Enquanto os detalhes de quem dominou a política fluminense nos anos 1980 e 2000, com Brizola e Garotinho, tem que ser contado em livros, a disputa real de poder de 2022 no estado é escrita. Na tarde de ontem, o jornalista Lauro Jardim noticiou em O Globo que o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), vai lançar o presidente nacional da OAB, Felipe Santa Cruz, como seu pré-candidato oficial a governador. Será no encontro nacional do PSD deste sábado (23), o primeiro no Rio desde que Paes foi para a legenda.
Após garantir ao Folha no Ar que não disputará o pleito a governador, o que o torna seu eleitor mais forte, o que Paes teria ganha confirmando um pré-candidato com pouca ou nenhuma chance real de vitória?
Primeiro, o prefeito carioca se fortalece no PSD para eleger fortes bancadas estadual e federal. Com Santa Cruz, ele não cria dificuldade real ao governador Cláudio Castro (PL) ou ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Como poderia tirar o bode da sala e descartar seu pré-candidato, para indicar o vice na chapa de Castro, sonho deste. O que poderia ser ainda mais fácil se o governador compusesse com Lula a presidente e o presidente da Alerj, André Ceciliano (PT), a senador.
Se Paes eleger em 2022 o vice de Castro, este sairia 9 meses antes em 2026, já que não poderia se reeleger, para se lançar a deputado ou senador. O que deixaria Paes, reeleito prefeito em 2024, com a cidade e o estado do Rio nas mãos. E o caminho aberto em 2026 a governador ou a presidente da República.
Publicado hoje na coluna Ponto Final, na Folha da Manhã.