Direita em Campos a prefeito
Derrotado nacionalmente pelo presidente Lula (PT) na eleição duríssima de 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teve naquele segundo turno 171.999 votos em Campos (63,14% dos válidos). Na busca desse espólio considerado da direita no município, o pleito à Prefeitura em 2024 apresenta vários pré-candidatos. Além do próprio prefeito Wladimir Garotinho (PP), que declarou voto em Bolsonaro (confira aqui) no segundo turno de 2022 e promoveu para ele (confira aqui) uma grande carreata em Campos, o empresário Clodomir Crespo (DC), o odontólogo Alexandre Buchaul (Novo) e até o deputado estadual bolsonarista Fillipe Poubel (PL), que é de Maricá.
Clodomir Crespo
“É preciso pensar na Prefeitura de Campos como empresa, qualificar a prestação de serviço, com o cidadão como cliente e patrão do Poder Público. Sou de direita, não de extrema-direita, mas precisamos acabar com essa mentalidade da esquerda, de que o empresário é o vilão da sociedade. Quando é ele que gera os empregos e as divisas que sustentam a máquina pública. Paga impostos e quer retorno. Sou empresário e produtor rural, ando o município todo. E não vejo esse retorno sendo dado pelo governo Wladimir”, alfinetou Clodomir. Que assumiu (confira aqui) a DC em Campos, onde está em fase de acabamento a nova sede da legenda, no centro da cidade.
Alexandre Buchaul
“Muitos políticos se colocaram como ‘de direita’, sem nem saber do que se trata, por mera conveniência eleitoral ditada por pesquisas. Conservadora e de direita, tendo dado votos majoritariamente a Bolsonaro, Campos foi palco desse oportunismo e é órfã de representação verdadeiramente de direita. A minha pré-candidatura a prefeito pelo Novo vem justamente oferecer uma alternativa que traga os valores do partido: liberdade, respeito à livre iniciativa, respeito ao empreendedor que gera riquezas, um governo enxuto, com transparência e eficiente, com menos impostos e mais empregos”, enumerou (confira aqui) Alexandre Buchaul.
Filippe Poubel
Embora de Maricá, da Zona Metropolitana do Rio de Janeiro, o deputado Filippe Poubel não descarta entrar (confira aqui) no debate sobre a Prefeitura de Campos. “Não é de hoje que tenho olhar atento para Campos. Na pandemia da Covid, quando o prefeitinho (Wladimir) era deputado federal e aliado do então governador Witzel, quem defendeu o povo de Campos e mostrou aquele hospital fantasma de campanha na 28 de Março fui eu. Entrei naquela tenda e mostrei a verdade à população de Campos. E agora estou novamente fiscalizando e descobrindo absurdos, como médico fantasma que ganha de Campos e atende na Bahia”, denunciou.
Bacellar x Garotinhos a prefeito
Diferente de Wladimir, Clodomir e Buchaul, a maior ligação de Poubel com Campos é ser aliado político do presidente campista da Alerj, o deputado Rodrigo Bacellar (União). Que, apesar da origem sindical da família, também apoiou Bolsonaro a presidente em 2022. E cujo grupo encomendou uma pesquisa Iguape em julho de 2023. Que confirmou (confira aqui) o favoritismo de Wladimir à reeleição em 2024, talvez ainda no primeiro turno, com 55,4% das intenções de voto na consulta estimulada. Enquanto Marquinho Bacellar (SD), presidente da Câmara Municipal e irmão de Rodrigo, ficou em terceiro, com apenas 3,1% das intenções de voto.
Marquinho fora?
Outro dado negativo aos Bacellar, na pesquisa que encomendaram, em seu antagonismo histórico com os Garotinho, foi a aprovação do governo Wladimir. Que, em julho, era de 74,7%, divididos entre 12,6% de ótimo, 38,5% de bom e 23,6% de regular positivo. A mesma pesquisa deu 38,6% de reprovação popular à Câmara Municipal presidida por Marquinho, aprovada por 35,5%, com 26% que não souberam responder. Como nada indica que isso mudou nos seis meses seguintes, até este final de dezembro, o nome do presidente da Câmara teria sido internamente descartado na disputa à Prefeitura, daqui a pouco mais de 9 meses.
Carla à esquerda e dentro?
Os Bacellar buscaram alternativas para tentar enfrentar o favoritismo de Wladimir. Em 5 de outubro, incentivada por Rodrigo, a também deputada estadual Carla Machado trocou seu domicílio eleitoral (confira aqui) de São João da Barra para Campos. Mesmo que toda a jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Supremo Tribunal Federal (STF) digam que ela (confira aqui) não possa vir a prefeita em Campos em 2024, após já ter sido reeleita a prefeita de SJB em 2020, Carla teve o voto de 17.936 campistas quando se elegeu à Alerj em 2022. Mas o fato de ter sido pelo PT, e em apoio a Lula, evidencia como direita e esquerda não têm nada a ver com esse jogo.
CVC Direita Campos
Cinco dias após a troca do domicílio eleitoral de Carla, Marquinho anunciou em 10 de outubro (confira aqui) o fim da “pacificação” com Wladimir. E 11 dias depois, em 21 de outubro, a Câmara promoveu (confura aqui) uma audiência pública com Poubel e outros deputados bolsonaristas aliados de Rodrigo, que foram ao Hospital Geral de Guarus (HGG) denunciar médico ausente. Ex-assessor parlamentar de Poubel, CVC Direita Campos foi citado nas pesquisas de 2023 (confira todas aqui) a prefeito. E, ouvido esta semana pela coluna, ele disse: “Não serei pré-candidato a prefeito em 2024; a vereador, sim”. CVC pode ter cedido espaço em Campos ao político de Maricá que o empregou na Alerj.
Publicado hoje na Folha da Manhã.
Circo dos horrores…