Wladimir cresce a 63% e Madeleine a 17,9% na intenção de voto

 

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

No sábado (24), a coluna Ponto final projetou (confira aqui) as novas pesquisas a prefeito de Campos programadas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para divulgação hoje (26): “não será surpresa se Wladimir (Garotinho, PP) crescer um pouco mais na intenção de voto (tinha 53,7% na consulta estimulada da pesquisa Prefab de 26 de abril). Assim como a delegada Madeleine Dykeman (União), que teve 6,8%. Não será surpresa se ela aparecer agora com dois dígitos. Embora não deva chegar, por ora, aos 18,7% de Carla (Machado, PT) em abril”. Pois na pesquisa Paraná divulgada hoje, Wladimir cresceu para 63,0% de intenção de voto na estimulada. E na possibilidade de definir a eleição no 1º turno de 6 de outubro, daqui a 41 dias. Enquanto Madeleine cresceu para 17,9% — abaixo do que Carla tinha no final de abril.

Estimulada — O instituto Paranás Pesquisas, de renome nacional, ouviu 710 eleitores de Campos entre 22 e 25 de agosto, com margem de erro de 3,8 pontos, sob o registro RJ-00920/2024 no TSE. É a primeira pesquisa registrada desde as convenções partidárias que definiram os 7 candidatos a prefeito a cidade. Na consulta estimulada, abaixo dos 63% de Wladimir e dos 17,9% de Madeleine, vieram o professor Jefferson de Azevedo (PT), com 2,7%; Raphael Thuin (PRD), com 1,1%; Fabrício Lírio (Rede), com 0,7%; Alexandre Buchaul (Novo), com 0,6%; e Pastor Fernando (PRTB), com 0,1%. Outros 8,2% disseram que votarão em nenhum/branco/nulo, com 5,8% que não souberam responder.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Aprovação de governo = intenção de voto — A maior vantagem de Wladimir na sua reeleição a prefeito é a aprovação popular ao seu governo. Que, na pesquisa Paraná, é aprovado por 76,3% dos campistas e desaprovado por 19,4%, com 4,2% que não souberam opinar. Essa relação direta entre aprovação de governo e favoritismo à reeleição se repete (confira aqui) com os prefeitos Carla Caputi (União) em São João da Barra, Welberth Rezende (Cidadania) em Macaé, Geane Vincler (União) em Cardoso Moreira, Valmir Lessa (Cidadania) em Conceição de Macabu, Marcelo Magno (PL) em Arraial do Cabo, Fábio do Pastel (PL) em São Pedro da Aldeia e Maira de Jaime (MDB) em Silva Jardim. Mas, entre todos estes, Campos é o único município que, com mais de 200 mil eleitores, pode ter 2º turno.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Eleição matematicamente aberta na espontânea — A consulta espontânea, em que o eleitor diz da própria cabeça em quem votará, mostra, no entanto, uma eleição matematicamente ainda aberta. Embora Wladimir também lidere com folga, com 31,8% de intenção de voto cristalizada, e seguido à distância por Madeleine (5,8%), Jefferson (0,8%), Lírio e Thuin (empatados, com 0,1% cada), além de 1,0% a outros nomes, a maioria de 53,9% do eleitorado ainda não soube responder. Outros 6,3% disseram que votarão em nenhum/branco/nulo.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Rejeição — Fundamental para definir não só o teto de crescimento num eventual 2º turno, como para tentar avançar ainda no 1º turno sobre esses eleitores indecisos, é a rejeição. Que, na pesquisa Paraná, foi liderada por Madeleine, com 20,3% dos campistas dizendo que não votariam nela de jeito nenhum. Em empate técnico na margem de erro, ela foi numericamente seguida no índice negativo por Wladimir (16,3%), Jefferson (16,1%), Thuin (14,4%) e Lírio (13,1%). Completaram a lista Pastor Fernando (12,1%) e Buchaul (12,0%). Outros 28,5% não souberam responder, enquanto 10,4% disseram poder votar em todos.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Murillo Dieguez, diretor do instituto de pesquisa Pro4, empresário e colunista da Folha da Manhã

Votos válidos — Em entrevista ao Folha no Ar no dia 20, o empresário Murillo Dieguez, diretor do instituto de pesquisa Pro4, projetou o teto de Wladimir (confira aqui) nessa eleição: “em torno de 70% dos votos válidos”. Descontadas na consulta estimulada da pesquisa Paraná os 8,2% de nenhum/branco/nulo e os 5,8% que não souberam dizer em quem votarão, Wladimir tem hoje 73,26% de intenção nos votos válidos. Madeleine ficou com 20,81%, Jefferson com 3,14%, Thuin com 1,28%, Lírio com 0,81%, Buchaul com 0,89%, e Pastor Fernando com 0,11%.

William Passos, geógrafo com especialização doutoral em estatística pelo IBGE

Análise do estatístico — “Com grau de confiança de 95% e 710 entrevistados, a pesquisa apresenta excelente qualidade técnica, com margem de erro de 3,8 pontos. Para as urnas de 6 de outubro de 2024, o maior colégio eleitoral do interior fluminense registra 373.553 eleitores habilitados a votar pelo TSE, o que significa possibilidade de eleição em 2º turno. Entretanto, o instituto Paraná projeta reeleição em 1º turno de Wladimir, com 63,0% na pesquisa estimulada. O resultado é explicado especialmente pela avaliação positiva do seu governo, que com 57,2% na soma de ótimo ou bom. Ainda na estimulada, outro dado importante que a pesquisa traz são os 17,9% de intenção da delegada Madeleine, que absorveu muito mais que o professor Jefferson, com 2,7%, do espólio eleitoral da ex-candidata Carla Machado”, observou William Passos, geógrafo com especialização doutoral em estatística no IBGE.

 

Republicado aqui, no Folha1, por problemas técnicos com o blog.

 

Em Conceição, 8º prefeito favorito pela aprovação de governo

 

Com governo aprovado e líder nas intenções de voto, prefeito de Conceição de Macabu, Valmir Lessa, repete a correlação que favorece também a reeleição de Wladimir Garotinho em Campos, Carla Caputi em São João da Barra, Welberth Rezende em Macaé, Geane Vincler em Cardoso Moreira, Marcelo Magno em Arraial do Cabo, Fábio do Pastel em São Pedro da Aldeia e Maira de Jaime em Silva Jardim (Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Com governo aprovado por 68,4% da população, o prefeito de Conceição de Macabu, Valmir Lessa (Cidadania) é o favorito para se reeleger em 6 de outubro, daqui a apenas 42 dias, com 41,2% das intenções de voto na consulta induzida — com a apresentação dos nomes dos candidatos. É o que aponta a pesquisa Factum feita com 376 eleitores do município, entre 19 e 20 de agosto, com margem de erro de 5 pontos para mais ou menos, sob o registro RJ 05220/2024 no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Aprovação de governo = intenção de voto — Nessa relação direta entre aprovação de governo e liderança nas intenções de voto, Valmir é o oitavo prefeito da região que aparece nas pesquisas como favorito a se reeleger. Assim como (confira aqui) Wladimir Garotinho (PP) em Campos, Carla Caputi (União) em São João da Barra, Welberth Rezende (Cidadania) em Macaé, Geane Vincler (União) em Cardoso Moreira, Marcelo Magno (PL) em Arraial do Cabo, Fábio do Pastel (PL) em São Pedro da Aldeia e Maira de Jaime (MDB) em Silva Jardim.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Aprovação de governo e consulta estimulada — Além dos 68,4% de aprovação, o governo municipal de Conceição foi desaprovado por 28,7% da população, com 2,9% que não souberam ou quiseram responder. Na consulta induzida, atrás dos 41,2% de intenção de voto de Valmir, vieram o ex-prefeito Cláudio Linhares (PP), com 23,1%; Dr. Leopoldo (PDT), com 10,1%; e Tedi (PT), com 2,9%. Outros 12,3% se disseram indecisos, 7,5% disseram que votarão em branco ou nulo, e 2,9% não souberam responder.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Espontânea — O prefeito Valmir também liderou a consulta espontânea, em que o eleitor fala da própria cabeça em quem vai votar, com 34% de intenção e voto consolidada. Ele foi seguido por Cláudio, com 19,2%; Dr. Leopoldo, com 6,1%; e Tedi, com 2,1%. Outros 28,2% se disseram indecisos, 7,5% disseram que votarão em branco ou nulo, e 2,9% não souberam responder.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Rejeição — Além de liderar nas intenções de voto das consultas induzida e espontânea, Valmir apareceu na pesquisa com a menor rejeição entre os quatro candidatos a prefeito de Conceição. Apenas 10,1% disseram que não votariam nele de jeito nenhum, atrás dos 10,4% de Dr. Leopoldo, dos 21% de Cláudio e dos 30% de Tedi, revelando uma rejeição ao PT que aparece cristalizada nas pesquisas em quase todos os municípios do interior do Estado do Rio.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

William Passos, geógrafo com especialização doutoral em estatística pelo IBGE

Análise do especialista — “O controle da máquina administrativa e do orçamento municipal tende a favorecer os prefeitos que buscam reeleição, sobretudo aqueles que apresentam avaliação positiva acima de 50%. Nesse caso, o favorecimento é ainda maior nos municípios com turno único, isto é, aqueles com menos de 200 mil eleitores. Todas as pesquisas dos três institutos que mediram o cenário dos 8 municípios apresentados apresentam boa qualidade técnica e confiabilidade para a medição do cenário eleitoral até o momento. Destaca-se que novas pesquisas deverão ser realizadas nos próximos dias, com destaque para as duas que deverão ser divulgadas amanhã (26), pelos institutos Paraná Pesquisas e Real Time Big Data, que deverão confirmar a manutenção na liderança das intenções de voto de Wladimir Garotinho (PP) e seu favoritismo à reeleição no maior colégio eleitoral do interior do estado do Rio de Janeiro”, disse William Passos, geógrafo com especialização doutoral em estatística no IBGE.

 

MP adverte contra fraude na cota feminina dos partidos em Campos

 

 

Fabiano Moreira, promotor eleitoral de Campos

“Estamos preocupados com a possibilidade de os partidos políticos não cumprirem a cota mínima de 30% de candidaturas femininas exigida por lei e praticar novas fraudes contra o sistema de cotas”. É o que disse o promotor eleitoral Fabiano Moreira, sobre as nominatas à Câmara Municipal de Campos. Em que seis vereadores foram afastados pela Justiça (relembre aqui) na atual Legislatura por fraude nas cotas femininas na eleição municipal de 2020. Ele advertiu que se as candidaturas a vereadora indeferidas não forem substituídas por outras mulheres até as urnas de 6 de outubro, para preencher o mínimo de 30%, os responsáveis podem ser condenados à impugnação de candidaturas e inelegibilidade.

— Isso denota evidente abuso, um novo capítulo ao sistema de fraudes à exigência legal ao número de candidaturas femininas. A lei não só exige que os partidos registrem 30% de candidatas mulheres, mas também que esse percentual seja mantido até o dia da eleição. Se os partidos não substituírem essas candidatas por outras mulheres, poderão enfrentar sanções, incluindo a impugnação das candidaturas dos respectivos DRAPS (Demonstrativos de Regularidade de Atos Partidários) e possíveis inelegibilidades dos responsáveis, notadamente os representantes dos partidos — disse o promotor eleitoral. Que foi adiante:

— Observamos que muitos partidos, ao registrarem suas candidaturas, indicaram exatamente o mínimo de 30% de mulheres exigidos pela lei. Isso ainda é uma preocupação e demonstra a desigualdade entre os sexos e a falibilidade do sistema com a baixa participação feminina nesse processo democrático — disse Fabiano. Que foi além em sua advertência:

— O que é ruim pode ser ainda pior. Ao analisar os registros de candidaturas e as condições de elegibilidade e inelegibilidade de cada um dos candidatos, temos observado número elevado de indeferimento de candidaturas femininas em Campos, algumas até por clara falta de interesse, o que notamos nos casos de renúncia e ausência da simples apresentação de documentos. Essa diferença é bem expressiva e desproporcional aos indeferimentos masculinos — comparou Fabiano.

Ele disse que o Ministério público vem orientando os partidos para que, ao longo do processo eleitoral, monitorem suas candidaturas e façam as substituições necessárias de forma adequada e em tempo hábil. “O que deve ser feito a partir de agora para os casos já conhecidos. Isso é essencial para garantir que a lei seja cumprida e que as mulheres tenham a devida participação no pleito. Queremos que a sociedade entenda a importância desse tema. A presença feminina na política é fundamental, e o respeito à cota de gênero é uma conquista que deve ser preservada”, completou o promotor eleitoral de Campos.

George Gomes Coutinho, cientista político e professor da UFF-Campos

A posição do Ministério Público em defesa da cota feminina nas eleições municipais de Campos recebeu apoio. Como o do cientista político George Gomes Coutinho, professor da UFF-Campos:

— A preocupação do MP é a preocupação de todos nós que seguimos vigilantes com a qualidade da democracia brasileira. Nosso sistema, dentre outras definições, é chamado de “democracia representativa”. Portanto, se espera que o poder político constituído “represente” sua população. Isso implica que os agentes políticos realmente existentes, aqueles em exercício, de alguma maneira “tenham a cara” da população que vota e os mantém com pagamento de impostos diretos e indiretos. Em um país cuja maioria é de mulheres é um contrassenso termos uma classe política majoritariamente masculina. Idem com relação ao que verdadeiramente somos em termos raciais e de classe social — disse George. Que seguiu:

— A classe política brasileira ainda é desproporcionalmente branca e economicamente privilegiada, o que gera o fenômeno da super-representação desses interesses em detrimento de nossas maiorias concretas em termos populacionais. Inclusive esta falta de representatividade, por óbvio, leva água ao moinho para o que chamamos de “crise das democracias contemporâneas”. Não é crível criticarmos o eleitor quanto este se queixa de não se enxergar na classe política. O fenômeno da super-representação de setores ajuda a compreendermos esse alheamento de parte da sociedade, faticamente sub-representada, com relação ao poder político exercido formalmente — completou o cientista político.

 

Conclusões técnica e política da novela do Ideb de Campos

 

Jefferson de Azevedo, Wladimir Garotinho, Gilberto Gomes, Marcelo Feres, Auxiliadora Freitas, Eduardo Shimoda e George Gomes Coutinho (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

No dia 14 foi divulgado (confira aqui)  o novo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) com aumento da nota de Campos. No mesmo dia, o prefeito Wladimir Garotinho (PP) gravou e divulgou (confira aqui) vídeo no Instagram, comemorando o fato. Que foi ironizado e questionado (confira aqui) em vídeo gravado e divulgado no dia seguinte (15), pelo professor Jefferson de Azevedo, ex-reitor do IFF e candidato do PT a prefeito.

— Parabéns a toda equipe da secretaria de Educação, aos professores, diretores, auxiliares e demais funcionários! Aos que só sabem criticar e atacar com discursos de salvadores da pátria, está aí mais uma prova que nosso trabalho está gerando resultados, transformando a vida das pessoas e cuidando do futuro da cidade. A educação é a base da transformação social — celebrou Wladimir no dia 14.

— A nota do Ideb leva em consideração, entre outros fatores, a aprovação do aluno e em Campos o governo adotou o sistema de aprovação automática. Ou seja, nossos estudantes passam de ano mesmo se não souberem ler ou escrever. O dublê de digital influencer que se diz prefeito deveria se preocupar com o futuro das nossas crianças e não em enganar a população com notícias maquiadas — bateu Jefferson no dia 15.

Ocorre que, na coluna Ponto Final publicada na quarta (21), os questionamentos de Jefferson foram questionados (confira aqui) não por políticos adversários, mas por dois colegas seus da própria academia: Eduardo Shimoda, professor de Estatística e de Indicadores de Qualidade da Educação no Mestrado e Doutorado em Planejamento Regional e Gestão da Cidade da Universidade Candido Mendes; e o cientista político George Gomes Coutinho, professor da UFF-Campos.

Questionado tecnicamente por seus pares da academia, Jefferson dobrou a aposta e reforçou seus questionamentos (confira aqui) na quinta (22). Quando disse ao blog Opiniões:

— O resultado do Ideb é mais uma maquiagem do governo Wladimir Garotinho e a educação do município continua nas piores colocações do Norte Fluminense, mesmo com um orçamento gigantesco. O único valor histórico que poderia ser anunciado em forma de ‘petáculo’ deveria ser o da taxa de aprovação, que, em 2023, foi de 95%, ultrapassando até mesmo a marca de 91% do período da pandemia, quando todas as escolas estavam fechadas — reafirmou Jefferson. Que recebeu o apoio de Gilberto Gomes, candidato a vereador e secretário de Comunicação do PT de Campos:

— Penso que neste momento eleitoral, além da análise dos dados do Ideb como importante indicador, pesa também a questão propositiva de uma candidatura como a de Jefferson, ligada diretamente ao tema da educação. Não é possível deixar de analisar o conteúdo político para adotar apenas uma leitura técnica sobre os dados do Ideb. Politicamente, concordo com Jefferson que a educação de Campos deixa muito a desejar — disse Gilberto.

Ontem, na sexta (23), após ser criticado diretamente por Jefferson como “ex-secretário de Educação”, sem ser nominado, o professor Marcelo Feres, candidato a vereador pelo PDT, devolveu na mesma moeda. E questionou diretamente (confira aqui) seu ex-colega de magistério no IFF, onde lecionou até 2017, e hoje opositor político:

— Vejo uma insistência descabida de candidatos a prefeito de Campos em negarem o fato de que a educação municipal está tomando o rumo certo, conforme refletido no Ideb 2023. É nítido que há uma torcida contra o avanço da educação se o mérito não couber em um modelo narcisista. O questionamento do Ideb 2023 de Campos foi uma encenação precipitada, irônica e sem base científica — rebateu Feres.

Ex-secretária de Educação de Campos de 1997 a 2003, nos governos Anthony Garotinho e Arnaldo Vianna, além de ex-vereadora, a professora Auxiliadora Freitas também se posicionou:

— Sou totalmente contra o sensacionalismo político criado em torno do Ideb. A qualidade da educação deve ser avaliada e analisada com mais profundidade. Quando o índice fica baixo tentam colocar como se a educação fosse péssima e quando fica um pouco melhor, como se fosse ótima. As análises precisam ser mais consistentes, menos simplistas, com fins que não sejam a qualidade da educação — pregou Auxiliadora.

Wladimir, Jefferson, Gilberto, Feres e Auxiliadora são políticos. Mesmo os que têm formação e experiência em educação são parte nas eleições de 6 de outubro, daqui a apenas 43 dias. A qualquer observador racional, deveria servir de referência nessa polêmica sobre o Ideb as posições técnicas, desapegadas de interesse político/partidário, do estatístico Eduardo Shimoda e do cientista político George Coutinho.

— Nos anos iniciais, de 2021 a 2023, o índice de aprovação aumentou de 91% para 95%, a nota Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica, que avalia conhecimento dos alunos em português e matemática) aumentou de 5,13 para 5,74 e o Ideb foi de 4,70 para 5,40. Parece que a proficiência dos alunos melhorou e aumentou a aprovação. Com mais conhecimento dos alunos, a aprovação aumenta. Não há indício que o aumento do Ideb foi produzido ‘artificialmente’ por aumento da aprovação. O índice de aprovação de Campos foi igual à média do Estado do Rio — lecionou Shimoda.

— O PT de Campos só não explicou por que, se há problema no Ideb, ele não está no instrumento de avaliação do MEC? Que está nas mãos do PT, o (ministro) Camilo Santana é um quadro do PT. Ao tentar desmoralizar o prefeito, se desmoraliza o instrumento. O PT local resolveu, por tática eleitoral, atacar Wladimir. Se houver um hipotético 2º turno sem o PT, ele vai apoiar a candidatura de Madeleine, de extrema-direita de fato? São 5.565 municípios no Brasil. Se maquiar é tão simples, por que não tivemos a explosão no Ideb Brasil afora? — questionou George.

Se a explicação de Shimoda sobre o aumento da nota de Campos no Ideb está correta, a crítica de Jefferson não tem objeto. E isso não depende de simpatia política, mas de fato estatístico. Se os questionamentos de George estão corretos, e o PT de Campos servir de apoio ao que o cientista político chama de “extrema-direita de fato”, o problema político pode ser mais grave. Não só para 2024, como para 2026. A ver.

 

Publicado hoje na Folha da Manhã.

 

Gestão aprovada faz 7 prefeitos da região favoritos à reeleição

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

 

Duas novas pesquisa de Campos na 2ª

Campos tem duas pesquisas a prefeito programadas no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para serem divulgadas nesta segunda-feira (26): dos institutos Paraná Pesquisas e Real Time Big Data. Esta já teve uma pesquisa eleitoral de Campos registrada no TSE para divulgação em 25 de julho. O que não ocorreu (confira aqui) por desavenças entre o instituto e o contratante, o jornal carioca O Dia. Por sua vez, pesquisas Paraná a prefeito já foram feitas neste ano eleitoral em Macaé, Cabo Frio, Arraial do Cabo, São Pedro da Aldeia e Rio das Ostras. Em Campos, virá em boa hora, pois a última pesquisa registrada, do instituto Prefab Future, foi feita (confira aqui) em 26 de maio.

 

O que era em maio

Naquela pesquisa Prefab de maio, o prefeito Wladimir Garotinho (PP) liderava com larga vantagem a corrida: 53,7% de intenção de voto na consulta estimulada (com a apresentação dos nomes dos candidatos). Dos então pré-candidatos da oposição, a única que apareceu com dois dígitos na estimulada, mesmo bem distante, foi a deputada estadual Carla Machado (PT): 18,7%. Mas, como a Folha adiantou (confira aqui) desde novembro de 2023, ela não poderia ser candidata a prefeita em 2024, por já ter sido reeleita prefeita de São João da Barra em 2020. O que o TSE confirmou por unanimidade (confira aqui) em 16 de junho. E Carla anunciou sua retirada (confira aqui) 10 dias depois.

 

Wladimir e Madeleine em agosto?

De lá para cá, a pergunta passou a ser: para onde foram os votos de Carla? Pesquisas internas não registradas, tanto dos Bacellar quanto dos Garotinhos, indicam a pulverização. Dos candidatos confirmados em suas respectivas convenções partidárias, mesmo que a Prefab, a Paraná e a Big Data usem metodologias diferentes, não será surpresa se Wladimir crescer um pouco mais nas intenções de voto. Assim como a delegada Madeleine Dykeman (União), que teve 6,8% na consulta estimulada da Prefab. Não será surpresa se ela aparecer agora com dois dígitos de intenção de voto. Embora não deva chegar, por ora, aos 18,7% de Carla em abril.

 

Aprovação de governo = intenção de voto (I)

Wladimir teve (confira aqui) mais de 50% de intenção de voto em todas as pesquisas de 2023 e na, até aqui, única registrada em 2024. Nada indica que vá ter menos nestas duas pesquisas com divulgação prevista na segunda. O que manterá a perspectiva real de fechar a eleição em turno único. Além de Madeleine, outro candidato da oposição precisará chegar aos dois dígitos de intenção de voto para que, desejo pessoal à parte, a chance do 2º turno possa matematicamente existir. A vantagem de Wladimir na disputa, como de qualquer outro governante do mundo candidato à reeleição, é a aprovação popular à sua gestão. Que estava em 70,5% na Prefab de 26 de abril.

 

Aprovação de governo = intenção de voto (II)

As urnas municipais de 6 de outubro serão abertas daqui a 43 dias. Neste ano eleitoral, a partir de pesquisa registradas no TSE, a Folha analisou o panorama da disputa a prefeito em 10 municípios da região: Campos, São João da Barra, Macaé, Cardoso Moreira, Rio das Ostras, Cabo Frio, Arraial do Cabo, São Pedro da Aldeia, Silva Jardim e, mais recentemente, Itaperuna. Em todos eles, a regra é a mesma: se o governo municipal é bem avaliado, o prefeito que tenta a reeleição é favorito nas intenções de voto. E vice-versa: se o governo da cidade é mal avaliado, quem lidera a corrida para sucedê-lo é a oposição.

 

Aprovação de governo = intenção de voto (III)

Wladimir em Campos, Carla Caputi (União) em SJB, Welberth Rezende (Cidadania) em Macaé, Geane Vincler (União) em Cardoso, Marcelo Magno (PL) em Arraial, Fábio do Pastel (PL) em São Pedro e Maira de Jaime (MDB) em Silva Jardim lideram a disputa à reeleição com grande vantagem nas consultas estimulada e espontânea. O motivo é claro nas pesquisas: todos os sete têm governos de ampla aprovação popular. Por outro lado, prefeitos que tentam a reeleição com administrações de baixa aprovação da população, como é o caso de Magdala Furtado (PV) em Cabo Frio, não passam do 3º lugar nas intenções de voto.

 

Rio das Ostras e Itaperuna

Há o caso de Rio das Ostras, onde o governo do prefeito Marcelino da Farmácia (sem partido) tem baixa aprovação popular. E apoia Maurício BM (PV) para sucedê-lo, atrás do líder nas pesquisas Carlos Augusto Balthazar (PL). Como há o caso particular do prefeito de Itaperuna, Alfredo Paulo Marques Rodrigues, o Alfredão (União). Ele apareceu liderando a disputa na consulta estimulada da pesquisa do instituto Personel, outra encomendada pelo jornal carioca O Dia, com 35,9% de intenção de voto. No entanto, na espontânea, não foi além do empate técnico, na margem de erro de 4,5 pontos: ele teve 21,9% contra Nel (PL), com 15,3%.

 

Aprovação de governo = intenção de voto (IV)

O que torna a projeção da eleição a prefeito de Itaperuna particular, a partir da pesquisa de um instituto pouco conhecido e encomendada pelo jornal O Dia, é o fato: o levantamento não divulgou a aprovação do governo Alfredão. O que pode ser um indicador, a olhos mais treinados, de que essa aprovação não é tão alta assim. Diretor do instituto de pesquisa Pro4, o empresário Murillo Dieguez desagradou a oposição de Campos (confira aqui) ao projetar no Folha no Ar de terça (20) o teto de Wladimir nas urnas de 6 de outubro: “em torno de 70% dos votos válidos” (descontados os brancos e nulos). Não por coincidência, é sua aprovação de governo.

 

Publicado hoje na Folha da Manhã.

 

Ideb de Campos: Feres vê “torcida contra avanço na educação”

 

Marcelo Feres, Jefferson de Azevedo, Wladimir Garotinho, Eduardo Shimoda, George Gomes Coutinho e Auxiliadora Freitas (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

“Vejo uma insistência descabida de candidatos a prefeito de Campos em negarem o fato de que a educação municipal está tomando o rumo certo, conforme refletido no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, confira aqui e aqui) 2023. É nítido que há uma torcida contra o avanço da educação se o mérito não couber em um modelo narcisista”. Foi o que disse hoje o professor Marcelo Feres, que se afastou da secretaria de Educação do governo Wladimir Garotinho (PP) para ser candidato a vereador pelo PDT.

Divulgado no dia 14, o aumento da nota de Campos no Ideb foi comemorado na semana passada por Wladimir, em vídeo postado (confira aqui) no Instagram. Que foi mostrado em vídeo do professor Jefferson de Azevedo (confira aqui), ex-reitor do IFF e candidato do PT a prefeito de Campos, ironizando e questionando o prefeito também no Instagram.

Na quarta (21), os questionamentos de Jefferson foram questionados não por adversários políticos, mas por (confira aqui) dois colegas seus da academia: Eduardo Shimoda, professor de Estatística e de Indicadores de Qualidade da Educação no Mestrado e Doutorado em Planejamento Regional e Gestão da Cidade da Universidade Candido Mendes; e o cientista político George Gomes Coutinho, professor da UFF-Campos.

— O Ideb de Campos não mostrou resultado muito bom, mas de fato melhorou. O município era o 85º entre 91 municípios fluminenses na nota Saeb de 2021. E, em 2023, passou para 69º entre 92 municípios. ‘Pedalada’ seria aumentar o nível de aprovação, que em Campos subiu muito pouco, de 91% a 95%. Se os alunos passassem sem saber, seria inútil, porque o Ideb tenderia a cair em 2025. A aprovação não é a causa do aumento do Ideb. Foi a nota Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), ao subir de 5,13 a 5,74, demonstrando uma proeficiência melhor dos alunos, que aumentou a aprovação. Não foi maquiagem, os alunos é que estão sabendo mais — concluiu o estatístico Shimoda. Que também advertiu:  “o resultado será explorado politicamente em ano de eleição municipal”.

— O PT de Campos só não explicou por que, se há problema no Ideb, ele não está no instrumento de avaliação do MEC? Que está nas mãos do PT, o (ministro) Camilo Santana é um quadro do PT. Ao tentar desmoralizar o prefeito, se desmoraliza o instrumento. O PT local resolveu, por tática eleitoral, atacar Wladimir. Se houver um hipotético 2º turno sem o PT, ele vai apoiar a candidatura de Madeleine, de extrema-direita de fato? São 5.565 municípios no Brasil. Se maquiar é tão simples, por que não tivemos a explosão no Ideb Brasil afora? — questionou o cientista político George Coutinho.

Após ser questionado na quarta, Jefferson reforçou seus questionamentos (confira aqui) na quinta (23). E, sem nominar, criticou diretamente Feres como “ex-secretário de Educação”:

— O resultado do Ideb é mais uma maquiagem do governo Wladimir Garotinho e a educação do município continua nas piores colocações do Norte Fluminense, mesmo com um orçamento gigantesco. Diferentemente do que foi afirmado pelo ex-secretário de educação, o maior valor de aprendizagem, medido pelo Saeb em português e matemática na nossa rede municipal, foi em 2007, com um valor de 6,23, o que supera o de 2023, no valor de 5,74. Porém, o único valor histórico que poderia ser anunciado em forma de ‘petáculo’ deveria ser o da taxa de aprovação, que, em 2023, foi de 95% — dobrou a aposta Jefferson.

Ex-colega de Jefferson no IFF, onde lecionou até 2017, antes de se integrar ao IF Brasília, Feres também ocupou vários cargos no ministério da Educação, de 2008 a 2016, nos governos Lula e Dilma Rousseff, chegando a secretário nacional de Educação Profissional e Tecnológica. Ao ter seu trabalho criticado, o ex-secretário de Educação de Campos classificou como “teses insustentáveis” as críticas do colega de magistério e hoje opositor político, ainda que sem nominar Jefferson:

— A defesa de teses insustentáveis via narrativas políticas ignora análises científicas de especialistas imunes a viés político partidário (como é o caso de Shimoda e George), que comprovam que os alunos da rede municipal alcançaram notas mais altas na prova Saeb de língua portuguesa e matemática. Esse resultado é fruto do esforço e da competência dos alunos, professores e gestores da rede municipal. O questionamento do Ideb 2023 de Campos foi uma encenação precipitada, irônica e sem base científica — disse Feres. Que foi além:

— Como afirmado por uma liderança do PT local, tal questionamento foi uma opção política de quem entende que “não é possível deixar de analisar o conteúdo político para adotar apenas uma leitura técnica sobre os dados do Ideb” (declaração do candidato a vereador do PT Gilberto Gomes). Preocupa que políticos com experiência na área de educação se manifestem a partir de narrativas políticas, típicas de não especialistas, em detrimento das evidências científicas e da ética da boa ciência — alfinetou o ex-secretário de Educação de Campos, que ascendeu no ministério da Educação nos governos do PT.

Quem também se posicionou sobre a polêmica do Ideb foi a professora Auxiliadora Freitas, ex-vereadora e também ex-secretária de Educação de Campos de 1997 a 2003, nos governos Anthony Garotinho e Arnaldo Vianna:

— O Ideb é apenas um indicador, sujeito a falhas tanto na variável de fluxo escolar quanto na variável do Saeb, mais relacionado ao grupo de estudantes que efetivamente faz as provas. Entendo que o índice tem relevância, mas sou totalmente contra o sensacionalismo político criado em torno do Ideb. A qualidade da educação deve ser avaliada e analisada com mais profundidade. Quando o índice fica baixo tentam colocar como se a educação fosse péssima e quando fica um pouco melhor, como se fosse ótima. As análises precisam ser mais consistentes, menos simplistas, com fins que não sejam a qualidade da educação —  cobrou Auxiliadora. Que foi além:

— Como educadora que torce pela educação de nossos pequenos e pequenas, que bom que a rede municipal conseguiu melhorar o Ideb. Fico feliz pelos esforços de todos nessa conquista. Os resultados deveriam ser diagnósticos, como eram no início. Os resultados eram enviados, indicando as fraquezas no desempenho dos estudantes, para que os sistemas de ensino e as escolas promovessem as mudanças necessárias — lembrou a ex-secretária de Educação de Campos.

 

Questionado, Jefferson reforça questionamento ao Ideb de Campos

 

Jefferson de Azevedo, Wladiir Garotinho, Eduardo Shimoda, George Gomes Coutinho e Gilberto Gomes (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

“O resultado do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, confira aqui e aqui) é mais uma maquiagem do governo Wladimir Garotinho (PP) e a educação do município continua nas piores colocações do Norte Fluminense, mesmo com um orçamento gigantesco”. Foi o que disse hoje (22) o professor Jefferson de Azevedo, ex-reitor do IFF e candidato do PT a prefeito de Campos. Que foi além em sua avaliação crítica:

— Diferentemente do que foi afirmado pelo ex-secretário de educação, o maior valor de aprendizagem, medido pelo Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) em português e matemática na nossa rede municipal, foi em 2007, com um valor de 6,23, o que supera o de 2023, no valor de 5,74. Porém, o único valor histórico que poderia ser anunciado em forma de ‘petáculo’ deveria ser o da taxa de aprovação, que, em 2023, foi de 95%, ultrapassando até mesmo a marca de 91% do período da pandemia, quando todas as escolas estavam fechadas.

Divulgado no dia 14, o aumento da nota de Campos no Ideb foi comemorado na semana passada por Wladimir, em vídeo postado (confira aqui) no Instagram. Que foi mostrado em vídeo de Jefferson (confira aqui) também postado no Instagram, ironizando e questionando o prefeito.

Os questionamentos de Jefferson, no entanto, foram questionados (confira aqui) não por adversários políticos, mas por dois colegas seus da academia: Eduardo Shimoda, professor de Estatística e de Indicadores de Qualidade da Educação no Mestrado e Doutorado em Planejamento Regional e Gestão da Cidade da Universidade Candido Mendes; e o cientista político George Gomes Coutinho, professor da UFF-Campos.

— O Ideb de Campos não mostrou resultado muito bom, mas de fato melhorou. O município era o 85º entre 91 municípios fluminenses na nota Saeb de 2021. E, em 2023, passou para 69º entre 92 municípios. ‘Pedalada’ seria aumentar o nível de aprovação, que em Campos subiu muito pouco, de 91% a 95%. Se os alunos passassem sem saber, seria inútil, porque o Ideb tenderia a cair em 2025. A aprovação não é a causa do aumento do Ideb. Foi a nota Saeb, ao subir de 5,13 a 5,74, demonstrando uma proeficiência melhor dos alunos, que aumentou a aprovação. Não foi maquiagem, os alunos é que estão sabendo mais — analisou tecnicamente Shimoda. Ele também advertiu:  “o resultado será explorado politicamente em ano de eleição municipal”.

Questionado ontem, Jefferson reforçou hoje seus questionamentos:

— Não se trata de uma questão de estatística, muito menos de crítica ao modelo de cálculo do Ideb. O que houve foi manipulação de uma das dimensões de cálculo do Ideb, por meio da aprovação automática, estendida do período da pandemia para os anos de 2022 e 2023. Agora, se calculássemos o Ideb de 2007, usando o Saeb de 2007 (6,23) e a taxa de aprovação maquiada de 2023 (0,95), chegaríamos ao valor de Ideb de 5,9, muito superior aos 5,4 anunciados. Aí sim, este seria o maior índice histórico, porém os dois fatores deste produto despertam suspeição — contra-argumentou o candidato do PT a prefeito de Campos. E foi adiante:

— Aproveito para tristemente informar que, de acordo com o novo índice do MEC de Alfabetização na Idade Certa de crianças até os 7 anos, Campos apresenta a vexatória penúltima posição do Norte Fluminense, com 39% das crianças até 7 anos alfabetizadas, enquanto a média nacional é de 56%. Se continuarmos assim, não só o presente, mas nosso futuro estará muito comprometido — advertiu hoje Jefferson. Que, ontem (21) teve sua posição nos questionamentos também questionada politicamente:

— O PT de Campos só não explicou por que, se há problema no Ideb, ele não está no instrumento de avaliação do MEC? Que está nas mãos do PT, o (ministro) Camilo Santana é um quadro do PT. Ao tentar desmoralizar o prefeito, se desmoraliza o instrumento. O PT local resolveu, por tática eleitoral, atacar Wladimir. Se houver um hipotético 2º turno sem o PT, ele vai apoiar a candidatura de Madeleine, de extrema-direita de fato? São 5.565 municípios no Brasil. Se maquiar é tão simples, por que não tivemos a explosão no Ideb Brasil afora? — indagou o cientista político George Coutinho.

Pré-candidato a vereador e secretário de Comunicação do PT de Campos, Gilberto Gomes também se posicionou hoje sobre os questionamentos de Shimoda e George, feitos ontem, aos questionamentos de Jefferson ao aumento na nota de Campos no Ideb:

—Penso que neste momento eleitoral, além da análise dos dados do Ideb como importante indicador, pesa também a questão propositiva de uma candidatura como a de Jefferson, ligada diretamente ao tema da educação. Enquanto candidatos que somos, não é possível deixar de analisar o conteúdo político para adotar apenas uma leitura técnica sobre os dados do Ideb. Politicamente, concordo com Jefferson que a educação de Campos deixa muito a desejar, quando deixou de pautar, por exemplo, a educação em tempo integral e reduziu a carga horária de português e matemática. Ou mesmo com o fechamento de escolas em áreas rurais — disse Gilberto. Que foi além:

— Os dados do Ideb conflitam com a própria percepção dos professores em sala de aula, que reclamam de pressão por parte da secretaria de Educação para aprovação automática e não reconhecem investimentos na valorização profissional. Isso, além da ausência de concursos, que mantém o quadro de servidores da educação defasado e com alguns professores já contratados em regime de RPA. Cabe a um candidato a prefeito analisar todos estes aspectos para confrontar a comemoração em torno de um dado que, por si só, não é capaz de analisar todo desempenho da educação municipal — ponderou Gilberto.

 

Prefeito de Itaperuna, Alfredão lidera eleição disputada

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Prefeito de Itaperuna e candidato à reeleição, Alfredo Paulo Marques Rodrigues, o Alfredão (União), lidera uma corrida eleitoral que promete ser disputada no município polo do Noroeste Fluminense. Na pesquisa do instituto Personel, encomendada e divulgada (confira aqui) ontem (21) pelo jornal carioca O Dia, feita com 471 eleitores entre 16 e 18 de agosto, com margem de erro de 4,5 pontos e sob registro RJ-08141/2024 no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alfredão apareceu liderando a consulta espontânea, com 21,9%. Mas em empate técnico com o candidato de oposição Nel (PL), que teve 15,3%. Na consulta estimulada, o prefeito liderou com 35,9% das intenções de voto, fora da margem de erro, sobre os adversários.

Espontânea — Na consulta espontânea, onde o eleitor diz da própria cabeça em quem votará em 6 de outubro, depois de Alfredão (21,9%) e Nel (15,3%), vieram Kadu Novaes (REP), com 9,6%; Dr. Bruno (Novo), com 4,7%; Adilson Ribeiro (PT), com 0,8%; e 1,1% de nenhum/branco/nulo. Além do empate técnico na liderança, como a maioria de 46,7% não respondeu, é uma eleição matematicamente aberta.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Estimulada — Na consulta estimulada, onde o eleitor diz em quem vai votar a partir da apresentação dos nomes dos candidatos, depois de Alfredão (35,9%) liderando fora da margem de erro, vieram Nel (23,8%), Kadu (18,0%), Dr. Bruno (11,0%) e Adilson (4,5%). Outros 4,5% não souberam ou quiseram responder, com 2,3% de nenhum/branco/nulo.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Rejeição — A rejeição também indica uma eleição disputada. Se o petista Adilson Ribeiro lidera o índice negativo, com 30,8% dizendo que não votariam nele de jeito nenhum, a segunda maior rejeição é do prefeito Alfredão, com 25,5%. Ele ficou numericamente à frente do seu principal adversário, Nel, com 18,5%. Kadu teve 14,0% de rejeição, com 12,1% de Dr. Bruno. Expressivos 32,3% disseram que poderiam votar em todos, com 6,4% rejeitando todos os candidatos e 4,7% que não souberam ou quiseram opinar.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Por que sem avaliação de governo? — Além da consulta espontânea e da rejeição, a pesquisa trouxe outro indicativo de que a eleição a prefeito de Itaperuna tende a ser disputada. Mesmo com o prefeito e candidato à reeleição liderando a pesquisa, esta não trouxe aprovação de governo. O que, pela ausência, pode significar que o governo Alfredão não é tão bem avaliado assim.

William Passos, geógrafo com especialização doutoral em estatística pelo IBGE

Análise do especialista — “Com grau de confiança de 95,0% e amostragem de 471 entrevistados, a pesquisa apresenta boa qualidade técnica, apesar da margem de erro de 4,5 pontos ser um pouco acima da habitual margem de erro máxima de 4,0%. Para as urnas de 6 de outubro de 2024, Itaperuna possui um eleitorado habilitado a votar pelo TSE de 76.809 eleitores, o que significa que o município terá eleição apenas no primeiro turno. Nesse contexto, o cenário projetado pela Personel Agência de Serviços e Pesquisas aponta para a reeleição do prefeito Alfredão, que lidera na pesquisa estimulada com 35,9%, apesar do empate técnico dentro da margem de erro na sondagem espontânea: 21,9% das intenções de votos, contra 15,3% das intenções de Nel. Importante destacar que a pesquisa não apurou a avaliação do governo do prefeito Alfredão, mas mediu a rejeição do atual incumbente, que empata tecnicamente com Nel dentro da margem de erro”, avaliou William Passos, geógrafo com especialização doutoral em estatística no IBGE.