Ciro é uma candidatura que nos traz esperança. Não só porque nos apresenta um Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), que tem feito muita falta nestes 41 anos de semi-estagnação, que nos colocou no patamar de decadência e crise onde hoje nos encontramos. Mas porque tem a coragem de indicar os culpados por este resultado: o pacto político-econômico (democraticamente) instituído desde Collor, passando por FHC e Lula, até Bolsonaro, calcado no desmonte da indústria nacional em proveito do aumento do consumo das famílias, por meio de um câmbio distorcido (pró-importação) que prejudica as condições de competitividade dos produtos brasileiros e destrói nossos melhores empregos.
A perversa mágica funcionou graças ao êxito do Plano Real, que conteve a inflação, junto às políticas de amparo aos miseráveis, à valorização do salário mínimo – sem contrapartida no aumento da eficiência do trabalho. O exponencial aumento do crédito privado também teve papel relevante, não obstante o endividamento dos cidadãos, que Lula alavancou, via crédito consignado à juros altos, denunciado por Ciro em 2018.
Iludida a maioria da população, que nunca pôde consumir tanto, viajando até para o exterior, o que chancelou as seguidas vitórias eleitorais de PSDB e PT, o modelo tratou de agravar nossas disparidades de renda, não obstante as “bondades” aos pobres. O empresariado brasileiro também teve seu quinhão com isenções tributárias bilionárias, ineficazes e prejudiciais ao Tesouro Nacional. Fechando o pacote, ainda tivemos as regalias da aristocracia burocrática dos Judiciários, Ministérios Públicos, Legislativos e setores do Executivo, sem esquecer os privilégios da elite política — da União ao Município – e os trilhões do Orçamento Nacional entregues aos grandes grupos financeiros credores da dívida pública.
A resultante disto tudo foi representada pelo candidato ao comparar o PIB per capita do Brasil e da China nos anos 1980, quinze vezes ao nosso favor, com o resultado de hoje, abaixo de 80% do nível alcançado pelos chineses. Transcorridas quatro décadas, a China, em parte inspirada em nossa trajetória passada, quando éramos campeões em crescimento econômico, não só se transformou numa nação próspera, por meio do trabalho e da educação, no lugar da mera compensação de renda e oportunidades, como despontou como potência econômica, já superando os EUA.
Ciro, com sua candidatura, nos presta um grande serviço, embora ainda pague o preço por ter se mantido por tanto tempo próximo ao lulopetismo e seu projeto de distribuição de renda populista, sem trabalho e sem educação. Talvez pudesse diminuir o tempo/espaço perdido e aumentar suas chances com a classe média, se reconhecesse os méritos da operação Lava-Jato – não obstante os inevitáveis erros cometidos no contexto de um país campeão em impunidade e privilégios.
A política, porém, é assim mesmo: feita de maneira aleatória e anárquica, quase sempre separando aquilo que deveria andar junto, para se obter melhor resultado. Em nosso caso, uma política de desenvolvimento articulada à libertação do Estado, aprisionado por parasitas e demagogos que se alimentam da corrupção institucionalizada.
A grave crise brasileira, que Ciro teve a honestidade de colocar no centro do palco eleitoral, como outrora fizera Brizola, todavia, tende a forçar a convergência que as consciências teimam em renegar pelos efeitos da condição humana. É só uma questão de tempo para que a Rebeldia da Esperança encontre seu verdadeiro caminho.
Em 2021, o descolamento de Carla da realidade foi tema de todas as rodas de conversa de SJB. Mas foi neste início de 2022 que revelou sua pior face: a infanticida! Jornalista sanjoanense e editor-geral da Folha, Arnaldo Neto registrou as reações imediatas da ciência aos delírios da prefeita. “Os estudos demonstram a segurança e a eficácia da Pfizer para crianças. Na vida real, são mais de 10 milhões de crianças vacinadas só nos EUA”, chamou à razão o médico infectologista Nélio Artiles. “Temerária essa afirmação, porque a prefeita não é profissional da saúde, nem especialista em vacinação”, alertou o pediatra e infectologista Charbell Kury.
“Achei que a prefeita fosse falar na live do desastre ambiental da abertura da barra da Lagoa de Iquipari, ou apresentar um plano de controle das cheias. Pensei que fosse falar da arrecadação municipal recorde de quase R$ 600 milhões em 2021, e explicar o porquê de tanto buraco nas ruas e falta de iluminação. Mas ela usou a live para influenciar os sanjoanenses a não se vacinarem. Parece piada de mau gosto, mas não é. Programa Cidade Integrada? Só se for com três pilares: sem infraestrutura, sem governo e sem futuro”, analisou o administrador público Danilo Barreto (Patri), candidato a vereador de SJB mais votado na “pedra” em 2020.
Crença na ciência
“A prefeita falou na live de temas como Covid, suspensão do carnaval e alagamento em Barcelos. Reconheceu a vulnerabilidade de SJB às enchentes, mas tirou a sua responsabilidade para tentar transferir ao Estado. Faz propaganda do êxito da vacinação, apesar de não ter se vacinado e ainda induzir as mães a não vacinarem seus filhos. Gastou muito tempo falando de autoajuda e saúde ‘alternativa’, ignorando o necessário para enfrentar a pandemia. Nós só vamos vencer se acreditarmos na ciência, imunizando a população”, pregou o empresário Márcio Nogueira (PDT), segundo colocado na eleição a prefeito de SJB em 2020.
Palavra da ciência
“Infelizmente, a prefeita de SJB não se vacinou contra a Covid-19. E, para piorar, se declarou contra a vacinação de crianças de 5 a 10 anos. É mais um exemplo de políticos que negam as evidências. O que é nefasto, pois muitas pessoas não têm formação crítica para entender como as doenças acontecem, e acabam influenciadas negativamente contra novas tecnologias que salvam, gerando mais mortes e sofrimento. As vacinas para as crianças seguiram os protocolos e são seguras. Portanto, se é você é mãe, pai ou responsável por alguma criança, vacine-a”, finalizou o biólogo Renato da Matta, professor da Uenf.
“O governo (Jair) Bolsonaro (PL) é um sucesso relativo na política e um fracasso econômico e social”. Foi como o jornalista Luiz Carlos Azedo, articulista dos jornais Correio Braziliense e Estado de Minas, avaliou na manhã de ontem, em entrevista ao vivo no programa Folha no Ar, da Folha FM 98,3. Apesar de identificar o “sucesso relativo” do capitão, no caso de um eventual segundo turno dele contra o líder isolado em todas as pesquisas presidenciais, o analista da política nacional não demonstrou muita dúvida: “O Bolsonaro nunca vai convencer de que é melhor do que o Lula (PT)”. O risco maior ao petista seria uma mudança no segundo lugar da corrida: “o que pode mudar esse cenário eleitoral é o Bolsonaro ser ultrapassado por outro candidato. Aí, sim. Aí você tem uma ameaça a ele (Lula). Hoje, essa ameaça é o (Sergio) Moro (Podemos). E pode ser o (João) Doria (PSDB)”. Sobre a eleição a governador do Estado do Rio, onde foi criado, Azedo cravou de Brasília, onde reside e conhece os bastidores: “acho Cláudio Castro (PL) um candidato fortíssimo”. Mas também apostou, pela necessidade de Lula de ter um palanque fluminense forte, numa alternativa até aqui pouco cogitada na disputa ao Palácio Guanabara: o presidente da Alerj, André Ceciliano (PT).
Castro “fortíssimo” a governador do RJ – Eu acho Cláudio Castro um candidato fortíssimo, por duas razões: por causa do peso do Governo do Estado na vida das cidades, principalmente do interior, está fazendo um governo “jeitoso”, e ele não tem rejeição pessoal alta. Ele passa a ser muito competitivo, por causa das alianças que ele vai tecendo com os prefeitos, com os parlamentares e tal. Então, isso é uma é uma coisa que para mim está clara. A dificuldade maior dele é no Rio, porque no Rio a estrutura do Governo do Estado é mais distante da sociedade do que em outras regiões, em termos de peso político, até pela irreverência do carioca também com relação a autoridades. Então, não o vejo com muita força na capital, não. O vejo com mais força no interior, na Baixada, por causa das alianças política e do jeito dele de o governo estar funcionando. Agora, se o André Ceciliano for candidato, aí bagunça esse coreto, porque ele tem relações políticas no interior, por causa da relação da Assembleia. E ele vai ter muita força na capital, em função da influência do Lula, da base eleitoral do Lula na capital, que sempre foi muito forte.
Ceciliano a governador? – Eu tenho amigos do PT, e eu sei que esses amigos torcem o nariz para o (Marcelo) Freixo (PSB), gostariam que o André Ceciliano fosse candidato. O que dificulta isso? O Lula, a política de alianças do Lula. Ele quer ampliar, ele quer ter o apoio do Psol (ex-partido de Freixo), ele quer ter o apoio do Eduardo Paes (PSD, prefeito do Rio). Então, o Lula tem um peso nisso. Mas, se o Eduardo Paes resolver apoiar o André Ceciliano, ele será candidato, não tenha dúvida. E esse acordo pode acontecer, porque ele não pode disputar reeleição. Anota aí no teu caderninho. Se ele virar candidato, aí você me diz assim: “Pô, você estava certo”. Não se pode descartar a candidatura dele, porque: primeiro, na minha avaliação, o governador não vai apoiar o Lula. Se ele não vai apoiar o Lula, o Lula precisa ter um palanque no Rio que amplie. O voto do Freixo já é do Lula, ele não precisa do apoio do Freixo; o voto do Freixo, por gravidade, é do Lula. Se houver um acordo do Eduardo Paes com ele (Ceciliano), e o Lula liberar, ele vira candidato. E um candidato fortíssimo.
Bolsonaro entre o “sucesso relativo” e o fracasso – Eu acho que o governo Bolsonaro é um sucesso relativo na política e um fracasso econômico e social. Estou falando de sucesso relativo na política por duas razões: porque ele conseguiu neutralizar completamente a possibilidade do impeachment, que era real, e construiu uma aliança com o Centrão, que ele acabou de consolidar e que deu a ele o apoio quase que incondicional da maioria do Congresso à sua reeleição. Então, isso é uma coisa que, politicamente, tem que ser considerada. É o que garante a ele uma certa estabilidade, governabilidade. Entretanto, a capacidade de governança dele é muito precária. E há um fracasso econômico, a situação da economia está aí: recessão, inflação de mais de 10%, desemprego em massa.
“Desastre” – Do ponto de vista social, Bolsonaro é um desastre. Ele liquidou as políticas públicas. Nessa crise sanitária, ele cometeu todos os erros possíveis e imagináveis, mais até os inimagináveis. Está pagando o preço disso em termos de popularidade. O impacto que isso teve na economia e o impacto que teve em outras áreas da vida social, como no caso da educação, por exemplo, foi muito grande. Então, é um governo com péssimos indicadores em todas as áreas: saúde, educação, segurança.
Bolsonaro garantido ao segundo turno? – Ele conseguiu manter um grupo de apoio suficiente, até agora, para garantir a ele um lugar no segundo turno. Eu não sei se esse quadro se mantém, mas, em princípio, ele continua garantindo lugar no segundo turno das eleições. Quem pode alterar esse quadro? Um dos candidatos que se consolidarem até as eleições e ameaçá-lo. Na pesquisa de hoje (ontem, da Exame/Ideia, que deu Lula com 41% e Bolsonaro, com 24%), ficou evidente que o Moro está se tornando realmente uma ameaça, porque já está com 11%. Numa largada para eleição, 11% não é mau. O Ciro (Gomes, PDT) refluiu. O Ciro já esteve nessa posição de ter 11% dos votos, nessa pesquisa de hoje (ontem) está com 7%. O Doria, com 4%, e o Pacheco, com 1%, são os grandes partidos da disputa. O PSD do Pacheco, o PSDB do Doria, o PDT do Ciro e o Moro, com o Podemos, que não é um grande partido, mas tem uma grande bancada no Senado e uma bancada expressiva na Câmara. Pode ser que esse quadro tenha alteração, mas eu diria que, hoje, o Moro já ameaça Bolsonaro.
Três momentos da corrida eleitoral – A gente sabe que, numa campanha eleitoral, há três grandes momentos: um é a fase da pré-campanha, em que as candidaturas se consolidam ou não; o segundo momento é quando as alianças se estratificam, que é o período em que se formam as coligações, os blocos partidários, agora federações partidárias; e o terceiro momento é a campanha propriamente dita. A reta final da campanha é uma loucura, a gente tem muita movimentação em termo dos eleitores. Quando o povão entra na campanha eleitoral, você tem muita alteração, é como se fosse uma outra conjuntura. Então, eu não acho que a eleição está decidida.
Lula no primeiro turno? – O Lula tem chance de ganhar a eleição no primeiro turno? Tem. Mas, isso não se resolve de véspera. Você vê que uma pesquisa o mostra ganhando no primeiro turno (Lula teria 51,4% dos votos válidos na pesquisa Genial/Quaest, divulgada na quarta), logo depois vem outra (Exame/Ideia, divulgada na sexta) que mostra que não é bem assim. Então, nós vamos ficar nessa situação daqui para frente. Acho que as candidaturas que estão consolidadas até agora são Lula, Bolsonaro e Moro. O Ciro está sofrendo um ataque especulativo da própria bancada do PDT. E o Doria, aparentemente, é candidato a qualquer preço, já disputou a convenção do PSDB, mas ele está com muita dificuldade. Não vejo o Rodrigo Pacheco como uma candidatura consolidada. Acho que a tendência do PSD vai ser fazer uma aliança e indicar ele, talvez o próprio (Gilberto) Kassab (ex-prefeito de São Paulo e presidente nacional do PSD). Eu acho que o Rodrigo Pacheco, por exemplo, seria um excelente vice para o Lula: é de Minas, é um político moderado, tem um grande partido. Então, o Kassab conversa com o Lula. Essas coisas estão ainda por se definir.
Fraqueza e força de Bolsonaro – Eu acho que, no embate com os adversários, o Bolsonaro está muito fragilizado, porque ele não consegue reverter a situação da economia, apesar do Auxílio Brasil. Ele está muito sustentado nesse eleitor mais ideológico, na narrativa dos costumes e nessa base corporativa que ele tem, além das alianças que ele faz usando a máquina do governo. Então, ele é um candidato que tem muita força, muita resiliência, porque, em qualquer circunstância, o governo é a forma mais concentrada de poder. Mesmo um mau governo, porque o mau governo, arrecada, normatiza e coage. O Bolsonaro faz isso sem nenhuma crise de consciência. A gente vê as medidas que ele toma, o tempo todo ele faz isso para beneficiar os seus aliados.
Lula x Bolsonaro, Moro e Ciro – O Lula, no confronto dos governos dos governos dele com o do Bolsonaro, ele ganha todas, menos na questão ética, porque ele tem lá o passivo dos escândalos, o passivo da Lava Jato. Só que essa vantagem o Bolsonaro perde, está perdendo, por causa da aliança dele com o Centrão e porque a candidatura do Moro está caldeando esse eleitor antipetista e preocupado com a ética na política. O Moro está seduzindo esse eleitor e tentando se colocar como um cara com proposta para enfrentar os problemas do país, especialmente na economia. Moro está tentando construir uma candidatura propositiva, uma narrativa com um projeto para o país, porque essa coisa da ética já vem para o colo dele naturalmente. Isso é dele, ninguém tasca, e foi o que fez com que ele ultrapassasse o Ciro. O Ciro foi do governo Lula, tem um passivo também, foi ministro (da Integração Regional). No passivo de ter sido ministro (da Justiça), o Moro fez do limão uma limonada, porque ele rompeu com o Bolsonaro. Ele faz uma campanha em que ataca o Bolsonaro. É uma coisa que ele diz que errou, que se enganou. Você tem que levar em conta o seguinte: o Bolsonaro ganhou a eleição. Então, o Moro tem na bandeja o eleitor antipetista que votou no Bolsonaro e se arrependeu. Está no colo dele já, e não é pouca gente. Se você comparar a votação que o Bolsonaro teve com o que ele tem hoje nas pesquisas, você tem a dimensão do eleitor que votou nele e se decepcionou com ele. Esse eleitor se identifica com o Moro, porque o Moro é a expressão do apoio e da decepção ao mesmo tempo. Eu acho que o Moro tem muita dificuldade no mundo político, que tem urticária quando ouve falar em Lava Jato. Ele tem dois pontos fracos: um é a falta de experiência administrativa, e o outro é essa coisa de ele ter incompatibilidade com os políticos tradicionais. Só que, se você for observar o comportamento do eleitorado, essas candidaturas antissistema têm ainda um apelo eleitoral.
“Comparação é no carrinho de compra” – Você imagina o Bolsa Família num contexto de pleno emprego, de aumento de salário real, das aposentadorias, e vê o Auxílio Brasil num contexto de inflação de 10%, recessão, desemprego em massas nas famílias. É uma conjuntura completamente diferente. Então, eu acho que comparação é no carrinho do supermercado: “O que eu colocava no carrinho do supermercado com o Bolsa Família, no governo Lula, e o que eu coloco agora?”. Essa comparação é feita na boca do caixa do supermercado, todo dia, quando o sujeito vai fazer compra. E aí, está explicado o resultado dessa pesquisa com relação ao Auxílio Brasil (a Genial/Quaest registrou que, entre os brasileiros que moram junto de pelo menos uma pessoa que recebe o Auxílio Brasil, 53% consideram o governo Bolsonaro ruim, regular para 28% e positivo para apenas 17%). Uma coisa é você ter um sujeito que está recebendo Bolsa Família porque ficou desempregado, num ambiente familiar em que ele tem um filho que trabalha, que a mulher consegue fazer algum trabalho, vender alguma coisa, que ele consegue ter algum negócio, vai vender coxinha de galinha, alguma coisa. Imagina num contexto em que está todo mundo desempregado, em que você não tem atividade econômica? A atividade econômica informal está muito baixa, porque não houve só um apagão de empregos. Com a pandemia, houve um apagão de capital. As pessoas queimaram o que tinham, venderam o que tinham ou gastaram o que tinham para poderem comer. E sem capacidade de gerar renda, de ter uma atividade produtiva que gerasse renda. Então, esse impacto está visível nas ruas da cidade: morador de rua, gente pedindo dinheiro, pedindo comida. Isso é generalizado. E o Lula, quando saiu do governo, o país estava crescendo 8%, era um regime de pleno emprego. Então, essa coisa é comparada. A força do Lula nessa eleição vem daí: do contraste com a situação da economia do governo Bolsonaro.
Como seria Lula nas vacas magras? – O Lula foi beneficiado pela expansão da economia mundial e um crescimento da China comprando muito no Brasil. Isso beneficiou o governo Lula, foi um momento de expansão. Quando vem a crise econômica (de 2008) e ele envereda pela chamada política anticíclica no segundo mandato, num primeiro momento o país reage bem a isso, mas depois essa política é mantida pela Dilma, e aí a gente começa a ter problema. E acaba colapsando a economia no segundo mandato da Dilma. E o Lula agora, como é que fica? As contingências são outras, não são as mesmas. Não dá para fazer o mesmo governo. Eu, pessoalmente, acho que o projeto do PT, muito calcado no nacional-desenvolvimentismo, é regressista, não tem muito espaço para dar certo. O projeto nacional-desenvolvimentista depende de capital para investir. Nós não temos esse capital internamente. O Estado tem capital e já não tem mais como resolver o problema privatizando uma área para investir em outra. Petrobras, Banco do Brasil, Caixa, isso o PT não vai fazer. Então, não vai ter capital. E você não tem, no setor privado, acumulação suficiente para fazer esses investimentos também. A capacidade de financiamento teria que vir do exterior. Para isso, você não pode ter uma política anti-imperialista, hostil à integração à economia mundial. Eu tenho muitas dúvidas com relação à forma como essa coisa poderia se resolver. Mas, isso não é um problema só do Lula, não. É um problema de todos os candidatos.
Como Bolsonaro poderia superar Lula? – A única alternativa que o Bolsonaro teria para derrotar o Lula no segundo turno seria convencer o eleitor de que ele é menos pior. E isso vai ser muito difícil para ele, na minha modesta opinião, porque convencer o eleitor de que ele é melhor do que o Lula é difícil. Ele não tem desempenho. Ele tem que criar um fantasma, ele tem que recrudescer nesse discurso do comunismo, na coisa da corrupção. Ele tem que ir para cima e caracterizar o Lula como um cara tipo o Maduro, entendeu? Ele vai ter que fazer um discurso muito reacionário e convencer. Eu acho difícil ele convencer o eleitor médio, o eleitor popular, porque as pessoas já foram governadas pelo Lula duas vezes e têm saudade, né? Tem saudade da picanha, do iogurte, da viagem de avião. O Lula conseguiu melhorar a vida das pessoas da porta para dentro. Ele fez uma política econômica que se baseava na expansão do consumo. Então, hoje, o impacto maior que as pessoas estão sentindo em termos de qualidade de vida é perda de qualidade de vida da porta para dentro. Essa comparação é muito forte. Você pode questionar o Lula da porta para fora: saúde, educação, transporte, situação urbana. Aí você pode, porque ele focalizou gasto social na camada mais pobre da população, no consumo. Mas, mesmo assim, ele ganha do Bolsonaro na comparação. Acho muito difícil. O Bolsonaro nunca vai convencer de que é melhor do que o Lula.
O que pode mudar até outubro? – Agora, o que pode mudar esse cenário eleitoral é o Bolsonaro ser ultrapassado por outro candidato. Aí, sim. Aí você tem uma ameaça a ele (Lula). Hoje, essa ameaça é o Moro. E pode ser o Doria. O Doria tem uma característica que o Moro não tem. Eles fazem um discurso muito parecido, só que o Doria é mais qualificado em termos administrativos, tem um portfólio de realizações, de entrega que ele está fazendo no Governo de São Paulo, no combate à Covid. Não tenha dúvida que ele vai usar.
Confira abaixo, em três blocos, a íntegra da entrevista do jornalista Luiz Carlos Azedo ao Folha no Ar na manhã de ontem, na Folha FM 98,3:
O poeta e tradutor amazonense Thiago de Mello morreu hoje, em Manaus (AM), aos 95 anos, de parada cardíaca. Era um dos mais conhecidos e reconhecidos poetas brasileiros, em seu próprio país e no exterior, onde serviu anos como adido cultural. Ícone da literatura regional, como foram o poeta pantaneiro Manoel de Barros ou o prosista goitacá José Cândido de Carvalho, Thiago marcou sua obra pelo humanismo, a crítica social, a defesa da Floresta Amazônica e seus povos originais, que conheceu e cantou tão bem.
O poeta do Amazônia e homem do mundo fincou raízes também na planície goitacá. Entre 1977 — logo após voltar do exílio imposto por nossa última ditadura militar (1964/1985) — e 1986, ele foi casado com a jornalista campista Ana Helena Ribeiro Gomes. Radicada há muitos anos na cidade do Rio de Janeiro, ela morou durante sua união com Thiago na cidade natal deste, em Barreirinha, numa casa projetada pelo arquiteto Lúcio Costa, que projetou junto com Oscar Niemayer a capital Brasília.
Ana Helena e Thiago tiveram um filho, Thiago Thiago, filósofo, sociólogo e compositor, hoje com 40 anos. Numa dessas coincidências que não há, ele estava no Amazonas neste período da morte do pai, cuja terceira e última residência em Barreirinha projetada por Lúcio Costa, à beira do rio Andirá, está sendo reformada para ser transformada em Casa da Poesia.
— Thiago voltou do exílio, em 1977, e estava na casa da irmã em Copacabana, para responder a um inquérito militar da ditadura. Eu era repórter de O Globo e fui enviada para entrevistá-lo. Thiago era conhecido do jornal, onde escreveu como cronista nos anos 1950. Como era um poeta e fiquei com receio de perder algum verso, levei um gravador. Fizemos a entrevista e, no final, ele pediu meu nome e telefone. Fui para casa, para tirar a matéria, onde percebi que não tinha gravado nada. Resolvi escrever de memória e deu um texto de oito laudas. No dia seguinte, com a publicação da matéria, ele ligou para mim e contei a história do gravador. Depois, apareceu na minha casa com um violão. Nós casamos ali, naquele processo. Depois, junto com o cantor e compositor Sérgio Ricardo, Thiago correu o Brasil com “Faz escuro, mas eu canto”, espetáculo de protesto contra a ditadura. Quando acabou, me mudei com ele para Barreirinha. Mesmo depois da separação, continuamos grandes amigos. Sempre que ele vinha ao Rio, se hospedava na minha casa. Fomos grandes amigos a vida toda. Somos! Ainda não consigo falar dele no passado. Perdemos um grande humanista; um homem que foi, em vida e obra, um belo resumo do século 20 — testemunhou Ana Helena ao blog.
Verso do poema “Madrugada Camponesa” e título do seu livro de 1965, considerado pelo autor como o mais querido, “Faz escuro, mas eu canto” seria também o tema da 54ª Bienal do Livro de São Paulo, em 2021. Na qual Thiago, ainda em vida, foi o grande homenageado.
Por conta do seu casamento com Ana Helena, amiga dos meus pais, tive a oportunidade de conhecer pessoalmente Thiago de Mello na minha infância, em algumas das suas vindas a Campos. Num desses encontros, ele chegou a escrever para mim um poema, que está, espero, guardado com a minha mãe. Segundo ela, o poema começava assim: “Aluysinho, companheiro, foi muito bom te encontrar”.
Caras aos poetas, entre as figuras de linguagem que mais aprecio, está o oxímoro, uso de expressões antagônicas para reforçar uma ideia. Desde a sua fundamentação, a língua portuguesa já era marcada a “fogo que arde sem se ver” pelo oxímoro. Como Luís de Camões, em soneto homônimo ao primeiro verso: “Amor é fogo que arde sem se ver,/ é ferida que dói, e não se sente;/ é um contentamento descontente,/ é dor que desatina sem doer”.
De Camões para cá, o Brasil também pariu grandes escritores que se destacaram pelo uso do oxímoro. Entre eles, o mais marcante talvez seja Euclides da Cunha. Que, na prosa da sua obra prima sobre a Guerra de Canudos (1896/1897), em “Os Sertões”, imortalizou alguns: “grande homem pelo avesso”, “Hércules-Quasímodo”, “a caatinga o afoga”.
É, no entanto, Thiago de Mello quem, na minha opinião, escreveu o oxímoro defintivo da língua portuguesa — ou de qualquer outra. E com ele batizou o poema e o livro homônimo de 1952:
A partir das 7h da manhã desta sexta (14), o convidado para encerrar a semana do Folha no Ar, na Folha FM 98,3, é o jornalista Luiz Carlos Azedo, articulista político do Correio Braziliense. Ele falará do legado do bicentenário da Independência do Brasil e do centenário do Partido Comunista Brasileiro (PSB, atual Cidadania). Analisará também o governo estadual Cláudio Castro (PL) e a eleição a governador do RJ, em outubro.
Por fim, Azedo vai analisar o governo federal Jair Bolsonaro (PL) e dará a sua projeção para a eleição presidencial, daqui a menos de 9 meses. Quem quiser participar ao vivo do Folha no Ar desta sexta pode fazê-lo com comentários em tempo real, no streaming do programa. Seu link será disponibilizado alguns minutos antes do início, na página da Folha FM 98,3 no Facebook.
Com Cláudio Nogueira, Rodrigo Carneiro e Matheus Berriel
“Neste momento, a gente não vai ficar esperando. O que o Estado tiver que fazer de intervenção, ele vai fazer diretamente aqui, para que a gente possa solucionar o mais rápido possível esse problema”. Foi o que o governador Cláudio Castro disse na manhã de hoje, em entrevista ao vivo ao programa Folha no Ar, na Folha FM 98,3. Ele estava ao lado do seu secretário de Governo, e deputado estadual de Campos, Rodrigo Bacellar (SD), e de Carla Machado (PP), prefeita de São João da Barra, cujo dique do Paraíba do Sul não suportou a cheia do rio com as águas da chuva, nos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais, e se rompeu na tarde de ontem, na altura de Barcelos, invadindo e interditando a BR 356, no trecho Campos/Atafona.
“Se nós precisarmos, com a nossa equipe própria, do DER, se tiver que fazer alguma contratação agora, para hoje, para começar a fechar o buraco (do dique em Barcelos) hoje, começar a ver o que dá para fazer de forma emergencial”, garantiu o governador. Mas sem dar prazo à solução do problema. Ele também vai visitar outros municípios da região castigados pela chuva, como Itaperuna e Cambuci. Castro falou da sua pré-candidatura e das eleições a governador de outubro, bem como da importância do apoio do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), nessa disputa. E ressaltou a importância do projeto Fênix, elaborado pelo setor produtivo de Campos e região, com apoio do Grupo Folha, na busca de parceria com o poder público para o desenvolvimento regional.
Presença e promessa de atuação imediata em SJB — Acabei de chegar aqui, estou com a prefeita Carla Machado (PP) ao meu lado, de São João da Barra. Ela já me colocou as principais questões urgentes. Também está conosco o nosso secretário de Governo, Rodrigo Bacellar, e ela (Carla) colocou as questões que são urgentes agora, dos diques, principalmente o dique que se rompeu (em Barcelos, na margem da BR 356, interditada naquele trecho) e aqueles que estão na iminência de se romper. Não adianta a gente só olhar para esse que rompeu agora e não olhar para aqueles que estão na iminência de romper, nem para os locais que ainda estão assoreados e podem causar muito estrago. Então, a gente vai agora dar uma olhada em alguns locais de rompimento. Trouxe comigo, além do secretário Bacellar, o secretário das Cidades, Uruan (Cintra); o secretário de Meio Ambiente, Thiago Pampolha; e o secretário de Defesa Civil, coronel Leandro (Sampaio Monteiro), para que a gente pudesse já dar as primeiras orientações emergenciais e já ver o que tem que ser feito ao longo dos próximos dias, para, caso novas chuvas venham, a gente não deixar a população de toda a região sofrer. Nós sabemos que não é só São João da Barra. Se esses diques romperem, vai ter um grande sofrimento na região inteira. Então, aqui é um trabalho totalmente regional. Eu falei ontem com o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, que está aguardando a gente dizer o que a gente precisa. Mas, neste momento, a gente não vai ficar esperando. O que o Estado tiver que fazer de intervenção, ele vai fazer diretamente aqui, para que a gente possa solucionar o mais rápido possível esse problema que, de ontem para hoje, se agravou muito.
Prazo para solução? — Estou chegando aqui exatamente para ver isso. Se nós precisarmos, com a nossa equipe própria, do DER, se tiver que fazer alguma contratação agora, para hoje, para começar a fechar o buraco hoje, começar a ver o que dá para fazer de forma emergencial, tem um engenheiro especialista que a prefeita contactou e está nos esperando. A gente vai conversar com engenheiros, eu também trouxe especialista do DER. A gente vai conversar agora, para ver o que dá para começar a fazer hoje e também nos próximos dias, para a gente evitar que um desastre maior aconteça.
Agenda na região afetada pelas chuvas — Sábado eu vou a Itaperuna e Cambuci. Vamos ver o que precisa lá. A primeira coisa que nós precisamos é ajeitar o que está causando prejuízo nesse momento: rompimento, limpeza. Se houver obstruções, desobstruir. Na verdade, o comitê estadual das chuvas já está fazendo isso pelo estado inteiro. Com as fortes chuvas, enche, e quando diminui a chuva, estamos entrando rapidamente em todas as cidades. Entrou em Itaperuna, entrou em Carmo, entrou em várias cidades, entrou limpando rápido, e a vida da população está voltando rápido. Isso também se dá graças ao programa Limpa Rio, em que nós limpamos rios em 35 municípios no último ano. A projeção é de, em três anos, nós conseguirmos limpar todos os rios do estado, que geram transtorno na época das chuvas. Isso já tem dado um alívio enorme, porque, além de dificultar a enchente, ajuda a desaguar mais rapidamente quando o rio está limpo. Esse foi um projeto em que, só no ano passado, o Estado investiu R$ 200 milhões, e mais R$ 50 milhões em contenção de encostas, o que fez com que o desastre fosse bem menor do que seria em outras épocas.
Reconstrução da estrutura atingida — O secretário Bacellar já está vendo diretamente isso, nós também estamos em contato com o prefeito Wladimir Garotinho (PSD). Toda a equipe do Estado já está na região desde a semana passada, vendo todas essas intervenções que têm que ser feitas. O que tiver que ser desobstruído, o que já foi, e algumas nós já estamos dando emergência agora, para já começar imediatamente a restauração. A gente sabe que leva uma semana, duas. A gente não pode abrir mão de atingir 100%, porque senão acontece o que a gente viu, no passado, acontecendo na Região Serrana. Mas, a gente está avançando rápido, fazendo todo o paliativo agora, que também é importante: abertura de vias, limpeza de vias, para que, dentro do mês de janeiro ainda, comecem os reparos.
Comitê de chuvas — O comitê de chuvas não é um comitê só de atender depois que aconteceu, ele é um comitê pensando no ano inteiro. Em 2020, assumi no final do ano, e nós atendemos a população no início de 2021. Em 2021, a primeira fase era limpeza de rios e contenção de encostas. Não adiantava fazer piscina, nada, com os rios que enchem totalmente assoreados. Então, tem que desassorear esses rios, cobrar os prefeitos que não deixem construir em lugar irregular. Não adianta ficar jogando a culpa toda na conta do Governo do Estado, os prefeitos têm que ter (essa responsabilidade). A maioria dos que estão hoje herdou isso, não estou falando que a culpa é do prefeito X, Y ou Z. Todos herdaram tudo construído à beira de rio. É demolir local em situação irregular, ter coragem de demolir, coragem de negar construção. E o Estado fazer uma contenção de encostas, fazer a limpeza de rios. Agora, com o Pacto RJ, todos os prefeitos estão tendo a oportunidade de mandar os seus projetos para o estado. A gente tem, hoje, R$ 17 bilhões para serem gastos. Todos os prefeitos, inclusive de situação, oposição, todos estão abertos para que mandem os seus projetos de acordo com as realidades locais, para que o Estado faça essas intervenções definitivas.
Assinatura do termo de compromisso com o Projeto Fênix, do setor produtivo de Campos e região, com apoio da Folha — Eu sou um entusiasta do desenvolvimento, principalmente do interior. Eu não me recordo de o interior ter um volume de investimento como já está tendo e como está previsto ter ao longo desse ano. As licitações já estão todas saindo. Há uma preocupação gigantesca com a legalidade. Não me lembro também de uma época com a cadeia produtiva sendo tão ouvida. Lembrando que de 60% a 70% do Pacto RJ são um programa da Firjan, chamado Canteiro de Obras, que eles encaminharam para nós. O resto é 100% o que os prefeitos estão colocando como prioridade nas suas regiões. Então, ele é um programa que ouve a cadeia produtiva, ouve os gestores municipais, faz uma atuação democrática do Governo do Estado. Tanto democrática nos projetos, tanto democrática no sentido de para onde o recurso vai, porque ele está indo para os 92 municípios, diferentemente do que foi feito até aqui. Então, eu acredito que ações como essa, em que a gente junta a cadeia produtiva, junta o gestor municipal, junta a política através dos deputados locais, a gente vai conseguir fazer o verdadeiro desenvolvimento, e não aquele que era pautado em pequenos interesses.
Ano eleitoral e pré-candidatura à reeleição — Eu vejo o processo eleitoral com muita tranquilidade. Um político muito antigo dizia que a urna é o julgamento do trabalho do gestor. Então, eu entendo que qualquer processo de eleição, e principalmente de reeleição, ele vem fazer esse julgamento do trabalho que foi feito. Então, aquele que não está no cargo tem que fazer crítica, tem que fazer oposição, tem que mostrar o que está errado. Ele tem que ficar fazendo campanha antecipada o tempo todo. Mas, àquele que está no cargo, o que resta é trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar. Se a população achar que aquele trabalho é bem feito, a continuidade é uma naturalidade. Papel não só meu, mas de qualquer outro. Ano retrasado teve eleição de prefeito, e nós vimos que os que trabalharam tiveram o seu processo de reeleição com tranquilidade, e aqueles que tiveram mais dificuldade não conseguiram se reeleger. Então, o papel do governador que está na cadeira, que é o meu caso, é trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar. Hoje, eu estou muito feliz por a gente ter conseguido fazer um processo de pacificação no Rio, que tinha uma questão política muito complicada. Hoje, eu dialogo com os 92 prefeitos, dialogo com praticamente os 70 deputados da Alerj, os 46 praticamente da Câmara Federal. Para você ver, eu dialogo, hoje, com Marcelo Freixo (PSB, deputado federal e também pré-candidato a governador). No final do ano, nós mandamos mensagem um para o outro. Aqui não tem inimigo, tem no máximo adversário, cada um no seu ponto de vista pessoal, político e ideológico, naquilo que acredita. Eu respeito muito as forças políticas e as bandeiras que não são as minhas. Eu não me acho o dono da verdade. Até por isso, o Rio hoje está crescendo, é o Estado que mais cresce na Federação, em virtude desse processo de união que a gente conseguiu implantar aqui.
Prefeito do Rio, Eduardo Paes, como a “noiva preferida” dos pré-candidatos a governador — Eu sou tão amigo da Cris, esposa do Eduardo, que eu não posso falar isso dele. Eduardo é um grande amigo, já de muitos e muitos anos. O primeiro voto da minha vida a vereador foi no Eduardo Paes, em 1996. Nós somos amigos desde essa época. O Eduardo é um político experiente, ele vai saber tomar a melhor decisão na hora certa. Acho que o Governo do Estado e a Prefeitura (do Rio) estão fazendo uma grande parceria. Só para a Prefeitura, agora, com a concessão da Cedae, são mais de R$ 5 bilhões, o que faz a Prefeitura conseguir levantar o caixa e levantar possibilidade de trabalhar. O Eduardo está vendo o que está sendo feito. É um amigo de muitos anos, que está vendo o que está sendo feito, e um político experiente. Acho que ele tem os ingredientes necessários para tomar a melhor decisão dele.
Restaurante Popular de Guarus, prometido para novembro passado — A nossa ideia já é inaugurar, durante este ano, os 26 (Restaurantes Populares) que faltam. Como eu falei, está tudo sendo licitado. São licitações complexas, é um volume muito grande de licitações. A gente tem Tribunal de Contas, Procuradoria, toda essa questão. O Pacto RJ tem uma coisa principal, que é a transparência. Então, esse processo de transparência, para que a gente não passe de novo o que passou no passado com casos de corrupção, com casos de decepção. Pior do que a corrupção é a decepção que ela causa na população. Isso, às vezes, faz a coisa demorar um pouquinho mais. Mas, é o respeito ao dinheiro do contribuinte, é o respeito à ética, que não tem que ser exaltada pelo político, mas tem que ser uma condição mínima para ele começar o trabalho.
Necessidade de visita da secretaria estadual de Saúde para liberar pagamento de seis Estratégias de Saúde da Família (ESF’s) — Vou falar com o secretário (estadual de Saúde, Alexandre) Chieppe hoje. Saúde para a gente é prioridade. Só no final do ano foi mais de R$ 1 bilhão transferido para que os municípios possam investir em atenção básica. Eu sou um fã, sou entusiasta da atenção básica. Por isso, transferi o recurso fundo a fundo, para os municípios. A gente sabe que, quando a atenção básica funciona, impacta menos nos hospitais e sobra mais recurso para que a gente possa investir mais ainda na atenção básica. Então, a atenção básica é a verdadeira solução para que a gente possa ter uma saúde pública melhor.
Confira no vídeo abaixo a íntegra da entrevista do governador Cláudio Castro ao Folha no Ar da manhã de hoje:
Com o dique de Barcelos rompido e a BR 356 interditada naquele trecho, confira abaixo as duas rotas alternativas entre os municípios de Campos e São João da Barra:
Primeira pesquisa presidencial de 2022, a Genial/Quaest continua apontando a possibilidade de vitória do ex-presidente Lula (PT) ainda no primeiro turno. Com 45% de intenções de voto na pesquisa estimulada, ele segue liderando a corrida com folga. E é seguido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), com 23%; pelo ex-juiz federal Sergio Moro (Podemos), com 9%; pelo ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT), com 5%; pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), com 3%; e pela senadora Simone Tebet (MDB), com 1%.
Descontado o total de 12%, entre os 8% de brancos e nulo e os 4% de ainda indecisos, Lula se elegeria presidente em turno único, com 51,4%. Ele também venceu todas as simulações da pesquisa ao segundo turno. Nele, o petista bateria Bolsonaro por 54% a 30%, Moro por 50% a 30%, Ciro por 52% a 21% e Doria, por 55% a 15%.
A economia (desemprego, inflação e crescimento econômico) foi apontada como principal problema do país para 37% dos brasileiros. Já para 28%, é a saúde e a pandemia da Covid, enquanto 13% apontam as questões sociais (fome, pobreza, desigualdade e habitação) e apenas 9% a corrupção. É uma grande inversão de prioridades entre o eleitor brasileiro entre 2018 e 2022.
O capitão tem seu governo avaliado como negativo por 50% dos brasileiros, enquanto 25% apontam como regular e 22% (praticamente seu mesmo percentual de intenções de voto) como positivo. A avaliação negativa é majoritária até entre os que recebem o Auxílio Brasil, considerado a última cartada de Bolsonaro para tentar se reeleger. Entre os que residem em domicílio que tenha alguém recebendo o benefício federal, criado para substituir o Bolsa Família, a administração federal é considerada negativa para 53%, regular para 28% e positiva para apenas 17%.
Embora em segundo lugar como principal problema do país, a chegada da Ômicron tem feito a preocupação com a Covid crescer. Já são 69% os brasileiros que se dizem muito preocupados (eram 62%, segundo a Genial/Quaest de dezembro, crescimento de sete pontos) com a pandemia. Dooutro lado, são 25% pouco preocupados e irrisórios 6% nada precoupados. Por sua vez, em entrevista hoje de manhã, Bolsonaro disse que a nova variante Ômicron “não tem matado ninguém” e que ela é “bem-vinda” no Brasil.
Outra aposta errada do capitão, como quase todas na condução da pandemia, está relacionada à campanha difamatória, com uso indiscriminado de fake news, contra a vacinação das crianças entre 5 e 11 anos. Cuja imunização foi liberada pela Anvisa desde 16 de dezembro, mas até hoje, 27 dias depois, ainda não teve início, condenando pequenos brasileiros à infecção, internação e morte pela doença. Bem mais cientes da realidade que seu presidente, 72% da população disseram querer vacinar as crianças agora, com 20% (outro índice próximo ao de intenções de voto do capitão) achando que não.
A sucessão de erros de Bolsonaro no governo tem dado continuidade ao sangramento da popularidae que o elegeu presidente. Entre os que votaram nele em 2018, a avaliação negativa também supera a positiva. Só neles, o governo está pior do que se esperava para 36%; nem melhor, nem pior para 34% e melhor do que se esperava para 29%.
A pesquisa Genial/Quaest foi feita entre 6 e 9 de janeiro, ouvindo 2 mil eleitores em todos os estados brasileiros, com margem de erro de dois pontos para mais ou menos. No limite desta margem de erro, Moro continua empatado com Ciro na terceira posição.
Com o derretimento de Bolsonaro, o ex-juiz e o ex-governador tiveram alguns indicadores positivos. O principal é que 26% dos eleitores disseram não querer que nem Lula, nem Bolsonaro vençam a eleição outubro. É abaixo dos 44% que dizem querer que vença Lula, mas acima dos 23% (exato número das intenções de voto) que querem que vença Bolsonaro.
Ainda que Moro e Ciro estejam bem distantes de ameaçar o segundo lugar do capitão na corrida presidencial, os dois têm outro indicador positivo. O ex-governador do Ceará lidera na segunda opção de voto do eleitorado, com 18%. E é seguido pelo ex-juiz federal do Paraná, com 14%.
Mas, se têm potencial para crescer sobre Bolsonaro, Moro e Ciro têm um índice negativo que complicaria a vida de um deles, caso chegasse ao eventual segundo turno contra Lula. Entre os que conhecem cada presidenciável, Bolsonaro lidera a rejeição, com 66% que não votariam nele. Os que conhecem e não votariam em Moro, chegam a 59%. E são 58% entre o conhecimento e a rejeição a Ciro. Com Lula, 43% dos que o conhecem não votariam nele.
A partir das 7h da manhã desta quinta, o convidado do Folha no Ar, na Folha FM 98,3, é o médico infectologista Rodrigo Carneiro, diretor da Atenção Básica em Saúde de Campos. Ele falará sobre a instalação no município de dois programas nacionais de assistência de saúde: das populações carcerária e carcerária e de gays, lésbicas, travestis e transexuais (LGBTQI+). Analisará também o impacto das variantes Ômicron e H3N2 no cruzamento da pandemia da Covid-19 com a epidemia da Influenza.
Por fim, Rodrigo falará sobre a vacinação infantil contra Covid no Brasil, em mais uma polêmica do governo Jair Bolsonaro (PL), do retorno às aulas em fevereiro, com a exigência do cartão de imunização das crianças. Ele também analisará o primeiro ano do governo Wladimir Garotinho (PSD), que integra, e dará sua projeção às eleições de governador e prefeito em outubro.
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