúde, a educação e valorize de fato o servidor municipal. A eleição não pode se transformar em uma guerra entre o bem e o mal, este discurso está ultrapassado”.
(Nelson Nahim, ex-presidente da Câmara de Campos e pré-candidato a deputado federal do PSD)
Makhoul
“O nobre deputado Paulo Feijó deve estar se mirando nele e em outros ‘oposicionistas’ para fazer esta afirmativa. Está se esquecendo de que existem novos atores no palco, que não estão contaminados com práticas do ‘toma lá, dá cá’. Estes novos políticos, independentemente da sua idade, sejam sexagenários ou jovens, têm posturas e práticas diferentes, constituindo uma nova oposição forte e que já está consolidada. Entre os mais jovens, podemos citar, por ordem alfabética, e não por peso específico na política, Prof. Alexandre Lourenço, Gustavo Mateus, Marcão, Rafael Diniz; além dos mais velhos, Erik Shunk, José Geraldo, Prof. Odete, Odisséia e eu, entre outros. O cenário em 2016 será outro, com certeza. Outro equívoco do deputado é que o governo da prefeita Rosinha é o melhor na história de Campos. Há controvérsias. Com o orçamento bilionário de que dispõe há mais de 5 anos, já deveria ter mostrado muito mais em gestão e projetos de sustentabilidade e investimento na educação, onde é indesculpável o último lugar no IDEB; na saúde, na qual a nota do IDSUS é baixa em relação a outros municípios menos bafejados pela sorte com a cascata dos royalties; e em outras áreas como a cultura, e não entretenimento. Só para comparar, o primeiro governo Garotinho, com infinitamente menos recursos, embora tenha tido muito mais do que os que o antecederam, devido à nova divisão do ICMS, foi infinitamente superior ao dela”.
(Makhoul Moussallem, ex-candidato a prefeito e pré-candidato a deputado federal pelo PT)
Rafael
“Nada se consolida a curto prazo. Qualquer coisa para se consolidar precisa de tempo, vontade e muita determinação por parte dos interessados naquela consolidação. No caso da oposição em Campos, posso afirmar que estamos firmes e fortes. E tem sido uma construção que não é de agora. Vários nomes já simbolizam essa luta faz tempo. O que estamos fazendo hoje é fortalecendo e continuando a consolidação de um grupo que vem crescendo e tem tudo para mudar a história de nossa cidade. Não nos falta competência, determinação e vontade política para isso”.
(Rafael Diniz, vereador do PPS)
Marcão
“Com todo respeito, acredito que a frase dita pelo deputado Feijó, de que a oposição está começando e não vai se consolidar em curto prazo, está associada mais a um desejo do deputado do que a uma convicção. Fazendo parte do grupo político do desgoverno Rosinha, é natural este desejo, porém o nobre deputado se esquece de que a cada dia a população está mais atenta ao governo que ignora a lei de acesso a informação, que não é transparente, que quer ver longe o controle social dos recursos dos royalties, que se nega a discutir o orçamento participativo. Um governo que amarga ter a avaliação de pior educação de todos os municípios do estado, um município que tem sérios problemas ligados à mobilidade urbana, que se nega a discutir a política de cultura, que têm uma saúde caótica com pessoas jogadas nos corredores dos hospitais, que paga obras para construção de creches que não foram realizadas, que gasta milhões de reais na compra de materiais didáticos que poderiam ser recebidos gratuitamente dentre uma série de outros problemas não pode ser jamais considerado o governo com melhores resultados da história de Campos. O que o nobre deputado se esquece é que a oposição atual pode perfeitamente se consolidar a curto prazo, pois, diferente de Feijó que fez oposição num momento de crescimento de Garotinho no cenário político eleitoral no Estado, a atual oposição enfrenta Garotinho no princípio do fim, em seu pior momento, líder em rejeição em qualquer pesquisa, inclusive no município de Campos, que teve que se afastar na campanha da Rosinha em 2008 para não atrapalhar a única opção eleitoral viável em seu grupo político”.
(Marcão, vereador e pré-candidato a deputado estadual pelo PT)
Schunk
“A oposição realmente cresceu menos em comparação aos motivos dados pela família Garotinho com sua administração devoradora de recursos e ética públicas. Mas é preciso lembrar que nenhum membro da família poderá concorrer em 2016, e muito provavelmente com a derrota ao Governo do Estado, ela estará enfraquecida. O nosso desafio é construir um projeto novo de poder para Campos, que avance em direção à cidadania de nossa população e que possa estimular a participação e a discussão da cidade pela sua população. Fazer com que a cidade funcione com saúde e saneamento básico e educação inclusiva, além de transporte público digno e lazer”.
(Erik Schunk, ex-candidato a prefeito e pré-candidato a deputado estadual pelo Psol)
Gustavo
“Não sei nem por onde começar. Mas acho que a oposição não deve seguir conselhos de quem se opõe por ocasião e não por ideal. Infelizmente, o deputado Paulo Feijó é um dos grandes responsáveis por desacreditar um determinado segmento oposicionista ao grupo político de Garotinho. Ao ver o fim de sua carreira pública se aproximar, Feijó abraçou a política que sempre condenou. Essa atitude só prova que o deputado nunca valorizou suas ideias, seus princípios e eleitores, mas apenas sua condição, seu mandato e sua sobrevivência. Esse tipo de egoísmo muito me entristece. Para algumas pessoas, o caminho mais curto para a oposição é ser situação. Penso bem diferente. Quanto à sua afirmação, dizendo que Rosinha é a prefeita de melhores resultados na história do município, Feijó tem total e absoluta razão. Afinal, Rosinha compete com ela mesma, já que foi a única prefeita da história do município”.
O deputado estadual Roberto Henriques divulgou na noite da última segunda-feira, dia 24, uma carta aberta endereçada ao governador Sérgio Cabral. No documento, o deputado expõe o atual subaproveitamento da Fundação Estadual do Norte Fluminense (Fenorte) e relembra a sugestão de transformação da fundação na secretaria do Norte e Noroeste Fluminense. A sugestão foi dada em Indicação Legislativa feita pelo parlamentar e aprovada na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) em junho de 2011.
A proposta secretaria do Norte e Noroeste Fluminense, além de aproveitar a equipe multidisciplinar da fundação, serviria como ente integrador das ações do governo do Estado junto aos outros órgãos instalados no Norte e Noroeste Fluminense. Dentre as propostas enumeradas a carta, o deputado também sugere a proibição da ocupação da diretoria da Fenorte por pretendentes a cargos eletivos.
Segue a carta:
Caríssimo Governador,
Como é do conhecimento de V. Excia., da Secretaria da Casa Civil, Secretaria de Ciência e Tecnologia e da Secretaria Estadual de Governo; apresentei e foi aprovada na Assembleia Legislativa do Estado do Rio der Janeiro (Alerj), uma Indicação Legislativa pela criação da Secretaria do Norte e Noroeste Fluminense.
A criação deste órgão é um desejo da nossa região e dos nossos antepassado. Esta ideia tem origem no período do Governo Roberto Silveira na década de 1950. Após sua precoce morte, a proposta ficou esquecida. Reavivada, na década de 1970 por Ecil Batista, líder Mdebista e Pmdebista, porém a proposta não prosperou. Na segunda campanha vitoriosa de Leonel Brizola ao Governo em 1990, o próprio líder trabalhista pregou e se comprometeu em criar a tão sonhada Secretaria do Norte e Noroeste Fluminense. Fez um governo com dificuldades, doenças e morte de Dona Neuza Brizola e posterior renuncia para candidatura de Presidência. Assumiu em seu lugar Nilo Batista e mais uma vez não vingou à ideia da Secretaria.
Quando eu iniciei o meu mandato de Deputado no ano de 2011, “soprei” como outros conterrâneos do passado, sobre as “cinzas” e percebi que lá estava uma “brasa” que insistia em continuar acesa. Propus ao Governo de V. Excia., a criação da “Secretaria Extraordinária do Norte e Noroeste Fluminense, através da Indicação Legislativa de nº 07/2011, que foi aprovada no Plenário da Alerj no dia 1º de julho/ 2011. Tão logo esta aprovação na Alerj, solicitei audiência a V. Excia. tratando nesta oportunidade do assunto em tela. Salientei e valorizei a historicidade da proposta, que remonta meio século de lutas, além de deixar com V. Excia. cópia do anteprojeto de Lei, parte integrante da já aprovada Indicação Legislativa. Além da justificativa existente no corpo do produto legislativo aprovado, fiz oralmente uma exposição das razões que justificariam a instalação do órgão na nossa região, dentre elas :
a) Distância das regiões Norte e Noroeste da Capital e Sede do Governo ;
b) Necessidade da existência do órgão proposto para integrar e unir os braços do Executivo Estadual, hospedados nas duas regiões. Deveria este obedecer o espírito de colegiado interagindo e não intervindo em observância ao Regimento Interno do Poder Executivo Estadual ;
c) Extinguir paralelismos de ações e ações sobrepostas, promovendo ações coordenadas e solidárias ;
d) Ser “mão amiga” e presença do Governo do Estado de forma mais estreita junto às Prefeituras da Região ;
e) Dotar o Governo do Estado das condições ideais para melhor servir à nossa população neste momento histórico dos megas – investimentos oriundos do petróleo e gás ; investimentos na área portuária ( Barra do Furado e Açú) ; e futuramente os impactos que virão acontecer com a construção da rodo-ferrovia, que ligará em um primeiro momento o centro-oeste brasileiro (grãos) e Minas Gerais (minério de ferro), que terão como destino a nossa Estrutura Portuária e posteriormente completará a ligação do Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico ;
f) Implantação do aludido órgão para junto aos demais já existentes na região executar as diretrizes do poder Executivo Estadual estabelecendo convívio com os outros poderes na busca do desenvolvimento econômico e social ; Obras de infraestrutura ; valorização e resgate das potencialidades tradicionais (agricultura, pesca, pecuária, indústria, reservas minerais, comércio etc,). Promover iniciativas estimuladoras da formação dos Consórcios entre Municípios, conforme previsto na Constituição Estadual / 89, no seu artigo de nº 76.
Abrevio o rol de justificativas, para lembrá-lo da seguinte observação que fiz ao senhor na presença do secretário Wilson Carlos : “caso o senhor encontrasse dificuldades para criar mais um órgão na estrutura do Executivo Estadual, sugeriria o aproveitamento da Fenorte, órgão já existente e que se encontrava subaproveitado, transformado ao longo dos anos em refúgio e abrigo de cabos eleitorais nomeados, o que ofendia sobremaneira a população e ao corpo de funcionários. Relatei ao senhor, que a Fenorte possui um grupo de funcionários concursados e dentre eles uma equipe técnica multidisciplinar; que devolvida a eles a motivação através de uma definição clara das suas tarefas, seriam de grande utilidade para o novo destino da Fenorte. Completando, pedi para que fosse atendida uma antiga reivindicação dos funcionários, ou seja, aumento de 22%, que impactaria em apenas cerca de pouco mais de cem mil reais a folha de pagamento. Salientei que o atendimento deste pleito, além de fazer justiça, seria uma sinalização de “novos tempos”.
Convencido pela nossa proposta de aproveitamento da Fenorte como primeiro passo de instalação da Secretaria do Norte e Noroeste Fluminense, V. Excia. me pediu, que fosse apresentado um nome para presidir e coordenar a implementação do nosso projeto. Sugeri ao senhor, que fosse instalado uma fase de “transição e redimensionamento” e chegamos juntos ao nome do Professor Almyr Junior, que acabara de concluir seu mandato como Reitor da Uenf. Ao final da nossa reunião, V.Excia. , pediu-me também, que procurasse o Secretário Sérgio Ruy Barbosa para noticiar a ele os novos rumos que o Governo iria dar à Fenorte e que apresentasse ao mesmo a proposta de aumento para os servidores. Por fim me incumbiu de fazer o convite ao Professor Almyr Junior e que lhe desse a resposta do mesmo posteriormente.
No dia seguinte, informei à V. Excia, que o Professor Almyr aceitara o convite, após ouvir a minha exposição sobre o projeto e ser conhecedor dos novos rumos da Fenorte como aglutinadora da idéia da instalação da Secretaria.
Após este desfecho que atendia à nossa proposta aprovada no Plenário da Alerj, estava cumprida a minha missão. A partir daí caberia ao Governo Estadual materializar o planejado e o decidido por V. Excia.
A seguir da sua posse na Presidência da Fenorte, o Professor Almyr, foi cooptado pelo Secretário de Ciência e Tecnologia, Alexandre Cardoso, em face de ser ele seu superior hierárquico, pois a Fundação encontra-se hospedada no organograma desta Secretaria. O Secretário usou do seu poder para solapar toda a execução da nova proposta. Ato desrespeitoso com V. Excia. e de traição ao nosso povo. O descortês Almyr, tornou-se prisioneiro das vontades do indisciplinado Secretário e a seguir tornou-se também, seu correligionário, filiando-se ao PSB, partido à época presidido no Estado por Alexandre Cardoso (Primo de 1º grau do Ex-Prefeito Alexandre Mocaiber Cardoso).
Senhor Governador, após este triste desfecho e de ver colocado mais uma vez por terra um sonho da nossa região; cobrei a V. Excia. , uma posição diante do quadro que fora estabelecido. Afastei-me completamente ao perceber que o senhor não estava disposto a enquadrar no rigor da disciplina os seus assessores : Cardoso solapou ; Almyr traiu o projeto para o qual fora convidado ; Sergio Ruy desconsiderou a justa proposta de aumento aos servidores. Resumindo, tudo estava acabado e não deu em nada.
Após um bom tempo, fui surpreendido com a exoneração do Professor Almyr e a assunção ao cargo pelo Dr. Nelson Nahim, promoção pilotada pelo líder do Governo, meu colega de Assembleia, Deputado André Corrêa, sem qualquer sintonia com a nossa proposta original. O projeto da “Secretaria do Norte e Noroeste”, foi mais uma vez desconsiderado. Passaram ao longo, fazendo “cruz credo” para o sonho de meio século acalentado por nossa região. A prova disto, é que eu, autor da Indicação Legislativa, sequer fui convidado para discutir o assunto. Faço essas observações, porém, nada tenho contra o Dr. Nelson Nahim, pessoa merecedora do meu carinho. Minhas discordâncias se prendem à forma pela qual a referida promoção foi executada e pela minha fidelidade ao projeto que busquei materializá-lo com a máxima sinceridade de propósito.
Governador, dos 40 cargos de livre nomeação existentes, na Fenorte, 8 ocupações são por pessoas sugeridas por mim. Cheguei a refletir com estes meus companheiros e companheiras sobre a validade de suas presenças nestes cargos. Não pedi para que os mesmos entregassem as suas funções, porque em contato com servidores do quadro permanente, ouvi deles que meus companheiros são os cargos de confiança com frequência regular enquanto boa parte dos outros é infrequente. Talvez se meus companheiros lá não estivessem a situação da Fenorte estaria pior. Quando um companheiro meu fora declarado infrequente pelo Professor Almyr, respondi ao mesmo, por e-mail, do qual, mantenho cópia, que ele tinha inteira autoridade para discipliná-lo, bem como a todos os outros.
Caríssimo Governador, após longa exposição, em nome das sempre importantes e históricas regiões Norte e Noroeste, e por último, na esperança de resgatar o projeto de aproveitamento da Fenorte como órgão integrador e de assessoramento nas demandas dos Prefeitos da nossa região, venho neste momento de turbulência e da maior crise da história da Fenorte, solicitar a V. Excia. o que segue :
1) Promover ato, aproveitando nossa indicação Legislativa aprovada na Alerj, reformulando a Fernorte, adequando o seu organograma à observância do espírito Regional, dando a ela as atribuições de ser “Ente aglutinador e integrador” das ações do Executivo Estadual junto aos outros órgãos instalados no Norte e Noroeste Fluminense, sem contudo, intervir ou ferir autonomias , cabendo a ela somente coordenar e formar colegiado com os órgãos do Estado nestas regiões hospedados ;
2) Determinar à Secretaria de Planejamento – Seplag, promover imediatamente o aumento de 22% ao conjunto dos funcionários do quadro permanente da Fenorte ;
3) Fazer constar no conjunto das medidas de reorganização do órgão, a proibição de ocupação em todos os cargos de Direção da Fenorte, por pretendentes a cargos eletivos. Esta medida visa garantir as condições ideais para a Fenorte ser efetivamente agregadora ; Coordenar o colegiado dos órgãos Estaduais existentes na sua área de abrangência ; se relacionar institucionalmente com os municípios e ter caráter soberano e de magistrada ;
4) Promover a transferência da Fenorte para o organograma do Gabinete do Governador e/ou Secretaria de Governo ;
5) Promover todas as medidas à adequação da Fenorte, que V. Excia julgá-las necessárias para dotá-la das condições ideais para cumprir sua missão de Governo.
Despeço-me, ressaltando que nossa região tornou-se referência mundial; o que justifica V. Excia., atender ao nosso pleito. O senhor estará resgatando um sonho de gerações e também restaurando a dignidade da Fenorte, além de promover a unidade das ações do Governo Estadual, no momento histórico em que o Brasil mais uma vez convoca o Norte e o Noroeste Fluminense ao centro do palco da vida nacional.
Abraçando-o, espero do Sérgio Cabral, que entrará para história do Norte e Noroeste Fluminense como o governador que pagará as maiores dívidas que o Governo Estadual contraiu com nossa gente, tais como: Ponte São João da Barra / Campos e São Francisco do Itabapoana ; Reforma, ampliação, alargamentos e criação de acostamentos nas rodovias estaduais: 178, 180, 186, 220; Construção da RJ 194, que promoverá a ligação do Município de São João da Barra a Campos e São Francisco do Itabapoana através da ponte sobre o Rio Paraíba do Sul (em fase de licitação) e que ainda promoverá a ligação a partir da Usina São João (Campos) à RJ 196 ( São Francisco) até a divisa com o Estado do Espírito Santo ; Iniciará ainda no seu governo a obra de mitigação das cheias nos leitos dos Rios Muriaé e Pomba (em fase de licitação), com recursos garantidos e já empenhados para a execução total da maior obra de infraestrutura da história do Norte e Noroeste Fluminense ; Incentivador das instalações das Unidades Portuárias na nossa Região ; Governador que nunca o vi, pedir atestado partidário ou ideológico dos Prefeitos, como condição para celebrar Convênios ou repasses de recursos do erário Estadual. Espero deste Cabral acima, uma posição clara e firme no sentido de atender a histórica reivindicação de mais de meio século, instalando a “ Secretaria do Norte e Noroeste Fluminense” utilizando-se da estrutura já existente ; ou seja ; a Fenorte redimensionada e dignificada com o resgate também da auto estima dos seus servidores, parte mais sofrida, face ao menoscabo com a qual foi tratada a aludida Fundação por agentes públicos que traíram a confiança de V. Excia.. Que novos céus nos esperem …
Forte abraço,
Roberto Henriques
2º Vice Presidente da Assembleia Legislativa
Enviado por e-mail pelo deputado Roberto Henriques (PSD).
Atualização às 23h02: A proposta do deputado já havia sido noticiada aqui, pelo blogueiro Hugo Nunes, do “Estou procurando o que fazer”.
Bruno entre seus principais cabos eleitorais, Wladimir e Clarissa Garotinho
O advogado Bruno Dauaire, pré-candidato a deputado estadual pelo PR, comemorou seu aniversário na tarde deste domingo, em Grussaí, em churrasco oferecido pelo casal Emídio Teixeira e Ana Paula. Mais de 600 pessoas compareceram à festa, que contou com a presença de amigos de Bruno, lideranças comunitárias e partidárias, além de vereadores de São João da Barra, Campos, São Francisco de Itabapoana, Cardoso Moreira, Carapebus, Pádua e Cambuci, Também estiveram presentes o vice-prefeito de Lage do Muriaé, Leo Dubary (PR), o deputado federal Paulo Feijó (PR), a deputada estadual Clarissa Garotinho (PR) e o presidente do PR em Campos, Wladimir Garotinho.
Filho do ex-prefeito Betinho Dauaire e neto do ex-deputado Alberto Dauaire, Bruno preside o PR em São João da Barra e estreia seu nome nas urnas em outubro deste ano, contando com o apoio de nomes tanto do PR como de vários outros partidos em todo o Norte e Noroeste Fluminense. “Para mim é uma alegria receber tantos amigos, que estão demonstrando sua confiança nesta nossa caminhada, e uma honra muito grande ter o respaldo do amigo Wladimir, e de poder trazer essa esperança na juventude, ao mesmo tempo em que sei da responsabilidade que é seguir a tradição na vida pública do nome Dauaire”, discursou Bruno, ao lado da família e amigos.
Foto e texto da assessoria de Bruno Dauaire. Para saber mais da sua pré-candidatura a deputado estadual, confira aqui.
“Gunga Din” é um filme de 1939, baseado no poema homônimo do britânico Rudyard Kipling (1865/1936), ganhador do Nobel de Literatura de 1907. Transposto dos versos às telas pelo diretor estadunidense George Stevens (1904/75) — que depois filmaria outros clássicos do cinema, como “Um lugar ao sol” (1951), “Os brutos também amam” (53) e “Assim caminha a humanidade” (56) —, foi estrelado por Cary Grant e Douglas Fairbanks Jr., na ambientação do séc. 19 que conta as aventuras de três sargentos indisciplinados do exército real britânico. Na Índia dominada colonialmente pela Inglaterra, o trio vira quarteto com o nativo Gunga Din, numa missão militar que se depara com uma seita de assassinos que existiu realmente, os adoradores de Kali, a deusa hindu da morte.
Não se sabe se Kali é a padroeira da BR 101, mas mesmo aos céticos não convém duvidar. Na tragédia que consternou toda a aldeia goitacá, uma colisão na altura de Silva Jardim, no último domingo, dia 16, tirou a vida da pequena Bárbara Aquino, de apenas 4 anos, matando ainda o condutor do Honda Civic, o engenheiro Alessandro Costa, de 38, e deixando em estado gravíssimo a mãe de Bárbara, a fisioterapeuta Karina Lucas, 33, que briga num hospital de Macaé para seguir vivendo, enquanto este artigo é escrito.
Na terça da mesma semana, dia 18, o diretor de Estradas e Vias Públicas da secretaria de Obras de Campos, Joci Vasconcelos, teve seus 56 anos de vida postos a termo pela mesma BR 101, numa colisão com seu Peugeot no trecho de Mimoso do Sul (ES). Carbonizado até a morte, teve que ter o corpo identificado por exame de DNA. Da mesma maneira, na quinta, dia 20, no mesmo trecho da BR 101 que matou Bárbara, um homem morreu queimado dentro do Fiat Uno que guiava. O corpo e o carro ficaram tão destruídos pela violência das chamas, que o motorista não pôde ser identificado.
Uma vida humana perdida, de maneira violenta, num serviço público deficiente pelo qual se é bi-tributado na cara dura, com IPVA e pedágio, é sempre trágico e revoltante. E tanto pior quando a vida foi perdida antes mesmo de ser vivida, como foi o caso de Bárbara. Mas, como sabiam os gregos desde a Antiguidade, é na tragédia que nascem também os atos mais nobres e corajosos, capazes de distinguir um homem dos demais.
Na quarta-feira, dia 19, na capela do cemitério Campo da Paz, durante a missa antes do sepultamento, o cirurgião plástico Victor Hugo Aquino, pai de Bárbara e marido de Karina, tomou a palavra e, dilacerado de emoção, comungou publicamente sua vida e sua dor, não para se lamentar, mas jurar sobre o corpo da filha menina que cuidaria da mãe dela. Diante da morte, da mais insuportável delas para qualquer pai, ele se apegou à esperança, à dignidade da vida.
Tinha por Victor Hugo, apesar do pouco contato nos últimos anos, amizade e gratidão, pela força que ele deu aos meus pais, num momento superlativo como o que agora enfrenta, mas de desfecho mais feliz. Como pai e como homem, só posso dizer agora que tenho também por ele a mais profunda admiração.
Como pai, pranteio e tremo até a alma de medo da sua dor. Como homem, só me resta repetir, diante do seu exemplo, os últimos versos do poema de Kipling, também a última fala do filme: “By the livin’ Gawd that made you,/ You’re a better man than I am, Gunga Din!” (“Pelo que você fez/ Você é um homem melhor que eu, Gunga Din”).
Renato e, à frente, Dorinha, em fila indiana no túnel entre as árvores do mangue (foto de Aluysio Abreu Barbosa)
Por Aluysio Abreu Barbosa
Se os caiaques foram coqueluche nos mares, rios e lagos brasileiros dos anos 1980, qualquer um já deve ter notado que, nesta nossa segunda década do novo milênio, o stand up passou a ser a onda de quem quer se locomover silenciosamente pelo dorso das águas, contando apenas com a força dos próprios braços ao remo. Durante este verão, em quase todas as manhãs, praticantes das duas modalidades têm se reunido regularmente no ponto de encontro do rio Paraíba do Sul com o oceano Atlântico, na foz entre Atafona e Gargaú, entre São João da Barra e São Francisco de Itabapoana, polvilhado de ilhas e manguezais paridos na mistura de água doce e salgada.
Referência de quem busca esse misto de lazer, esporte, turismo ecológico e aventura, o educador ambiental da Prefeitura de São João da Barra Luiz Henrique de Araújo, o Lulu, costuma reunir e guiar amigos pelo rio, saindo de Atafona, geralmente com destino à ilha do Pessanha, passando também pela da Convivência. E qualquer um que chegar, tiver sua embarcação e quiser se integrar, ao grupo e à natureza, passa a ser considerado amigo.
A partida — Na manhã do último domingo, maré baixa, ao lado do Mercado de Peixe, da Igreja Nossa Senhora da Penha, do bar Cais do Porto e do tradicionalíssimo Restaurante do Ricardinho, saíram cinco embarcações rumo ao Pessanha: dois caiaques e três stand ups. Neles, além de Lulu e do repórter, ganharam o Paraíba a remo a dançarina Dorinha Vianna, o produtor rural Guilherme Barroso e o militar reformado Renato Albernaz. O último, um daqueles que se tornou companheiro de expedição simplesmente por aparecer ali, com seu stand up, e querer comungar em grupo da mesma experiência.
Atravessado o Paraíba, mirando as Pedras de Alair — um dos tantos diques de pedra cujas origens são creditadas ao famoso deputado federal falecido em 1987 —, após contorná-las à direita, as embarcações ganham em fila indiana um canal estreito. Nele, o barulho dos pássaros e o som de cada remada ecoam mais altas no túnel construído pela natureza entre as águas rasas e as copas entrelaçadas das árvores, filtrando o sol, a partir de raízes nas margens opostas do manguezal.
Dorinha, Renato, Barroso e Lulu remando ao istmo de areia que, na maré baixa, une as ilhas da Convivência (à dir.) e a do Pessanha (foto de Aluysio Abreu Barbosa)
Primeira parada — Sob a luz do astro rei ao fim do túnel, revela-se o istmo de areia que une as duas ilhas na maré baixa, a da Convivência, à direita, e a do Pessanha, com os cataventos brancos da estação eólica de Gargaú e a Serra do Mar compondo vértebras ao fundo. Suspensos barcos e remos, enquanto canoas motorizadas levam e trazem famílias em lazer dominical junto à natureza, cada um dos remadores faz o que quer na primeira parada: uns alongam o corpo, outros fazem prática de yoga, todos se hidratam com a água levada e se banham tanto nas que correm no rio, numa beira da ponte de areia momentânea, quanto nas ondas do mar, no lado contrário apenas a poucos metros.
Dali, Renato regressa, enquanto os outros quatro devolvem suas embarcações à água para remar até uma pequena enseada às margens da capela de Nossa Senhora da Conceição, padroeira do Pessanha há 160 anos, em branco e azul da pintura nova. O caminho por terra leva aos verdadeiros personagens: os moradores da ilha. O mais antigo deles é seu Miguel Alonso, de 60 anos, os últimos 20 vividos no Pessanha, após ter morado outros 20 na Convivência. Ele é pescador e está recebendo em sua casa o sobrinho, Reinaldo Gomes, de 30, que mora em Campos e veio de Atafona com sua canoa a motor, a “Surfista”, na qual repousa o guarda sol laranja que protegeu no caminho a esposa e as duas filhas pequenas.
Seu Miguel Alonso, morador mais antigo da ilha do Pessanha (foto de Aluysio Abreu Barbosa)
“Xerife” da ilha — Seu Miguel é uma espécie de xerife da ilha, que protege por conta própria, e risco, a natureza do local. Ele conta que por repreender catadores de caranguejo que capturam fêmeas ovadas no período de defeso, chegou a receber ameaças de morte. Já teria levado suas denúncias ao Ibama, ao Inea e à Polícia Federal, mas reclama que até agora nada foi feito.
Outro morador da ilha, mais recente e velho conhecido de Atafona, é o publicitário Neivaldo Paes, o Bambu, de 54. Ele se mudou para uma casa que já havia comprado no Pessanha, depois que o mar comeu seu bar, em 2012, onde morou por seis anos, na última construção de alvenaria do Pontal, erguida nos anos 1960 como casa de barco da família Aquino, proprietária do Grupo Thoquino, do conhaque de alcatrão São João da Barra, conhecido e consumido em todo o Brasil.
Recebendo amigos — Bambu diz que sua nova moradia não funciona como bar. De qualquer maneira, não se furta em receber na ilha os amigos que queiram dividir o que chama de seu paraíso. No último domingo, quem estava lá era o motorista sanjoanense Luiz Gustavo Machado, de 37, que havia feito o Paraíba de estrada para chegar ao Pessanha sozinho, remando em seu stand up.
Para quem quiser visitar ou fazer contato com Neivaldo, seu celular é 99706-0036. E quem não for praticante de caiaque e stand up, ou simplesmente não quiser se arriscar em voltar remando depois de algumas cervejas, dois irmãos fazem o transporte em canoas a motor, saindo de Atafona, a cerca de R$ 10 por cabeça, contando ida e volta: Taizinho (99917-4076) e Marciano (99914-1652).
Dona Malvina Miranda, em sua casa, com o cortinado no quarto para proteger do maruim (foto de Aluysio Abreu Barbosa)
O maruim — Vizinhos de Bambu, embora residam em Atafona, Leoni Miguel da Silva, de 62, e dona Malvina Miranda, a quem foi conferida a deferência de não ter a idade perguntada, passam boa parte do ano, principalmente os finais de semana, na casa que ela mantém há cinco anos na ilha. Diante dela, os restos de estrume de boi queimado na entrada, onde é usado como repelente natural, e o cortinado dentro do quarto, revelam o grande vilão humano do Pessanha, talvez anti-herói da natureza: o maruim, também conhecido como mosquitinho-do-mangue. Quando o vento está parado, garantem Leoni e dona Malvina, o maruim aparece e todo mundo some da ilha.
Enquanto Neivaldo garante apenas receber os amigos, quem montou um bar na ilha foi Vanessa Barreto, de 28. Pescadora registrada e catadora de caranguejo, foi da última função que ela batizou seu estabelecimento, montado sobre os alicerces da casa de uma prima: Bar das Caranguejeiras. O plural se dá porque ela tinha mais duas sócias, também colegas de ofício, mas hoje administra sozinha o bar, ao lado apenas do marido, o pescador Fabiano Rosa, de 31. O telefone de Vanessa para contato é 99885-8240.
No caminho de volta, Lulu age como educador ambiental e cidadão ao recolher rede abandonada (foto de Aluysio Abreu Barbosa)
Regresso — Conhecidos os moradores da ilha, com tarde, fome e maré cheia dando o ar da graça, é hora de pegar as embarcações e remar de volta a Atafona. Em seu stand up, atuando na margem direita do Paraíba como educador ambiental de São João da Barra, e na esquerda, em São Francisco, como cidadão, Lulu sai catando os restos não degradáveis deixados por quem não sabe conviver com a natureza sem degradá-la. Chega a recolher uma rede velha de pesca, ainda capaz de matar os peixes, mesmo que ninguém mais os recolha das malhas encardidas pelo barro carreado nas águas do rio, o mesmo que formou em milênios a planície.
Ao passar novamente entre o Pessanha e a Convivência, a subida da maré cobre na sucessão de cada onda a mesma ponte de areia na qual se chegara algumas horas antes, com sensação de terra firme. Entre o Paraíba e o Atlântico, onde a paisagem se transforma todo dia, a olhos vistos, a força dos braços humanos não é páreo para a natureza. Mas a ponte erguida com ela, dentro de si, é para sempre.
Foz do Paraíba do Sul vista de cima (foto: arquivo)
Ilhas do Paraíba do Sul
(Por Aristides Soffiati)
No início da formação do delta do Paraíba do Sul, o rio saiu da zona serrana e se ramificou em quatro braços. No avanço deles, muitas ilhas foram se constituindo. Com as transformações operadas por obras humanas, muitas delas deixaram de existir. O braço que alcançou mar aberto é o atual curso baixo do rio. Ele se bifurcou em dois canais principais e em vários outros secundários. O maior é o canal de Atafona. O outro é o de Gargaú.
Quem olha do alto a desembocadura do Paraíba do Sul notará a profusão de grandes e pequenas ilhas. Uma imagem de satélite com boa definição também as mostrará. As mais conhecidas são as da Convivência, do Pessanha e do Lima. A da Convivência se tornou famosa pela colonização por muxuangos, provavelmente descendentes de náufragos germânicos. Pessoas de pele clara e cabelos louros que adotaram a antiga prática do casamento por rapto. Na do Pessanha, o escritor campista Osório Peixoto ambientou seu romance “Mangue”.
O título do livro nos remete a uma característica marcante dos rios que desembocam no mar: a presença de um ambiente denominado estuário. Ele se forma pelo encontro da água doce do rio com a água salgada do mar, gerando água salobra. Esse ambiente existe em todos os rios do mundo que desembocam no mar. Porém, só nos rios com desembocaduras na zona intertropical cresce uma vegetação adaptada à água salinizada. Trata-se do manguezal, com árvores que podem alcançar 35 metros de altura e que se ajustam a um solo lamoso e pobre em oxigênio. O manguezal do Paraíba do Sul é famoso, proporcionando paisagens belíssimas para o turismo e para atividades pesqueiras. Pena que não esteja sendo devidamente protegido.
A parceria com Garotinho rendeu a Paulo Feijó o melhor dos seus quatro mandatos como deputado federal, na qual para Campos e região “nunca foram liberados tantos recursos como agora”. Como reconhecimento a esse trabalho, à sua capacidade de andarilho pelo Norte e Noroeste Fluminense e à capacidade de puxadora de voto de Clarissa, Feijó aposta em sua reeleição em outubro, pleito no qual aponta como prioridade a vitória do líder na disputa a governador. Ao afirmar também que Rosinha é a prefeita de melhores resultados na história de Campos, ele admitiu tê-la ajudado a se eleger em 2008, ainda que na época tenha negado ter concorrido como candidatura auxiliar. Sem ansiedades, acha que 2016 só se discute em 2016, e que “política é igual a futebol, tem catimba”.
Folha da Manhã – Reconhecido como andarilho pelos municípios do Norte e Noroeste Fluminense, como está preparando sua campanha à reeleição a deputado federal pelo PR?
Paulo Feijó – Continuo andando muito, e mantendo todas as minhas características, destacando credibilidade, grupo político forte, liderado pelo deputado Garotinho, e serviços prestados em todos os municípios das regiões Norte e Noroeste do Estado do Rio, sem exceção. A nossa base está montada. Teremos o apoio de cerca de 12 prefeitos da região, dezenas de vereadores e lideranças, e até nos municípios onde não temos prefeitos, seremos muito bem votados pelo reconhecimento, como por exemplo em São Fidélis, São João da Barra, Bom Jesus, entre outros.
Folha – Inegavelmente, a puxadora de votos do PR à Câmara Federal será a hoje deputada estadual Clarissa Garotinho. Ela já declarou que não aceitará ser vista em Campos e região como candidata de fora. Como uma coisa o ajuda e a outra pode atrapalhar?
Feijó – Novamente o PR elegerá uma grande bancada em função da expressiva votação da deputada Clarissa à Câmara Federal. Isso ajuda muito a todos nós. Minha candidatura e a de Clarissa, como as duas únicas do nosso grupo nas regiões Norte e Noroeste, não só praticamente consolida Clarissa como uma das mais votadas do Estado, como também cria para mim uma excelente perspectiva de eleição com excelente votação.
Folha – Em seu blog, o jornalista Ricardo André Vasconcelos publicou recentemente (aqui) uma edição do extinto jornal A Cidade, de 23 de agosto de 1989, cuja manchete foi sua afirmação de que o então prefeito Anthony Garotinho seria um “vira-lata”. O que mudou de lá para cá? Como e por quê?
Feijó – Com todo respeito ao jornalista Ricardo André, mas ele foi desenterrar um defunto de 25 anos atrás. Isso já acabou. Há praticamente seis anos faço parte do grupo político de Garotinho, sem nenhum arranhão, com uma excelente relação de amizade com Garotinho e com todo grupo político. E essa ótima relação tem sido traduzida em benefícios para Campos e região. Vejam só os resultados. Nunca foram liberados tantos recursos como agora, em todas as áreas, graças a esta parceria. Por exemplo: Complexo Logístico Farol/Barra do Furado, aeromóvel para Campos, R$ 10,5 milhões para a construção do novo hemocentro regional, mais recurso para saúde, educação, infraestrutura das cidades, esportes, etc. Isso não pode ser ignorado, nem pelos adversários mais radicais.
Folha – O Blog do Bastos repercutiu recentemente (aqui) a afirmação de Garotinho de que poderia ter o apoio de Luiz Fernando Pezão (PMDB) em outubro. Segundo Garotinho, o vice-governador teria aventado essa possibilidade numa conversa com você. Pezão negou e ameaçou o inquirir judicialmente. O que há de fato nisso tudo?
Feijó – Realmente tive uma conversa com Pezão no Palácio Guanabara, num momento que Pezão estava muito preocupado com um possível processo de fritagem de sua candidatura pelo rolo compressor do PT. Ele desabafou comigo. E política é igual a futebol, tem catimba!
Folha – Você já tem uma dobrada planejada com algum pré-candidato a deputado estadual? Como sua base eleitoral é pulverizada na região, há possibilidade de dobrar com mais de um?
Feijó – Vou trabalhar muito para me reeleger com uma belíssima votação, consolidando a minha superação no meu recomeço político. Portanto, sou obrigado a dobrar com todos os candidatos a deputado estadual da região que estejam apoiando a candidatura de Garotinho a governador do Estado.
Folha – Consta que Geraldo Pudim (PR) foi um dos principais artífices, a partir da eleição municipal suplementar de 2006, da sua aproximação com o grupo de Garotinho. Isso garantiria seu apoio a ele agora, em 2014?
Feijó – Pudim é meu amigo, como todos os outros candidatos também são. Vou procurar trabalhar com todos, objetivando sempre a nossa grande prioridade, que é a eleição de Garotinho novamente governador do Estado.
Folha – Como vê a pré-candidatura de Bruno Dauaire (PR), costurada pelo presidente do PR em Campos, Wladimir Garotinho?
Feijó – Wladimir é hoje uma das mais importantes lideranças do nosso grupo político, tem muito a ajudar a todos nós candidatos. Ele quer contribuir também focando na importante e necessária renovação em nosso grupo. Bruno Dauaire é uma excelente renovação, principalmente no município de São João da Barra.
Folha – Um dos vereadores cujo apoio Wladimir teria conseguido para Bruno (leia aqui) é Neném (PTB). Como ele também já fechou seu apoio a você, isso formaria uma ponte natural entre sua pré-candidatura e a do jovem Dauaire?
Feijó – Neném é um vereador atuante que espontaneamente confirmou seu apoio à minha candidatura. Se também vai apoiar Bruno Dauaire é natural que essa dobrada se consolide.
Folha – Além de Neném, o outro edil do PTB, o presidente da Câmara Edson Batista, também caminhará com você em outubro. Que peso esse apoio terá? Está fechando com mais algum vereador de Campos ou liderança de outros municípios?
Feijó – O apoio do presidente da Câmara, Dr. Edson Batista, também aconteceu espontaneamente. Ele que me deu a notícia de que iria me apoiar. Isso aumenta muito a minha responsabilidade de reciprocidade. Dr. Edson é um político de excelente conceito em nosso município, muitos serviços prestados, e com certeza fortalece minha candidatura nesse período de início de articulações política. Me honra e me valoriza muito contar com apoio dos dois vereadores do PTB no nosso município. Esse processo de quem apoia quem, está só começando. Não se pode ter ansiedade. Com certeza, em Campos e nos outros municípios da região, tanto eu quanto Clarissa teremos excelentes apoios.
Folha – Você foi eleito na última quarta (19) à presidência da Comissão de Agricultura da Câmara Federal (confira aqui). Como a questão agrária ainda é fundamental à maioria dos municípios da região, o que poderá fazer por eles em Brasília?
Feijó – A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural é uma das mais importantes da Câmara dos Deputados, muitíssimo disputada pelos partidos políticos. Coube ao PR esta única comissão, também muito disputada dentro do nosso partido. Tive o apoio do atual líder da bancada, o deputado Garotinho, e do futuro líder, deputado Bernardo Santana (PR/MG). No momento, para eles, o meu nome era o mais consensual, e isso me deixou muito honrado. Na Comissão de Agricultura mediaremos interesses de governo e oposição, de ruralistas e ambientalistas, de latifundiários e sem terra, discutiremos toda problemática da questão agrária no nosso país, valendo ressaltar que estaremos sempre atentos aos interesses de Campos e região. Essa oportunidade, sem dúvida, me fortalece, principalmente junto ao Governo Federal, e daremos conta desta importante responsabilidade.
Folha – Como o deputado estadual João Peixoto (PSDC) também preside a Comissão de Agricultura na Alerj, vocês vão trabalhar juntos pela economia da região, apesar de caminharem separados politicamente em outubro?
Feijó – Em toda minha trajetória política sempre prevaleceu o interesse público, e com o deputado João Peixoto não será diferente. Tenho com ele uma excelente relação de amizade. Vamos trabalhar juntos.
Folha – O que Paulo Feijó fez e ainda pretende fazer em seu atual mandato que o credenciará a buscar a reeleição junto ao eleitor?
Feijó – Nos três mandatos anteriores tenho minha consciência tranquila de que fiz muito por Campos e região. Liberamos recursos para aos hospitais filantrópicos, Santa Casa de Misericórdia de Campos, Beneficência Portuguesa e Álvaro Alvim, como ninguém nunca liberou. Ajudamos a tirar estas instituições de saúde praticamente da falência. Atuei como ninguém, principalmente na Saúde, em todos os municípios da região. No atual mandato, começamos com muitas conturbações. Fui vítima de uma decisão liminar injusta do TSE, que me tirou seis meses e 12 dias de mandato, mas superamos. Com tudo isso, através da excelente parceria que faço com o deputado Garotinho, tenho certeza que este seja o meu melhor mandato em resultados para Campos e região, como já foi dito nesta entrevista. Vamos continuar o nosso trabalho, e agora como presidente da Comissão de Agricultura surge uma excelente perspectiva de bons resultados para este ano. Estou muito seguro da minha posição política. Os resultados nas urnas virão pelo reconhecimento, em consequência deste trabalho.
Folha – Caso consiga se reeleger, seu nome passa a entrar na disputa governista para ser o nome do grupo a tentar suceder Rosinha Garotinho (PR) na Prefeitura, em 2016?
Feijó – Minha grande prioridade no momento é ajudar Garotinho a ser eleito novamente governador e ajudar a eleger boas bancadas de deputados federais e estaduais do nosso grupo político, para defender os interesses de Campos e nossa região. Para o bem de Campos, o projeto de 2016 deverá ser discutido somente em 2016. Ainda está muito longe, não se pode ter ansiedade.
Folha – Como alguém que foi por anos o principal opositor de Garotinho em Campos, passando depois a caminhar junto dele, o que acha que falta a oposição local para um dia se equiparar a quem, desde 1989, é o maior quadro político da cidade?
Feijó – Fui oposição a Garotinho durante 20 anos. Neste período praticamente ganhei todas as eleições que disputei, ocupando o espaço oposicionista. Esse espaço foi diminuindo com a fragmentação da oposição. No momento político e pessoal mais difícil da minha trajetória, fiz aliança com Garotinho, em 2008, ajudando a eleger Rosinha prefeita, e hoje considero Rosinha a prefeita de melhores resultados na história do município de Campos. Atualmente, essa parceria de seis anos, traduzida em bons resultados, como já falamos, me fez conhecer melhor a pessoa e o homem público que Garotinho é. Político de muito trabalho, dedicação integral, muito preparado, experiente, de muitos serviços prestados e de relacionamento no mundo político, jurídico e empresarial. É um excelente amigo. Política é assim que se faz, e o político que quiser se consolidar tem que seguir este caminho. Poucos sãos os políticos de vida longa no município de Campos e no Brasil. A oposição em Campos está começando, isso requer dedicação, tempo, competência, bom conceito e serviços prestados. Essa oposição não vai se consolidar em curto prazo.