Cem dias de governo Rafael — Críticas e esperança

 

Capa de hoje (09) da Folha

 

 

Por Aluysio Abreu Barbosa

 

A Folha traz hoje uma edição quase integralmente voltada à análise dos 100 dias dos governos municipais de Campos, São João da Barra, São Francisco de Itabapoana, Quissamã e Macaé. Como o jornal, embora regional, tem sede em Campos, natural que a edição tenha sido mais focada ao início do governo Rafael Diniz (PPS), eleito em outubro passado com uma vitória acachapante em todas as sete Zonas Eleitorais do município, ainda no primeiro turno, sob grande expectativa. Mas antes da Folha, como adiantado (aqui) neste mesmo espaço, no último domingo (02), os colaboradores do blog “Opiniões” iniciaram a análise dos 100 primeiros dias do novo prefeito de Campos desde a última segunda-feira (03).

Primeiro a escrever, o jornalista e poeta Fernando Leite foi direto (aqui) ao apontar alguns erros que teriam sido cometidos pelo governo debutante, “tais como as eleições da mesa diretora da Câmara Municipal; no controvertido resgate da Pátio Norte; em grandes heresias como a exoneração das diretoras eleitas, democraticamente; no fatiamento do Poder com quem tem o dever de fiscalizá-lo, os vereadores” . No entanto, apontou essas “medidas subalternas” como “necessárias”. E usou da metáfora com os versos do português José Régio (1901/69) para afirmar que saber qual caminho não percorrer já é uma direção. O Norte, Fernando apontou ao afirmar sobre Rafael: “É, acima do político, um homem de bem”.

Na terça (04), a professora e escritora Carol Poesia aproveitou (aqui) um encontro ao acaso com o prefeito então recém-eleito, numa padaria de Guarus, para dar a leveza de crônica à sua análise do governo, baseada em metáfora cotidiana, mas oportuna, com a torta de limão que saboreava: “no início, só se sente o doce, o azedo vem depois”. Ela registrou este “azedume” ao “serem iniciadas as nomeações” da equipe de governo, cuja defesa assumiu: “não entendi as críticas, já que as pessoas nomeadas, dentre as que eu conhecia, eram, de fato, muito competentes, não tinham histórico de vantagens pessoais na política”. Após fazer a ressalva — “Só não superamos a ilusão de um Salvador e o anseio por crucificação” — Carol concluiu: “É tempo de vencer os ‘ranços’, isso vale para o povo e para a chefia. Infelizmente, talvez, demore mais um pouco que cem dias”.

O advogado e publicitário Gustavo Alejandro Oviedo, na quarta (05), optou (aqui) por personificar a “herança nefasta do garotismo” em obras “caríssimas” e “esteticamente horrorosas”, como o Centro de Eventos Populares Osório Peixoto (Cepop), a Beira Valão e inconcluso novo Camelódromo. Mas o colaborador é de opinião que o novo prefeito manteve a “estrutura municipal superdimensionada” que encontrou, a utilizando para conseguir uma “Câmara situacionista”. A partir disso, advertiu: “Pelas experiências passadas, sabemos que ter o parlamento como aliado significa fazer de dois poderes um só — o do prefeito — com os riscos que isso traz, tanto para ele quanto para a população”. Embora acredite que “cem dias parece pouco tempo para saber qual o caminho que Rafael Diniz está tomando”, Oviedo acredita que o rumo será definido pelo cumprimento, ou não, do plano de metas 2017/20.

Na quinta (06), foi a vez do escritor e jornalista Guilherme Carvalhal abandonar (aqui) sua lida de contista para se aventurar num artigo político, de fôlego longo, que falou das transformações operadas pela tecnologia da informação na história recente do mundo e do Brasil, antes de se deter sobre o presente de Campos, cuja “formação da cultura política” identificou como “envolta pelo poder dos proprietários rurais da cana”.  Contra esse “ranço do passado, da cultura latifundiária, que permeia a cidade, apesar do choque de modernidade proporcionado pelo petróleo”, Rafael representaria “essa pulsão por mudanças que a modernidade exige e aos conflitos entre atualidade e passado que surgem”. O desfecho será definido pela capacidade de “dar as respostas esperadas por quem depositou seu voto no atual prefeito”.

Professor e advogado tributarista, Carlos Alexandre de Azevedo Campos não fugiu (aqui) da sua área. Na sexta (07), após uma visão panorâmica sobre evolução do conceito dos impostos na história universal, ele aterrissou sobre realidade do Código Tributário de Campos aprovado por Rosinha Garotinho (PR), cuja inconstitucionalidade o advogado recorreu e provou no Judiciário, em outra batata quente legada ao atual governo. Ao prefeito, Alexandre fez um apelo: “precisa olhar para essa relevância, mas deve ser um olhar conjunto com a sociedade (…) Queremos um Código que seja bom, moderno, mas que seja o Código Cidadão: que seja realmente fruto de uma vontade coletiva”. Por fim, apostou: “Tenho certeza que o Rafael vai nos proporcionar isso!”.

Ontem (08) foi a vez do escritor Fabio Bottrel, colaborador mais antigo do blog, compor (aqui) o texto mais diferente em estilo dos demais, embora com conteúdo semelhante em esperança. “Sem dias para cem dias”, ele não se furtou em afirmar que “há gente morrendo, em hospitais escassos de materiais”, ou ressaltar que “jamais seriam brandas as negociações que tornaram o novo presidente da Câmara (vereador Marcão) diante da esmagadora maioria opositora”. Mas saudou “a devolução do Teatro de Bolso à população”, que “já induz uma resposta positiva”. E se mostrou otimista: “Diante de todas as diretrizes de boa conduta e a esperança do povo que o prefeito carrega consigo, creio que sabedoria não lhe faltará para guinar”.

As opiniões sobre o governo Rafael seguirão no “Opiniões”.  Amanhã (10), quando se completam os exatos 100 dias da gestão, sua análise caberá ao tradutor Marcelo Amoy. Na sequência, escreverão o jornalista e poeta Ocinei Trindade (11), o jornalista e servidor federal Ricardo André Vasconcelos (12), a antropóloga e poeta Manuela Cordeiro (13), o professor e comunicador visual Sérgio Provisano (14) e a cientista social Vanessa Henriques (15), antes do reencontro neste mesmo espaço, fechando a série, no próximo domingo (16).

Eleito em meio a tanta expectativa, inevitável que as frustrações acontecessem no choque com a realidade. Não só pelo caos administrativo e financeiro legado após 28 anos de garotismo, mas pelos próprios erros de um prefeito e uma equipe de governo jovens, de pouca ou nenhuma experiência pregressa na máquina pública. Se é pleonasmo a constatação de que não se fazem mudanças sem mudar, a esperança nas análises prevalece sobre as críticas. No discurso que demanda a avaliação dos atos ao final de cada dia, é oportuna a declaração de Rafael, dada na entrevista dividida (aqui) nas duas páginas anteriores desta edição, que ofertou a manchete à capa do jornal: “Não existe governo de um só, de salvador da pátria”.

 

Publicado hoje (09) na Folha da Manhã

 

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Este post tem 11 comentários

  1. marcelo monteiro

    Já se foram praticamente 100 dias, de governo e até agora nada, como será que esta o HFM, o e HGG ????? Quando o administrador é bom com 30 dias já se sente efeitos da organização, esta me cheirando igual aos outros, tomara que não.

  2. JOSÉ MARIA

    Como dizia uma critico que sempre estava em uns do blog da folha da manha ou quase todos eles EEEEEEEE CAMPOS DOS GOYTACAZES, viva Campos (trecho excluído pela moderação) vamos que vamos! que me estranha era que no passado este espaço vivia cheio de criticos, cadê voçes tô com saudades!

    1. Aluysio Abreu Barbosa

      Caro José Maria,

      Se você, sem cê-cedilha, não conseguiu apreender a parte crítica no resumo das análises, só possa creditar à reprodução, na sua leitura, das mesmas dificuldades da sua escrita.

      Abç e grato pela chance da observação!

      Aluysio

  3. JOSÉ MARIA

    Minha sogra passou alguns dias no HGG (Tenho provas tá), e nada mudou não vou nem narrar o que aconteceu pois foi muito triste e doloroso para familia, ainda bem que ela esta viva, mas…. tanta falação e nada muda, tenho um recorte de jornal de um jornalista JOSÉ GERALDO publicada em 15/03/2017 (minha sogra ainda estava no HGG) que tristeza meu Deus passa dia e dias e quantos ainda vão sofrer, visitem os Hospitais HGG, HFM, Santa Casa, HOSPITAL SÃO JOSÉ (TANTA CRITICA Tá la parado!) chega! pimenta nos olhos do outros e reflesco

    1. Aluysio Abreu Barbosa

      Caro José Maria,

      Por mais que as duas lidas hj se confundam, José Geraldo é blogueiro, não jornalista.

      Abç e grato pela chance da ressalva!

      Aluysio

  4. JOSÉ MARIA

    Veja bem se (JOSÉ GERALDO) é jornalista ou blogueiro, isso não muda o requerimento que ele fez junto a prefeitura ( tenho copia tirada no blog), e não foi atendido, pelo menos ate agora não vi, sabe ALUÍSIO ABREU BARBOSA, peço obrigado pelo espaço e correções ortográficas em minha escrita “pois se for mostrar o brasil com letra minúscula mesmo escreve errado por natureza”, errar faz parte, continuar no erro e aceitar que são elas.
    Mas isso não vai trazer a perna amputada de minha sogra com 74 anos de volta que necessitava de um exame de arteriospoia que poderia amenizar a dor hoje da familia, que é pelo SUS e obrigação da prefeitura, se quiser saber mais tenho como provar a negligencia, laudos, fotos, etc entre outras coisas, se quiser bater um papo pessoalmente e amistoso para mostrar o que falei tô aqui, pois amo esta cidade e detesto politica tenho que engolir pois sou apenas um em uma mutidão de sofridos EU AINDA ACREDITO QUE TUDO VAI MUDAR, já são 517 de atraso mais melhorou um pouco

    1. Aluysio Abreu Barbosa

      Caro José Maria,

      1- A identificação da função de uma pessoa pode, sim, mudar o encaminhamento do seu requerimento. Já pensou, por exemplo, se José Geraldo, no lugar de blogueiro, fosse promotor ou juiz?

      2 – Não entendi. O brasileiro escreve errado por natureza? Essa é a natureza da sua afirmação? Na dúvida, a certeza de que pior do que a escrita errada, é a confusa.

      3 – O caso da sua sogra parece grave. Peço que o encaminhe com detalhes, por favor, ao e-mail: aluysioabreu@gmail.com

      Abç e grato pela chance do debate!

      Aluysio

  5. JOSÉ MARIA

    Jugar uma pessoa pela escrita?, tiririca não seria deputado federal, um dos mais votados, fora ilustres ex-vereadores de nossa Campos dos Goytacazes, que mal sabia ler e escrever não e mesmo ALUISIO ABREU BARBOSA!

    1. Aluysio Abreu Barbosa

      Caro José Maria,

      Penso que a forma com que falamos, escrevemos e agimos, fornece, sim, elementos para o juízo de valor que fazem de nós. Qt à questão do deputado Tiririca, ela se torna menor diante da constatação que já tivemos Lula duas vezes como presidente.

      Abç e grato pela chance do debate!

      Aluysio

  6. JOSÉ MARIA

    Enquanto tiver jornais, blogs enfim quaisquer coisas que se possa ler e comentar para se informar vou ler e comentar com erro ou não! forte abraço, há são trêz lida. (três para não dizer que errei rsrsrsrs)

    1. Aluysio Abreu Barbosa

      Caro José Maria,

      E, enquanto o fizer com erros, se exporá a ser corrigido.

      Abç e grato pela chance da constatação!

      Aluysio

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