“A Câmara vai ser forte. Diferente dessa presidência (…) de hoje, que tenta jogar contra a população pautando aumento de impostos e servindo de puxadinho da Prefeitura”. Foi o que projetou para o biênio 2023/2024 o vereador de oposição Marquinho Bacellar (SD). Ele venceu a eleição a presidente da Câmara Municipal de Campos por 13 votos a 12 na sessão do dia 15. O resultado chegou a ser proclamado pelo atual presidente, o situacionista Fábio Ribeiro (PSD). Que foi derrotado no voto em sua tentativa de reeleição, junto com o governo Wladimir Garotinho (PSD). Fábio poderia ter marcado o pleito até 15 de dezembro, mas resolveu adiantá-lo nove meses.
Após o resultado adverso, definido com a traição do edil Maicon Cruz (PTC), que assinou termo de compromisso com a reeleição do atual presidente, mas votou em Marquinho, Fábio suspendeu a eleição do resto da Mesa Diretora nas sessões dos dias 16, 22 e 23. E, no dia 24, anulou a eleição do seu sucessor na Mesa Diretora que ainda controla. “Estamos vendo uma das maiores vergonhas da história da Câmara de Campos. Perderam no voto, em uma eleição que eles anteciparam, e estão criando essa cortina de fumaça (…) A maioria venceu e isso não tem discussão (…) Agora temos que seguir a votação para os outros cargos da Mesa”, pregou Marquinho. Embora às vezes tentando sobrepor narrativas a fatos públicos e noticiados à época, ele pregou a união com Caio Vianna (PDT). E não poupou críticas a Wladimir: “é um menino mimado e birrento, que só desagrega”.
Folha da Manhã – O voto de Nildo em você a presidente da Câmara, na sessão do dia 15, não foi registrado em ata. Mas ele declarou na tribuna que era seu, na sua vitória por 13 votos a 12. No dia 24, por 3 votos a 1, a atual Mesa Diretora da Câmara entendeu que o voto dele não valia. E anulou sua eleição a presidente da Casa em 2023/2024. A judicialização agora é inevitável?
Marquinho Bacellar – Estamos vendo uma das maiores vergonhas da história da Câmara de Campos. Perderam no voto, em uma eleição que eles anteciparam, e estão criando essa cortina de fumaça. O resultado não vai mudar. A maioria venceu e isso não tem discussão. Tenho certeza de que não vai mudar. Agora temos que seguir a votação para os outros cargos da Mesa.
Folha – Muitos questionaram Fábio por ter adiantado a eleição da Mesa, que poderia fazer até 15 de dezembro. Em entrevista à Folha FM no dia 22, Nildo disse que Fábio adiantou porque temia não ser o candidato do governo se a eleição fosse mais à frente. Concorda?
Marquinho – O grupo de Garotinho vive um canibalismo eterno. É um querendo engolir o outro o tempo todo. Mas eles adiantaram porque são prepotentes, arrogantes e achavam que iriam vencer. Tudo foi feito na calada e com o consentimento do prefeito, que também é, desde o início do governo, um exemplo de prepotência, soberba e incompetência.
Folha – Com os 13 votos da oposição, a eleição do resto da Mesa ficaria com Marquinho do Transporte 1º vice, Maicon 1º secretário, Fred 2º vice e Abdu, 2º secretário. Com a suspensão da eleição nas sessões dos dias 16, 22 e 23, e a anulação da sua no dia 24, como isso fica?
Marquinho – Há um entendimento até pelo jurídico da Câmara de que essa eleição deve continuar para que a pauta, posteriormente, siga seu rumo natural.
Folha – A sua eleição se deu com a traição de Maicon, que assinou termo de compromisso pela eleição de Fábio, mas votou em você. Agora veio essa anulação, no tapetão, do resultado do voto dos vereadores. Quando a política de Campos vai se pautar por parâmetros mais dignos?
Marquinho – Disputei a eleição para a presidência da Câmara e venci com o apoio de (outros) 12 vereadores. Quem antecipou e perdeu foi o grupo do prefeito. Antes da votação, membros do grupo do prefeito xingaram e atacaram o vereador Maicon Cruz. E depois choram porque ele votou contra? Enquanto houver um Garotinho no poder não vamos ver parâmetros dignos em Campos. Essa é a verdade. Qualquer campista sabe que eles fazem de tudo pelo poder. E quanto à “traição”, o vereador foi colocado dentro de uma sala fechada, sem acesso ao próprio celular, sendo coagido a votar em um candidato. Ele assinou um documento sem validade alguma, por medo. Eu não trato o caso como traição. Trato como coragem de quem se coloca de frente para encarar um grupo político que já fez tanta maldade na cidade.
Folha – Após sua eleição a presidente da Câmara, você agradeceu por ela à articulação do seu irmão, o secretário estadual de Governo Rodrigo, e de Caio Vianna, secretário municipal de Niterói. Como se deu o trabalho deles?
Marquinho – Ao contrário de Wladimir, que é um menino mimado e birrento, que só desagrega, meu irmão Rodrigo Bacellar e Caio Vianna sabem que o momento pode união de forças. Prova disso é que temos o apoio de novas e antigas forças políticas da cidade. Já o prefeito segue cada vez mais sozinho com sua arrogância. Quem achava que ele era diferente do pai, agora está vendo. Se bobear, Wladimir é pior do que Garotinho. O nível de imaturidade dele é assustador. E cabe lembrar que, em 2021, na eleição para o primeiro biênio, tanto o Caio (que, na verdade, fez um acordo com o grupo de Wladimir para dar ao governo a vitória na Mesa Diretora no biênio 2021/2022) quanto o meu irmão orientaram os seus grupos políticos a votarem como quisessem, com o objetivo de dar governabilidade ao governo que iniciava. Mas os dois viram que o prefeito não queria governabilidade, e, sim, uma Câmara que fosse subserviente às ordens dele.
Folha – Rodrigo e Caio chegaram a anunciar uma aliança para 2020, que se desfez antes de começar a campanha. Se ela tivesse se mantido, o resultado daquela eleição a prefeito teria sido diferente? Refeita agora na Câmara, essa união pode durar até o pleito de 2024?
Marquinho – Nosso grupo naquela ocasião optou por uma candidatura (na verdade, após romper com Caio, o grupo dos Bacellar cogitou primeiro lançar a prefeito o juiz aposentado Pedro Henrique Alves, depois os médicos Cândida Barcelos e Eduardo Terra, além do pastor e ex-deputado federal Éber Silva, antes de se definir por outro médico, Bruno Calil), montando também nominatas fortes para a Câmara. Certamente, em uma eleição como aquela, que teve um “empate técnico” entre Wladimir e Caio, se estivéssemos juntos (de Caio) a história poderia ser diferente. Mas nada como um dia após o outro. Entendemos hoje a importância de uma frente ampla pelo bem de Campos.
Folha – Em 2020, a aliança com Caio teria se desfeito porque Rodrigo queria indicar o nome a vice-prefeito e, após a eleição da Câmara, o nome para presidi-la. O que tornaria o pedetista, se eleito, refém do seu grupo. Para 2024, quais termos deveriam ser buscados a um acordo?
Marquinho – A aliança se desfez porque nosso grupo optou por lançar uma candidatura (na verdade, a ruptura de Rodrigo com Caio se deu em março de 2020 e, só cinco meses depois, em agosto daquele ano, a candidatura de Dr. Bruno Calil foi lançada). Sempre tive uma excelente relação com Caio e todos amadurecemos muito. Agora temos que seguir juntos, mas sem ficar pensando em eleição de 2024. Temos eleição este ano com Rodrigo buscando a reeleição na Alerj e Caio como pré-candidato a deputado federal. O pensamento agora é no fortalecimento de um grupo para trazer recursos e ajudar o nosso município.
Folha – Campos saiu de 2020 dividida em três polos políticos: Wladimir, prefeito; Caio, que fez um segundo turno muito duro; e Rodrigo, deputado estadual que, em 2021, ganhou a musculatura do Segov. Se dois desses polos se unirem, o terceiro perde? Há espaço para um quarto?
Marquinho – Como eu disse, não se trata de uma união contra o prefeito. O maior adversário de Wladimir é ele, mesmo. A derrota ali é de dentro para fora. Vamos dialogar não só com Caio, mas com outros quadros que ofereçam alternativas e nos ajudem a conduzir Campos para um caminho de desenvolvimento e libertação.
Folha – A perda de popularidade de Rafael em 2020 impressionou tanto quanto a votação que o elegeu prefeito no turno único em 2016. O ex-prefeito pode voltar ao jogo como protagonista? Como reage às acusações de que grupo político dele hoje estaria abrigado no seu?
Marquinho – Rafael encontrou uma cidade destruída, quebrada, saqueada. E cometeu erros. Poderia ter escolhido alguns quadros diferentes e dialogado mais com a população. Sobre ele voltar ao jogo, depende dele, de forma gradual. Mas vamos pensar aqui. Garotinho foi preso cinco vezes e está aí, querendo voltar ao jogo. E Rafael, que teve seus erros, não pode voltar? Em relação aos quadros, é natural alguns que estejam não só em nosso grupo, como também na Prefeitura.
Folha – Dos 25 vereadores, até maio de 2021, você era a voz de oposição mais forte na Câmara. Caso você confirme na Justiça sua eleição, confirmando depois uma Mesa toda da oposição, Wladimir deve temer ser engessado ou até um impeachment?
Marquinho – Ele vai ver que não estamos aqui para perseguir. Vai ver que não precisa nos medir pela régua deles. Nosso mandato será pautado pela firmeza, mas com respeito. E por falar em respeito, foi o que faltou por parte do poder público até agora. O prefeito trata vereadores como capachos. Isso vai mudar. A Câmara vai deixar de ser um puxadinho da Prefeitura e fazer valer a sua força em defesa de Campos.
Folha – Após a operação Telhado de Vidro em 2008, seu pai, então presidente da Câmara, emparedou o governo Mocaiber. Entre 2019 e 2020, o G-8 liderado pelo vereador Igor, do seu grupo, emparedou o governo Rafael. Não é a mesma tática tentada agora? Por quê?
Marquinho – Essa aí é a narrativa de Wladimir e do Chucky (nome do personagem que batiza uma franquia de filmes de terror, com o qual o então vereador Marcos Bacellar apelidou o ex-governador) Garotinho. Veja como Mocaiber trata o meu pai até hoje. Com carinho e respeito. Pergunte na Câmara aos funcionários da Casa sobre o carinho que todos têm pelo meu pai. O que aconteceu ali foi que o meu pai não aceitou entrar na armação de Garotinho contra Mocaiber (mesmo com policiais federais tentando intimá-lo a não o fazer, Bacellar garantiu na Câmara a recondução de Mocaiber ao cargo de prefeito, após este ser afastado na Telhado de Vidro). Eles perderam no voto na suplementar de 2006 e tentaram tomar Campos no tapetão. Veja então quem são os que gostam de golpe e de emparedar. Quem emparedou e extorquiu alguém em Campos foi Garotinho, que mandou segurança armado na casa de um empresário para pedir R$ 500 mil (como foi denunciado na operação Caixa D’Água, derivada da Laja Lato, que rendeu a Garotinho a terceira das suas cinco prisões). Quem diz isso é próprio empresário, e isso foi amplamente divulgado. Entre nós não existe tática para emparedar o prefeito. Isso é choro de quem quer justificar o fracasso que é o seu governo.
Folha – O ex-governador Garotinho fez várias acusações (algumas delas seriam repetidas por Wladimir na noite de quinta, no discurso de inauguração da Vila Olímpica Valdir Pereira, no Parque Guarus) após você ter se eleito presidente da Câmara. E, por conta de Rodrigo, tem ameaçado a ruptura do seu próprio grupo com o governador Cláudio Castro, o que Wladimir, no entanto, nega. Como avalia?
Marquinho – Esse senhor tem credibilidade para falar o quê? Preso cinco vezes, alvo de centenas de processos, ficha suja e quadrilheiro. Ele só está criando desculpas para justificar seu instinto de escorpião e para fazer chantagens.
Folha – Além de tentar reeleger Rodrigo com uma bela votação a deputado estadual e Castro a governador, quais são os objetivos do seu grupo nas eleições de outubro? Seu pai, Marcos Bacellar, veio do sindicalismo, como Lula. E a aliança de Castro com o presidente Bolsonaro?
Marquinho – Vamos trabalhar muito para reeleger Cláudio Castro e Rodrigo. E temos que reconhecer a importância do governador para Campos e região. Fez em pouco tempo o que não fizeram em décadas. Reabriu o Restaurante do Povo, envio recursos para colocar salários dos servidores de Campos em dia, ajudou a Saúde, limpou canais, trouxe com Rodrigo Bacellar o Segurança Presente, campo do Farol, recuperou estradas, entre muitas outras ações em curso, como a reforma do HGG. Sobre a política nacional, temos aliados que pensam de uma forma, outros com outras linhas. Mas somos grupo e vamos debater com nossas lideranças.
Folha – Caso confirme sua eleição na Justiça, ou numa nova eleição, qual seria seu principal objetivo como presidente da Câmara?
Marquinho – Nossa eleição está confirmada. O resto é choro, jogo sujo e tentativa de golpe. Nosso objetivo é acabar com essa história de Câmara ajoelhada aos pés do prefeito. A Câmara vai ser forte e participar de debates sobre desenvolvimento, geração de empregos, Saúde, Segurança e Educação. Diferente dessa presidência da Câmara de hoje, que tenta jogar contra a população pautando aumento de impostos e servindo de puxadinho da Prefeitura.
Publicado hoje na Folha da Manhã.
A POPULAÇÃO TEM SANAR ESTE “CANCER” ESTÁ IMPREGNADO NA CIDADE DE CAMPOS/RJ HÁ MUITOS ANOS ALÉM DESTA PONTE DA INTEGRAÇÃO PARECE PIADA “PONTE DA INTEGRAÇÃO” E POLÍTICAGEM !!!!!!
A família Garotinho todo mundo já conhece, assim como a família Barcelar, se for pra escolher eu fico com a primeira, até que me prove o contrário que Wladimir não está fazendo uma boa administração