PT de Campos quer votos de Carla a prefeita para Jefferson

 

Odisséia Carvalho, Gilberto Gomes, Carla Machado, Jefferson Azevedo e Wladimir Garotinho (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

“Vamos aguardar as próximas pesquisas, mas não houve migração de Carla (Machado, PT) para Wladimir (Garotinho PP), mas sim para o professor Jefferson (Azevedo, PT)”, disse a presidente do PT goitacá, ex-vereadora e pré-candidata a vereadora Odisséia Carvalho. “Tenho certeza que Carla vai apoiar o professor Jefferson a prefeito de Campos”, apostou o secretário de Comunicação do PT de Campos e pré-candidato a vereador, Gilberto Gomes.

Odisséia e Gilberto se posicionaram sobre a questão que ecoou aqui no final de semana: “Impedida de concorrer a prefeita de Campos por toda a jurisprudência do TSE e do STF, como a Folha adiantou (confira aqui) desde novembro de 2023, Carla Machado tirou (confira aqui) seu nome da disputa de 2024. E deixou aberta a dúvida: para onde irão os seus 18,7% de intenção de voto?”

A única pesquisa registrada em 2024 foi a Prefab Future feita em 26 de abril, quando Carla ainda era pré-candidata. Quando ela foi a única, além de Wladimir, a alcançar dois dígitos de intenção de voto na consulta estimulada: 18,7%. Candidato natural à reeleição, o prefeito de Campos apareceu liderando com razoável vantagem: 53,7% de intenção de voto na estimulada.

— Na verdade, todo mundo sabia que Carla não poderia ser candidata. Insistiram, não sei por que, até a última hora, ainda prejudicando a possível candidatura do professor Jefferson. Para mim, até de maneira proposital. Não queriam deixar que o professor Jefferson fosse candidato, mas é uma questão interna do PT. Agora é ver para onde o voto dela vai migrar. Pelas pesquisas internas que temos, mais de 50% migram para minha pré-candidatura. Mas estou focado no trabalho, na Prefeitura — disse Wladimir (confira aqui) na Feijoada da Folha, em 29 de junho.

O prefeito foi respondido pelo prefeitável petista Jefferson, ex-reitor do IFF:

— Curiosa a postura de tentar atrair parte do eleitorado da deputada estadual Carla Machado depois dos ataques agressivos que promoveram contra a sua pré-candidatura a prefeita. Preferem agir assim do que conquistar o voto no debate público da cidade. Um governo muito mal avaliado no transporte público e na saúde. Não tenho dúvidas de que esses eleitores estarão com a nossa pré-candidatura. É necessário aguardar novas pesquisas para uma avaliação mais precisa da situação.

Além de Jefferson, Odisséia também respondeu mais a Wladimir:

— Não procede essa narrativa do atual prefeito. É muito estranho que votos que se orientavam à oposição, de eleitores críticos à sua gestão, mudem subitamente para o governo sem uma razão coerente. Quem tinha a intenção de votar em Carla Machado, considerando suas gestões em São João da Barra, as compara com a de Campos e é crítico à gestão Wladimir. Vamos aguardar as próximas pesquisas, mas com certeza não houve migração de Carla para Wladimir, mas, sim, para o professor Jefferson. Também não procede a afirmativa que a pré-candidatura de Carla atrapalhou a candidatura de Jefferson. Tínhamos três pré-candidaturas a prefeito: Carla, Jefferson e Hélio Anomal. O nome do PT foi levado e as propostas apresentadas pelos três.

 

Prefeita de Cardoso, Geane Vincler no Folha no Ar desta 3ª

 

(Arte: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Prefeita de Cardoso Moreira e pré-candidata à reeleição, Geane Vincler (União) é a convidada do Folha no Ar deste terça (16), ao vivo, a partir das 7h da manhã, na Folha FM 98,3. Ela analisará sua trajetória nos últimos quatro anos, da eleição a prefeita por apenas 8 votos de vantagem em 2020 ao favoritismo nas pesquisas (confira aqui) à reeleição em 2024.

Geane também tentará projetar o impacto da mudança da condição de Neto Sardinha (PL): de pré-candidato a prefeito de oposição a (confira aqui) apoiador da prefeita. Por fim, ela falará da montagem de nominata do seu grupo político e da eleição à Câmara Municipal de Cardoso.

Quem quiser participar ao vivo do Folha no Ar desta terça poderá fazê-lo com comentários em tempo real, no streaming do programa. Seu link será disponibilizado alguns minutos antes do início, nos domínios da Folha FM 98,3 no Facebook e no YouTube.

 

Denúncia de assédio na Uenf ou tentativa de difamação?

 

A Uenf, sua reitora, Rosana Rodrigues, e seu coordenador do curso de Ciências Sociais, Hamilton Garcia (Montagem: Joseli Mathias)

 

“Infelizmente, a onda das fake news chegou à universidade”. Foi como a reitora da Uenf, Rosana Rodrigues, reagiu à colagem de dois cartazes em um dos banheiros da reitoria na sexta (12). Para fazer a denúncia anônima de um suposto assédio que teria sido praticado em 2023 pelo coordenador de Ciências Sociais a uma aluna. E de que esta, por sua vez, teria levado essa denúncia ao diretor (do CCH, Centro de Ciências do Homem) e à reitora, que não teria feito nada.

— Estamos lidando com essa situação com muita cautela. A universidade tem canais apropriados para denúncias que resguardam o(a) denunciante. Embora essa não seja a forma de se denunciar qualquer ação, haverá apuração via processo administrativo e legal. Posso garantir que a “Rosana” nunca recebeu qualquer informação sobre os assédios relatados. Assédio é intolerável em qualquer ambiente, sobretudo dentro de uma universidade. Entendo perfeitamente que ocupo a posição em que estou hoje para dar voz a quem nunca foi ouvida(o) pelo sistema patriarcal, machista e misógino. E jamais vou me calar ou proteger quem pratica tais atos. Infelizmente a onda das fake news chegou até a universidade — disse Rosana.

A reitora também confirmou que levou a situação, na própria sexta, ao Conselho Universitário da Uenf. Que deve emitir uma nota de repúdio. Coordenador do curso de ciências sociais, o cientista político Hamilton Garcia também se posicionou sobre a denúncia anônima a ele dirigida:

—  Tomei contato a pouco com a peça difamatória que circula em banheiros da universidade, disseminada também, como seria de se esperar, em grupos de estudantes. O que me intriga, além do rol de implicados no suposto assédio, que vai da CooCISO à Reitoria, é por que, ao que se diz, foi uma servidora e não uma estudante a espalhar tais cartazes? Aguardemos as providências administrativas e legais que podem nos ajudar a entender quem está por trás deste virtual “gabinete do ódio” uenfiano — cobrou Hamilton.

Abaixo, as imagens dos cartazes colados no banheiro da reitoria. O caso é grave e demanda o devido esclarecimento. Mas a denúncia anônima traz aparentes indícios de má-fé. Quando diz “fui assediada pelo coordenador no curso de ciências sociais”, a suposta aluna não diz se o suposto assédio teria sido moral ou sexual. O que, quase sempre, empurra à apreensão do segundo caso. Ademais, a reitora foi assertiva ao negar ter recebido tal denúncia.

 

Cartazes com a denúncia anônima colada no banheiro da reitoria (Foto: Reprodução)

 

Curso de cinema em Campos volta a ser cobrado na Uenf

 

Uenf tem curso de cinema cobrado pelo doutorando em sociologia e cineasta Fernando Souza, o sociólogo Roberto Dutra e o antropólogo e cineasta Gabriel Barbosa (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

 

Por Fernando Souza, Roberto Dutra e Gabriel Barbosa

 

Na noite do dia 19 de junho, aconteceu uma exibição seguida de debate com o documentário “Rio, Negro” (2023) de Fernando Sousa e Gabriel Barbosa, na Casa de Cultura Villa Maria, oportunidade em que celebramos o dia do cinema brasileiro e retomamos com o público presente a proposta de criação do curso de cinema na Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, a Uenf. Além desse importante marco, a exibição contou com uma plateia de quase 40 pessoas. Foi uma noite para guardar na memória que contou ainda com as presenças generosas do jornalista Aluysio Abreu Barbosa e do estudante de cinema da UFF Gabriel Belchior, na mediação da conversa.

Campos, é bom lembrar, é uma cidade de Cinema. Em seus tempos áureos, contou com quase 70 salas de cinema e a planície goitacá já serviu de locação para filmagem de importantes novelas e obras cinematográficas, tais como: “Escrava Isaura” (1976), de Walcyr Carrasco; “Na boca do mundo” (1978), de Antonio Pitanga; e “Ganga Zumba” (1963) e “Xica da Silva” (1976), ambos de Cacá Diegues. Sem falar das produções locais, como “Sobre o domínio da fé” (1995) de Maria Helena Gomes; “Forró em Cambahyba” (2013) de Vitor Menezes e mais recente “Faroeste Cabrunco” (2022) de Vitor Van Ralse. Não menos importante, temos pelo menos dois filhos ilustres de expressão nacional atuando no cinema e na televisão: o ator Tonico Pereira e a atriz e cantora Zezé Motta. Esta, muito em breve, será primeira personalidade a ser condecorada com a titulação de doutora honoris causa pela Uenf.

A celebração do dia do cinema brasileiro em Campos aconteceu às vésperas do lançamento do estudo lançado pela Fundação Getúlio Vargas sobre a aplicação da Lei Paulo Gustavo no Estado do Rio de Janeiro, que revelou o impacto de R$ 852,2 milhões como resultado desta política pública na economia estadual. Esse investimento federal se reverteu em R$ 132 milhões em arrecadação de impostos, gerando quase 12 mil empregos diretos. Em 2023, somente a Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (Secec – RJ) foi responsável pela execução de R$ 139 milhões em recursos destinados pela União através da Lei Paulo Gustavo. Trata-se do maior volume de recursos da história investidos no setor cultural fluminense.

Apesar do setor do audiovisual abarcar o maior volume de recursos, também foram abertos editais de fomento nos segmentos de teatro, conexões urbanas, dança, circo, música, artes visuais, manifestações tradicionais, bandas e fanfarras, artesanato, arte-educação, HQ e diversidades em diálogo. Os resultados da Lei Paulo Gustavo no estado revelam o potencial do setor criativo e da cultura, mas não dão conta da complexidade que envolve a execução dos mesmos recursos da lei direcionados para todos municípios do estado, especialmente do interior. Para se ter uma ideia, a soma dos valores recebidos pelas 9 cidades do Norte Fluminense chega a R$ 8 milhões. Destes, Campos dos Goytacazes ficou R$ 3,8 milhões.

É importante frisar igualmente que os resultados da Lei Paulo Gustavo foram anunciados em um contexto em que se avizinham as eleições municipais. E, com elas, as discussões em torno das pautas mais cotidianas da população. O abastecimento de água, o transporte público, o saneamento básico, a educação de nossos filhos e a segurança pública (apesar desta não ser diretamente responsabilidade municipal) continuam a pautar as discussões dos postulantes às prefeituras. Apesar da urgência de tais temas, a Cultura permanece alijada do debate eleitoral. Não obstante, nos últimos anos, diversos instrumentos de políticas públicas culturais foram implementados, gerando impactos diretos na geração de emprego e renda.

Além da implementação da Lei Paulo Gustavo, pelo menos até 2027 teremos a Lei Aldir Blanc 2, política consolidada como uma grande conquista municipalista para o futuro do investimento público no setor criativo e da cultura. Nos próximos anos, de forma descentralizada e regular, devem ser repassados pela União aos municípios brasileiros 1,5 bilhão por ano, a princípio, até 2027. Ambas as leis são fruto da mobilização de trabalhadores da cultura, que se organizaram durante o período da pandemia com o objetivo de garantir uma renda mínima para os profissionais que atuam neste campo, em suas diferentes expressões artísticas. Os municípios precisam organizar seus arranjos administrativos para atrair e receber esses recursos, fomentar políticas públicas e criar um ambiente de negócios juridicamente seguro para o desenvolvimento da indústria criativa e da cultura.

Há muito trabalho a ser feito, muitas oportunidades podem ser aproveitadas para dinamizar o crescimento da economia criativa e da cultura no interior do estado, especialmente no Norte e Noroeste Fluminense. Segundo dados do Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual , vinculado à Agência Nacional de Cinema (Ancine), há 2.145 produtoras independentes regulares atuando no Estado do Rio de Janeiro, com apenas 224 produtoras cadastradas em todos os 91 municípios do interior do estado. Campos possui 6 produtoras cadastradas.

À baila desse debate, é importante frisar a necessidade de formação de mão de obra em nível técnico, de graduação e pós-graduação, seja para atuar no ensino, na pesquisa, no mercado de trabalho ou nas gestões públicas municipais do interior do estado, que ainda carecem de quadros qualificados nesta área em suas secretarias. Há necessidade de investimentos na revitalização de patrimônios como o Cine São José e criação de equipamentos culturais, possibilitando a dinamização das economias dos bairros, revelando novos talentos e democratizando o acesso à cultura ao grande público. Há um grande potencial regional para a mobilização de recursos públicos e privados no investimento em infraestrutura na área, a criação de um ambiente produtivo e de negócios no interior do estado.

Entre os desafios e oportunidades, a Uenf também pode e deve ser bem-vinda a ocupar um lugar estratégico na gestão de equipamentos culturais e na oferta de novos cursos no campo criativo e da cultura. Nessa esteira de debate é que retomamos a proposta de criação do curso de cinema na Uenf, em nível técnico, de graduação e, futuramente, pós-graduação, garantindo a formação e qualificação necessária para futuros profissionais atuarem na criação de um polo regional de produção de cultural, na realização e produção cinematográfica. E também para atuarem no mercado de trabalho e na gestão de políticas públicas do setor criativo e de cultura no Norte, Noroeste e no raio de ação mais próximo da Uenf, que abrange número considerável de cidades do Espírito Santo e Minas Gerais.

Em termos práticos, a boa notícia é que a proposta de criação do curso de cinema está sendo acolhida e tratada como prioridade estratégica para a expansão da universidade e o desenvolvimento da região, no âmbito da comissão que compõe o Plano de Desenvolvimento Institucional do Centro de Ciências do Homem da Uenf. Nossa cidade e nossa região assistem às contradições do petrorrentismo se tornarem agudas e insuperáveis em seus próprios termos. Nem as atividades e tampouco as elevadas rendas do petróleo deram origem a dinâmicas internas, sustentáveis e inclusivas de desenvolvimento econômico com qualificação do trabalho, aumento de produtividade e elevação educacional e cultural em larga escala.

Para superar a contradição entre o desenvolvimento petrorrentista insulado nas franjas do litoral e o subdesenvolvimento reinante no interior de Campos e de seu entorno, precisamos de processos internos de transformação e inovação educacional e produtiva. Que sejam acoplados à emergência de uma economia criativa com alta agregação de valor e uso de trabalho qualificado em grande escala.

O curso de cinema é capaz de dar propulsão, a partir da Uenf e em perfeita sintonia com sua missão histórica, a uma dinâmica como essa. Embora sozinha nenhuma universidade possa criar nem sustentar nenhum processo social, sua tarefa de desafiar a ditadura da falta de alternativas pode permitir uma nova articulação entre cultura e economia, em torno de uma política de desenvolvimento que aproveite a grandeza e a criatividade de nosso povo.

A tradição de Campos com o cinema não é um traço do passado a ser apenas recuperado e preservado. É também, e acima de tudo, uma fonte de imaginação, planejamento e construção do futuro.

 

Publicado hoje da Folha da Manhã.

 

Para onde irão os votos de Carla Machado a prefeita de Campos?

 

Atrás dos votos de Carla Machado: Wladimir Garotinho, Jefferson Azevedo, Thiago Rangel e Madeleine Dykeman (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

 

Para onde vão os votos de Carla?

Desde 6 de novembro de 2023 (relembre aqui), a Folha alertou várias vezes: reeleita prefeita de São João da Barra em 2020, a deputada estadual Carla Machado (PT) não poderia concorrer a prefeita de Campos em 2024. Era o que dizia toda a jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Supremo Tribunal Federal (STF). Em 16 de junho, o TSE confirmou por unanimidade (confira aqui) essa jurisprudência. E, em 26 de junho, Carla retirou (confira aqui) sua pré-candidatura. Dessa certeza anunciada, ficou a dúvida: como Carla teve (confira aqui) 18,7% de intenção de voto na consulta estimulada da única pesquisa a prefeito de Campos registrada em 2024, para onde irão esses eleitores?

 

Para Wladimir? (I)

Feita em 26 de abril, ouvindo 1.002 eleitores campistas, a pesquisa Prefab Future foi registrada no TSE sob o número RJ-04536/2024. Além de Carla, o único prefeitável de Campos a alcançar dois dígitos de intenção de voto foi o próprio prefeito Wladimir Garotinho (PP). Candidato natural à reeleição, ele apareceu liderando a corrida com razoável vantagem. Com 53,7% de intenção de voto na consulta estimulada, manteve válida a possibilidade de liquidar a fatura em turno único. Tendência que já vinha projetada (confira aqui) por todas as pesquisas de 2023. E que se reforçaria se Wladimir herdasse, agora, eleitores de Carla. O prefeito parece acreditar nisso.

 

Para Wladimir? (II)   

“Na verdade, todo mundo sabia que Carla não poderia ser candidata. Insistiram, não sei por que, até a última hora, ainda prejudicando a possível candidatura do professor Jefferson. Para mim, até de maneira proposital. Não queriam deixar que o professor Jefferson fosse candidato, mas é uma questão interna do PT. Agora é ver para onde o voto dela vai migrar. Pelas pesquisas internas que temos, mais de 50% migram para minha pré-candidatura. Mas estou focado no trabalho, na Prefeitura”, disse Wladimir (confira aqui) durante a Feijoada da Folha, em 29 de junho.

 

Para Jefferson?

Wladimir foi respondido pelo professor Jefferson de Azevedo, ex-reitor do IFF, pré-candidato a prefeito de PT e, em tese, herdeiro dos votos de Carla: “curiosa a postura de tentar atrair parte do eleitorado da deputada estadual Carla Machado depois dos ataques agressivos que promoveram contra a sua pré-candidatura a prefeita. Preferem agir assim do que conquistar o voto no debate público da cidade. Um governo muito mal avaliado no transporte público e na saúde. Não tenho dúvidas de que esses eleitores estarão com a nossa pré-candidatura. É necessário aguardar novas pesquisas para uma avaliação mais precisa da situação”.

 

Sem registro no TSE, não vale

Com 0,6% de intenção de voto na pesquisa Prefab do fim de abril, Jefferson está absolutamente certo neste mês de julho, a menos de três da urna. Só novas pesquisas registradas poderão dizer para onde foram os 18,7% de intenção de voto de Carla. Se Wladimir estiver certo ao dizer, a partir de pesquisas internas, ter recebido mais de 50% desses eleitores campistas da ex-prefeita sanjoanense, ele estaria falando de cerca de 10 pontos a mais do que os 53,7% com que apareceu em abril. Mas, em ano eleitoral, pesquisas precisam de registro no TSE para serem divulgadas. E isso não se aplica às pesquisas internas que o prefeito tem.

 

William Passos, geógrafo com especialização doutoral em estatística no IBGE

Votos de Carla

Geógrafo com especialização doutoral em estatística pelo IBGE, William Passos analisou essa questão da migração dos votos de Carla: “é preciso aguardar as próximas pesquisas registradas. Mas sabe-se, com base nas pesquisas e eleições passadas, que os perfis do eleitor de Carla Machado e dos candidatos com origem no polo universitário de Campos, como é o caso do professor Jefferson Azevedo, são diferentes. A ex-prefeita de SJB e deputada estadual tem um eleitor de base mais popular, com maior participação de pessoas com até dois salários mínimos. É um eleitor mais próximo do observado na base do ‘garotismo’ e do ‘barcelismo‘”.

 

Votos do PT

O geógrafo e estatístico seguiu em sua análise sobre o eleitor do PT em Campos: “historicamente, no caso campista, o eleitorado mais orgânico dos candidatos petistas tem como ponto de partida o voto com maior renda e escolarização. Como maior participação de pessoas com formação superior e renda familiar mensal maior que dois salários mínimos. Portanto, o que se pode afirmar, até que as próximas pesquisas registradas sejam divulgadas, é que a migração da intenção de voto de Carla Machado ao professor Jefferson Azevedo não será automática”, advertiu William.

 

Thiago, Madeleine e 2024/2026

Outros prefeitáveis podem receber votos de Carla. Seu colega na Alerj, Thiago Rangel (PMB) também tem seu nicho no eleitor mais pobre. Embora de direita, oposta ao PT, o fato de a Delegada Madeleine (União) também ser vista como uma mulher forte pode atrair carlistas. Embora não admitam, Wladimir e Jefferson podem disputar 2024 com olhos em 2026. Para isso, o prefeito se cacifaria caso se reelegesse no 1º turno. Enquanto o ex-reitor do IFF teria que superar os 6,56% dos votos válidos da esquerda no 1º turno a prefeito de Campos em 2020, na soma das também professoras Natália Soares (Psol) e Odisséia Carvalho (PT).

 

Publicado hoje na Folha da Manhã.

 

Dudu Azevedo fecha a semana do Folha no Ar nesta sexta

 

(Arte: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Empresário e pré-candidato a vereador, Dudu Azevedo (REP) é o convidado para fechar a semana do Folha no Ar nesta sexta (12), ao vivo, a partir das 7h da manhã, na Folha FM 98,3. Ele falará da sua relação de amizade com o prefeito Wladimir Garotinho (PP) e do apoio deste, que vem gerando reações dentro do grupo político governista.

Dudu também falará da costura da aliança governista com o ex-deputado federal Caio Vianna (MDB), da relação com a oposição e do evento com prefeitáveis da Acic (confira aqui, aqui e aqui). Por fim, ele analisará a nominata e, com base nas pesquisas (confira aqui, aqui, e aqui), tentará projetar as eleições a prefeito e vereador de 6 de outubro, daqui a 87 dias.

Quem quiser participar ao vivo do Folha no Ar desta sexta poderá fazê-lo com comentários em tempo real, no streaming do programa. Seu link será disponibilizado alguns minutos antes do início, nos domínios da Folha FM 98,3 no Facebook e no YouTube.

 

Felipe Fernandes — Trilogia de terror em filme desnecessário

 

 

Felipe Fernandes, cineasta publicitário e crítico de cinema

Silêncio e morte em Nova York

Por Felipe Fernandes

 

Lançado em 2018, “Um lugar silencioso” conquistou o público com uma atmosfera pesada, trabalhada no silêncio, um aspecto pouco usual quando pensamos em cinema, principalmente de terror. Contando a história da família Abbott durante o apocalipse silencioso, o filme acerta em narrar uma história contida, um filme de situação, que não expande a história dos acontecimentos, focado totalmente na sobrevivência da família.

Lançado em meio a pandemia, a segunda parte trouxe um longo flashback em que narra o primeiro encontro dos personagens com as criaturas. E, posteriormente, seguiu a história da família Abbott. Praticamente do mesmo ponto do encerramento da primeira parte. Para mostrar a família tendo que seguir por um caminho desconhecido, onde eles descobrem que as criaturas não são o único perigo pelo caminho.

Com o sucesso dos longas anteriores, a franquia se expande para um terceiro longa, que funciona como um prelúdio, que promete mostrar o dia 1 da invasão, tendo como foco a cidade de Nova York.

A ideia de mostrar o dia 1 em Nova York, uma das cidades mais barulhentas do mundo, cria uma curiosidade devido ao contraste natural da situação. Se nos longas anteriores acompanhamos os personagens em locais ermos, a proposta aqui é mostrar o início do ataque das criaturas em meio à metrópole.

O filme acompanha Samira (Lupita Nyong’o), uma jovem com câncer em estado terminal, que vive com constantes dores em uma espécie de hospital/asilo. Ela aceita ir à cidade em uma excursão, com a promessa de que após o passeio haverá pizza. E é durante essa excursão que ela vai se ver presa junto a seu gato nessa situação.

Para um filme que se propõe a mostrar o dia 1, o filme passa bem longe de acrescentar qualquer informação ou conceito novo no contexto geral da franquia. Tirando a mudança de cenário, é mais do mesmo. A cena da chegada das criaturas remete diretamente ao 11 de setembro, uma cicatriz que a cidade não vai perder e que está enraizada no imaginário popular.

O filme trabalha a relação da protagonista em sua jornada ligada a símbolos da cidade, fugindo do aspecto mais visual. Esqueça cenas com os pontos mais famosos, nesse sentido, o filme poderia ter sido filmado no centro do Rio de Janeiro.

Assim como nos anteriores, o filme aposta em uma jornada pessoal de sobrevivência. Uma escolha acertada, principalmente em nos fazer ter interesse pelos personagens. Porém, essa abordagem reforça a falta de originalidade do longa, que não apresenta nada de relevante.

As criaturas não ganham qualquer nova adição. Ao contrário dos longas anteriores, acompanhamos várias delas, o que é natural, já que o filme acontece durante a invasão. Porém, entra naquele problema das continuações, se não tem mais o fator surpresa, vamos apostar na quantidade.

Os principais destaques ficam pela atuação intensa da grande Lupita Nyong’o, que mais uma vez se estabelece como uma das melhores atrizes no gênero. O outro destaque é o seu companheiro, o gato Frodo, um personagem bem atípico para esse tipo de produção. Mas que, narrativamente, é importante para a protagonista.

“Um lugar silencioso: Dia 1” se prova um filme desnecessário, já que não acrescenta nada à franquia, nem se prova uma grande experiência cinematográfica. É um filme correto, bem produzido, mas totalmente esquecível, em uma franquia que perde força a cada novo filme.

 

Publicado hoje na Folha da Manhã.

 

Assista ao trailer do filme:

 

Líder, Wladimir se ausenta do encontro de prefeitáveis na Acic

 

Prefeito Wladimir Garotinho e os presidentes do PP em Campos e da Acic, respectivamente, Mauro Silva e Fernando Loureiro (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

 

Encontro de prefeitáveis sem Wladimir

Na manhã de ontem (9), no programa Folha no Ar, o presidente da Associação Comercial e Industrial de Campos (Acic), o empresário Fernando Loureiro, explicou como serão os dois encontros entre os nove prefeitáveis da cidade, hoje e amanhã, na sede da entidade. Que promove o evento com mais 22 instituições. Poucas horas depois, à tarde, o jornalista e ex-vereador Mauro Silva, como presidente municipal do PP, partido do prefeito Wladimir Garotinho, informou que este não estará presente. Foram alegados “compromissos previamente agendados” para tentar justificar a ausência do prefeito.

 

Da versão ao fato

Na verdade, o único “compromisso previamente agendado” de Wladimir é a sua folgada liderança em todas as pesquisas eleitorais de 2023 (confira aqui) e na, até aqui, única registrada (confira aqui) no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2024. Pragmaticamente, ele tem suas razões. Como seria alvo natural de todos os possíveis concorrentes, teria mais a perder do que a ganhar. Se apanhará ainda mais na ausência, evitará a gravação em vídeo com sua imagem em alfinetadas dos adversários para as redes sociais. Sem ir, dá menos holofote ao evento. Que, no entanto, deveria ser prestigiado como iniciativa democrática da sociedade civil organizada.

 

Formato do encontro

No Folha no Ar, ainda sem saber da ausência do prefeito, o presidente da Acic explicou que o encontro será dividido em duas rodadas, com quatro e cinco nomes (agora, quatro e quatro) por vez. Uma hoje e outra amanhã, no mesmo horário e endereço: às 19h, na sede da Acic, no 16º andar do edifício Ninho das Águias, na praça do Santíssimo Salvador. Os dois encontros não terão transmissão ao vivo ou entrada franca. Serão abertos só a representantes das 23 entidades, assessores dos prefeitáveis e profissionais cadastrados da imprensa. Apesar de todos esses cuidados, o prefeito preferiu evitar.

 

Apelo pelo voto

“Formamos um grupo de entidades que resolveu discutir a cidade. E fazer com que a sociedade civil possa saber quem são os pré-candidatos a prefeito de Campos. Dirigimos aos partidos que propõem lançar candidatos o convite ao evento, para que saibamos quem são e a que vieram. É muito importante saber quem pode ser o gestor do município. Na eleição de 2020, no 2º turno, tivemos 139 mil pessoas que votaram nulo e branco, ou não foram votar. Escolha o menos pior, mas não deixe de votar”. Foi o apelo que Fernando Loureiro fez no Folha no Ar da manhã de ontem. Wladimir, por sua vez, poderia alegar já ser bastante conhecido.

 

Sem transmissão ao vivo

“Para não ficar cansativo, dividimos em duas etapas. Será como uma entrevista, não existirá debate, não será possível pré-candidato questionar pré-candidato. E vamos pedir o bom senso para que não sejam ditas coisas ofensivas por um aos demais. Após a abertura, onde falaremos na condição de presidente da Acic e em nome das entidades, a palavra será passada aos pré-candidatos, para que cada um se apresente. Não haverá transmissão ao vivo, pelo nosso entendimento da Lei Eleitoral”, disse na manhã o presidente da Acic. Ainda assim, à tarde, o prefeito preferiu não ir.

 

Critério religioso? (I)    

Das 23 instituições que promovem, hoje e amanhã, o evento com os prefeitáveis de Campos, 22 são de classe. Só a Associação Evangélica de Campos (AEC) tem critério religioso. O que revela o peso que os evangélicos desempenham hoje na política de Campos e do Brasil. Como os perigos da Teologia da Dominação que algumas de suas correntes neopentecostais abertamente professam. Com a qual pretendem substituir os valores humanistas e laicos da democracia por uma teocracia com base na lei mosaica do Velho Testamento — retrocesso histórico de 3 mil anos. Com pitadas liberais na economia da Escola Austríaca do séc. 20.

 

Critério religioso? (II)

Indagado no Folha no Ar sobre esse critério meramente religioso em meio a entidades de classe, e se uma instituição que representasse religiões afrodescendentes em Campos também poderia participar do encontro com os prefeitáveis na Acic, seu presidente disse: “como (a AEC) é uma associação, ela entrou no grupo (das entidades). Como se fosse de outros segmentos (religiosos), também estaria dentro do evento. Não tem discriminação de forma alguma. Na associação deles, o critério pode ser religioso, mas aqui (no grupo das instituições) não existe esse vínculo”.

 

Revitalização do Centro e do Mercado

O presidente da Acic confirmou que a revitalização do Centro da cidade, em franca decadência e com aparência de abandono desde a pandemia da Covid-19, é uma das principais pautas do setor produtivo. E que, dentro dela, a recuperação do prédio centenário do Mercado Municipal deveria ser uma prioridade, independentemente de quem for eleito (ou reeleito) nas urnas de 6 outubro. Às quais repudiou práticas como as registradas na Campos de 2022. Quando uma panificadora da cidade obrigou seus funcionários a trabalharem com camisa amarela de número 22 — símbolo e número do bolsonarismo.

 

Publicado hoje na Folha da Manhã.