Bispos de Campos, religião, política, Lula e Bolsonaro nesta 6ª

 

(Arte: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Campos tem a singularidade de ter dois bispos da Igreja Católica Romana. Um diocesano, o progressista Dom Roberto Ferrería Paz, e um da Administração Apostólica São João Maria Vianney, o conservador Dom Fernando Rifan. Os dois são os convidados para encerrar a semana do Folha no Ar nesta sexta (28), ao vivo a partir das 7h10, na Folha FM 98,3.

Dom Roberto e Dom Fernando falarão sobre o uso da religião na política do Estado laico, como nas comemorações de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, no último dia 12. Analisarão os ataques sofridos ali e depois por sacerdotes da Igreja Católica e a palavra do Papa Francisco, pedindo ontem (26) que o povo brasileiro se “livre do ódio, intolerância e violência”.

Por fim, os dois bispos católicos de Campos analisarão as eleições a deputados na região, bem como sua correlação com a eleição da Mesa Diretora do Legislativo goitacá, que tem que acontecer até 15 de dezembro. E projetarão a disputa entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) na decisão soberana do voto popular neste domingo.

Quem quiser participar ao vivo do Folha no Ar desta sexta pode fazê-lo com comentários em tempo real, no streaming do programa. Seu link será disponibilizado alguns minutos antes do início, na página da Folha FM 98,3 no Facebook.

 

Lula lidera na decisiva MG, mas 0,4 acima do empate técnico

 

(Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

Quem ganha em Minas Gerais, leva de brinde o Brasil. Nas eleições presidenciais por voto direto, a última exceção à regra foi em 1950. Quando Eduardo Gomes levou em Minas, mas perdeu a presidência do país para Getúlio Vargas. Depois dele, há 72 anos, mais ninguém. Divulgada hoje, a três dias da urna do domingo, pesquisa o instituto mineiro Quaest revelou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com 52,2% dos votos válidos, contra 47,8% do presidente Jair Bolsonaro (PL). A diferença de 4,4 pontos entre os dois está a apenas 0,4 ponto acima do empate técnico, no limite da margem de erro de 2 pontos para mais ou menos.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

COM ABSTENÇÃO E SEM — A abstenção do eleitor é apontada por todos os analistas como um dos fatores que determinará o 2º turno presidencial. E o Quaest foi o primeiro instituto a tentar projetar essa abstenção, a partir da introdução do filtro “likely voter” (“provável eleitor”) em suas pesquisas do 2º turno, onde a certeza do ato de votar conta sobre a intenção de voto. Sem ele, a vantagem de Lula sobre Bolsonaro em Minas é maior. Na consulta estimulada, o petista tem hoje 45% de intenções de voto, contra 40% do capitão, com 8% ainda indecisos e 7% que disseram que votarão nulo, em branco, ou que não votarão.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

REJEIÇÃO EM MINAS — Também considerada fundamental à definição de qualquer eleição de 2º turno, a rejeição segue sendo liderada por Bolsonaro entre os mineiros. Hoje, 49% não votariam de maneira nenhuma no presidente, contra 44% que não votariam em Lula. Comparadas as duas últimas pesquisas Quaest em Minas, de 26 de setembro, ainda na disputa do 1º turno, e a de hoje, o petista oscilou para baixo rejeição: tinha 45% e hoje tem 44%. Bolsonaro, no entanto, conseguiu tirar 7 pontos no índice negativo: de 56% a 49%. A diferença na rejeição entre os dois candidatos, que era de 11 pontos há um mês, caiu aos 5 pontos de hoje.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

SEM APOIO DE ZEMA — Nas urnas mineiras do 1º turno, Lula venceu Bolsonaro por 48,29% a 46,6% dos votos válidos. Reeleito governador de Minas no 1º turno naquelas mesmas urnas, Romeu Zema (Novo) liquidou a fatura com 56,18% dos votos válidos, contra 35,08% do seu principal adversário, o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSB). Kalil teve apoio de Lula, enquanto Zema, ciente da vantagem do ex-presidente entre os mineiros, manteve sua toada antipetista na campanha, mas não manifestou apoio na eleição presidencial.

COM APOIO DE ZEMA — A posição de Zema mudou já no dia 3 de outubro, primeiro da disputa do 2º turno presidencial, quanto o governador mineiro reeleito declarou seu apoio a Bolsonaro. O que acendeu o sinal amarelo na campanha de Lula. De lá para cá, Bolsonaro já foi a Minas em campanha cinco vezes. A pesquisa Quaest de hoje, no entanto, indica que o apoio do popular governador aumenta as chances de votar em Bolsonaro só para 26% mineiros, contra 68% dizendo que não importa, 6% dizendo que influencia contra e 3% que não souberam ou quiseram responder.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

William Passos, geógrafo com especialização doutoral em Estatística no IBGE

ANÁLISE DO ESPECIALISTA — “Em Minas, onde todos os presidentes eleitos democraticamente venceram, com exceção de Getúlio Vargas, Lula abriu 5 pontos na estimulada: 45% a 40%. E por 6 pontos no interior, em 45% a 39%, onde se concentra cerca de 70% do eleitorado mineiro. Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Bolsonaro empata numericamente com Lula, por 42% a 42%. Só na capital mineira, o presidente está numericamente à frente, por 43% a 40%; mas dentro da margem de erro de 2 pontos para mais ou menos. Para 91% dos eleitores mineiros, o voto está consolidado, o que significa possibilidade de mudança do voto para somente 9% dos eleitores. Nos votos válidos dos “likely voters”, a vantagem de Lula é de 52,2% a 47,8% entre os eleitores mineiros com maior probabilidade de comparecimento no domingo. Indicador fundamental para a definição da vitória no 2º turno, a rejeição entre os dois candidatos está fora da margem de erro, com 49% dos mineiros que não votarão em Bolsonaro de jeito nenhum, contra 44% que rejeitam Lula”, analisou o geógrafo William Passos, com especialização doutoral em Estatística pelo IBGE.

 

Lula e Bolsonaro sob análise no Folha no Ar desta 5ª

 

(Arte: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Analista político e defensor do pensamento liberal no RJ e no país, Ricardo Rangel é o convidado do Folha no Ar nesta quinta (27), ao vivo a partir das 7h10, na Folha FM 98,3. Ele analisará as eleições de 2 de outubro a deputados, senador e governador no estado do Rio de Janeiro.

Por fim, Ricardo tentará projetar, a partir das pesquisas eleitorais (confira aqui e aqui) e da expectativa do debate desta sexta (28) na Globo, o 2º turno de domingo (30) entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL).

Quem quiser participar ao vivo do Folha no Ar desta quinta pode fazê-lo com comentários em tempo real, no streaming do programa. Seu link será disponibilizado alguns minutos antes do início, na página da Folha FM 98,3 no Facebook.

 

Lula amplia sobre Bolsonaro, mas cai com a abstenção

 

(Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

Em duas pesquisas divulgadas hoje, feitas já após o criminoso episódio do bolsonarista Roberto Jefferson (PTB) no domingo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demonstrou tendência moderada de crescimento da sua vantagem sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL), a apenas quatro dias da urna de 30 de outubro. Na pesquisa Quaest, o petista oscilou 1 ponto para cima na consulta estimulada, passando de 47% a 48% das intenções de voto nos últimos sete dias, nos quais Bolsonaro ficou estagnado em 42%. Na pesquisa PoderData, o crescimento de Lula também foi de 1 ponto, passando de 52% a 53% das intenções de voto válido no mesmo período de sete dias, no qual Bolsonaro também perdeu 1 ponto, de 48% a 47%. Nas duas pesquisas, com metodologias diferentes, a diferença é igual: 6 pontos.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

COM ABSTENÇÃO, VANTAGEM DE LULA CAI — Apesar da discreta subida na reta final, o filtro “likey voter” (“provável eleitor”) introduzido pela Quaest neste 2º turno, prova como a abstenção pode prejudicar o petista neste domingo, como têm alertado todos os analistas. Com a certeza do ato de votar contando sobre a intenção de voto, Lula oscilou para baixo, de 52,8% a 52,1% dos votos válidos; enquanto o capitão oscilou para cima, de 47,2% a 47,9%. A diferença de 6 pontos entre os dois cai a 4,2 pontos — apenas 0,2 acima do empate técnico no limite da margem de erro de 2 pontos para mais ou menos.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

REJEIÇÃO — Considerada decisória em qualquer eleição de 2º turno do mundo, a rejeição não segue apenas liderada por Bolsonaro. Nos últimos sete dias, ele cresceu fora da margem de erro na medição do índice negativo pela Quaest. Em 19 de outubro, o capitão tinha 46% dos brasileiros que não votariam nele de maneira nenhuma, número que hoje é de 49%. Por sua vez, Lula se manteve com 43% de rejeição nos últimos sete dias.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Renato Dolci, cientista político e mestre em Economia pela Sorbonne

IMPACTO DA FALA DE GUEDES SOBRE SALÁRIO MÍNIMO — Além do episódio com o bolsonarista Roberto Jefferson no domingo, quando disparou 50 tiros de fuzil e lançou três granadas sobre quatro policiais federais que foram prendê-lo, por descumprir as normas da prisão domiciliar, outros fatores podem ter influenciado no aumento de 3 pontos da rejeição ao capitão. “O repique de rejeição eleitoral de Bolsonaro cresce acima da margem, após a fala de Paulo Guedes sobre salário mínimo — quando o ministro da Economia disse na quinta (20), pretender desindexar o reajuste do salário mínimo e das aposentadorias pela inflação —, que foi um dos maiores motivos da ‘ressaca‘ de Bolsonaro nas redes sociais”, lembrou o cientista político Renato Dolci, mestre em Economia pela Sorbonne.

Rodolfo Costa Pinto, cientista político e coordenador do PoderData

IMPACTO DOS TIROS E GRANADAS DE JEFFERSON — Mesmo que não tenha medido a rejeição em sua pesquisa, o PoderData considerou o violento episódio do aliado Jefferson como negativo a Bolsonaro na opinião pública. “Ainda vejo um cenário de estabilidade. As variações foram dentro da margem de erro. Pode ser um efeito direto do episódio envolvendo Roberto Jefferson, muito explorado pela oposição ao presidente e com grande exposição na internet e na mídia tradicional, sobretudo na 2ª feira, bem no meio da realização da pesquisa. Não se pode dizer isso de maneira definitiva, mas foi o único fato com potencial para ter impacto nos resultados”, analisou o cientista político Rodolfo Costa Pinto, coordenador do PoderData.

William Passos, geógrafo com especialização doutoral em Estatística no IBGE

ABSTENÇÃO, VOTO BRANCO E NULO — “A apenas quatro dias da urna, Quaest e PoderData utilizam metodologias, amostragens e margens de erro diferentes. Enquanto a Quaest trabalha com entrevistas presenciais domiciliares, amostragem de 2 mil eleitores e margem de erro de 2 pontos para mais ou menos, a PoderData utiliza entrevistas telefônicas, amostragem de 5 mil eleitores e margem de erro de 1,5 ponto. E por diferentes ângulos, Quaest e PoderData apontam estabilidade do cenário eleitoral, com aumento da vantagem de Lula, dentro da margem, nos votos totais, mas redução da vantagem entre os eleitores que provavelmente comparecerão às urnas, já considerando o padrão histórico da abstenção. Na medição da Quaest, o voto está cristalizado e consolidado para 92% dos eleitores, o que significa possibilidade de 8% dos eleitores habilitados ainda mudarem o voto até domingo, caso compareçam às urnas. Importante destacar que, por concentrar maior diferença de intenção de voto entre o eleitorado com menor renda e menor escolarização, o efeito do não comparecimento às urnas de domingo tende a prejudicar mais Lula e beneficiar mais Bolsonaro. Considerando o padrão histórico, cerca de 22% dos eleitores deverão faltar no domingo, enquanto a soma dos brancos e nulos deverá girar em torno dos 8%, mantidas as taxas observadas nas eleições anteriores”, projetou o geógrafo William Passos, com especialização doutoral em Estatística pelo IBGE.

 

Lula e Bolsonaro nas pesquisas após Roberto Jefferson

 

Lula e Roberto Jefferson abraçado a Bolsonaro (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

 

Lula bem ou pouco à frente?

Três das quatro pesquisas eleitorais de segunda (24) e terça (25) indicam que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) largou bem nesta última semana antes da urna de 30 de outubro, daqui a apenas quatro dias. Nos votos válidos (excetuados os brancos e nulos), o petista apareceu com os mesmos 53% a 47% do presidente Jair Bolsonaro (PL), nas pesquisas AtlasIntel de segunda e na Ipespe de terça. A vantagem de 6 pontos chegou a 8 na pesquisa Ipec (antigo Ibope) de segunda: 54% a 46%. Só na pesquisa Paraná de terça, os dois candidatos apareceram com diferença desprezível: Lula 50,2% a 49,8% Bolsonaro, apenas 0,4 ponto.

 

0,4 ponto = R$ 2,7 milhões?

Pelas pesquisas AtlasIntel, Ipec e Ipespe, o favoritismo de Lula parece claro. Pela Paraná, não há favoritos. Pesa a favor da Paraná o fato de ter sido o terceiro instituto que mais acertou no 1º turno, quando errou o resultado geral da urna por 2,3 pontos. Mas ficou atrás do AtlasIntel, segundo instituto que mais acertou no 1º turno, apenas 2 pontos distante do resultado geral. E a vantagem de Lula a Bolsonaro foi a mesma na AtlasIntel e na Ipespe: 6 pontos. Ficou 2 pontos atrás dos 8 registrados da Ipec. Ademais, pesam contra a Paraná e sua diferença de 0,4 ponto os R$ 2,7 milhões que o instituto recebeu este ano do PL, partido de Bolsonaro.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Roberto Jefferson (I)

Além das pesquisas, cuja vantagem de Lula só é desprezível no instituto que fechou contrato milionário com a legenda do presidente, a campanha deste abriu a semana derradeira à urna com um fato muito negativo. A conversão do regime domiciliar ao fechado na prisão do ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) parecia certa depois que ele rompeu as proibições do Supremo Tribunal Federal (STF) divulgou na sexta (21) um vídeo nas redes sociais. E nele proferiu os ataques mais sórdidos contra a ministra do STF Cármen Lúcia. Advogado criminalista, Jefferson sabia melhor que ninguém a consequência: seu retorno à cadeia.

 

Roberto Jefferson (II)

Jefferson ganhou fama nacional em 2005, quando denunciou o Mensalão do PT, do qual confessamente participou. Cassado naquele ano do seu sexto mandato de deputado federal pelo RJ, sobreviveu da função de presidente do PTB, partido protagonista do país nos anos 1940 e 1950, com o ex-presidente Getúlio Vargas. Após descobrir um câncer no pâncreas em 2012, Jefferson entrou em processo de depressão. Ressurgiu ao gravar uma live de apoio a Bolsonaro, em 2020. Desde então, representava a face mais tresloucada do bolsonarismo, em aparições virtuais armado de fuzil e estimulando abertamente a violência política.

 

Roberto Jefferson (III)

Por conta de suas violentas ameaças contra as instituições democráticas e seus representantes, Jefferson foi preso em agosto 2021, por decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes, no inquérito das milícias digitais. Em 24 de janeiro deste ano, Moraes relaxou o regime em prisão domiciliar, para tratamento de saúde. Amante de ópera, Jefferson parece ter armado o seu ato final ao atacar Cármen Lúcia como ministra do STF e em sua honra de mulher na sexta. Para depois atirar três granadas e 50 tiros de fuzil contra os quatro policias federais que foram prendê-lo no domingo, ferindo dois, uma mulher entre eles.

 

Roberto Jefferson (IV)

A Polícia Federal não reagiu segundo o lema bolsonarista “bandido bom é bandido morto”. E negociou por oito horas a rendição. Para tanto, chegou a permitir a inusitada intermediação do Padre Kelmon, “padre de festa junina” na definição da senadora Soraya Thronicke (União/MS), quando substituiu Jefferson como candidato a presidente do PTB no 1º turno, em apoio a Bolsonaro. Apoiadores igualmente radicais, como os deputados federais Daniel Silveira (PTB) e Otoni de Paula (MDB), chegaram a convocar militantes bolsonaristas para apoiar como “herói” e “patriota” quem tentou matar quatro policiais federais no cumprimento do dever.

 

Roberto Jefferson (V)

Como prova de que a desvantagem do presidente nas pesquisas começa a se refletir nas redes sociais que antes monopolizava, a reprovação popular nelas fez com que o circo fosse desarmado. O sinal amarelo também viria com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP/AL). O poderoso aliado de Bolsonaro condenou publicamente a tentativa de homicídio de quatro agentes da Polícia Federal pelo bolsonarista. Só depois de derrotado na guerra virtual e da política real, mesmo após mandar seu ministro da Justiça tentar resolver os 50 tiros pela culatra de Jefferson em sua campanha, o capitão capitulou: “Quem atira em policial é bandido”.

 

Bolsonaro em Campos, RJ, MG e SP

Pelo que ser viu nas redes sociais de Campos, o episódio Jefferson não deve tirar eleitores que já eram de Bolsonaro. Muitos estarão presentes na carreata bolsonarista na manhã de hoje pela cidade, na qual o prefeito Wladimir Garotinho (sem partido) recebe o senador Flávio Bolsonaro (PL) e o governador Cláudio Castro (PL). Este, mais Romeu Zema (Novo) em MG e Rodrigo Garcia (PSDB), em SP, receberam ontem a missão do capitão: tentar virar 1 milhão de votos em cada um dos três principais estados da União. Como cada voto virado no 2º turno vale por dois, o objetivo é neutralizar os 6 milhões de votos da vantagem de Lula no 1º turno.

 

Publicado hoje na Folha da Manhã.

 

Atlas: Lula abre última semana com 6 pontos sobre Bolsonaro

 

(Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

Segundo instituto com maior índice de acerto no 1º turno, cujo resultado geral se distanciou por apenas 2 pontos, a pesquisa AtlasIntel divulgada hoje, a exatos 6 dias da urna do 2º tuno, revela que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abre esta última semana com tendência de leve crescimento da sua vantagem sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL). Nos votos válidos (descontados os brancos e nulos), o petista oscilou 1 ponto para cima, de 52% a 53%, entre as pesquisas Atlas de 13 e 24 de outubro, período no qual o capitão ficou estagnado em 47%. A diferença entre os dois candidatos, hoje, é de 6 pontos. A margem de erro é de 1 ponto para mais ou menos.

REJEIÇÃO — Índice considerado fundamental à definição de qualquer eleição em dois turnos, a rejeição segue sendo liderada por Bolsonaro. Nos últimos 11 dias, ele cresceu 2 pontos entre os brasileiros que têm dele imagem negativa: de 52% aos atuais 54%, contra 45% que têm imagem positiva e 1º que não soube responder. Por sua vez, Lula caiu 1 ponto entre os brasileiros que têm dele imagem negativa: de 49% aos atuais 48%, contra 51% que fazem dele uma imagem positiva e 2% que não souberam responder. A pesquisa foi feita da última terça (18) ao sábado (22), com 4.500 eleitores ouvidos por recrutamento digital aleatório (Atlas RDR).

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

William Passos, geógrafo com especialização doutoral em Estatística no IBGE

ANÁLISE DO ESPECIALISTA — “O Instituto Atlas já atua com pesquisas eleitorais em outros países e está entrando no mercado brasileiro nesta eleição. O instituto trabalha com websurvey, que consiste na coleta aleatória das intenções de votos dos eleitores via questionário eletrônico através da Internet. No 1º turno, pelo método da discrepância média, a diferença entre as urnas e as últimas projeções de cada pesquisa, o Atlas teve a segunda maior taxa de acerto, só atrás do Instituto MDA Pesquisa. Pelo levantamento divulgado hoje, com margem de erro de 1 ponto percentual para mais ou menos, a seis dias das urnas, Lula subiu 0,9 ponto em relação à pesquisa do dia 13 de outubro, oscilando positivamente de 51,1% para 52,0%. Bolsonaro, por sua vez, perdeu 0,3 ponto, oscilando negativamente de 46,5% para 46,2%. Nos votos válidos, a vantagem de Lula foi ampliada para 53% a 47%. A estabilização das intenções de voto em Bolsonaro e o pequeno crescimeno de Lula seria explicado pela melhora do desempenho deste nas regiões Norte e Centro-Oeste”, explicou o geógrafo William Passos, com especialização doutoral em Estatística no IBGE.

 

Wladimir e voto em Bolsonaro no Folha no Ar desta 3ª

 

(Arte: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Prefeito de Campos, Wladimir Garotinho (sem partido) é o convidado do Folha no Ar desta terça (25), ao vivo a partir das 7h10 da manhã, na Folha FM 98,3. Ele analisará as eleições de 2 de outubro a deputados na região, a disputa particular em Campos nas reeleições à Alerj do seu aliado Bruno Dauaire (União) e do seu opositor Rodrigo Bacellar (PL), e a eleição na Mesa Diretora da Câmara de Campos, que tem que ser marcada até 15 de dezembro.

Wladimir também falará da sua declaração de voto na tentativa de reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), da liberação política para que seus secretários e vereadores simpáticos ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) façam campanha para ele, e da carreata bolsonarista que o prefeito comandará nesta quarta (26) em Campos, com a participação do senador Flávio Bolsonaro (PL), filho 01 do capitão.

Quem quiser participar ao vivo do Folha no Ar desta terça pode fazê-lo com comentários em tempo real, no streaming do programa. Seu link será disponibilizado alguns minutos antes do início, na página da Folha FM 98,3 no Facebook.

 

Lula lidera por pouco e sangra no empréstimo consignado

 

(Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

A definição do presidente do Brasil se dará em 30 de outubro, daqui a exatos oito dias. Diante da disputa polarizada entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), para tentar driblar a paixão muitas vezes irracional dos seus eleitores, a opção da Folha da Manhã durante todo este ano eleitoral foi acompanhá-lo, semana a semana, pela objetividade dos números das pesquisas. E, pela primeira vez, duas divulgadas esta semana indicaram a possibilidade real de Bolsonaro superar o favoritismo de Lula ainda apontado por todos os institutos sérios, todos próximos ou já em empate técnico. No qual a abstenção dos eleitores daqui a dois domingos, de acordo com as duas campanhas, definirá o vencedor final.

QUAEST E DATAFOLHA — Ambos divulgadas na quarta (19) e com margem de erro de 2 pontos para mais ou menos, a pesquisa do instituto Quaest Pesquisa e Consultoria, contratada pelo banco Genial, foi feita de domingo (16) à terça, com 2.000 eleitores ouvidos presencialmente; enquanto a pesquisa Datafolha, contratada pela TV Globo e o jornal Folha de S.Paulo, foi feita de segunda (17) à própria quarta, com 2.912 eleitores ouvidos presencialmente. Nos resultados gerais de intenção de voto, em que costumam focar a população e até os veículos de mídias, as duas confirmaram o favoritismo de Lula, mas com sua menor diferença sobre Bolsonaro na série histórica de cada instituto.

VANTAGEM DE LULA A BOLSONARO — Primeiro instituto do Brasil a adotar o filtro do “likely voter”, no qual a certeza no ato de votar conta sobre a intenção de voto, na tentativa de projetar a abstenção que deve definir a eleição, a Quaest de 19 de outubro confirmou a liderança de Lula com 53% dos votos válidos, contra 47% de Bolsonaro. Essa diferença de 6 pontos é a mesma da Quaest de 13 de outubro, revelando tendência de estabilidade nos seis dias seguintes. Por sua vez, a Datafolha de 19 de outubro deu a Lula 52% dos votos válidos, contra 48% de Bolsonaro. Empate técnico no limite da margem de erro, essa diferença de 4 pontos caiu dos 6 pontos (53% a 47%) da Datafolha de 14 de outubro, revelando tendência de redução nos cinco dias seguintes.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

OUTRAS PESQUISAS, NÚMEROS PARECIDOS — Comparadas com outras pesquisas sérias divulgadas na semana, de institutos e metodologias diferentes, os resultados são muito parecidos. Instituto que mais acertou no 1º turno, com média de erro desprezível de 1,8 ponto no resultado geral, o MDA na segunda deu Lula com 53% dos votos válidos, contra 47% de Bolsonaro. Na terça, o Ipespe deu Lula com os mesmos 53% dos votos válidos, contra os mesmos 47% de Bolsonaro. Na mesma quarta do Quaest e Datafolha, o PoderData deu Lula com 52% dos votos válidos, contra 48% de Bolsonaro. Na quinta (20), o Ideia deu Lula com os mesmos 52% dos votos válidos, contra os mesmos 48% de Bolsonaro. Em resumo, nos levantamentos MDA e Ipespe deram 6 pontos de vantagem de Lula para Bolsonaro, reduzida a 4 pontos no PoderData e Ideia.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Christian Lynch, cientista político e professor da Uerj

VIRADA IMPROVÁVEL? — “Com esses resultados, não é possível concluir nada por enquanto. Seria preciso esperar as pesquisas da semana que vem para ver se existe uma tendência de queda de Lula e crescimento de Bolsonaro. Se houver, ainda é tão molecular, tão mínima, que nem dá para ser detectada. Se esse movimento molecular existir, nessa velocidade, Bolsonaro passaria Lula daqui a dois meses. Por ora, o que se vê no panorama geral oferecido pelo conjunto das pesquisas é um quadro de intenções de voto estagnado nos mesmos termos do 1º turno. Lula pode perder? Pode. A derrota hoje é possível, mas improvável”, analisou as pesquisas da semana o cientista político Christian Lynch, professor da Uerj e referência brasileira na sua área, apesar do nome inglês.

ONDE É MAIS PROVÁVEL — Mas se, a partir dos resultados gerais, a análise parece estar correta, quais dados específicos das pesquisas Quaest e Datafolha de quarta poderiam indicar possibilidade de Bolsonaro virar a expectativa de vitória de Lula em 30 de outubro? Em primeiro lugar, o índice que define qualquer eleição de 2º turno do mundo: a rejeição.

EMPATE TÉCNICO NA REJEIÇÃO — Comparadas as Quaest de 13 e 19 de outubro, Bolsonaro reduziu 4 pontos em apenas seis dias: de 50% a 46%. No mesmo período, Lula oscilou 1 pontos para cima: de 42% a 43%. Hoje a diferença entre os brasileiros que não votariam de maneira nenhuma em um ou no outro, é de apenas 3 pontos: Bolsonaro 46% x 43% Lula. Comparadas as Datafolha de 14 e 19 de outubro, Bolsonaro oscilou 1 ponto para baixo: de 51% a 50%. No mesmo período de cinco dias, Lula manteve 46%. Hoje a diferença entre os brasileiros que não votariam de maneira nenhuma em um ou no outro, é de apenas 4 pontos: Bolsonaro 50% x 46% Lula.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

QUALQUER RESULTADO É POSSÍVEL — O fato é que, no limite da margem de erro, Lula e Bolsonaro estão tecnicamente empatados na rejeição das duas pesquisas. E, com a mesma rejeição, qualquer resultado final na urna de 30 de outubro passa a ser aritmeticamente possível.

William Passos, geógrafo com especialização doutoral em Estatística no IBGE

CENÁRIO ABERTO — “Os números divulgados pela Quaest de quarta, antepenúltima pesquisa do instituto, acedem o sinal de alerta para a campanha lulista e depositam esperança nos corações bolsonaristas. Hoje a apenas oito dias para o segundo turno, Bolsonaro conseguiu reduzir a rejeição para dentro da margem de erro de 2 pontos para mais ou menos, passando a empatar tecnicamente com Lula. Agora a desvantagem da rejeição é apenas numérica, de 3 pontos: 43% a 46%, ainda em favor de Lula. Com a rejeição reduzida a 4 pontos na Datafolha e também empatada tecnicamente dentro da margem de erro, 50% dos eleitores não votariam de jeito nenhum no atual presidente, contra 46% que não votariam no ex-presidente. O cenário eleitoral vai se tornando cada vez mais aberto e indefinido”, concluiu o geógrafo William Passos, com doutorado em Estatística no IBGE.

EMPRÉSTIMO CONSIGNADO — Não medido na última pesquisa Quaest, há ainda outro recorte da Datafolha extremamente preocupante para Lula. Aumentado desde agosto com os R$ 41,25 bilhões da PEC Kamikaze, o novo Auxílio Brasil de R$ 600,00 vinha demonstrando a resiliência do brasileiro pobre, que sempre foi e se mantinha o eleitor majoritário de Lula. Mas, no último dia 11, o governo Bolsonaro passou a liberar também o empréstimo consignado a quem recebe o benefício federal, pago na Caixa Econômica Federal e outras 11 instituições financeiras. A que muitas famílias recorreram, aprofundando seu endividamento.

BOLSONARO CRESCE 7 PONTOS LULA CAI 7 PONTOS — O resultado imediato ao empréstimo consignado? Entre as Datafolha de 14 e 19 de novembro, Bolsonaro cresceu 7 pontos, de 35% a 42% nas intenções dos votos válidos dos eleitores que recebem o Auxílio Brasil. Junto ao mesmo eleitor, Lula perdeu os mesmos 7 pontos nas intenções de votos válidos, de 65% a 58%, no mesmo período de apenas cinco dias.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

TCU RECOMENDA, MAS NÃO CORTA — O Tribunal de Contas da União (TCU) recomendou ontem, em parecer técnico, que o empréstimo consignado do Auxílio Brasil seja suspenso. A recomendação se deve ao uso do consignado do benefício para “interferir politicamente nas eleições presidenciais”. Mas, a oito dias da urna, ainda não foi suspenso. E, enquanto estiver sendo pago e endividando brasileiros pobres, sangrará Lula em seu eleitor majoritário e que vinha sendo o mais fiel.

 

Página 2 de hoje da Folha da Manhã