Wladimir bate em Caio, Rafael poupa
A rodada da semana do programa Folha no Ar, da Folha FM 98,3, se iniciou na segunda (aqui), com o deputado federal Wladimir Garotinho (PSD). E se encerrou ontem (aqui), com prefeito Rafael Diniz (Cidadania). E permitiu algumas conclusões. Rafael vai centrar fogo em Wladimir. Mas, pelo menos por enquanto, poupará a pré-candidatura de Caio Vianna (PDT). O filho do casal Garotinho, por sua vez, vai bater tanto em Rafael, quanto em Caio. Sem falar com a imprensa, além da que se resume na sua assessoria, o filho do ex-prefeito Arnaldo Vianna (MDB) vai ficar quieto, na tentativa de manter sua rejeição baixa por inércia.
Governo x CDL
Em outro movimento do tabuleiro político para 2020, Rafael ontem abriu sua participação no Folha no Ar endossando as críticas do seu secretário de Governo, o jornalista Alexandre Bastos, ao presidente da CDL/Campos, Orlando Portugal. Como Bastos afirmou primeiro nas redes sociais (aqui) e, ontem (aqui), nesta coluna, os rafaelistas entendem que as cobranças da CDL à administração municipal têm origem político-partidária. Para eles, Orlando continua agindo como nos tempos em que foi secretário do governo Rosinha Garotinho (hoje, Patri). Rafael, no entanto, ressalvou seu respeito à CDL. E evitou críticas ao líder lojista Marcelo Mérida.
Mérida no PSC
Ligado ao grupo de empresários locais, que reúne tanto Orlando, quando seu antecessor na presidência da CDL, Joílson Barcelos, Mérida disputou pelo PSD uma vaga de deputado federal em 2018. Entre os candidatos locais, teve menos votos do campista do que Wladimir, único eleito; Marcão Gomes, hoje secretário de Desenvolvimento Econômico e Social de Rafael; e Caio. Com as bençãos de Wilson Witzel, Mérida vai para o PSC do governador. O martelo foi batido ontem (aqui). Só falta definir a data. O líder lojista vai assumir a presidência do partido em Campos, pelo qual já é o nome mais cotado para uma candidatura própria a prefeito.
Apoio a Wladimir?
Como o deputado estadual Bruno Dauaire é líder do PSC na Alerj e principal aliado político de Wladimir, a entrada de Mérida pode também ser para compor uma chapa encabeçada pelo filho do casal da Lapa. Ou até uma candidatura de apoio, como o ex-deputado Paulo Feijó (PR) fez com Rosinha Garotinho (hoje, Patri), contra o ex-prefeito Arnaldo Vianna (hoje, MDB), em 2008. O papel de candidato de apoio, para fazer o jogo sujo contra o principal adversário do apoiado, pareça impróprio ao jeito sereno de Mérida. Ainda assim, ele elevou o tom ao falar à coluna do ataque de Bastos ao presidente da CDL: “me senti pessoalmente atingido”.
Promessas
Enquanto compra briga com uma parcela do setor produtivo da cidade, que entende agir a favor do garotismo, o governo Rafael está pressionado. Pressionado pela situação financeira que herdou do governo Rosinha, que teria deixado uma dívida de R$ 2,4 bilhões. Pressionado por ter que pagar todo mês à Caixa Econômica 10% dos royalties do petróleo, por conta da “venda do futuro” do município feita pelos Garotinho. Após inaugurar o Hospital São José, cumprindo uma promessa feita por Rosinha, Rafael vê promessas suas mais distantes, como retomar ainda este ano o Restaurante Popular e o cartão cooperação (antigo Cheque Cidadão).
Os Bacellar
Fragilizado pela situação financeira do município, que o levou a um contingenciamento de que tornou seu governo ainda mais impopular com os servidores, talvez isso explique a opção de Rafael de não partir para a desconstrução de Caio. A ponte entre os dois pré-candidatos a prefeito é mantida com base nos Bacellar. Embora também pré-candidato a prefeito, o deputado estadual Rodrigo (SD) age como principal aliado de Caio. Assume sua voz e defesa, como fez ao rebater (aqui) as críticas de Wladimir no Folha no Ar. Enquanto isso, o ex-vereador Marcos (PDT) e seu outro filho, Nelson, mantém seus muitos pés no governo Rafael.
Acordos e dilema
A entrada de Mérida no PSC não fecha a alternativa para que o governador Witzel acabe apoiando Wladimir. Já em relação a Rodrigo e Caio, quem estaria por trás é o presidente da Alerj, André Ceciliano (PT). Comenta-se nos bastidores que o acordo seria para fazer o filho de Arnaldo prefeito, enquanto o filho de Marcos assumiria uma vaga no Tribunal de Contas do Estado (TCE). Em desvantagem a dois dos seus principais adversários de 2020 na questão de apoio, Rafael demonstra convicção de estar certo nas medidas de austeridade do seu governo. São necessárias. Mas, por antipáticas, não garantem sucesso político. Esse é o seu dilema.
Publicado hoje (27) na Folha da Manhã