Milena Teixeira na época do Miss Bunbum Estados Unidos (Foto: Divulgação / MF Models Assessoria )
Ex-coordenador das campanhas da presidente Dilma Rousseff (PT) no primeiro e segundo mandatos, Alessandro Teixeira foi escolhido como novo ministro do Turismo, depois que o antigo titular da pasta, Henrique Eduardo Alves (PMDB), saiu do governo na véspera do seu partido fazê-lo. Até aí tudo bem, pois de um novo ministro que pode não ficar mais de 15 dias no cargo, junto com todo o atual primeiro escalão do governo federal, não poderia se exigir grande currículo.
Ledo engano! Miss Bumbum Estados Unidos 2013 e esposa de Alessandro, Milena Teixeira fez um ensaio ousado no gabinete do ministro debutante, tão logo este assumiu seu cargo em Brasília, sem vergonha de exibir as credenciais. Ao postar suas fotos sensuais na redes sociais, algumas ao lado do marido, ela escreveu na legenda de uma delas: “Meu primeiro dia de primeira dama do Turismo”. Fez também um desafio: “Sem dúvida sou a primeira dama mais bonita do Governo, alguém dúvida?”.
Sobre o atual cenário político brasileiro, Milena afirmou: “Isso tudo está acontecendo porque quem não mama, chora. O povo entende bem o que quero dizer”. Os recentes escândalos de corrupção também motivaram a Miss Bumbum EUA a protestar com pouca roupa: “Não estou tirando a roupa para aparecer, estou usando isso para chamar a atenção sobre o que tenho para dizer. O povo brasileiro dá mais atenção a uma bunda de fora do que para o que precisamos realmente dar atenção. A mudança para que possamos eleger bem nossos representantes, começa em tentar melhorar a cultura do país”.
Milena ainda falou sobre a indignação com os governantes: “Não sei se duraremos mais uma década, estão saqueando os cofres públicos do nosso país e não temos candidatos. Não há opções”. Com 30 anos, a fulgurante, mas aparentemente fugaz “primeira dama do Turismo” nasceu em Salvador e é formada em Direito e Relações Internacionais. Atualmente está estudando para prestar concurso para delegada de Polícia Federal (PF).
Após a repercussão das postagens, Milena não gostou e as apagou das redes sociais. Todavia, seguem abaixo as fotos:
Milena e o ministro do Turismo Alessandro Teixeira (Foto: Divulgação / MF Models Assessoria )
Milena no gabinete do marido (Foto: Divulgação / MF Models Assessoria )
Milena diante ao quadro com o dizer: “Está na hora de conhecer o Brasil” (Foto: Divulgação / MF Models Assessoria )
Milena ao lado do marido e novo ministro de Dilma (Foto: Divulgação / MF Models Assessoria )
No antigo local de funcionamento da Obebrecht em Campos, às margens da BR 101, há uma placa do suposto endereço novo (foto de Tércio Teixeira – Folha da Manhã)
Mas no suposto endereço novo da Odebrecht em Campos, só há um galpão de madeira sem ninguém, ao lado das obras inacabadas do “Morar Feliz” em Ururaí, que teriam sido abandonadas por falta de pagamento (foto de Tércio Teixeira – Folha da Manhã)
Por Aluysio Abreu Barbosa
Não é só na Câmara Municipal de Campos que a Operação Lava Jato chegou (aqui). Ela também já aterrissou na Justiça do município. A partir dos documentos divulgados na maior operação contra a corrupção na história do país, evidenciando o envolvimento da empreiteira Odebrecht em fraude de licitações e pagamento de propina, o Ministério Público Estadual (MPE) ajuizou ação no Fórum de Campos, contra pessoas físicas e jurídicas, pedindo medidas cautelares, como busca e apreensão e bloqueio de bens. O processo corre em segredo de justiça na 4ª Vara Cível de Campos, onde a juíza Elizabeth Franco Longobardi teria negado os pedidos do MPE. Nas duas etapas do “Morar Feliz”, assinadas nos dois governos Rosinha Garotinho (PR), mais os aditivos, a Odebrecht levou no total R$ 996.434. 912,43 dos cofres públicos de Campos.
Na 23ª fase da Lava Jato, batizada de “Acarajé” e deflagrada em 22 de fevereiro, a Polícia Federal (PF) apreendeu planilhas com doações da Odebrecht para cerca de 300 políticos, de 22 partidos, entre eles (aqui) a prefeita Rosinha, seu secretário de Governo Anthony Garotinho (PR) e a filha do casal e deputada federal, Clarissa Garotinho (PR), além de outros políticos da região, como o prefeito de Macaé, Dr. Aluízio (PMDB), e o de Rio das Ostras, Alcebíades Sabino (PSC). Todos negaram ter recebido qualquer repasse ilegal da major empreiteira do país.
Como vários dos citados têm foro privilegiado, o juiz Sérgio Moro encaminhou as listas apreendidas ao Supremo Tribunal Federal (STF), que na semana passada devolveu os casos de primeira instância à Vara Federal de Curitiba, encaminhando os demais à Procuradoria Geral da República, para analisar a abertura de inquérito caso a caso. Essas planilhas estavam na residência de Benedicto Barbosa da Silva Júnior, diretor-presidente da Odebrecht Infraestrutura, que assinou (aqui) o contrato da primeira fase do “Morar Feliz”, em 1º de outubro de 2010, junto com Rosinha.
No inquérito assinado (aqui) pelo delegado da PF Filipe Hille Pace, fica claro o papel de Benedicto como elo do dinheiro que circula entre a Odebrecht e os políticos: “É possível verificar que Benedicto é pessoa acionada por Marcelo (Bahia Odebrecht, ex-presidente da empreiteira, detido desde 19 de junho de 2015 e condenado a 19 anos e quatro meses de prisão) para tratar de assuntos referentes ao meio político, inclusive a obtenção de apoio financeiro”. Após a apreensão das planilhas em sua casa, Benedicto cumpriu os cinco dias de prisão temporária em Curitiba, sendo liberado ao final por Moro, em 26 de fevereiro, com a condição de não deixar o país ou mudar de endereço.
Na Câmara de Campos, a sessão começa às 10 da manhã de hoje. Nela será apresentado o pedido de CPI da Lava Jato, contendo o mínimo necessário de nove assinaturas: vereadores Marcão (Rede), Rafael Diniz (PPS), Nildo Cardoso (DEM), Gil Vianna (PSB), Alexandre Tô Contigo (PRB), Fred Machado (PPS), Zé Carlos (PSDC), Dayvison Miranda (PSDC) e Genásio (PTC). Os governistas tentarão esvaziar a sessão ou alegar a existência de outras CPIs, das quais ninguém sabe nada, para tentar empurrar a da Lava Jato ao fim da fila.
Antigo local de funcionamento da Obebrecht em Campos, às margens da BR 101 (foto de Tércio Teixeira – Folha da Manhã)
Não é só na Câmara Municipal de Campos (aqui) que a Operação Lava Jato chegou. Ela também já aterrissou na Justiça do município. A partir dos documentos divulgados na maior operação contra a corrupção na história do país, evidenciando o envolvimento da empreiteira Odebrecht em fraude em licitações e pagamento de propina, o Ministério Público Estadual (MPE) ajuizou ação no Fórum de Campos, contra pessoas físicas e jurídicas, pedindo medidas cautelares, como busca e apreensão e bloqueio de bens.
O processo corre em segredo de justiça na 4ª Vara Cível de Campos, onde a juíza Elizabeth Franco Longobardi teria negado os pedidos do MPE. Nas duas espatas do “Morar Feliz”, assinadas nos dois governo Rosinha Garotinho (PR), mais os aditivos, a Odebrecht levou no total R$ 996.434. 912,43 dos cofres públicos de Campos.
Leia a matéria na íntegra amanhã (26/04) na Folha da Manhã
Em meio a tanto discurso descerebrado e raivoso de um lado e do outro também, a análise do Brasil de hoje pelos filósofos Mário Sérgio Cortella e Luiz Felipe Pondé, o historiador Leandro Karnal e o jornalista Gilberto Dilmenstein, é um bálsamo. Para começar a semana bem, com esperança crítica no futuro do país, não deixe de assistir essa conversa sobre ética, democracia e política:
Depois que os vice-líderes do governo no Senado, Hélio José ( PMDB-DF) e Wellington Fagundes (PR-MT), revelaram que votarão favoráveis ao entendimento das “pedaladas” fiscais de Dilma Rousseff (PT) como crime de responsabilidade, parece haver pouca dúvida de que o afastamento da presidente se consumará, provavelmente, ainda na primeira quinzena de maio. Assim como, à luz do sol real, não pode haver dúvida sobre a legalidade do processo de impeachment, depois que os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Carmem Lúcia, Celso de Melo, Gilmar Mendes e até Dias Toffoli, ex-advogado do PT, endossaram a constitucionalidade do rito.
Então, por que a imprensa estrangeira estaria ecoando a versão do “golpe” em andamento no Brasil? A resposta é simples: Não está! Na verdade, se trata de falácia travestida de veraz pela repetição preconizada por Joseph Goebbels (1895/1945), ministro da propaganda nazista, permeando a opinião de quem a forma apenas na guerra de contrainformação das redes sociais. Nestas quem vem desempenhando (aqui) um trabalho fantástico é o jornalista Pedro Doria, espargindo as sombras do achismo passional com a luz da informação e do equilíbrio.
Para quem sabe discernir dentro da mídia o que é noticiário (narração impessoal do fato) e o que é opinião (análise do fato) e, dentro desta, é capaz de distinguir entre a opinião do veículo e uma opinião individual do opinador, o artigo do Doria transcrito abaixo é definitivo. Tanto mais se o leitor conseguir sê-lo em inglês, castelhano, alemão e francês, para conferir em cada link, por conta própria, como o processo de impeachment de Dilma tem, de fato, repercutido no mundo que enxerga uma crise profunda do Brasil, não “golpe” — com as aspas devidas dadas pela revista inglesa The Economist e os jornais estadunidenses Washington Post e New York Times.
Leia:
A imagem que ilustra o editorial desta semana da The Economist
Pedro Doria, jornalista
A imprensa estrangeira não vê Golpe
Por Pedro Doria
Há uma imensa confusão rondando as redes sociais a respeito do que dizem ou não os jornais estrangeiros a respeito da crise brasileira. Tornou-se comum, por algum motivo misterioso, afirmar que lá fora há um movimento condenando o que a presidente Dilma Rousseff chama de “golpe”. Não é verdade.
Qualquer jornal ocidental divide o que publica em dois grupos. Há notícia e há opinião. Notícias são matérias (mais curtas) ou reportagens (longas, em geral com apuração de fôlego) que saem do trabalho de um ou mais repórteres que tentam relatar os fatos e como as opiniões se dividem a seu respeito. Opinião é outra coisa. Há editoriais (a opinião do jornal), colunas (pessoas que o jornal contrata para manifestar sua opinião com frequência) e artigos avulsos, para quando alguém tem uma opinião para manifestar. Por fim, ali no meio do caminho entre a notícia e a opinião, estão as análises, que sem manifestar uma preferência pessoal tentam ajudar o leitor a compreender o contexto no qual um fato se dá.
É assim que se organizam jornais brasileiros, do resto das Américas e da Europa.
Um dos textos que mais vem circulando é The Real Reason Dilma Roussef’s Enemies Want Her Impeached (aqui), publicado pelo Guardian. É um artigo de opinião avulso, assinado por um cidadão brasileiro, David Miranda. Não é a opinião do jornal. É a opinião de um brasileiro.
O Guardian manifestou sua opinião em editorial: A Tragedy and a Scandal (aqui). Nele, o jornal aponta aqueles que considera responsáveis pela crise em que nos encontramos: “transformações da economia global, a personalidade da presidente, o PT ter abraçado um sistema de financiamento partidário baseado em corrupção, o escândalo que estourou após as revelações e uma relação disfuncional entre Executivo e Legislativo”. Sem poupar a Câmara ou Eduardo Cunha, em nenhum momento o jornal britânico sequer cita o termo “Golpe”.
Outros dois órgãos de imprensa importantes se manifestaram em editoriais.
O do Washington Post (aqui) começa assim: “A presidente brasileira Dilma Rousseff insiste que o impeachment levantado contra ela é um ‘golpe contra a democracia’. Certamente não o é.” A partir daí, desanca tanto o governo Dilma quanto o Congresso Nacional. O único elogio que os editorialistas do Post conseguem fazer ao Brasil é que, no fundo, “este é um preço alto a pagar pela manutenção da lei — e, até agora, esta é a única área na qual o Brasil tem ficado mais forte.”
A revista The Economist (aqui) também se manifesta a respeito do impeachment. “Em manifestações diárias, a presidente brasileira Dilma Rousseff e seus aliados chamam a tentativa de impeachment de Golpe de Estado. É uma afirmação emotiva que move pessoas além de seu Partido dos Trabalhadores e mesmo além do Brasil.” Seguem os editorialistas: “A denúncia de Golpes tem sido parte do kit de propaganda da esquerda.” O tom é este. O título: When a “coup” is not a coup. Aspas da revista. Para a Economist, o problema é que Dilma perdeu a capacidade de governar e, em regimes presidencialistas, quando isso ocorre a crise é sempre grave.
O principal jornal espanhol, El País, não publicou editorial a respeito do Brasil. Mas seu antigo correspondente e ainda colaborador, Juan Arias, escreveu (aqui) uma análise. “Aquilo que para o governo e seus seguidores no PT é visto como um Golpe, para a oposição parece uma oportunidade de mudança de rumo político após 13 anos de poder.” Arias ressalta que Eduardo Cunha está envolvido em escândalos de corrupção, observa que há polarização política cada vez mais aguda mas, em momento algum, endossa a versão do Governo. Esta é a opinião do PT e pronto, não que a oposição seja inocente. Juan Arias, aliás, além de muito simpático está naquele time A de correspondentes estrangeiros, que conhece o Brasil profundamente.
A cobertura estrangeira é boa, é detalhista, com muita frequência põe o dedo em nossas feridas mais abertas. Nenhum dos editoriais de grandes veículos é superficial. E nenhum compra a ideia de que há um Golpe em curso. Basta lê-los.
Atualização em 24 de abril:
Desde que este texto foi publicado, comentaristas trouxeram algumas outras menções na imprensa estrangeira como contra-argumento. As mais relevantes envolvem um “pedido de desculpas” do francês Le Monde, um artigo na revista alemã Spiegel e a entrevista que Glenn Greenwald concedeu a Christiane Amanpour, da CNN.
A CNN não publica editoriais, não manifesta opinião formal. Amanpour, nascida na Inglaterra de família iraniana, é uma de suas principais estrelas e tem, como de praxe, autonomia editorial. Ninguém dá pitaco no que aparece em seu programa. Sua experiência de cobertura se concentra em leste europeu e, principalmente, mundo islâmico, na faixa entre norte da África e Ásia Central. O relevante, na entrevista (aqui), não é sua opinião (que, aliás, ela não dá). É a opinião de Glenn Greenwald, um jornalista americano premiado e que mora no Brasil.
Greenwald tornou-se conhecido após dar valor e trazer a público as revelações de Edward Snowden a respeito da espionagem digital da NSA americana. O Prêmio Pulitzer, mais do que merecido, não é o único de sua carreira. Seu tipo de jornalismo vem de uma longa e importante tradição americana, a dos muckrakers, de militância não raro solitária de reportagem investigativa. Em geral, seu lema é speak truth to power. Correm risco pessoal para desafiar o poder instituído, principalmente governos. Sua especialidade jornalística está no encontro entre liberdades civis e tecnologia.
Glenn vive no Brasil, conhece o país e fala português com bastante fluência. Seu marido, David Miranda, é quem assina o artigo no Guardian. Quase todas as menções que se posicionam ao lado do governo brasileiro no endosso do termo ‘golpe’ na imprensa estrangeira vêm de ambos. Não é a opinião da imprensa. É a opinião de Greenwald e Miranda, que são simpáticos aos governos de Lula e Dilma e concordam com a leitura que o PT faz do Brasil. Eles não veem uma briga entre bandidos. O que veem é uma briga em que há mocinhos e bandidos. Seu direito, mas opinião minoritária na imprensa.
A revista Der Spiegel é o mais influente órgão de imprensa em língua alemã. Seu correspondente no Brasil também vê um Golpe de Estado e a revista abriu espaço, em seu site, para que ele publicasse um artigo de opinião (aqui) a este respeito. Aqui vou com bastante cautela: não há nenhum indício de que a revista tenha publicado o artigo, não há editorial com posição formal do Spiegel — mas não falo alemão e, portanto, posso estar errado. Ao que parece, é a opinião pessoal do correspondente. Tem peso, ele é o jornalista escolhido para compreender o Brasil. Mas segue sendo uma opinião pessoal.
Frank Nouchi, editor responsável por intervir em nome dos leitores no francês Le Monde critica (aqui) o segundo editorial (aqui) publicado pelo jornal a respeito do Brasil, Brésil: ceci n’est pas um coup d’Etat, que afirma não haver um Golpe em curso no país. Nouchi considera a cobertura boa mas o editorial pouco equilibrado. Suas críticas, porém, não questionam a conclusão. Sugerem o jornalisticamente óbvio: os editorialistas não levaram em conta o outro lado e passaram batidos pelo envolvimento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, em escândalos seus. Nouchi não pede desculpas, como sugerem alguns. Tampouco o Monde mudou de opinião. O que o ombudsman cobra é um editorial mais parecido com o dos outros veículos, capaz de mostrar por inteiro a cara do fundo do poço brasileiro.
O New York Times, em nota dos editorialistas (aqui) aqui, limita-se a informar que Dilma considera seu impeachment um “golpe”, aspas do jornal.
A opinião da imprensa internacional segue sendo a mesma: o Brasil está no fundo do poço, mas não há golpe em curso.
Marcela Temer na matéria da revista Veja (reprodução)
Marcelo Amoy
Por Marcelo Amoy (*)
“Bela, recatada e do lar”: uma expressão que mais desvela quem reage do que define a retratada (por mais que o faça bem).
Pelas minhas “investigações”, a (vice?)-primeira dama parece caber na definição. E qual o problema? O que há de errado com o fato dela ser bela, recatada e do lar? Pelas reações mais frequentes, o “problema” estaria no fato de que as mulheres, hoje em dia, não se vêem mais nesse papel — e que tal definição remete àquelas propagandas publicitárias dos anos 50, 60 e 70, quando a alegria suprema e o sonho mais vibrante de qualquer mulher seria ganhar, no dia das mães, um liquidificador potente ou uma batedeira turbinada. Quem sabe um fogão novinho em folha? Por isso, a reportagem estaria “enaltecendo um retrocesso” no papel que a sociedade espera das mulheres. Gente… isso é uma grande bobagem!
Acho fantástico que as mulheres tenham conquistado novos horizontes e torço para que conquistem, cada dia mais, novas maneiras de serem “muito mais” do que mães e donas de casa sempre que desejem. A luta pelos direitos das mulheres é justa e digna — e sempre poderá contar comigo! Só não contem comigo para condenar as mulheres que prefiram “se limitar” a ser mães e donas de casa. Eu defendo a liberdade individual e, por isso: que cada uma leve sua vida como desejar. Se a História é um rolo compressor que segue sempre em frente, apesar de tantas vontades por aí, porque temer (trocadilho involuntário, rsrsrs) uma reportagem? Alguém realmente acredita que muitas mulheres executivas deixarão seus postos de trabalho para voltarem a pilotar fogão só porque a Marcela assim decidiu?
Em segundo lugar, vi críticas cujo foco estaria mais no uso do termo “recatada”, como se seu emprego determinasse consciência de valor sobre alguma “virtude” inerente às mulheres assim descritas em detrimento das outras, “não-recatadas”. Para esses críticos, o “problema” estaria ligado mais à liberdade sexual das mulheres do que àquele entendimento do termo que significa, apenas, timidez, reclusão ou desejo de não sobressair, de não aparecer ou de se comportar de acordo com a ocasião.
Por mais que nossa sociedade ainda seja sexista (e, lamento constatar: ainda o será por muitas e muitas décadas), nós, pessoas esclarecidas, sabemos que as mulheres conquistaram, já faz tempo!, o direito de exercerem sua sexualidade como melhor lhes aprouver — e as valorizamos por isso também! Sempre haverá sexistas buscando “mulheres recatadas pra casar”, mas sempre haverá Homens que buscam Mulheres independentes, seguras de si, que sabem quem são e pra onde vão e Livres de qualquer escravidão sexual. Fora isso… recato não devia ser palavrão num país cuja sociedade desconhece quando deve parar de rebolar até o chão na boquinha da garrafa. Para homens e mulheres, recato deveria ser um Norte, um Valor — o que nem de longe nem de perto significa submissão.
Além disso, em grande parte, o que vi foram críticas cujo foco não estava em nada disso… São críticas “transferidas” para a Marcela por aqueles que desejam atingir Michel. Por que ninguém chama de sexistas essas pessoas que, para atingir o marido, alvejam a esposa? Não faltaram críticas e gozações a essa mulher por parte dos inconformados com o fato do marido dela ser quem vai suceder Dilma após o impeachment. O ranço e o cheiro da mágoa, do despeito e do ódio empesteiam essas críticas. Esse contingente não merece considerações.
Por fim, houve quem entrasse na brincadeira como eu mesmo: que o fiz sem qualquer crítica; só pelo prazer de brincar também. No final das contas… a brincadeira foi ótima!
Mas foi triste constatar que o que mais tinha era gente criticando a Marcela porque queria criticar:
1) a Veja;
2) o Temer;
3) o impeachment;
4) a beleza da Marcela;
5) o fato dela ter escolhido ser “do lar”; e
6) o fato dela preferir não aparecer nem sobressair do que houve gente verdadeiramente comprometida em respeitar o fato de que as mulheres já conquistaram o direito de serem aceitas e admiradas de acordo com as escolhas que fizeram para suas próprias vidas — o que inclui o direito de Marcela ser “bela, recatada e do lar”.
A Lava Jato é só uma questão federal? Foi o que alegaram os vereadores governistas de Campos no último dia 12, para negarem o requerimento da oposição pelos contatos firmados entre o governo Rosinha Garotinho (PR) e a empreiteira Odebchecht, que construiu as 6,5 mil casas do “Morar Feliz”, no valor total de quase R$ 1 bilhão dos cofres públicos municipais, e fez doações tanto a Rosinha, quanto ao seu marido e atual secretário de Governo, Anthony Garotinho (PR), e à sua filha e deputada federal, Clarissa Garotinho (PR). Apreendidas pela Polícia Federal (PF) em 22 de fevereiro, na 23ª fase da operação Lava Jato, as planilhas com as doações da Odebrecht aos Garotinho e cerca de 300 políticos brasileiros de 22 partidos, com e sem foro privilegiado, foram encaminhadas pelo juiz federal Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba (PR), ao Supremo Tribunal Federal (STF). Lá, o ministro Teori Zavascki encaminhou as listas à apuração preliminar e devolveu a Moro as investigações relativas à primeira instância, segundo informou ontem o portal de notícias G1. Enquanto isso, na Câmara de Campos, a oposição já conta com as nove assinaturas necessárias à instalação da CPI da Lava Jato.
Em Brasília, o material será agora analisado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que decidirá se pede ou não a abertura de inquéritos sobre os políticos com foro privilegiado mencionados na lista. Do Planalto Central à planície goitacá, depois de derrotada em mais um pedido de informação ao governo Rosinha, a oposição coletou as nove assinaturas para abrir a CPI da Lava Jato. Ela será endossada pelos vereadores Nildo Cardoso (DEM), Rafael Diniz (PPS), Gil Vianna (PSB), Alexandre Tô Contigo (PRB), Fred Machado (PPS), Zé Carlos (PSDC), Dayvison Miranda (PSDC), Genásio (PSC) e Marcão (Rede), que pediu os contratos do governo Rosinha com a Odebrecht, negado pela situação, e agora vai propor a CPI. Por sua vez, em Curitiba, Sérgio Moro deve se aprofundar na investigação do “Setor de Operações Estruturadas”, um departamento exclusivo dentro da Odebrecht para o gerenciamento e pagamento de propina.
Se não se sabe ainda quais caminhos a investigação das planilhas apreendidas na Lava Jato seguirá entre o STF, a Procuradoria Geral da República (PGR) e a temida Vara Federal de Curitiba, na Câmara de Campos já se conhece o obstáculo que a CPI da Lava Jato deverá encontrar por parte dos governistas. Em 23 de junho de 2015, o vereador Marcão quis aprovar a CPI do Rombo, relativa à “não existência física” de R$ 109.819.539,37 nos cofres da Prefeitura, segundo auditoria feita pelo próprio governo Rosinha sobre seu primeiro mandato (2009/12). No entanto, numa tumultuada sessão, os governistas entraram com um projeto de última hora para mudar o regimento interno da Casa, limitando as CPIs em duas por vez, jogando a investigação do rombo rosáceo para o fim da fila.
Assim, na próxima sessão da Câmara de Campos, os vereadores governistas devem manobrar para evitar a CPI da Lava Jato, inventando outras duas e colocando-as à frente. Até que tenham definido como farão isso, é possível que impeçam a realização de novas sessões, como chegaram a fazer depois que as planilhas da Obebrecht, com os nomes de Rosinha, Anthony e Clarissa Garotinho foram divulgadas pela mídia nacional em 23 de março. Dali em diante, para tentar esfriar o assunto e armar uma estratégia de enfrentamento, os rosáceos manobraram para impedir o quórum das quatro sessões seguintes, até 12 de abril, quando finalmente negaram o acesso aos contratos entre a Prefeitura de Campos e a Odebrecht.
Planilhas com quem assinou “Morar Feliz”
As planilhas com as doações da Odebrecht a políticos agora destinadas pelo ministro Teori Zavascki à apuração do STF, encaminhadas à PGR e devolvidas em parte a Sérgio Moro, foram apreendidas pela PF na cidade do Rio, na residência do então presidente da empreiteira, Benedicto Barbosa da Silva Júnior. Foi ele quem assinou, junto com a prefeita Rosinha, o contrato da primeira etapa do “Morar Feliz”, em 1º de outubro de 2009, para construção de 3,5 mil casas, no valor de R$ 357.963.677,57.
A publicação do resultado da licitação em Diário Oficial só se deu em 23 de setembro de 2009, tendo sofrido vários adiamentos depois que a coluna de opinião “Ponto final”, da Folha da Manhã, antecipou desde 29 de maio que a Obebrecht seria a ganhadora, quase quatro meses antes da divulgação oficial. A coluna revelou ainda que o ex-secretário municipal de Obras e então coordenador da mesma secretaria, Antonio José Petrucci Terra, o Tom Zé, havia trabalhado na Odebrecht antes de ingressar no governo Rosinha.
Essa primeira etapa depois receberia aditivos da Prefeitura, entre janeiro de 2011 e março de 2012, no valor total de R$ 96,4 milhões. Em 28 de fevereiro de 2013, bem no começo segundo mandato de Rosinha, a segunda etapa do “Morar Feliz” foi assinada novamente com a Odebrecht, para a construção de 4,5 mil casas, no valor de R$ 476.519.379,31, mas foi abandonado pela construtora por falta de pagamento da Prefeitura. A empreiteira levou no total R$ 996.434. 912,43 dos cofres públicos de Campos.
No inquérito assinado pelo delegado da PF Filipe Hille Pace, fica claro o papel de Benedicto como elo do dinheiro que circula entre a Odebrecht e os políticos: “É possível verificar que Benedicto é pessoa acionada por Marcelo (Bahia Odebrecht) para tratar de assuntos referentes ao meio político, inclusive a obtenção de apoio financeiro”. Após a apreensão das planilhas em sua casa, Benedicto cumpriu os cinco dias de prisão temporária em Curitiba, sendo liberado ao final por Moro, em 26 de fevereiro, com a condição de não deixar o país ou mudar de endereço.
Página 3 da edição de hoje (24/04) da Folha da Manhã