Falta de aviso não foi: “pesquisa fantasiosa” barrada na Justiça

 

(Foto: Rodrigo Silveira/Folha da Manhã)

 

 

Pesquisa fraudada Iguape barrada na Justiça

“Temos pesquisa eleitoral divulgada antes mesmo que se iniciasse a coleta de dados. Pior, há divulgação de margens de erro que não correspondem àquelas que existiram se fosse seguida a metodologia declarada ao TSE. Não passou despercebido ao juízo que a equivocada margem de erro (4,9%) ampara suposições quanto ao resultado da eleição em 1º ou 2º turno. Entretanto, a pesquisa aponta margem de erro estimada em 3,1%”. Foram as gritantes contradições elencadas pelo juiz titular da 76ª Zona Eleitoral (ZE) de Campos, Leonardo Cajueiro D’Azevedo, para suspender a divulgação de pesquisa Iguape a prefeito de Campos.

 

Falta de aviso não foi (I)

Falta de aviso não foi. Antes da divulgação da pesquisa pela rede de veículos controlados pela oposição, encomendada pela rádio Hits para tentar enganar o eleitor campista, esta coluna advertiu no sábado (28): “a Iguape, registrada no TSE para divulgação na terça (1º). Seria para achar à 2ª colocada, Delegada Madeleine (União), algo próximo aos 30% de intenção de voto, cerca do dobro do que ela de fato tem em todas as pesquisas (…) Esse número entre 20% e 30% de intenção a Madeleine teria sido achado numa pesquisa interna. O Iguape foi escalado de última hora para tentar bisá-lo e criar uma guerra de narrativas na semana da eleição”.

 

“Pesquisa manifestamente fantasiosa”

Como reza o dito popular, “não há nada pior que burro com iniciativa”. A falta de inteligência, capaz de pasmar criança do ensino fundamental, fica patente no tosco contorcionismo descrito ontem pelo juízo da 76ª ZE: “Estamos na semana imediatamente anterior à votação e temos pesquisa manifestamente fantasiosa (resultado antes da coleta de dados !?!?) e divulgação de margem de erro equivocada maior até que a margem metodologicamente comunicada ao TSE (…) Por fim, há indícios de abuso de poder econômico (caso provada pesquisa com propósito de ludibrio ao eleitorado) e uso indevido dos meios de comunicação”.

 

Falta de aviso não foi (II)

De novo, falta de aviso não foi. Antes da “pesquisa fantasiosa” de ontem, na mesma fantasia que inunda as ruas de Campos com bandeiras pagas de uma candidatura, a coluna também advertiu no sábado: “Paraná e Big Data têm nome a zelar. Não se prestariam a achar intenção de voto artificial a um candidato, muito além da margem de erro, do que de fato tem. O que, se acontecer na Iguape de terça, fará com que o instituto cumpra o papel que a Brasmarket tentou fazer por Bolsonaro em 2022 (…) com o mesmo resultado prático: ser desmascarado pela urna. Mesmo com a derrama de ‘aspectos menos metodológicos’ na reta final da eleição”.

 

Sob pena de R$ 100 mil/dia

Outro dito popular reza que “quem avisa, amigo é”. Mas como os avisos da coluna não adiantaram, a Justiça Eleitoral de Campos agiu de maneira célere para provar que há o limite da lei à tentativa de se instalar um vale-tudo na disputa do orçamento bilionário da cidade. Determinou a cinco perfis de quatro veículos que servem de linha de transmissão ao mesmo grupo político, além do perfil da candidata Madeleine, a remoção, no prazo de 24 horas, da divulgação da “pesquisa fantasiosa” Iguape a prefeito de Campos. “Sob pena de multa diária no valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais)”, estipulou o juízo da 76ª ZE.

 

Histórico das pesquisas a prefeito de Campos

Vinda de carreira brilhante como delegada de Polícia Civil, Madeleine teve, a olhos vistos, uma rápida evolução como política. O problema não parece estar com ela. A coluna fez um histórico das pesquisas a prefeito de Campos e 2024, antes de advertir mais uma vez no sábado: “Em 2023, desde a pesquisa GPP de março, passando pela Iguape de julho e a Prefab de agosto, Wladimir tinha intenção de voto para projetar a reeleição em 1º turno. Essa tendência foi confirmada pela Prefab de abril, as Big Data de agosto e setembro e a Paraná de agosto de 2024, antes da Paraná de setembro desaparecer”.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Falta de aviso não foi (III)

A coluna de sábado seria confirmada ontem, três dias depois, hoje a apenas quatro da urna: “a coordenação da oposição parece mais perdida que cego em tiroteio. No terraplanismo da negação das pesquisas e no malabarismo com a Paraná de agosto, antes do desaparecimento da Paraná de setembro. Ou quando omitiu as Big Data de agosto e setembro, para lembrar que as duas existiram só… quatro dias depois da última. Quem nega e sonega pesquisas, no compromisso político e doloso com a desinformação, agora pode ter achado uma Iguape para chamar de sua”.

 

Decisão correta contra campanha de Wladimir

No mesmo compromisso com a desinformação, as pesquisas anteriores Paraná e Real Time Big Data foram acusadas na segunda de “conter erros”. O que é uma deslavada mentira dos veículos que divulgaram a Iguape “fantasiosa” na terça. O erro foi da campanha de Wladimir, que divulgou as duas pesquisas sem período de realização, margem de erro, número de entrevistados, nível de confiança, contratante e registro no TSE. Na Folha, com todas essas informações, a Paraná e a Big Data estão onde sempre estiveram. A decisão correta do juiz Marcio Roberto da Costa, da 75ª ZE, só impôs o Art. 10 da resolução 23.600/2019 do TSE.

 

Tiro de festim pela culatra

Entre a Paraná divulgada em 26 de agosto e a que desapareceu misteriosamente após ter divulgação prevista no TSE para 27 de setembro, como as duas Big Data divulgadas em 27 de agosto e 23 de setembro, Wladimir variou entre 63% e 65% das intenções de voto na consulta estimulada — fruto da aprovação de governo entre 73% e 76,3%. Enquanto Madeleine variou de 14% a 17,9%, com teto projetado entre os 23,6% e os 26% que não aprovam a atual gestão municipal. O tiro de festim pela culatra, advertido e ainda assim disparado ontem com a Iguape, pode ter atrapalhado a principal candidata da oposição, no lugar de ajudar. A ver.

 

Publicado hoje (2) na Folha da Manhã.

 

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