Jair Bolsonaro e Donald Trump (Foto: Alan Santos – PR)
Donald Trump acabou agora há pouco seu discurso de despedida da Casa Branca. Durou cerca de 20 minutos. Não falou uma única vez em “fraude” nas eleições presidenciais de 3 de novembro. Que perdeu em uma coça de 306 a 232 votos do colégio eleitoral, e mais de 7 milhões de votos populares de vantagem para Joe Biden. Que ainda levou a maioria na Câmara e no Senado dos EUA.
Ao abandonar o discurso de “fraude” com o qual incitou seus supremacistas brancos à inédita invasão do Capitólio em 6 de janeiro, ao saldo de cinco mortos, Trump deixou órfãos seus propagadores de fake news. Nos EUA e no mundo. Inclusive seu fiel latin cover Jair Bolsonaro.
Pode ter sido por medo da cana dura, pelo crime que Trump cometeu contra a sua própria democracia. Mas o fato é que o “Malvado Favorito” deixou seus minions e suas inacreditáveis fake news, literalmente, de broxa na mão.
A partir das 7h da manhã desta quarta (20), o convidado do Folha no Ar, na Folha FM 98,3, é o antropólogo Carlos Abraão Moura Valpassos, professor da UFF-Campos. Ele analisará os primeiros dias do governo Wladimir Garotinho (PSD) em Campos e o combate à pandemia da Covid-19 no Brasil de Jair Messias Bolsonaro (sem partido).
O antropólogo falará também sobre a invasão do Congresso dos EUA (relembre aqui) no último dia 6, que dará posse às 13h30 (horário de Brasília) desta quarta a Joe Biden como 47º presidente dos EUA. E a Kamala Harris como primeira mulher, primeira negra e primeira descendente de asiáticos e caribenhos a ser vice-presidente do país. Isso em uma Washington sitiada por 25 mil soldados da Guarda Nacional.
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A partir das 7h da manhã desta terça (19), o convidado do Folha no Ar, na Folha FM 98,3, é o vice-prefeito de Campos, Frederico Paes (MDB). Com funções administrativas também na coordenação das pastas de Saúde e Agricultura, por sua experiência como gestor hospitalar, engenheiro agrônomo e industrial do açúcar e do álcool, ele falará (confira aqui) sobre o retorno de Campos à Fase Laranja, com fechamento de templos e do comércio nos setores não essenciais, para tentar conter o avanço da Covid-19. Medida que vem sendo questionada por comerciantes e pela militância negacionista da ciência na cidade.
Ainda sobe a pandemia, Frederico analisará a ocupação dos leitos clínicos e de UTI no município destinados aos infectados pelo novo coronavírus, assim como a previsão de início da vacinação (confira aqui e aqui) dos campistas. Por fim, o vice-prefeito falará sobre a crise financeira de Campos detalhada pela Folha entre junho e setembro de 2020 (confira a série aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui), que gerou o decreto de calamidade pública do novo governo em janeiro de 2021 (confira aqui) e o consequente atraso do pagamento dos servidores (confira aqui e aqui). E de como a retomada da secular vocação agropecuária do município pode servir como alternativa econômica.
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Jair Bolsonaro (sem partido) terminou dezembro de 2020 com 37% de aprovação popular pela Datafolha e 35%, pelo Ibope. Como provaram Fernando Collor de Mello (hoje, Pros) em 1992 e Dilma Rousseff (PT), em 2016, a linha histórica para o impeachment de um presidente no Brasil é 10% ou menos de aprovação popular. E ele só é consumado pelo Congresso após o povo tomar as ruas. O que só deve ser possível, por conta da Covid, no segundo semestre deste ano de 2021.
Em outras palavras, por mais besteiras que diga e faça, sobretudo em relação à pandemia e na condução econômica do país, Bolsonaro deve ficar onde foi eleito para estar. Pelo menos até 2022, ano em que a decisão será novamente no voto popular. A não ser que a aprovação popular do presidente caia, ao menos, pela metade. O que, dada a resiliência bovina do eleitor alcunhado pela oposição de “gado”, parece hoje pouco provável.
Lógico, a relação do Brasil com os EUA de Joe Biden, que assume a Casa Branca nesta quarta (20), e uma eventual vitória de Baleia Rossi (MDB) sobre Arthur Lira (PP), na eleição a presidente da Câmara Federal de 1º de fevereiro, podem mudar — e acelerar — o rumo dos fatos. Mas, por mais que possam ter razões lógicas, jurídicas e sanitárias os que passaram recentemente a elevar o coro pelo impeachment de Bolsonaro, ele ainda não está no horizonte de qualquer análise política dissociada do desejo.
Donald Trump, Jair Bolsonaro e Wladimir Garotinho (Montagem: Joseli Matias)
Carlos Abraão Moura Valpassos, antropólogo e professor da UFF-Campos
2021: EUA, Brasil e Campos
Por Carlos Abraão Moura Valpassos
Processos sociais e fenômenos biológicos, como o coronavírus, podem até ser influenciados pelos calendários definidos pelos humanos, mas certamente a virada de um ano para outro não representa o arquivamento do que estava em andamento. Assim que o novo ano se apresentou, os desdobramentos de 2020 não tardaram a se manifestar. Nos Estados Unidos, em menos de uma semana em 2021, tivemos o evento que ficou conhecido como “Invasão do Capitólio” — quando apoiadores de Donald Trump entraram no Congresso estadunidense para contestar a derrota de seu líder nas eleições presidenciais. Cabe recordar que um discurso de Trump incitou o ato e que, além das cenas de balbúrdia em pleno templo da democracia, cinco pessoas morreram. Os desdobramentos disso ainda estão em curso, com a possibilidade de impeachment de Trump e de novos tumultos antes da posse do presidente eleito Joe Biden, marcada para o próximo dia 20. Todavia, já é certo afirmar que os eventos de 6 de janeiro entraram para História como uma mácula para o sistema democrático dos Estados Unidos e que os discursos e as posturas de Trump ali manifestaram um pouco de seu potencial destrutivo – poderia ter sido ainda mais grave.
Enquanto a loucura vivenciada nos Estados Unidos era observada com pavor por quase todo o mundo, no Brasil tudo caminhava como em 2020, de tal modo que os eventos do Capitólio, se fossem aqui, poderiam ser confundidos com mais uma das aglomerações causadas por nosso presidente Bolsonaro — que, não por acaso, já foi chamado de “Trump dos trópicos”. Sem manifestar repúdio aos acontecimentos, o presidente limitou-se a declarar que, em 2022, algo ainda pior pode acontecer no Brasil caso não seja implementado um sistema de votos impressos. Obviamente que, tal como em 2020, o presidente continuou flutuando a cinco metros do solo da realidade e desconsiderou que as suspeitas de fraude nos EUA ocorreram justamente em um sistema eleitoral que faz uso de votos impressos.
O recrudescimento do contágio pelo coronavírus, previsto e anunciado por inúmeros profissionais de epidemiologia como efeito das festas de final de ano, se confirmou. A cidade de Manaus, um dos locais mais intensamente atingidos durante a primeira onda, que chegou a ser considerada como um exemplo da suposta imunidade de rebanho, voltou a sofrer drasticamente com os efeitos da combinação entre pandemia e incompetência governamental. E nos últimos dias não faltaram relatos sobre hospitais superlotados, falta de leitos de UTI e, por fim, falta de cilindros de oxigênio. Enquanto isso, o presidente continua a insistir na cloroquina e a questionar as vacinas, afastando-se de qualquer responsabilidade.
Em Campos, 2021 trouxe Wladimir Garotinho como prefeito. Depois de afirmar em campanha que os problemas da cidade eram decorrentes da falta de gestão de Rafael Diniz, pois havia dinheiro, Wladimir não demorou para declarar estado de calamidade pública, confirmando o que Rafael Diniz passou quatro anos repetindo. Em um ato prático e repleto de simbolismo, a gestão de Wladimir começou por realizar mutirões de limpeza, retirando toneladas de entulho da cidade. E se podemos dizer que Rafael Diniz passou parte substantiva de seu mandato tentando, sem êxito, resolver o problema do transporte público, podemos afirmar que ao menos as lotadas ilegais estavam controladas. Com Wladimir, em menos de 15 dias de governo, o problema do transporte público ainda não apresenta respostas e as lotadas voltaram como se nada tivesse acontecido. Enquanto isso, o prefeito repete a fórmula de Rafael Diniz: culpa a antiga gestão por todos os problemas. A diferença é que, agora, a tomada de empréstimos está no horizonte. E mesmo que a sabedoria popular ensine que “ninguém tem uma segunda chance de causar uma primeira boa impressão”, ainda estamos em meados de janeiro e pode ser cedo para afirmar que “de onde menos se espera, daí é que não sai nada”.
A partir das 7h da manhã desta segunda, quem abrirá a semana do Folha no Ar, na Folha FM 98,3, é a servidora e presidente do Sindicato dos Profissionais Servidores Públicos de Campos dos Goytacazes (Siprosep), Elaine Leão. Ela falará sobre o não pagamento dos salários de dezembro e 13ª ao servidor municipal de Campos, cujo prazo para pagamento o prefeito Wladimir Garotinho (PSD) disse (confira aqui) ao Folha no Ar de terça (12) que divulgará ainda este mês.
Elaine falará também da possibilidade de uma nova tomada de empréstimo ao município a partir do patrimônio do PreviCampos, como foi aventado por Wladimir no Folha no Ar. E do alinhamento político do Siprosep, bem como da sua atuação institucional em conjunto com o Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe) e com o Sindicato dos Médicos de Campos (Simec) em defesa dos servidores municipais.
Quem quiser participar ao vivo do Folha no Ar desta segunda pode fazê-lo com comentários em tempo real, no streaming do programa. Seu link será disponibilizado alguns minutos antes do início, na página da Folha FM 98,3 no Facebook.
Conhecido pelo estilo aguerrido, com o qual se destacou como vereador de oposição no segundo governo Rosinha Garotinho (hoje, Pros), Marcão Gomes (PL) é 1º suplente de deputado federal e líder da sua legenda no Norte e Noroeste Fluminense. Ele disse em entrevista à Folha FM, na manhã da última quinta (14), que se manterá na oposição ao governo Wladimir Garotinho (PSD), com distinção entre os verbos “ser” e “fazer”. Com a experiência de quem foi presidente da Câmara de Campos no biênio 2017/2018 e depois secretário de Desenvolvimento Humano e Social da administração Rafael Diniz (Cidadania), ele fez críticas à maneira de governar do ex-prefeito. Sobretudo nas decisões restritas ao núcleo duro deste, como foi a de fechar o Restaurante Popular. Mas também defendeu Rafael, lembrando as muitas limitações financeiras que este encontrou, herdadas de Rosinha, que permanecem para seu filho. Ele analisou a recente eleição à Mesa Diretora do Legislativo goitacá, vencida com folga pelo garotismo, a partir da sua aliança com o ex-prefeitável Caio Vianna (PDT). A quem definiu como “Caio 3M”: “menino, mimado e mentiroso”. Marcão revelou que voltou a militar como advogado, condição na qual estará acompanhando e divulgando os resultados da CPI do PreviCampos, junto aos órgãos competentes. Ele defendeu que os servidores têm que receber os atrasados de dezembro e do 13º, mas admitiu que Wladimir não tem hoje dinheiro para saldar a dívida, que estimou em R$ 106 milhões. E falou do seu “fightzinho” com o deputado estadual Rodrigo Bacellar (SD) em 2019, a quem teceu vários elogios neste início de 2021.
No Folha no Ar de quinta (14), Marcão Gomes fez análise crítica de Rafael Diniz, Wladimir Garotinho, Caio Vianna e Rodrigo Bacellar (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Rafael dos 151 mil votos de 2016 aos 13 mil de 2020 — Vou falar não quanto às ações do governo Rafael Diniz, mas da perda de capital político. Durante o período em que a gente esteve à frente da presidência, no primeiro biênio da Câmara, conduzimos as votações mais importantes do governo Rafael, que foram as adequações tributárias no Código do município. Tivemos o encerramento de programas sociais importantes, a gente teve também dificuldade de atender aos anseios dos servidores públicos, algo que o prefeito Wladimir, nos primeiros dias, também está sentindo a pressão e a quentura dessa panela. Temos sindicatos muito fortes, pessoas que trabalham na busca dos seus direitos, e é legítimo. Mas, em um momento de dificuldade, o (ex-)prefeito acabou criando arestas com muitos segmentos da sociedade; segmentos que são importantes, que formam opinião e que acabaram provocando esse desgaste político que se refletiu nas urnas.
Ausência nas bases — O próprio Rafael constatou, e foi o que ele mais ouviu durante a campanha eleitoral de 2020, a ausência dele junto aos eleitores nas bases. Ele não esteve ausente no diálogo em momento nenhum. Ele ouviu as pessoas, ele recebeu os representantes das instituições, das entidades. Mas o que mais ouviu na campanha eleitoral foi: “Por que você não me explicou isso antes? Por que você não colocou que era assim? Por que você não esteve próximo à gente?”. Ele ouviu isso muito na campanha eleitoral, só que em um período de pandemia, em um tempo muito curto, é muito difícil você reverter o desgaste de três anos e meio de gestão. Então, esses foram os principais motivos que levaram a essa queda no número de eleitores que escolheram Rafael Diniz como opção para prefeito da cidade.
Núcleo duro e Restaurante Popular – Quando Rafael assumiu (em 2017), ele como chefe do Poder Executivo, eu como chefe do Poder Legislativo, a gente procurava dialogar no início do governo sobre alguns pontos importantes, sobre como ele havia encontrado as contas do município. Eu cheguei a participar de algumas reuniões no gabinete do prefeito para tomadas de decisões, naqueles primeiros dias do governo. E eu tenho um jeito muito peculiar de fazer política: eu falo aquilo que eu penso, sempre. Mas, nessas reuniões mais fechadas, eu me coloquei de forma contundente, contrária a algumas decisões do grupo político do prefeito, dos secretários. Foi algo que, com o tempo, a gente foi entendendo que existia um núcleo duro do governo. E alguns posicionamentos não eram bem vindos. Como essa decisão, de fato, não teve nada a ver com nenhum membro do Poder Legislativo: a decisão de fechar o Restaurante Popular. Não foi comunicado a mim, como presidente da Câmara, antes que estivesse decidido pelo núcleo duro do prefeito Rafael Diniz. Então, é um dos exemplos, com o qual eu não concordaria e não concordei. E lutei, enquanto estive secretário de Desenvolvimento Humano e Social, pela sua reabertura com todas as minhas possibilidades, com todas as limitações financeiras do município. Mas houve, sim, um distanciamento de diálogo. Como também tenho que enaltecer o prefeito Rafael Diniz sobre a total ausência de influência dentro do Poder Legislativo. Mas, enquanto políticos que participamos de uma campanha juntos, levando o prefeito Rafael Diniz à vitória (em 2016), eu acho que faltou esse diálogo. Da mesma forma que faltou diálogo com as suas bases políticas, antes de algumas decisões do núcleo duro.
Nova Mesa Diretora da Câmara — Vi uma eleição muito disputada nos bastidores. E, de fato, o que decidiu essa eleição foi a articulação política do prefeito Wladimir Garotinho e do candidato derrotado a prefeito Caio Vianna (PDT). Porque certamente o resultado seria bem mais apertado, podendo ter uma vitória do grupo que estava sendo liderado pelo deputado estadual Rodrigo Bacellar. Ele tinha boas possibilidade de conquistar a vitória. Mas o Caio, infelizmente, e eu acompanhei isso nas redes sociais, muitos dos eleitores que depositaram a confiança nele no segundo turno, quando fez 110 mil votos. E um político a quem eu tenho muito carinho, o deputado (federal) Alessandro Molon (PSB), diz que no primeiro turno, o povo vota; no segundo turno, o povo veta. O Caio não teve votos, ele teve vetos a seu favor, vetos ao garotismo, à maneira de governar dos Garotinho. Foi isso que fez Caio ascender aos 110 mil votos, que não foram votos dele, foram votos de veto aos Garotinho. E muitos desses vetos, que votaram nele, se sentiram traídos por essa aliança política que ele fez com Wladimir Garotinho.
“Caio 3M” — Eu sempre fui muito franco, muito direto. Eu acho que o Caio é um Caio 3M: é um menino, mimado e mentiroso. Porque os argumentos que ele usou para falar dessa decisão, de uma aliança programática (com os Garotinho), não são verdadeiros. Nos bastidores da política, ele comentou com diversos atores: “Na verdade, eu estou indo à forra com o Rodrigo (Bacellar), porque o Rodrigo não quis me apoiar, colocou os vereadores que foram eleitos no grupo dele para apoiar o Wladimir no segundo turno. E agora eu vou dar o troco para ele, colocando os meus vereadores, eleitos pelo PDT, na votação da Mesa para auxiliar o Fábio Ribeiro (PSD, eleito presidente da Câmara”. No meu partido (o PL), em que a gente fez a eleição de um único vereador, Bruno Pezão, eu o liberei para fazer parte do grupo do prefeito Wladimir Garotinho, pois ele me solicitou. E eu falei: “Se é da sua vontade, eu não vou ficar prendendo você”. Mas seria uma eleição muito apertada se não fosse o acordo de Wladimir com o Caio. Com todo o respeito que eu tenho ao dr. Arnaldo Vianna (PDT), uma pessoa pela qual eu tenho muito carinho, muito respeito. A Ilsan Vianna (PDT) também, gosto muito dela. Mas o Caio não está preparado para ser político. O falecido e saudoso (deputado estadual e vice na chapa de Caio em 2016) Gil Vianna (PSL) já dizia isso em letras garrafais. Eu nunca tive proximidade com Caio, mas no segundo turno acabei me aproximando um pouco, por conta de lideranças que queriam se engajar na campanha dele, e eu acabei sendo um agente facilitador; o PL já estava na aliança. Mas os relatos que eu tive, de candidatos a vereador na coligação com ele, foram muito ruins. Relatos de falta de compromisso, relatos de ausência junto às bases, relatos de promessas não cumpridas, relatos de isolamento em estúdio, não querendo atender ninguém, relatos de só sair do estúdio para fazer carreata; parece que não gosta do contato com o eleitor, não gosta do diálogo próximo, não está no dia a dia do trabalho, acorda tarde. Os candidatos (a vereador) do PL, que estavam na aliança, recorriam muito a mim, por ser a liderança do partido, e esses eram os relatos. Parecia que ele acordava meio-dia para ficar dentro do estúdio. De fato, ele precisa trabalhar, precisa arrumar uma profissão, precisa aprender sobretudo a honrar a palavra.
Rosinha/Rafael/Wladimir – Se o grupo político ao qual Wladimir pertence, que era capitaneado pelo pai e a mãe dele, se eles tiveram dificuldade com mais de R$ 700 milhões nos cofres, em relação ao governo Rafael, e tiveram que recorrer à “venda do futuro”, tiveram que recorrer a recursos retirados do Fundo de Previdência dos servidores (PreviCampos); se com tudo isso e ainda esse orçamento executado vultuoso, eles ainda tiveram que recorrer a uma série de medidas que, ao meu ver, não devem ser praticadas, imagina agora, ele (Wladimir) governando com menos recursos e com as dificuldades que nós temos.
Dinheiro novo – O tal dinheiro novo, que o Wladimir está falando que vai trazer para a cidade, eu torço muito. Inclusive, encontrei com ele, no aeroporto Santos Dumont (na cidade do Rio), depois da vitória dele, o parabenizei, e torço muito para que ele traga esse dinheiro novo. O que eu puder junto à nossa bancada de deputados (federais do PL), para ajudar o município, eu sem dúvida farei. Mas que esse dinheiro novo seja oriundo de parcerias políticas junto ao governador, aos senadores, aos deputados federais. Mas que esse dinheiro novo, em hipótese nenhuma, seja objeto de um novo empréstimo, de um novo endividamento, de um novo recurso aos cofres do PreviCampos, que prejudicou demais os aposentados e pensionistas da nossa cidade. Que esse dinheiro novo surja de boas articulações, do aumento da receita do município, de atração de indústrias para que nós possamos arrecadar mais.
Legado de Rafael, crise financeira e diminuição dos serviços – O legado de Rafael é um legado de trabalho, não é um legado de investimentos, de obras públicas. Porque não existe hoje no município esse conforto. Eu tenho visto vereadores já solicitando: “Ah, eu preciso que construa uma escola, eu preciso que construa uma Unidade Básica de Saúde (UBS)”. Nós não temos mais possibilidade de aumentar o custeio da nossa cidade. Hoje, o momento é de diminuir a oferta de serviços, não é de aumentar. O município não tem condições de pagar o seu custeio. Inclusive, o próprio prefeito Wladimir Garotinho vem reconhecendo isso.
Servidor sem salário de dezembro e 13º – As finanças do município estão em estado caótico. Eu estou fazendo uma análise técnica, não política. O trabalhador tem que ser remunerado, senão é trabalho escravo. Minha mãe é servidora pública aposentada do município, eu sou servidor público federal, tenho diversos amigos que são servidores públicos, e a gente sabe que no final do mês a conta não espera. Todo mundo tem sua conta de água e luz para pagar, tem a manutenção da sua residência, tem os itens básicos para a manutenção dos seres humanos. E é muita dificuldade que o município e o prefeito Wladimir Garotinho estão encontrando. Trazendo à lembrança toda aquela receita que existia no governo da prefeita Rosinha Garotinho, mesmo com valores acima da média, mesmo tendo a receita das “vendas do futuro”, com tudo isso, o salário de dezembro e do 13º de 2016 só foi pago graças a um saque de R$ 96 milhões do Fundo de Previdência do PreviCampos. Porque, senão, não seria quitado em 2016. Pegou, segundo auditoria, sem autorização de ninguém, e isso acabou levando a posteriori à reprovação das contas da prefeita (pelo Tribunal de Contas do Estado, TCE) confirmada depois na Câmara, gerando oito anos de inelegibilidade.
Estado de calamidade financeira – A ausência de pagamento está se dando, não é por má vontade do prefeito Wladimir; é porque não tem recurso mesmo. Tem uma coisa que é a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Uma coisa é a campanha, e a campanha já passou. Na campanha, o então candidato Wladimir Garotinho, ainda não prefeito, dizia que dinheiro tem e o que faltava era gestão (mesmo discurso de Rafael na campanha de 2016). Agora, depois da campanha, o que ele (Wladimir) está dizendo: “Olha, vamos decretar o estado de calamidade fiscal e financeira”. Ou seja, concorda com Rafael Diniz. A cidade está em um estado de calamidade fiscal e financeira. E é verdade. Com a diferença que Rafael fez essas promessas de boa-fé. Nós não tínhamos nenhuma informação. Tudo que nós solicitávamos enquanto vereadores, era negado. E o governo Rafael ganhou prêmio de transparência. Todos os candidatos (a prefeito de Campos), quando foram solicitar o voto ao eleitor nessas eleições (de 2020) sabiam. E isso foi amplamente divulgado na imprensa. Inclusive parabenizando ao Grupo Folha da Manhã, o que mais divulgou esse estado de calamidade (entre 18 de junho e 26 de setembro, a Folha promoveu 11 painéis sobre o tema, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui), que é verdadeiro. E porque levou (com Rafael) a tantas decisões que acabaram desagradando às pessoas. Foram decisões difíceis o tempo inteiro: a quem se paga e a quem se deve. Entre 13º e dezembro a pagar, acho que é algo em torno de R$ 106 milhões. Que o prefeito Wladimir realmente não tem na conta, ele precisa arrecadar para pagar. E aí cabe ao servidor público o quê? Ele pode pressionar, no sentido de que os primeiros recursos que entrem sejam para pagar aos trabalhadores.
“Fightzinho” com Rodrigo Bacellar — Falando daquilo que ocorreu lá atrás (na troca de farpas em 2019, quando Marcão era secretário de Desenvolvimento Humano e Social de Rafael, e Rodrigo, já deputado estadual), são situações que acontecem no dia a dia da política: João fala de José, José responde a João, João retruca. Ele (Rodrigo) fez uma análise política ao meu respeito em cima da eleição (de 2018). Eu devolvi a análise política, fazendo uma análise política em cima dos votos que ele teve no município, da forma de obtenção desses votos, dos apoios políticos concedidos à época, e a gente acabou entrando em um “fightzinho” (luta aberta) ali. Ele falava, eu respondia; é o meu jeito. Mas depois nós conversamos, inclusive na Feijoada da Folha, depois daquilo. A gente bateu um papo, eu gosto muito do seu Marcos Bacellar (SD, vereador), pai dele. Ele foi presidente da Câmara e eu ainda não era vereador. Mas depois fui presidente da Câmara, com o pai dele (de Rodrigo). Seu Marcos é uma pessoa que eu tenho muito carinho, muito respeito. E aí a gente conversou, zeramos (com Rodrigo) as nossas diferenças na Feijoada da Folha daquele ano de 2019. Ele estava junto com o presidente (da Alerj) André Ceciliano (PT). Ele (Rodrigo) tem feito um mandato de destaque, tem se tornado um líder regional, é reconhecido por todos, é um excelente articulador político. Torço pelo sucesso do mandato dele, que seja profícuo, que seja de ajuda à nossa cidade, à nossa região. A gente teve a infelicidade de perder dois deputados estaduais para a Covid, o saudoso Gil Vianna e o saudoso João Peixoto. Torço muito pelo sucesso do Rodrigo.
CPI do PreviCampos – Ela deve estar sendo analisada, a gente está no período agora de recesso do Poder Judiciário. Além do IFF, estou trabalhando também em um escritório de advocacia. E nossos companheiros lá do escritório vão estar acompanhando também essa questão. Infelizmente foi desviada (no governo Rosinha) uma quantia muito grande de recursos dos servidores públicos. O PreviCampos ficou durante 15 anos só capitalizando recursos. Em dezembro de 2015, o PreviCampos tinha em seu caixa R$ 1,3 bilhão. Em dezembro de 2016, um ano depois, quando terminou o mandato da prefeita Rosinha Garotinho, o PreviCampos só tinha no caixa R$ 804 milhões. Foram R$ 501 milhões de perdas. Isso sem contar os mais de R$ 450 milhões em investimentos de alto risco. Então, foram constatados diversos crimes praticados pela gestão anterior, pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara, a análise está sendo feita pelos órgãos e nós vamos estar acompanhando e também informando à sociedade sobre essa análise.
Oposição e análise do início do governo Wladimir — Vou falar primeiro de algumas escolhas do secretariado do prefeito, em que eu acho que ele foi extremamente feliz, com pessoas que têm muito conhecimento em diversas áreas. Tenho gostado das escolhas dele. Espero que a prática de gestão seja feita priorizando mais a gestão e menos política. Não é zerar a política, como aconteceu no governo anterior, o que acabou se refletindo nas urnas sobre Rafael. Então, eu torço para que Wladimir encontre um equilíbrio, entre os controles das contas, entre trazer esse dinheiro novo. E mais uma vez eu volto a enfatizar: tem que ser dinheiro novo e não dinheiro de empréstimo. Eu torço pela minha cidade, vou torcer para que o governo seja exitoso, para que dê certo; eu moro aqui, minha família mora aqui, meus três filhos estão aqui, sou servidor público aqui, advogo aqui. Mas, politicamente, a gente tem que dividir a conjugação dos verbos ser e fazer. Eu sou oposição, mas não significa que estarei fazendo oposição ao governo. Até lembrando uma fala que o Wladimir deu em uma entrevista à Folha da Manhã: “Somos oposição ao governo Rafael Diniz desde o primeiro dia. Não acreditamos no projeto político de Rafael Diniz”. A mesma coisa eu falo em relação ao Wladimir: eu sou oposição ao governo dele e eu não acredito no projeto de governo da família dele. Mas ser oposição não significa fazer oposição cega. Tanto que eu estou reconhecendo as boas escolhas que ele fez para algumas pastas e estou reconhecendo as limitações, as dificuldades que ele vai encontrar durante o seu governo. Nós vamos acompanhar o modelo de gestão, vamos estar acompanhando as atitudes e vamos estar pontuando, enquanto líder do Partido Liberal (PL) no Norte e no Noroeste Fluminense. Eu vou estar utilizando a minha ascendência política e a minha parceria com alguns atores locais e regionais para estar pontuando algumas coisas. Agora Wladimir vem com um discurso de que Campos precisa unir todas as forças políticas, do diálogo. Concordo com ele, mas foi um diálogo que ele não ofertou lá atrás ao Rafael. Também precisava unir todas as forças políticas e ter diálogo. Mas faz parte do jogo, é vida que segue. Como eu disse, vou conjugar de forma correta o verbo ser e o verbo fazer.
Página 2 da edição de hoje (14) da Folha da Manhã
Confira nos vídeos abaixo, em seus três blocos, a íntegra da entrevista de Marcão ao Folha no Ar da manhã de quinta (14):
A partir das 7h desta sexta (15), dia de Santo Amaro, quem fecha a semana da Folha no Ar é a presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima no governo Wladimir Garotinho (PSD), a professora e ex-vereadora Auxiliadora Freitas. Na Folha FM 98,3, ela falará do primeiro dia do padroeiro da Baixada Campista, em mais de 300 anos, sem (confira aqui) a sua tradicional Cavalhada, por conta da pandemia da Covid-19.
Ela falará também do recente arrombamento e furto (confira aqui) de parte do acervo do Museu Olavo Cardoso, além da entrega da reforma do Palácio da Cultura (confira aqui), que se arrasta desde o governo Rosinha Garotinho (hoje, Pros), passando pelos quatro anos do governo Rafael Diniz (Cidadania). Por fim Auxiliadora analisará as condições e trabalhos de equipamentos importantes da cultura goitacá, como o Arquivo Público Municipal e o Museu Histórico (confira aqui e aqui). Além do estado de conservação dos seculares solares do município tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que têm no Solar dos Airizes (confira aqui), na Campos/Atafona, seu caso mais preocupante.
Quem quiser participar ao vivo do Folha no Ar desta sexta pode fazê-lo com comentários em tempo real, no streaming do programa. Seu link será disponibilizado alguns minutos antes do início, na página da Folha FM 98,3 no Facebook.